quinta-feira, 24 de outubro de 2019

O Terrorismo Econômico e o Movimento Operário

O Terrorismo Econômico e o Movimento Operário


J. V. Stálin
30 de Março de 1908

A luta dos operários não teve sempre e por toda a parte a mesma forma.

Houve tempo em que os operários, lutando contra os patrões, quebravam as máquinas, incendiavam as oficinas. A máquina: eis a origem da miséria! A oficina: eis o lugar da opressão! Quebremo-las, pois, incendiemo-las! — diziam então os operários.

Era a época dos conflitos espontâneos, anárquicos, da revolta cega.

Conhecemos também outros casos em que os operários, perdida a confiança na eficácia dos incêndios e das destruições, passaram a “formas de luta mais violentas”, ao assassínio dos diretores, administradores, dirigentes, etc. Não se podem destruir todas as máquinas e oficinas, diziam então os operários, e além do mais isso não é vantajoso para nós, mas se pode sempre cortar as unhas dos administradores, incutindo-lhes terror: batamo-los, pois, assustemo-los!

Era a época dos conflitos terroristas individuais, nascidos da luta econômica.

O movimento operário condenou francamente ambas as formas de luta, relegando-as ao passado.

E é compreensível. Não há dúvida de que, na realidade, a oficina é o lugar onde se exploram os operários, e a máquina dá mão forte à burguesia para ampliar essa exploração, mas isso ainda não significa que a máquina e a oficina sejam de per si a origem da miséria. Pelo contrário, justamente a oficina e justamente a máquina dão ao proletariado a possibilidade de romper as cadeias da escravidão, de destruir a miséria, de dar cabo de qualquer opressão; é necessário somente que se transformem, de propriedade privada de capitalistas isolados, em propriedade social do povo.

Por outro lado, que seria da vida, se nos metêssemos realmente a destruir e incendiar as máquinas, as oficinas, as ferrovias? A vida tornar-se-ia um deserto pavoroso, e os operários seriam os primeiros a privarem-se de um pedaço de pão!...

É claro que não devemos destruir as máquinas e as oficinas, mas apoderar-nos delas, quando for possível, se verdadeiramente aspirarmos à supressão da miséria.

Eis por que o movimento operário não aprova os conflitos anárquicos, a revolta cega.

Não há dúvida de que também o terrorismo econômico tem uma certa “justificação” evidente, desde que seja aplicado para incutir medo na burguesia. Mas de que vale esses medo, se é passageiro, fugaz? E que ele só possa ser passageiro torna-se claro também pelo único facto de que é impossível praticar o terrorismo econômico sempre e onde quer que seja. Isso em primeiro lugar. Em segundo lugar, que nos pode proporcionar o medo passageiro da burguesia e a concessão que dele deriva, se não tivermos às nossas costas uma forte organização de massa dos operários, sempre pronta a lutar pelas reivindicações operárias e em condições de não permitir que lhe tirem a concessão conquistada? De resto, os factos mostram com evidência que o terrorismo econômico torna inútil tal organização, tira aos operários a vontade de unir-se, de agir de maneira autônoma, desde que dispõem de heróis terroristas, os quais podem agir por eles. Não devemos nós desenvolver nos operários o espírito de iniciativa? Não devemos desenvolver neles o desejo de ser unidos? Naturalmente que sim! Mas poderemos talvez praticar o terrorismo econômico, se este mata nos operários uma e outra coisa?

Não, companheiros! Não compete a nós meter medo na burguesia atacando os indivíduos imprevistamente: deixemos que certos bandidos se ocupem desses “assuntos”. Devemos agir abertamente contra a burguesia, devemos mantê-la sempre, até à vitória definitiva, sob o pesadelo do medo! E para fazê-lo, não é necessário o terrorismo econômico, mas uma forte organização de massa, capaz de guiar os operários na luta.

Eis por que o movimento operário repele o terrorismo econômico.

Depois de tudo quanto se disse, a última resolução dos grevistas da Mirzóiev, dirigida contra os incêndios e os assassinatos “econômicos”, adquire um interesse especial. Nessa resolução, a comissão unificada dos 1.500 operários da Mirzóiev, pondo em relevo certos factos, como o incêndio da seção de caldeiras (em Balakhani) e o assassínio do diretor, devidos a razões econômicas (Surakhani), declara que “protesta contra métodos de luta tais como o assassinato e o incêndio” 

Os operários da Mirzóiev rompem assim definitivamente com as antigas tendências terroristas, com a revolta cega.

Põem-se eles assim decididamente no caminho de um verdadeiro movimento operário.

Aplaudimos os companheiros da Mirzóiev e convidamos todos os operários a se porem de maneira igualmente decidida no caminho do movimento proletário de massa.


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

DISCURSO DO SECRETÁRIO-GERAL DO COMITÊ CENTRAL KKE, DIMITRIS KOUTSOUMPAS, sobre a necessidade da reconstrução e adopção de uma estratégia revolucionária para o Movimento Comunista Internacional.


XXI REUNIÃO INTERNACIONAL DE PARTES COMUNISTAS E TRABALHADORES ORGANIZADOS PELO PARTIDO COMUNISTA DA TURQUIA E O PARTIDO COMUNISTA DA GRÉCIA.

ESMIRNA, 

18-20 / 10/2019


Prezados representantes dos partidos comunistas e operários

Sejam bem-vindos à reunião deste ano organizada em conjunto com base na decisão do Grupo de Trabalho do Partido Comunista da Turquia e do Partido Comunista da Grécia, nas margens da Ásia Menor, nas margens do Mar Egeu, que devem ser um mar de paz e cooperação e não agressividade, provocações ou questionamento de direitos soberanos no contexto dos antagonismos de classe burgueses da região.

A classe trabalhadora, nossos povos, ainda mais as cidades vizinhas, o povo grego, o povo turco não têm nada para se dividir. Todos compartilhamos a preocupação e a vontade de paz, amizade, progresso, socialismo.

O KKE se opõe ao acordo de manutenção e expansão das bases EUA-OTAN na Grécia. Lutamos contra o envolvimento em planos imperialistas à custa de outros povos. Lutamos pela saída do país das organizações imperialistas da OTAN e da UE.

O KKE condena a nova invasão das tropas turcas à Síria e expressa sua solidariedade com o povo sírio, que sofre as duras conseqüências da longa guerra imperialista.

Devemos enfatizar que, especialmente neste ano, nosso encontro é comemorado em um período crítico, de aprofundamento de antagonismos e oposições imperialistas, de continuação de guerras e conflitos imperialistas locais e regionais, de intensificação da exploração da classe trabalhadora, das camadas popular, das crises econômicas capitalistas, da intensificação da preocupação com um novo perigo internacional, possivelmente de uma crise sincronizada mais profunda nos próximos anos, da exacerbação dos problemas ambientais e das mudanças climáticas, dos refugiados e imigrantes, da limitação de direitos e liberdades populares, intensificação do anticomunismo, racismo, nacionalismo etc.

Além disso, é um ano fortemente simbólico para a nossa luta e solidariedade internacionalista, pois este ano marca o 100º aniversário da fundação da Internacional Comunista.

O Comitê Central do KKE comemora o centenário da fundação da Internacional Comunista (IC) (2 a 6 de março de 1919).

Nosso partido desenvolveu uma atividade significativa no movimento internacional. Isso, no entanto, expressa uma necessidade importante em nossos dias, após a derrubada contra-revolucionária do socialismo em 1991 e hoje, devido à crise econômica do capitalismo, que exige ainda maior coordenação e organização da atividade conjunta, para que os O Movimento Comunista Internacional pode avançar mais rapidamente na direção de desenvolver uma estratégia única contra a agressão imperialista, contra a guerra imperialista, pela paz entre os povos, pelo socialismo.

O movimento operário desde seu nascimento, com o surgimento e a difusão da cosmovisão marxista e a fundação dos primeiros partidos políticos da classe trabalhadora, adotou o internacionalismo.

A análise leninista do imperialismo, a teoria do desenvolvimento desigual e o fraco "elo" em um país ou grupo de países e as tarefas que cada partido comunista advém dessa teoria, a experiência histórica do século passado, levam inequivocamente à conclusão de que o campo da luta nacional permanece dominante sem que isso seja finalmente interpretado como uma renúncia à necessidade de coordenação e a elaboração de uma estratégia e atividade conjuntas dos comunistas em todo o país. É uma necessidade que está ganhando importância ainda maior, uma vez que a internacionalização capitalista assumiu formas superiores, não apenas no campo da economia, mas também no nível político, também através da formação de organizações interestaduais internacionais e regionais da OTAN. , da UE, do FMI, etc.

Nosso Partido, desde sua fundação, está comprometido com os princípios do internacionalismo proletário. Por 100 anos, ele lutou de forma consistente e não abandonou esses princípios. Como uma seção da Internacional Comunista, ele recebeu grande ajuda em sua formação como Partido do Novo Tipo. Ao mesmo tempo, sofreu as consequências negativas dos problemas de imaturidade teórica e também de oportunismo que surgiram no Movimento Comunista Internacional, mas nunca negou a necessidade de existir uma estratégia única no movimento comunista contra o imperialismo, para o socialismo.

Ele não "teorizou" na direção errada experiências negativas. Nunca cometemos o erro de justificar nossos erros ou deficiências, passando responsabilidades para outras pessoas fora de nós, mesmo que opções e decisões internacionais nos afetem negativamente.

Em particular, certas questões que têm a ver com aspectos da estratégia do Movimento Comunista, nas décadas anteriores, nos fornecem lições valiosas para o presente e devem ser discutidas no movimento comunista, porque, de vários lados, existem opiniões e invenções ideológicas equivocadas que muitas vezes foram postas em prática e falharam, levando o movimento revolucionário a derrota e a recuar, alcançando finalmente sua extrema expressão contra-revolucionária.

Gostaria de abordar esta questão um pouco mais especificamente, em breve, sem dar, é claro, alguma prioridade a nenhuma.

Uma PRIMEIRA PERGUNTA que também existe como uma conclusão fundamental nas elaborações do KKE e na qual é possível aprofundar ainda mais é a fraqueza do Movimento Comunista Internacional de elaborar uma estratégia revolucionária única, especialmente durante e logo após o final da Segunda Guerra Mundial e em as últimas décadas.

Havia partidos comunistas, especialmente dos países capitalistas fortes, que, ao declarar a necessidade do socialismo, na elaboração de suas políticas levantaram objetivos que - independentemente de suas intenções - não estavam a serviço de uma estratégia de concentração e organização de forças com o a fim de se preparar para o conflito e a ruptura total com o poder burguês. Portanto, a política atual não funcionou como um componente da estratégia para o socialismo. É verdade que uma fraqueza foi expressa na elaboração de uma estratégia revolucionária durante e logo após a Segunda Guerra Mundial, desde que a Internacional Comunista como um todo e a maioria dos Partidos Comunistas no oeste capitalista falharam em elaborar uma estratégia de transformação da a guerra imperialista ou a luta pela libertação da ocupação estrangeira e do fascismo, na luta pela conquista do poder dos trabalhadores em condições de grande afiação das contradições entre as classes sociais no país em que atuavam. Ao mesmo tempo, a classe dominante demonstrou com o tempo a capacidade de formar alianças em defesa de seu poder, bem como reordenar suas alianças internacionais e nacionais.

Uma SEGUNDA PERGUNTA é o fato de que vários partidos estabeleceram e colocaram em sua estratégia como objetivo político a formação de alguns "governos democráticos", na forma de reforma parlamentar ou como estágio intermediário do processo revolucionário. Insistimos que vale a pena observar e refletir sobre como nosso próprio partido e quase todos os PP.CC., por exemplo, levantaram a questão da dependência de seu país em seus programas e como vinculamos isso à posição de criar alianças e propostas. de "governos democráticos". A experiência histórica prática, as elaborações e os estudos teóricos mostram-nos ainda mais que as dependências multifacetadas (econômicas, políticas, culturais etc.) existem de qualquer maneira dentro do sistema imperialista internacional, entre os vários países capitalistas e são formadas precisamente pelos desenvolvimento desigual e, é claro, são dependências que não podem ser resolvidas no capitalismo, apenas com a revolução socialista, com a transição para o socialismo. Existe, é claro, a questão específica da dependência da ocupação político-militar de um país para outro, que também pode ser resolvida dentro do capitalismo, ou seja, para conseguir descartar, por exemplo, o ocupante de seu país, mas o sistema ainda é democracia burguesa, capitalismo. Mas esse problema também pode ser resolvido de maneira diferente, estabelecendo o poder dos trabalhadores, derrubando o capitalismo e construindo o poder e a economia popular, tarefa que o movimento comunista revolucionário deve definir.

TERCEIRA NOTA IMPORTANTE Em nossa opinião, a experiência histórica mostrou como era utópica e é a percepção da transição para o socialismo através da chamada "expansão gradual da democracia burguesa". As maiores taxas eleitorais do PP.CC. no passado, mesmo em condições de uma correlação de forças mais favorável, eles não justificavam as expectativas de um passo parlamentar gradual para o socialismo, como muitos se apressaram em se propagar. Pelo contrário, grandes ilusões e desvios oportunistas alimentaram e levaram à dissolução. Portanto, não foram estabelecidas condições para a emancipação de classe dos movimentos operários e populares, processo que amadurece e expande a iniciativa revolucionária, vincula-se às massas populares até o surgimento de novas condições, quando as crises econômicas e políticas generalizadas objetivamente eles promoveriam a ação massiva e revolucionária dos povos.

Na Europa Ocidental, principalmente sob a grande influência do eurocomunismo nas décadas de 1960, 1970 e 1980, as táticas de formar governos em aliança com a social-democracia, isto é, com os partidos burgueses, e a participação do PP.CC nos governos que gerenciam efetivamente o desenvolvimento capitalista, integrado à lógica das etapas, com a primeira etapa para resolver as demandas democráticas burguesas e a questão da dependência, em quase todos os países da Europa Ocidental, levam apenas ao fortalecimento do poder capitalista, em apoio a novos mecanismos de repressão e manipulação.

QUARTA QUESTÃO, o renascimento do revisionismo e do oportunismo nos moldes do movimento comunista ocorreu pela retirada em direção às posições reformistas da social-democracia e, em muitos casos no Ocidente capitalista, levou a um programa de gestão da cooperação com o forças das democracias burguesas, enquanto muitos PP.CC foram transformados ou estão se tornando social-democratas. É óbvio que a experiência da Revolução de Outubro foi completamente ignorada sobre esse assunto. Então, a política da aliança da social-democracia com a burguesia foi vista pelos bolcheviques como uma traição à classe trabalhadora. Naquela época, a maioria dos partidos social-democratas era contra a posição de transformar a guerra imperialista em uma luta pelo poder dos trabalhadores em cada país. Lenin abriu uma frente contra a social-democracia internacionalmente. Essa frente foi expressa pela primeira vez na Rússia, com o resultado de que as forças revolucionárias não foram apanhadas nos objetivos e manobras da burguesia doméstica, nas pressões pequeno-burguesas e oportunistas. Posteriormente, a ideia de que o PP.CC. eles não seriam capazes de desencadear as forças dos trabalhadores que se seguiram à social-democracia, que seriam isoladas se não seguissem uma política de aliança com os partidos social-democratas, a separação da social-democracia entre "direita" e "esquerda" se tornou um "dogma", supostamente atrair a parte "esquerda" do movimento comunista. Algo que nunca foi confirmado. A grande parte da base popular dos outros partidos, como a prática demonstrou há décadas, foi conquistada com o aprimoramento da luta de classes, com uma forte frente ideológica contra todas as variações da política burguesa e, às vezes, culminar com conflitos sociopolíticos.

Camaradas,

Após a dissolução da Internacional Comunista e, apesar dos problemas estratégicos acumulados nos partidos comunistas, não foi possível conseguir a criação de uma nova organização internacional do PP.CC.

O MCI teve que superar fortes fatores negativos, como a numerosa pequena burguesia e as fortes tradições do parlamentarismo burguês. Ambos os fatores se tornaram um pretexto para muitos PP.CC. propor "particularidades nacionais" contra as leis da revolução socialista.

Os anos que se passaram desde a contra-revolução 1989-1991 são longos o suficiente. Eles oferecem nova experiência, positiva e negativa. Em vários países, o PP.CC. Eles foram reconstruídos ou criados novamente. As reuniões internacionais do PP.CC foram sistematizadas, reuniões regionais e temáticas são realizadas e outras iniciativas que tiveram mais ou menos sucesso em uma determinada unidade de ação em algumas questões estão sendo desenvolvidas. Essas são etapas que devem ser consolidadas e multiplicadas. No entanto, tudo isso está muito atrás do papel que o movimento comunista deve desempenhar nos desenvolvimentos mundiais.

Ao mesmo tempo, vários problemas continuaram ou pioraram. Os esforços de reconstrução trouxeram à tona os problemas mais antigos, juntamente com as dificuldades criadas pela contra-revolução e a derrota temporária do socialismo. Paralelamente, a repressão estatal, a criminalização da ideologia e prática comunistas, da luta de classes estão se intensificando. Os sinais que surgiram nos últimos anos, especialmente na UE, são avisos mais gerais.

A recente decisão da UE, com o apoio de todos os componentes do espectro político burguês no Parlamento Europeu: liberais, social-democratas, "neo-esquerdistas", ambientalistas, verdes, extremistas de direita, nacionalistas, esquerdistas de centro, que, derrubando a verdade histórica, equiparam Fascismo com o comunismo, Hitlerismo com stalinismo. O mesmo acontece em outros continentes.

Nosso partido acredita que as Reuniões Internacionais do Partido Comunista e dos Trabalhadores são úteis e certamente devem continuar, no contexto da troca e fermentação de pontos de vista e experiências dentro do movimento comunista e anti-imperialista, do esforço de coordenação. Mas para uma reconstrução essencial, uma contra-ofensiva muito mais bem-sucedida do MCI, é necessário algo mais. É um esforço conjunto do PP.CC cujas opiniões ideológicas e políticas se baseiam no marxismo-leninismo, reconhecendo o projeto histórico da construção socialista no século XX e sua contribuição, seja qual for sua finalidade, e a necessidade de luta Pelo socialismo.

O KKE está agora mais maduro do que nunca para contribuir nessa direção.

Camaradas

O KKE está ciente de que o processo de reconstrução revolucionária será lento, difícil, vulnerável e se baseará na capacidade do PP.CC de se fortalecer ideologicamente e organizacionalmente em seus países.

Superando as posições errôneas que dominaram o Movimento Comunista Internacional nas últimas décadas e que hoje são reproduzidas de várias formas, combina ação revolucionária com teoria revolucionária.

Construir fundações sólidas na classe trabalhadora, em setores estratégicos da economia, reforçando sua participação no movimento trabalhista e popular, fortalecerá cada Partido Comunista.

Os cem anos desde a fundação do CI deveriam ser um novo ponto de partida para a reconstrução revolucionária do movimento internacional trabalhista e comunista contra a ação contra-revolucionária das forças dominantes do capitalismo e a regressão de hoje.

O lema do "Manifesto Comunista" permanece oportuno: "Proletários de todos os países, uni-vos!"


18.10.2019

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Acerca da luta e das reivindicações dos motoristas

Acerca da luta e das reivindicações dos motoristas


Com excepção da reivindicação de tudo quanto conste na folha salarial, passe a contar para efeitos de reforma, houve apenas pequenas "alterações" em relação ao acordo que a Fectrans e a ANTRAM realizaram, para dividir e furar a greve.

Na medida em que o "novo" acordo deixa cair em parte o alcançado do que tinham conquistado na greve de Maio parte essa que a Antram se recusou a implementar, obrigando os trabalhadores a novas movimentações de luta, nada justifica, apesar das melhorias verificadas que Francisco São Bento em nome da direção do SNMMP, venha a terreiro considerar que se trata de um acordo "histórico"

Mas mesmo por "pequenas" que sejam as alterações, tal acordo vem demonstrar que era possível manter o que foi conquistado na greve de Maio, caso todas as direções sindicais trabalha-sem em prol da unidade e dos interesses da classe.

Esperemos que os sindicatos conversem entre si e se UNAM, mobilizem os trabalhadores e voltem à carga pela reconquista das exigências que a greve de Maio conquistou, bem como de todos os direitos salariais, laborais e sociais que ao longo de várias décadas foram desvalorizados e reduzidos.

Viva a Revolução Proletária ! À População - V.I.Lénine

À População
V. I. Lénine
19 de Novembro de 1917

Camaradas operários, soldados, camponeses, todos os trabalhadores!

A revolução operária e camponesa venceu definitivamente em Petrogrado, dispersando e prendendo os últimos restos do reduzido número de cossacos enganados por Kérenski. A revolução venceu também em Moscovo. Antes de ali terem chegado alguns comboios com forças militares vindos de Petrogrado, em Moscovo os cadetes e outros kornilovistas assinaram as condições de paz, o desarmamento dos cadetes e a dissolução do Comitê de Salvação[N235].

Da frente e das aldeias chegam todos os dias e a todas as horas notícias de que a maioria esmagadora dos soldados nas trincheiras e dos camponeses nos uezd apoia o novo governo e as suas leis sobre a proposta da paz e a entrega imediata da terra aos camponeses. A vitória da revolução dos operários e dos camponeses está assegurada, pois a maioria do povo já se ergueu a seu favor.

É completamente compreensível que os latifundiários e os capitalistas, os altos empregados e funcionários, estreitamente ligados à burguesia, numa palavra, todos os ricos e todos os que estão com os ricos, acolham hostilmente a nova revolução, se oponham à sua vitória, ameacem paralisar a actividade dos bancos, sabotem ou paralisem o trabalho de diferentes instituições, o obstaculizem por todos os meios, o entravem directa ou indirectamente. Todo o operário consciente compreendeu perfeitamente que encontraríamos inevitavelmente tal resistência, toda a imprensa partidária dos bolcheviques o assinalou muitas vezes. As classes trabalhadoras não se assustarão um só instante com essa resistência, nem cederão minimamente Perante as ameaças e as greves dos partidários da burguesia.

A maioria do povo está por nós. A maioria dos trabalhadores e dos oprimidos de todo o mundo está por nós. A nossa causa é a causa da justiça. A nossa vitória está assegurada.

A resistência dos capitalistas e dos altos empregados será quebrada. Nenhuma pessoa será privada por nós dos seus bens sem uma lei especial do Estado sobre a nacionalização dos bancos e dos consórcios. Esta lei está a ser preparada. Nenhum trabalhador perderá um só copeque; pelo contrário, ser-lhe-á prestada ajuda. O governo não quer introduzir quaisquer outras medidas que não sejam o mais rigoroso registo e controlo, que não seja a cobrança sem ocultação dos impostos anteriormente estabelecidos.

Em nome destas justas reivindicações, a imensa maioria do povo uniu-se em torno do governo provisório operário e camponês.

Camaradas trabalhadores! Lembrai-vos que vós próprios dirigis agora o Estado. Ninguém vos ajudará se vós próprios não vos unirdes e não tomardes nas vossas mãos todos os assuntos do Estado. Os vossos Sovietes são a partir de agora órgãos do poder de Estado, órgãos plenipotenciários e decisivos.

Uni-vos em torno dos vossos Sovietes. Reforçai-os. Lançai mãos à obra na base, sem esperar por ninguém. Estabelecei a mais rigorosa ordem revolucionária, esmagai implacavelmente tentativas de anarquia por parte de bêbados, arruaceiros, cadetes, contra-revolucionários, kornilovistas e outros semelhantes.

Introduzi o mais rigoroso controlo da produção e do registo dos produtos. Prendei e entregai ao tribunal revolucionário do povo todos os que ousem prejudicar a causa popular, quer esse prejuízo se manifeste na sabotagem (deterioração, entravamento, subversão) da produção ou na ocultação de reservas de cereais e de víveres, quer na retenção de carregamentos de cereais ou na desorganização dos caminhos-de-ferro, dos correios, telégrafos e telefones ou em geral em qualquer resistência à grande causa da paz, à causa da entrega da terra aos camponeses, à causa da aplicação do controlo operário sobre a produção e a distribuição dos produtos.

Camaradas operários, soldados, camponeses e todos os trabalhadores! Ponde todo o poder nas mãos dos vossos Sovietes. Guardai, protegei como as meninas dos olhos, a terra, os cereais, as fábricas, os instrumentos, os produtos, os transportes — tudo isto será desde agora inteiramente vosso, patrimônio de todo o povo. 

Gradualmente, com o acordo e a aprovação da maioria dos camponeses, na base da experiência prática deles e dos operários, marcharemos firme e tenazmente para a vitória do socialismo, que os operários avançados dos países mais civilizados consolidarão e que dará aos povos uma paz duradoura e os libertará de todo o jugo e de toda a exploração.


5 de Novembro de 1917. Petrogrado.

O Presidente do Conselho de Comissários do Povo

V. Uliánov (Lénine)

domingo, 13 de outubro de 2019

Equador: Lenine contra Lenine

Por Carlos Aznárez

A insurreição sempre foi uma arma dos povos humildes, desses condenados da terra dos quais falava Frantz Fanon. É uma alternativa necessária e um espelho no qual há que olhar obrigatoriamente quando chega o momento em que se esgotam as possibilidades de diálogo com os de cima e os de baixo movem-se a partir da esquerda. Um belo dia, os humilhados e despojados gritam um contundente "já basta!". A partir desse momento tudo se torna possível, inclusive até mesmo a tomada do poder.

Em termos de prática política, também significa que a luta de classes passa a ocupar um lugar preponderante e, por mais que queira ocultar, explode com toda a sua força e abala os fundamentos dos "palácios de inverno". Isso é precisamente o que hoje está a ocorrer no Equador. Acabaram-se o panos quentes, as desculpas e a mentiras com que o governo de Lenine Moreno tentou "fazer tempo", enquanto preparava o pacote de medidas que lhe impôs o Fundo Monetário Internacional. Isso significa que, chegado o momento, aqueles aos quais se vende a alma exigem que se pague portagem e que não se hesite em por em marcha o pactuado.

Ajoelhado, submetido e vergonhosamente afastado dos seus princípios (se é que alguma vez os teve), Moreno executa o que lhe ordena Washington e, se tem que matar, mata com total impunidade. Por vezes fazem-no a tiros (o Haiti é um exemplo semelhante) e outras, como na Argentina e no Brasil, também acrescentam a agonia que provoca o desemprego, a pobreza extrema, a perda de soberania.


Contudo, o povo equatoriano é um osso duro de roer. Por coisas como estas que hoje ocorrem, já derrubou vários governantes, tão corruptos e criminosos como o referido Moreno. O último deles foi Lucio Gutiérrez que perdeu, por submeter-se ao império e seu ditames, a possibilidade de conduzir uma Revolução operária-indígena e camponesa. Terminou a sua gestão abruptamente, qual lacaio da burguesia, em meio a um grande levantamento popular que provocou sua fuga para os telhados do Palácio do Governo, de onde se afastou para sempre ao entrar num helicóptero. Algo que Moreno certamente deve ter na sua memória quando decidiu abruptamente mudar a Casa do Governo de Quito para Guayaquil, no calor da vanguarda de manifestantes que começaram a cercar o Palácio de Corondelet.


Agora as cartas estão lançadas para este mau governante, uma vez que dezenas de milhares de indígenas, operários, estudantes, vão ocupar Quito e também Guayaquil, exigindo não só que se revogue o pacote fundomonetarista como que se vá quem ordenou disparar contra o povo, quem assegurou a impunidade dos polícias que lançaram três jovens manifestantes da ponte de San Roque, no centro histórico de Quito. Esse homem que chegou ao governo graças à ingenuidade de Rafael Correa e a seguir traiu-o como um Judas vulgar.


Por outro lado, o levantamento popular e a consequente marcha indígena-camponesa gerou uma corrente de simpatia em todos os povoados pelos quais vai passado. Tanto é assim que, até os mais tímidos ou descomprometidos, lançam-se às ruas para demonstrar que estão dispostos a ser protagonistas deste momento histórico. Fazem-no com a alegria que decorre de juntarem-se aos seus iguais, entoar as palavras de ordem do movimento e demonstrarem uns aos outros que "o povo unido jamais será vencido". Mas também com a cólera suficiente que lhes permitem estarem convencidos de que já é hora de terminar com esses politiqueiros apoiantes de uma democracia burguesa com que a cada quatro anos os enganam.


Por isso não é estranho que, pelo menos os indígenas da CONAIE e os trabalhadores do FUT [Frente Unitario de los Trabajadores] acrescentem aos seus cânticos o muito conhecido "que se vayan todos". Para que isto realmente ocorra, há que ter alternativas que não conduzam uma eventual vitória a um beco sem saída, onde outros que não representam seus interesses fiquem – como aconteceu tantas vezes – com o ganho de muitas lutas e sacrifícios, ou de por sobre a mesa a perda da liberdade e até as mortes pela repressão. Isso e outro temas semelhantes é o que agora, provavelmente, estará em discussão entre as diligências desta gigantesca revolta na qual, entre outros, o legado do autêntico Lenine, o iluminador de tantas batalhas do proletariado universal, e também o do Comandante Che Guevara, possam ajudar a derrotar esta caricatura de governante cipaio. Um governante que não só não foi fiel ao seu nome como, pela sua cobiça e submissão ao império, quer condenar seu povo à miséria, causando-lhe a maior dor possível.

08/Outubro/2019

O original encontra-se em www.resumenlatinoamericano.org/2019/10/08/ecuador-lenin-contra-lenin/



quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Equador: a hora da insurreição popular

Equador: a hora da insurreição popular

Por Carlos Aznárez

Não é igual ao Caracaço venezuelano de 1989, mas parece bastante. Nessa ocasião também o mandatário Carlos Andrés Pérez, de pés e mãos atadas às imposições do FMI, decidiu subir os preços das passagens do transporte público e provocou a rebelião popular que, com o tempo, serviu de antecedente para parir a atual Venezuela Bolivariana, com Hugo Chávez à frente.

O do Equador ocorre em decorrência do manual coercitivo do Fundo Monetário, levado à prática por um sujeito que fingiu ser uma coisa e logo de cara se converteu em outra. Há tempos que o mandachuva Moreno deixou de ser digno do nome que tem, já que, como se previa, em sua fase final de queda acelerada do nível de popularidade, não apenas se jacta de haver traído a Revolução Bolivariana, mas, submisso e covarde, se ajoelha diante da banca internacional.

O endividamento e a falta de liquidez em uma economia que nem mesmo Rafael Correa conseguiu descolar do dólar, fez com que Moreno pactasse um milionário programa de créditos com o FMI e nesse pacote se incluía o fim dos subsídios aos combustíveis, que demandavam 1 bilhão e 300 milhões de dólares ao ano. A resposta imediata do mercado provocou a alta da nafta e a consequente transferência às passagens do transporte por terra e outros similares. Daí que os primeiros a se rebelar tenham sido os motoristas de táxi, caminhões e outros veículos de uso comercial, que se deram conta que, para seus bolsos muito empobrecidos, o que agora lhes jogavam em cima os poria à beira do precipício. À memória do que era o Equador em tempos de Abdalá Bucaram e Lucio Gutiérrez se somou mais um nome ao trio neoliberal. Com a tomada de consciência de um futuro obscuro, tudo seguiu o rumo habitual que se gera quando o capitalismo aperta a corda no pescoço das classes mais golpeadas pela crise: da greve geral do transporte se derivaram as barreiras nas estradas, as barricadas e as grandes mobilizações interclassistas, em que operários, estudantes, camponeses e indígenas decidiram ganhar as ruas para tentar afastar de suas vidas um governo muito ruim.

A partir desse momento é que se pôde demonstrar na prática a famosa frase de Bertold Brecht: “Não há nada pior que um burguês assustado”. Encurralado, Moreno calculou mal o nível de suas forças e agora tenta seguir adiante, descarregando uma brutal repressão contra o povo, por meio da aplicação de um estado de exceção que lhe permite jogar os militares nas ruas. Porém, nas veias dos equatorianos e equatorianas corre sangue majoritariamente indígena e este fator vai se converter em um bastião para que o autoritarismo não consiga ir adiante. Daí que a greve geral contra o «pacotaço» cresça com o correr das horas, apesar dos mais de 350 presos.

“A queda de braço é difícil, mas não há alternativa, a não ser continuar pressionando para tentar fazer com que Moreno caia”, disse um líder operário em Cuenca, porque, embora a primeira alegação sustentasse que era imperativo que o governo recuasse nas medidas econômicas impostas, agora há muitos daqueles que estão exigindo a renúncia imediata do presidente. No nível da política institucional, a corajosa deputada correísta Gabriela Rivadeneira disse: “É imperativo antecipar as eleições e uma sessão extraordinária na Assembléia Nacional para exigir a destituição do presidente”. Acima de tudo, porque foi posto em marcha (com o estado de exceção) um mecanismo repressivo próprio de qualquer uma das ditaduras que devastaram o continente.

Que restou de Moreno nessas circunstâncias? Sua figura patética lembra a do repudiado Luis Almagro ou a do presidente haitiano Jovenal Moise. Todos os três são engrenagens do maquinário implantado por Donald Trump no continente, uma vez que cada um deles se mira em Washington e está disposto a ajoelhar para tudo o que lhe for exigido. O uruguaio, não importa o quanto esperneie e queira colocar o nariz na Venezuela, já fracassou. Não mais o querem nem mesmo no que era sua coalizão política. Moise agora está tentando apagar (como um bombeiro com a mangueira perfurada em várias seções) os mil fogos acesos pelo protesto popular. Moreno, que na ânsia de fazer boa figura tem demolido todas as instituições e medidas positivas em favor dos que estão embaixo, que na época o governo de Rafael Correa aplicou, diz que não vai retroceder e está disposto a governar com os agentes uniformizados ao seu lado. Algo semelhante ao que Lucio Gutierrez imaginou em sua época, e cujo fracasso foi estrondoso.

Nesta América Latina em que as insurreições populares vão de país para país, como foi visto recentemente nas ruas de Porto Rico, Haiti e Peru, ou nas pesquisas primárias da Argentina, é possível pensar que o que está acontecendo neste momento no Equador significará, em um futuro muito próximo, o colapso de uma estratégia nefasta de apoderar-se de um governo pela fraude e logo depois se tornar o capacho da oligarquia local e do imperialismo estadunidense.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro PCB

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/10/04/ecuador-la-hora-de-la-insurreccio

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Sobre as eleições de 6 de Outubro não votem na direita nem caiam em novas ilusões!


Na legislatura que agora finda apenas houve parte da reposição dos rendimentos e direitos sociais que o governo PSD/CDS tinha roubado, manteve-se ainda o roubo nos direitos laborais, houve uma  melhoria  miserável no salário mínimo e nas reformas mais baixas, que continua a punir e  a flagelar socialmente  44% da parte mais pobre da população, outras melhorias houve, tais como a redução dos passes sociais, do preço das propinas, distribuição gratuita de manuais escolares, que poderia  ter ido muito mais longe caso não tivesse faltado e até congelado a luta sempre necessária da classe trabalhadora para o conseguir.

Assim sendo e dado que o novo governo se vai querer aproveitar da nova crise economica que se aproxima, para que os nossos direitos fiquem de novo por satisfazer, ou até reduzi-los, é importante que  a partir de segunda –feira todos se mobilizem, seja os que votaram ou os que não, na medida em que só a luta de todos os trabalhadores não só pode conquistar direitos, como impedir e acabar com a miséria social  e a exploração, que o sistema capitalista sempre brindou a classe trabalhadora.

Contra a pobreza, a miséria e a exploração capitalista!

Pela EMANCIPAÇÃO DA CLASSE TRABALHORA e pelo SOCIALISMO!

Vamos à luta!