quinta-feira, 30 de abril de 2020

1º de Maio: contra a barbárie capitalista!


1º DE MAIO DE 2020: A SITUAÇÃO ATUAL E OS NOSSOS DEVERES

FEDERAÇÃO SINDICAL MUNDIAL

A Federação Sindical Mundial, por ocasião do 1º de maio de 2020, saúda os(as) trabalhadores(as) em todos os continentes, todos aqueles cujo trabalho continua a mudar a marcha da vida, mesmo em condições difíceis, com a pandemia do coronavírus, e continuam produzindo todos os bens necessários para que a vida continue e as necessidades da classe trabalhadora e das camadas populares possam ser atendidas.

Honramos os milhões de funcionários de sistemas públicos de saúde em todo o mundo: médicos(as), enfermeiros(as) e todos os profissionais da saúde, que, em meio à luta contra a pandemia do Coronavírus, todos os dias, salvam pacientes da doença, mesmo sem os equipamentos médicos e de proteção necessários, arriscando sua saúde e sua vida. Eles estão na linha de frente da luta, com coragem e abnegação, levantando a carga de cuidados e tratamentos no meio de uma pandemia que já soma milhões de casos e centenas de milhares de mortes, em um sistema público de saúde deteriorado pelo subfinanciamento e atacado pelas políticas de todos os governos capitalistas, que conscientemente comprometem as redes públicas de saúde e privatizam suas atividades essenciais para aumentar a lucratividade e especulação das multinacionais.

Trabalhadores e estratos populares unimos nossas vozes às dos militantes da saúde, apoiamos sua luta e exigimos cobertura imediata de todas as vagas necessárias, adequação da infraestrutura e materiais de saúde pública para atender às necessidades permanentes e temporárias das pessoas; expropriação do setor privado e abolição da comercialização e das políticas de privatização da Saúde e do Bem-Estar; serviços públicos de saúde universais, gratuitos e de alta qualidade.

A Saúde dos trabalhadores tem que estar acima do lucro!

Saudamos os(as) trabalhadores(as) da produção e distribuição de alimentos e necessidades básicas, dos supermercados, do setor farmacêutico, dos serviços de limpeza, do setor de energia e outros serviços, que, através de seu trabalho, garantem o acesso dos(as) trabalhadores(as) e dos povos a tudo o que é necessário para sua sobrevivência.

Ao mesmo tempo, por ocasião das consequências da pandemia de coronavírus, denunciamos o enorme ataque aos direitos sociais e trabalhistas por meio das demissões, da redução de salários, da falta de pagamento, do trabalho não declarado e da restrição às liberdades sindicais.

Desempregados(as) de longa duração, trabalhadores e trabalhadoras sem seguro social nem previdência, imigrantes, refugiados(as), aqueles(as) que sofrem de outras doenças são literalmente abandonados(as), sem poder ganhar a vida ou garantir o monitoramento necessário da sua saúde, o que pode causar seu agravamento.

Externamos nosso repúdio aos capitalistas diante das reclamações manifestadas em todo o mundo por funcionários(as) de empresas que não produzem necessidades básicas, mas continuam a trabalhar com os(as) trabalhadores(as) espremidos(as) em linhas e escritórios de produção, sem qualquer cumprimento das medidas de proteção necessárias, para que as multinacionais possam aumentar sua lucratividade. Como resultado, a pandemia se espalha rapidamente, como foi o caso no norte da Itália, nos Estados Unidos da América, na Turquia e em outros lugares.

Diante de todas essas questões, permanecemos fortes e ativos, apresentamos nossas demandas militantes, as reivindicações dos(as) trabalhadores(as) por serviços de saúde públicos e gratuitos para todos, por empregos com salários decentes, pelo direito ao pleno emprego para todos os(as) desempregados(as), o apoio substancial àqueles(as) que não conseguem trabalhar ou sofrem com o coronavírus ou outras doenças. Pelo fim de todas as demissões e medidas adversas que foram adotadas durante a pandemia!

Ao mesmo tempo, os antagonismos dos países capitalistas e das forças imperialistas que estão roubando a riqueza natural produzida pelos povos e têm levando a conflitos e guerras sangrentas continuam inabaláveis, mesmo nas atuais condições, em um esforço frenético para salvaguardar seus interesses econômicos contra as necessidades dos(as) trabalhadores(as). As sanções econômicas dos EUA contra os povos de Cuba, Venezuela e Irã, as intervenções imperialistas contra a Síria, a Palestina, o Iêmen, a produção e o comércio de armas, os conflitos e antagonismos continuam.

A especulação em higiene e materiais essenciais contra o coronavírus e a concorrência para encontrar uma vacina que trará enormes lucros para as respectivas empresas se intensificam.

Contra os antagonismos e especulações capitalistas, trabalhadores, trabalhadoras e os povos levantamos nossa solidariedade e o internacionalismo proletário, seguindo o exemplo de Cuba, que enviou médicos especializados para catorze países afetados pela pandemia, o exemplo dos(as) trabalhadores(as) da Itália que organizaram uma greve geral em apoio aos médicos e profissionais da saúde, seguindo o exemplo de trabalhadores(as) em todos os países que não se calam, que combatem também essa crise com slogans militantes em solidariedade para com as lutas de todos os povos.

Os(as) trabalhadores(as) migrantes em Chicago, que lutaram e sacrificaram suas vidas em maio de 1886 pelo estabelecimento da jornada de trabalho de 8 horas, abriram o caminho da classe trabalhadora mundial para a reivindicação dos seus direitos. O movimento operário internacional, de orientação classista, através da FSM, honra o legado de sua luta e continua, sob qualquer circunstância, apesar das dificuldades, a lutar pela cobertura das necessidades contemporâneas da classe trabalhadora e pela abolição da exploração.

Pela emancipação da classe trabalhadora e sua libertação da barbárie capitalista!

NOSSOS DEVERES URGENTES

Irmãos e irmãs trabalhadores, empregados e desempregados, aposentados, imigrantes e refugiados, jovens cientistas, indígenas, mulheres e homens, diante das complexas dificuldades que enfrentamos, devemos mais uma vez estar na vanguarda da luta, combinando nossa capacidade de lutar pela abolição da exploração social com reivindicações imediatas e urgentes:

Os estados e governos devem alocar os fundos necessários para o apoio ao setor público de saúde, para que todos os povos tenham acesso à cobertura de saúde gratuita, completa e decente.
Proibição das privatizações no setor estratégico da saúde.
As organizações internacionais devem deixar de lado as promessas e desejos e passar a cumprir os seus princípios fundadores.
Vacina segura e gratuita para todos.
Proibição de demissões.
Respeito a todos os salários, seguros sociais e previdenciários e os direitos trabalhistas dos funcionários.
Defesa das liberdades democráticas e sindicais.
Defesa do direito de greve.
Fortalecimento do internacionalismo e da solidariedade entre trabalhadores e os povos.
Pelo fim da especulação e dos preços altos.
Repudiar o racismo e as expressões neofascistas.

Caros camaradas,

Honrando os 75 anos da FSM, vamos fortalecer nossas lutas de classes, colocando em prática nosso lema: “Ninguém deve estar sozinho!”

Todos os trabalhadores, juntos, podemos lutar pela satisfação das nossas necessidades.

A FSM esteve e estará na vanguarda, como o fizemos nestes últimos 75 anos. É nosso dever continuar e assim o faremos.

Viva o internacionalismo proletário!

Viva o primeiro de maio!

A luta continua!
26 de Abril de 2020

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Quem afeta a economia não é a Covid-19, mas sim o modo de produção capitalista


Fila de desempregados



O sistema capitalista amarga, desde 2008, sua mais profunda crise econômica. Esta crise afetou as grandes potências e demais países do mundo. Desde seu início, a política adotada pelos governos de plantão foi a de transferir o peso da crise para os ombros da classe trabalhadora e os pobres por meio de retiradas de direitos e programas que ficaram conhecidos como austeridade ou ajuste fiscal, que nada mais são do que cortar investimentos em educação, saúde, moradia, etc. Com isso, foi possível transferir os recursos para os bancos e grandes empresas com a chamada “dívida pública” e outros mecanismos.
 
Vários governos injetaram recursos diretamente nas empresas e até chegaram a estatizar bancos para salvá-los com recursos públicos e depois devolvê-los para a iniciativa privada, ou seja, para os ricos. No Brasil várias empresas e bancos receberam recursos públicos, como é o caso do Banco Panamericano e da Ford, que, após receber mais de R$ 8 bilhões do Governo Federal (Lula, PT) e do Governo do Estado de São Paulo (José Serra, PSDB), demitiu centenas de trabalhadores sem nenhum constrangimento ou punição.

Nenhuma lei proibindo demissões ou garantindo direitos aos trabalhadores e ao povo pobre foi aprovada nesse período, mostrando o caráter de classe do Estado.

Apesar de já se passarem 11 anos do início da crise, a economia capitalista não experimentou uma recuperação e se encontra sempre em uma depressão mais profunda que a anterior. A conclusão é uma só: os ricos e suas medidas capitalistas não são capazes de resolver a crise que eles mesmos criaram; o máximo que fazem é usar os governos para salvar bancos e empresas à custa da vida do nosso povo.

Essa política tem sido, no Brasil e no mundo, uma política assassina, como mostra o crescimento do número de pessoas com fome, o crescimento avassalador do desemprego, a piora dos serviços públicos.

Para garantir essa política econômica, o que assistimos no terreno político foi o crescimento da repressão aos movimentos sociais e a realização de golpes militares e institucionais, financiados e articulados principalmente pelo imperialismo estadunidense. Também a socialdemocracia, que se apresentava como uma alternativa aos governos “neoliberais”, o que fez foi se colocar como tropa de choque dos interesses dos bancos e empresas, retirando direitos, reprimindo as greves, etc.

É nesse contexto que apareceu a pandemia da Covid-19. Portanto, não passa de uma brincadeira sem graça dizer que “a quarentena proposta pela OMS não deve ser seguida, pois a economia não pode parar”. Não passa de mais um grito de uma burguesia desesperada para manter sua taxa de lucro e que nunca se importou nem se importará com a vida das pessoas pobres.

Mas como então resolver a crise econômica e, agora, essa crise sanitária?

A crise econômica que assola o mundo é a chamada crise de superprodução do sistema capitalista e ela existe porque o modo de produção capitalista busca a todo tempo o lucro. Para aumentar seus lucros, os capitalistas demitem os trabalhadores sempre que surge um novo maquinário que permita isso e reduzem os salários (direta ou indiretamente, a exemplo das terceirizações).

Com o crescimento do desemprego e a redução dos salários, a capacidade dos trabalhadores e trabalhadoras de comprar os produtos que eles mesmos produzem diminui e estes produtos passam a sobrar nas fábricas e nas lojas. Junto a isso, produz-se em excesso aquilo que é mais lucrativo, sem se levar em conta as necessidades reais. Portanto, produz-se em excesso algo que a sociedade precisa pouco; a mesma coisa acontece com o inverso.

Logo, a crise não é uma fatalidade dentro do sistema capitalista, mas uma tendência. Ou seja, só é possível acabar com as crises se acabarmos com o modo de produção capitalista e o substituirmos pelo modo de produção socialista.

O socialismo é o sistema dos trabalhadores e trabalhadoras no poder. Nele, o objetivo da produção deixa de ser o lucro e passa a ser o de suprir as necessidades da sociedade. Com isso, a produção deixa de ser anárquica e passa a ser planificada, ou seja, organizada de acordo com o que precisamos para viver e de forma que todas e todos tenham trabalho. A introdução de um maquinário mais moderno deixa de representar demissões e passa a possibilitar a redução da jornada de trabalho. O lucro do patrão é substituído pela divisão das riquezas pelo povo que as produz.

No caso de uma crise sanitária como a que vivemos, cabe também a reflexão. É tão difícil produzir em quantidade suficiente o álcool em gel e as luvas e máscaras que estão em falta no mercado, sendo vendidos a preços absurdos? Claro que não. Mas somente em uma sociedade onde os interesses do povo estejam acima do lucro. E a saúde pública? Não seria mais fácil combater uma pandemia se metade do orçamento do Governo Federal não tivesse comprometido com o pagamento de juros de uma dívida pública, que é, na verdade, um mecanismo de transferência dos nossos recursos para os bancos? Sim, seria, e assim será.

Será, mas não por obra divina nem sem esforço organizado. A transformação da sociedade capitalista em sociedade socialista, especificamente a derrubada da primeira e a construção da segunda, é possível apenas pela mudança da classe que está no poder, a saída da classe dos capitalistas para que este poder seja assumido pela classe trabalhadora.

Para uma classe retirar a outra do poder e tomá-lo para si é necessária uma revolução social. Qualquer projeto político hoje, depois de 11 anos de uma crise econômica sem solução, que não proponha uma revolução socialista e a tomada de poder pela classe trabalhadora é um projeto político de manutenção do sistema capitalista, portanto, um projeto de exploração, de fome e de mortes.

Original encontra-se em "www.averdade.org.br

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Em meio a uma pandemia, os EUA preparam uma guerra de saques contra a Venezuela

 

Os Estados Unidos estão preparando sua nova aventura de pirataria em larga escala, desta vez contra a Venezuela. Para fazer isso, eles usam o pretexto cínico de "combater o tráfico de drogas", quando são os maiores traficantes de drogas do mundo. Quando usam o tráfico de drogas e o paramilitarismo, treinados em técnicas de tortura, para acabar com as lutas dos povos contra os saques capitalistas (na Colômbia, México, América Central, Brasil (etc.)), eles implementam a ferramenta paramilitar há décadas. ) Dos Estados Unidos, a introdução do paramilitarismo, dos Maras e de vários torturadores (todos alimentados com dinheiro da droga e articulados principalmente a estados repressivos) foi teorizada e implementada, para desintegrar o tecido social, para evitar a todo custo o surgimento de organizações revolucionárias. que questionem e combatam o sistema, para canalizar a raiva dos pobres na direção errada (contra seus próprios irmãos e não contra as burguesias nacionais e transnacionais). A estratégia de "caos controlado" dos Maras e paramilitares implementados pela CIA causou milhares de mortes e constituiu um grande freio à emancipação dos povos.


 
Do Pentágono, eles trazem uma nova mentira colossal  para compensar suas guerras por ganância, brandem a fábula (para dormir de pé) em que eles, os americanos, seriam os "grandes combatentes da liberdade e contra o narcotráfico". , quando seu próprio DEA está envolvido até na medula do tráfico de drogas. A DEA, que se apresenta como uma agência "antidrogas", administra os fluxos de produção e distribuição de drogas ilegais no mundo e as utiliza de acordo com os interesses do imperialismo americano: mais do que uma operação secreta de desestabilização é financiado com dinheiro da droga (lembre-se do financiamento do Contra da Nicarágua, o financiamento da ferramenta paramilitar de contra-insurgência na Colômbia ou o financiamento dos Guarimbas e paramilitares implementados contra a Venezuela e seu governo bolivariano pela burguesia venezuelana e pela interferência dos EUA ) Por outro lado, os Estados Unidos também introduzem drogas nos bairros da classe americana explorada, para acabar com a luta política contra a injustiça social, como um método de controle social e caos controlado. "A DEA tem sido o principal ator internacional na proteção da produção e processamento de drogas na Colômbia [e no Afeganistão] e o garante e vigilante de sua transferência para os neurônios dos jovens nos Estados Unidos"
Também deve ser lembrado que o dinheiro da droga é lavado em grandes bancos, que não há cocaína sem os insumos químicos que a compõem (que são produzidos por multinacionais químicas e farmacêuticas nos EUA e na Europa principalmente), e que aqueles que lidam com o tráfico de drogas no topo são magnatas bilionários, são os mesmos Estados Unidos que se apresentam como “a polícia mundial” e seus Estados açougueiros associados. Mas a história do "camponês latino-americano mais malvado" é mais útil para a Falsimedia do que expor as realidades em sua totalidade. De fato, os maiores planos de interferência dos EUA na América Latina nas últimas décadas (com bilhões) foram desenvolvidos sob a cobertura da grande mentira da suposta "luta contra o narcotráfico": entre eles o "Plano Colômbia"  que afogou o povo colombiano em sangue e sustentou um regime narco-paramilitar e o "Plano Mérida", cuja principal ação tem sido reprimir a população e as organizações sociais para conter o protesto contra os saques capitalistas do México, enquanto nem teve um impacto contra os grandes cartéis, muito pelo contrário.
Agora, os EUA estão mobilizando porta-aviões para o Caribe contra a Venezuela, quando a maioria das drogas que saem da Colômbia (84%) o fazem pelo Pacífico em cargueiros ou iates (com o olho cego das autoridades) [4], Faz isso pelo Brasil, ou mesmo em aviões militares. Até mesmo um coronel da DEA, James Hiett, comandante de operações na Colômbia, foi considerado culpado de tráfico de drogas [5] (com poucas conseqüências, porque eles se protegem. Ocasionalmente, eles fazem um paripé de julgamento, quando suas implicações no O narcotráfico é grotescamente oculto, como no caso de Hiett, mas não é mais do que isso: um paripé para que toda a estrutura permaneça a mesma).
 
Os Estados Unidos usam as ferramentas militares e paramilitares do Estado colombiano (dirigidas a partir das bases militares dos EUA que colonizam a Colômbia), mobilizando-as em massa para a fronteira colombiano-venezuelana. A União Européia, como sempre, se destaca em seu trabalho colaborativo com o fascismo imperial dos Estados Unidos, para apoiar suas reivindicações de invasão contra os povos cuja riqueza cobiçada pelo capitalismo transnacional. Tudo como abutres: na esperança de saquear as imensas riquezas da Venezuela (petróleo, ouro, gás, etc.). Criminosos internacionais de colarinho branco e coração de esgoto, que, aproveitando a pandemia do COVID19 que também assola a América Latina, tentam planejar outro golpe na região (lembre-se do recente golpe contra a Bolívia, para roubar seu lítio e outros riquezas).
 
O imperialismo dos EUA afia suas garras contra a Venezuela e conta com seu maior parceiro regional para sua nova aventura genocida e saques. O Estado colombiano (existe um paramotor-narco-estatal) é o açougueiro do imperialismo norte-americano: um Estado totalmente funcional para a pilhagem capitalista, que passou décadas perpetrando o extermínio contra o povo colombiano, planejando os massacres mais atrozes contra a Colômbia na luta pela justiça social. O extermínio que o Estado colombiano perpetua continuamente contra os combatentes sociais recebe apoio e logística dos EUA em técnicas de tortura e desestruturação social. Milhares de líderes sociais são assassinados na Colômbia pelo Estado a serviço da Grande Capital; mas nesse enorme extermínio, a imprensa do capitalismo transnacional geralmente faz silêncio total. O presidente da Colômbia, Iván Duque, é parente do narcotraficante “Ñeñe” Hernández [6], que teria financiado a compra de votos para sua eleição presidencial; mas, curiosamente, não é o presidente colombiano que é rotulado como "traficante de drogas" na grande mídia, mas o presidente do país vizinho, aquele que a burguesia transnacional deseja derrubar para instalar na Venezuela um governo ajoelhado nos saques capitalistas mais brutais.
Os Estados Unidos implementam uma nova escalada de guerra. Não basta bloquear economicamente a Venezuela e Cuba (impedindo outros países de negociar com eles e atingindo fortemente suas economias). Não basta intensificar o bloqueio criminal contra Cuba, mesmo em tempos de pandemia global, quando é precisamente Cuba, e não outro país, que está enviando brigadas médicas cubanas para dezenas de países ao redor do mundo para salvar vidas. Não basta que os líderes dos EUA assassinem a população dos Estados Unidos por falta de assistência médica adequada contra o COVID19, agora eles pretendem implementar uma guerra contra a Venezuela. Sempre sob qualquer pretexto inventado, o imperialismo tenta justificar suas guerras e invasões predatórias.
 
Mas a América Latina clama e luta: Gringos Fuera!… Se tocam a Venezuela, tocam todos os povos da Abya Yala!… Temos uma Bolívia sufocada porque conhecemos o martírio que o povo boliviano experimentou desde o recente golpe de Estado implementado Para o imperialismo e a burguesia boliviana, temos uma Colômbia explodindo em dores pelo extermínio contra seu povo, um extermínio planejado dos altos escalões dos Estados Unidos. Se você tocar na Venezuela agora, encontrará a raiva cristalizada de todos os nossos povos, transformada em fogo.
 
 

Editor OPAL -PRENSA 

Opal-Press

sábado, 4 de abril de 2020

Um detonador da crise potenciado pelo lucro

Um detonador da crise potenciado pelo lucro

Claudio Katz (*) - Sexta-feira, 3 Abril, 2020
 
A crise económica mundial aprofunda-se a um ritmo tão vertiginoso como a pandemia. Já ficou para trás a redução da taxa de crescimento e a travagem brusca do aparelho produtivo chinês. Agora, caiu o preço do petróleo, colapsaram as Bolsas e o pânico instalou-se no mundo financeiro.

Há quem sugira que o desempenho aceitável da economia foi abruptamente alterado pelo coronavírus. Também estimam que a pandemia pode provocar o reinício de um colapso semelhante ao de 2008. Mas nessa ocasião foi imediatamente visível a culpa dos banqueiros, a gula dos especuladores e os efeitos da desregulação neoliberal. Agora, só se discute a origem e as consequências de um vírus, como se a economia fosse mais um paciente afectado pelo terramoto sanitário.

Tensões e desequilíbrios acumulados

Na realidade, o coronavírus detonou as fortes tensões prévias dos mercados e os enormes desequilíbrios que o capitalismo contemporâneo acumula. Acentuou uma desaceleração da economia que já tinha debilitado a Europa e posto em xeque os Estados Unidos.

O divórcio entre essa retracção e a contínua euforia das Bolsas antecipava o estoiro da típica bolha que Wall Street periodicamente infla e rebenta. O coronavírus precipitou este colapso, que não obedece a nenhuma maleita imprevista, só repete a conhecida patologia da financeirização.

Diferentemente de 2008, a nova bolha não se localiza no endividamento das famílias ou na fragilidade dos bancos. Concentra-se nos passivos das grandes empresas (dívida empresarial) e nas obrigações de muitos Estados (dívida soberana). Além disso, há sérias suspeitas sobre a saúde dos fundos de investimento, que aumentaram a sua preponderância na compra e venda de acções.

A economia capitalista gera estes tremores e nenhuma vacina pode controlar as convulsões desencadeadas pela ambição de lucro. Mas a miséria, o desemprego e os sofrimentos populares que estes terramotos provocam ficaram agora diluídos pelo terror que a pandemia suscita.

Determinantes da crise: financeirização e sobreprodução

Também a queda do preço do petróleo antecedeu o tsunami sanitário. Dois grandes produtores (Rússia e Arábia Saudita) e um jogador de peso (Estados Unidos), disputam a fixação do preço de referência dos combustíveis. Essa rivalidade quebrou o organismo que continha a desvalorização do petróleo bruto (OPEP mais 10).

A sobreprodução que precipita este embaratecimento do petróleo é outro desequilíbrio subjacente. O excedente de mercadorias — que se estende desde os bens intermédios até às matérias-primas — é a causa da grande batalha que coloca Estados Unidos e China frente-a-frente.

Os dois principais determinantes da crise actual — financeirização e sobreprodução — afectam todas as empresas, que atascaram os mercados com o papel dos títulos ou se endividaram para gerir os excedentes invendáveis. O coronavírus é totalmente alheio a estes desequilíbrios, mas sua aparição incendiou a mecha de um paiol saturado de mercadorias e dinheiro.

Efeitos da globalização

Vários especialistas destacaram também como as transformações capitalistas das últimas quatro décadas influem sobre a magnitude da pandemia. Observam que as contaminações anteriores — separadas por períodos de tempo prolongados — irrompem agora com maior frequência. Ocorreu com a SARS (2002-03), a gripe suína H1N1 (2009), o MERS (2012), o Ébola (2014-16), o zika (2015) e o dengue (2016).

É bem visível a conexão destes surtos com a urbanização. A concentração da população e a sua forçada proximidade multiplica a disseminação dos germes. Também se torna evidente o efeito da globalização, que incrementou de forma exponencial o número de viajantes e a consequente expansão dos contágios a todos os cantos do planeta. A forma como o coronavírus provocou em poucas semanas o colapso da aviação, do turismo e dos cruzeiros é um contundente retrato deste impacto.
O capitalismo globalizou de forma vertiginosa muitas actividades lucrativas, sem estender essa reformulação das fronteiras ao sistema sanitário. Pelo contrário, com as privatizações e os ajustes fiscais aumentou, em todos os países, a desprotecção perante doenças que se mundializam com inusitada velocidade.

Alguns estudiosos também recordam que, logo após a SARS, foram abandonados vários programas de investigação para conhecer e prevenir os novos vírus. Prevaleceram os interesses dos conglomerados farmacêuticos, que dão prioridade à venda de medicamentos aos doentes solventes. Um exemplo patético desta primazia do lucro observou-se nos Estados Unidos no começo da presente pandemia com a cobrança do teste de detecção do coronavírus. Esta falta de gratuitidade reduziu o conhecimento dos casos num momento chave para o diagnóstico.

Outros especialistas destacam como se destruiu o habitat de muitas espécies selvagens, para forçar a industrialização de actividades agropecuárias. Esta devastação do meio ambiente criou condições para a mutação acelerada ou a formação de novos vírus.

A China foi um epicentro destas mudanças. Em nenhum outro país convergiu de forma tão vertiginosa a urbanização com a integração nas cadeias globais de valor e a adopção de novas normas de alimentação.

Na nata do establishment, o coronavírus já recriou o mesmo temor que invadiu todos os governos durante o colapso financeiro de 2008. Por isso se repetem as condutas e se dá prioridade ao socorro das grandes empresas. Mas existem muitas dúvidas sobre a eficácia actual deste libreto.

Com menores taxas de juro procura-se contrariar o colapso do nível de actividade. Mas o custo do dinheiro já se situa num plano [tão baixo] que torna incerto o efeito reactivador de um novo abaixamento. As mesmas incógnitas geram a injecção maciça de dinheiro e a redução de impostos.

Cada um por si

O dólar e os títulos do tesouro dos Estados Unidos converteram-se novamente no principal refúgio dos capitais, que buscam protecção diante da crise. Mas a primeira potência é comandada na actualidade por um mandatário brutal, que utilizará esses recursos para o projecto imperial de restaurar a hegemonia norte-americana.

Por essa razão, diferentemente de 2008, prevalece uma total ausência de coordenação face ao colapso que paira sobre a economia. A sintonia que o G20 exibia foi substituída pelas decisões unilaterais que as potências adoptam. Impôs-se um princípio defensivo de salvação à custa do vizinho.

Não só os Estados Unidos definem medidas sem consultar a Europa (suspensão dos voos), mas também os próprios países do velho continente actuam cada um por sua conta, esquecendo a pertença a uma associação comum. Todas as consequências de uma globalização da economia — no velho quadro dos estados nacionais — afloram no tremor actual. Ninguém sabe como o capitalismo lidará com este cenário.

As terríveis consequências da crise para a economia latino-americana estão à vista. O colapso dos preços das matérias-primas é complementado por maciças saídas de capital e grandes desvalorizações da moeda no Brasil, no Chile e no México. O colapso que sofre a Argentina começa a transformar-se num espelho de padecimentos para toda a região.

A doença permanente da sociedade actual

É evidente que o coronavírus golpeará os mais pobres e produzirá tragédias inimagináveis se chegar aos países com sistemas de saúde inexistentes, deteriorados ou demolidos. Pela elevada contagiosidade da pandemia e o seu forte impacto sobre as pessoas mais velhas, a estrutura hospitalar já tropeça, mesmo nas economias avançadas.

Quando do surgimento do coronavírus multiplicaram-se as interrogações sobre o comportamento dos diferentes governos. Houve fortes indícios de irresponsabilidade, ocultação de dados ou demoras na prevenção para não afectar os negócios. Mas a drástica reacção posterior começa a aproximar-se de um manejo de economia de guerra. Nesta viragem teve influência o contágio sofrido por vários membros da elite: ministros, gestores e figuras do espectáculo.

Também os meios de comunicação oscilam entre a ocultação dos problemas e o estímulo do terror colectivo. Alguns extremam esse medo para propagar declarações racistas, hostilizar a China ou difamar os imigrantes. Mas todos assacam ao coronavírus a responsabilidade pela crise, como se o capitalismo fosse alheio à convulsão em curso.

Os poderosos buscam bodes expiatórios para se eximirem dos dramas que originam, potenciam ou mascaram. O coronavírus é o grande perigo do momento, mas o capitalismo é a doença permanente da sociedade actual.

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(*) Claudio Katz é um economista marxista e analista político, professor na Universidade de Buenos Aires, Argentina.
Texto original em castelhano na página Web: www.lahaine.org/katz. Tradução e subtítulos Mudar de Vida