domingo, 16 de julho de 2023

289 crianças mortas ou desaparecidas em 2023 na "perigosa" rota do Mediterrâneo


 "Não basta à UNICEF  denunciar e a apelar às autoridades governamentais dos países, para que dêem apoio e protecção aos migrantes, em especial às crianças e adolescentes, mas também que em nome da Carta dos Direitos Humanos  e das constantes tragédias e destruição dos seus países, pelo Imperialismo americano e europeu, a ONU exerça o seu poder  e leve à justiça todos os seus responsáveis." A Chispa!

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289 crianças mortas ou desaparecidas em 2023 na "perigosa" rota do Mediterrâneo

UNICEF revela que cerca de 11.600 crianças realizaram a travessia desde o início do ano, a maioria sozinhas ou separadas dos pais.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) denunciou, esta sexta-feira, que pelo menos 289 crianças morreram ou desapareceram este ano ao tentarem atravessar a "perigosa rota migratória do Mediterrâneo Central", desde o Norte de África para a Europa.

Segundo dados da UNICEF, a agência Lusa teve acesso, cerca de 11.600 crianças realizaram a travessia desde o início do ano, a maioria sozinhas ou separadas dos pais.

A agência da ONU refere que 11 crianças morrem ou desaparecem todas as semanas enquanto procuram segurança, paz e melhores oportunidades.

"Muitos naufrágios na travessia do Mediterrâneo Central não deixam sobreviventes ou não são registados, o que torna o número real de crianças vítimas praticamente impossível de verificar e provavelmente muito mais elevado", refere a UNICEF.

Nos últimos meses, crianças e bebés têm estado entre os que perderam as suas vidas nesta rota, noutras do Mediterrâneo e na rota do Atlântico a partir da África Ocidental, incluindo as recentes tragédias ao largo das costas da Grécia e das Ilhas Canárias de Espanha, acrescenta-se no documento.

"Na tentativa de encontrar segurança, reunir-se com a família e procurar futuros mais esperançosos, muitas crianças estão a entrar em embarcações nas margens do Mediterrâneo, perdendo a vida ou desaparecendo pelo caminho", denunciou Catherine Russell, diretora executiva da UNICEF.

"Este é um sinal claro de que é necessário fazer mais para criar vias seguras e legais para que as crianças possam aceder ao asilo, reforçando simultaneamente os esforços para salvar vidas no mar. Em última análise, é necessário fazer muito mais para abordar as causas profundas que levam as crianças a arriscarem as suas vidas", acrescentou.

A UNICEF estima que 11.600 crianças, uma média de 428 crianças por semana, chegaram às margens de Itália vindas do Norte de África desde janeiro de 2023, o dobro em comparação com o mesmo período de 2022, apesar dos graves riscos envolvidos na travessia.

A maioria parte da Líbia e da Tunísia, tendo já feito viagens perigosas a partir de países em toda a África e no Médio Oriente.

Nos primeiros três meses de 2023, 3.300 crianças, 71% de todas as crianças que chegam à Europa por esta rota, foram registadas como não acompanhadas ou separadas dos pais ou tutores legais, o que as coloca em maior risco de violência, exploração e abuso.

"As raparigas que viajam sozinhas são especialmente suscetíveis a sofrer violência antes, durante e após as suas viagens", alerta a UNICEF no comunicado.

"O Mediterrâneo Central tornou-se uma das rotas mais perigosas percorridas pelas crianças. No entanto, o risco de morte no mar é apenas uma das muitas tragédias que estas crianças enfrentam, desde ameaças ou experiências de violência, falta de oportunidades de educação ou de futuro, rusgas e detenções de imigrantes ou separação da família", prossegue a UNICEF.

Nesse sentido, a UNICEF, em conformidade com as obrigações decorrentes do direito internacional e da Convenção sobre os Direitos da Criança, apelou aos governos para uma melhor proteção das crianças vulneráveis no mar e nos países de origem, trânsito e destino.

A agência da ONU pede também que se protejam os direitos e o interesse superior das crianças, proporcionem vias seguras e legais para que as crianças migrem e procurem asilo, incluindo o alargamento do reagrupamento familiar e das quotas de reinstalação de refugiados e que se reforce a coordenação nas operações de busca e resgate, garantindo paralelamente o "desembarque imediato em locais seguros".

A UNICEF exige também que se reforcem os sistemas nacionais de proteção infantil para melhor incluir e proteger crianças em risco de exploração e violência, especialmente crianças não acompanhadas, que se melhore as perspetivas das crianças e adolescentes nos países de origem e de trânsito, abordando os riscos de conflitos e climáticos e expandindo a cobertura de proteção social e oportunidades de aprendizagem e de rendimento.

Além disso, a organização apelou ainda à União Europeia (UE) que garanta que as propostas da UNICEF sejam integradas no Pacto Europeu de Migração e Asilo, em negociação.

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