"Só é marxista quem torna extensivo o reconhecimento da luta de classes ao reconhecimento da Ditadura do Proletariado" Lénine
sábado, 30 de abril de 2022
Por um 1º de Maio, de festa, mas também de combate ao capitalismo!
O verdadeiro propósito dos EUA
O verdadeiro propósito dos EUA
Joe Biden e Lloyd Austin. Continuar a guerra para enfraquecer a Rússia
Editor / Global Times — 29 Abril 2022
Numa reunião realizada na Alemanha em 26 de abril, na base militar norte-americana de Ramstein, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou sem pudor o que já era fácil de ver: o propósito dos EUA na guerra é enfraquecer a Rússia. Ganha assim todo o sentido, agora pela voz dos próprios, a aposta norte-americana de prolongar as hostilidades o mais possível, tentando convencer o mundo de que a Ucrânia vai vencer. Prolongar as hostilidades significa não apenas fornecer armas e conselheiros a Zelensky, mas também alimentar a ilusão de que os russos podem ser vencidos, e ainda bloquear todas as tentativas de negociação ou de mediação conduzidas por países terceiros, caso dos europeus ou da Turquia.
No encontro de Ramstein participaram uns 40 “aliados” (entre eles Portugal) no âmbito do recém-criado Grupo Consultivo sobre a Segurança da Ucrânia, que se propõe fazer um balanço mensal sobre “as necessidades de defesa da Ucrânia”. O objectivo é só um: fornecer armas e mais armas às forças ucranianas, mês após mês, levando-as a combater até à exaustão. Como afirma o dito tornado comum, os EUA estão dispostos a combater os russos até ao último ucraniano. Ou, como disse o ministro turco dos Negócios Estrangeiros (membro da Nato): “Eles não se importam muito com a situação na Ucrânia”.
A confissão do dirigente norte-americano é duplamente reveladora. Ela não fala apenas sobre o comportamento dos EUA depois da guerra desencadeada. Fala também sobre a atitude que os EUA tomaram desde muito antes da invasão russa e que conduziu às hostilidades. Desde há catorze anos, quando o propósito de integrar a Ucrânia na Nato foi anunciada em Bucareste, os EUA promoveram todo o tipo de provocações no sentido de encurralar a Rússia, não lhe deixando outra opção — como bem disse um diplomata iraniano, ex-embaixador em Moscovo, em entrevista à PressTV — senão a escolha entre uma coisa má (a invasão) e uma coisa pior (a presença da Nato na sua fronteira, nas costas norte do Mar Negro e no Mar de Azov).
Como afirma o texto do Global Times que divulgamos, Washington finalmente deixou de fingir.
WASHINGTON REVELA A SUA VERDADEIRA INTENÇÃO. ESCALADA DE TENSÃO COLOCA A EUROPA E O MUNDO EM RISCO
Global Times, 26 de abril
Os EUA querem “ver a Rússia enfraquecida”, disse o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, em entrevista colectiva na Polónia na segunda-feira [25 de abril], após a viagem dele e do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Kiev.
Washington finalmente parou de fingir e revelou o seu verdadeiro propósito. A principal intenção de Washington ao provocar o conflito Rússia-Ucrânia foi enfraquecer a Rússia, facto que tem sido amplamente reconhecido pela comunidade internacional. Moscovo está farta das investidas de Washington. Falando na segunda-feira numa reunião com altos funcionários do gabinete do Procurador-Geral, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou os EUA e seus aliados de tentarem “dividir a sociedade russa e destruir a Rússia por dentro”.
Um artigo do The New York Times considera que a essência do conflito Rússia-Ucrânia mudou, transformando-se “de uma batalha pelo controle da Ucrânia para uma batalha que coloca Washington mais directamente contra Moscovo”.
A retórica de “ver a Rússia enfraquecida” do chefe do Pentágono claramente implica que os EUA estão a tentar esgotar as forças militares da Rússia. “Washington planeia fornecer mais armas ofensivas à Ucrânia para equipar a capacidade militar ofensiva dos ucranianos contra a Rússia”, disse Lü Xiang, investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, ao Global Times.
Os EUA não querem dar espaço à negociação. A porta para a negociação, de facto, foi fechada. Embora Lavrov [ministro russo dos Negócios Estrangeiros] tenha apontado que as negociações de paz com a Ucrânia continuariam, os contactos tornaram-se uma conversa de surdos, sem qualquer significado prático.
As provocações cegas dos EUA contra a Rússia nada podem fazer a não ser atirar combustível para o fogo, empurrando a situação de escalada entre a Rússia e a Ucrânia ainda mais para o campo da incerteza. Como resposta, o ministro Sergey Lavrov alertou na segunda-feira [25 de abril] o Ocidente para não subestimar os riscos elevados de um conflito nuclear e enviou um alerta de que havia um perigo “real” de Terceira Guerra Mundial. Disse também que a Nato estava “em essência” envolvida numa guerra por procuração com Moscovo ao fornecer armas a Kiev.
Essas afirmações indicam que a Rússia está a fazer os seus preparativos. Se a Nato liderada pelos EUA fornecer à Ucrânia um fluxo constante de armas ofensivas e até destrutivas, e continuar as suas provocações verbais contra a Rússia, isso irá exasperar Moscovo, levando-a a procurar maneiras de aumentar a resposta para lidar com a crise na Ucrânia. Isto provocaria riscos de o conflito transbordar. As práticas dos EUA em relação à Rússia agravam o risco de transformar a Europa num campo de batalha, o que representará um enorme desastre para os países europeus e para o mundo.
O principal objectivo da viagem de Blinken e Austin é prolongar o conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia. Washington está a tentar enfraquecer a Rússia à custa da Ucrânia, o que é claramente o que os ucranianos estão relutantes em ver. Aos olhos dos EUA, a Ucrânia é apenas um peão. O derramamento de sangue dos ucranianos é apenas um instrumento para servir a intenção de Washington de pressionar a Rússia. Tal como o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlüt Çavuşoğlu, disse em 20 de abril: “De entre os estados membros da Nato há os que querem que a guerra continue, que deixam que a guerra continue para que a Rússia fique mais fraca. Eles não se importam muito com a situação na Ucrânia”.
(Tradução: Mudar de Vida)
Via "jornalmudardevida.net"
segunda-feira, 25 de abril de 2022
A aliança do MI6, da CIA e dos banderistas
A aliança do MI6, da CIA e dos banderistas
Um “Mossad ucraniano” anunciado pelo conselheiro do Ministro de Assuntos Internos da Ucrânia
Moscou, 24 de abril (SANA) .- O assessor do ministro do Interior ucraniano, Anton Gueraschenko, anunciou recentemente que Kiev já fundou uma organização dedicada a assassinar soldados russos e moradores locais que colaboram com eles em territórios ucranianos sob o controle da Rússia.
Durante uma entrevista ao canal Ukraine 24, o funcionário foi questionado se a Ucrânia poderia organizar uma agência para perseguir os ucranianos que optaram pelo lado russo no conflito em curso entre os dois países. "Já foi criado, já está funcionando nos territórios ocupados", respondeu Gerashchenko.
“Se alguém morreu repentinamente nos territórios controlados pela Rússia, isso é obra de nossos serviços especiais, que exterminam os ocupantes e os traidores. Nosso 'Mossad ucraniano' já está funcionando”, assegurou o assessor citado pela RT.
Sobre a estrutura da organização, Gueraschenko afirmou que “o sobrenome não pode ser dado, a pessoa que a administra não pode ser nomeada” e que ela é “completamente descentralizada, de modo que não pode ser finalizada” com ela.
“Já temos muitas pessoas que estão prontas para matar os ocupantes, estão até conscientes de que eles mesmos podem enfrentar uma morte muito difícil. É preciso organizá-los adequadamente para que os traidores entendam que não viverão. Você já sabe que o prefeito de Balakleya, um traidor, o prefeito de Kupiansk, um traidor, já deixaram o território da Ucrânia, porque perceberam que não poderiam mais viver aqui”, disse o funcionário.
No início de abril, Gerashchenko pediu para encontrar e deter ucranianos que cooperaram com tropas russas nas áreas da província de Kiev que estavam sob controle russo por várias semanas após o início de sua operação militar.
Batalhões paramilitares na Ucrânia: o que a OTAN fará com "seus filhos da puta"?
"Foi
o presidente e protector desta
escória humana, que a dias antes da comemoração do 48 aniversário do 25
de Abril, que os ditos democratas do B"E", do "Livre" do PAN, do PS, do
PSD, do I.L. e do Chega/Azov, presentes na A.R. decidiram convida-lo,
(já que Zelensky, que por tão anões que são, nem deles se lembrar) a
discursar e a promter todo o apoio, desde mais armamento, apoio
economico e agravamento das sanções que sabem de antemão que agravará
ainda mais a situação economica da classe trabalhadora, no qual Zelensky
agradeceu e aproveitou à sombra do 25 de abril
antifascista e popular, para fazer a sua demagogia de vitimização e
encobrimento da sua ideologia e prática fascista/nazi de linguajar
pseudo-democrático e patriótico, no qual o próprio povo ucraniano tem
sido a grande vitima.
Esperemos
que o povo trabalhador português, que mais uma vez será vitima desta
politica reacionária imperialista, não o esqueça e que lute contra ela,
pela defesa dos seus direitos e interesses de emancipação social" A
Chispa!
Batalhões paramilitares na Ucrânia: o que a OTAN fará com "seus filhos da puta"?
Artigo de Alberto Matxain publicado em Naiz.eus
24 de abril de 2022
Em 10 de junho de 1944, a 2ª Divisão SS Das Reich do Exército Alemão matou 643 homens, mulheres, idosos, crianças e bebês em uma pequena vila occitana. Foi o maior massacre de civis da Segunda Guerra Mundial no Estado francês; apenas trinta pessoas conseguiram sair vivas. Desde então, Oradour-sur-Glane tem sido uma cidade fantasma, mantida exatamente como os nazistas a deixaram para não esquecer. Um dia antes, nas proximidades de Tulle, a mesma divisão da SS havia enforcado 99 jovens em árvores, postes e varandas, a grande maioria deles sem vínculos com a resistência. Em um contexto de negociações surreais em torno de questões como quem seria executado e quem não seria, o prefeito Pierre Trouillé pediu ao comandante nazista Aurel Kowatsch que as execuções não fossem realizadas por enforcamento, ao que Kowatsch respondeu: “Nós nos acostumamos a enforcar na Rússia, enforcamos mais de 100.000 homens em Kharkov e Kiev, isso não significa nada para nós.” Estima-se que seus subordinados tenham matado cerca de 4.000 pessoas no estado francês, a maioria civis.
A 2ª Divisão SS Das Reich estava ativa na Ucrânia um ano e meio antes do massacre de Oradour-sur-Glane. Em outubro de 1941, o exército alemão tomou Kharkov (Kharkiv em ucraniano), então a maior cidade da Ucrânia e a quarta em população da URSS. Entre dezembro de 1941 e janeiro de 1942, os nazistas executaram cerca de 30.000 pessoas, a maioria judeus. Mais tarde, em fevereiro de 1943, o Exército Vermelho libertou a cidade, mas os nazistas perceberam o esgotamento da marinha soviética e contra-atacaram, tomando a cidade novamente no que ficou conhecido como a "Terceira Batalha de Kharkov". A 2ª Divisão SS Das Reich participou dessa batalha. Alguns meses depois, o Exército Vermelho finalmente libertou a cidade. Kharkov experimentou quatro grandes batalhas, duas ocupações e duas libertações. A cidade foi destruída durante a guerra e a maioria de sua população fugiu. Dezenas de milhares morreram.
Cerca de 16.000 judeus jazem na grande vala comum em Dobritsky Yar, a leste da cidade. A grande menorá do memorial que os lembra foi danificada durante a guerra, mas os homenageados não descansam há anos. Sete décadas após o massacre, no calor das revoltas contra o governo pró-russo de Viktor Yanukovych, apoiado pelos EUA e pela UE e com a notável participação de grupos neonazistas e de extrema-direita, nasceu o batalhão Azov. Em seu emblema, invertido, a runa wolfsangel do emblema da 2ª Divisão SS Das Reich. Não foi o primeiro movimento ultra-ucraniano a usá-lo. Ao fundo, um sol negro usado no ocultismo nazista. Grupos de extrema-direita como o batalhão Azov, Svoboda ou Pravyi Sektor foram inspirados por Stepan Bandera, líder da Organização dos Nacionalistas Ucranianos. Este movimento fascista e ultranacionalista aliou-se ao exército nazista e participou ativamente de pogroms e operações de limpeza étnica nas quais morreram milhares de judeus ucranianos e dezenas de milhares de poloneses.
Grupos
de extrema-direita ucranianos desempenharam um papel importante nos
protestos violentos que terminaram em banho de sangue e na queda do
governo de Viktor Yanukovych em fevereiro de 2014. Eles também
participaram dos distúrbios de 2 de maio de 2014, nos quais incendiaram a
cidade de Odessa Casa dos Sindicatos. 48 pessoas morreram. Um
mês antes, a guerra havia eclodido em Donbás e o batalhão Azov e outros
batalhões paramilitares neonazistas que foram combater as milícias da
independência por conta própria foram integrados ao Exército ucraniano. Este
facto chama a atenção por si só, mas ainda mais se lembrarmos que a
guerra e a ocupação nazista deixaram vários milhões de mortos na
Ucrânia, incluindo um milhão e meio de judeus.
A extrema direita ucraniana cometeu inúmeras violações de direitos humanos nos últimos oito anos. O Centro Europeu dos Direitos dos Ciganos denunciou que grupos neonazistas cometeram pogroms contra comunidades ciganas e atacaram manifestações feministas e gays em várias cidades ucranianas, gozando de impunidade e, em alguns casos, de proteção institucional. Eduard Dolinsky, diretor geral do Comitê Judaico Ucraniano, passou anos denunciando a ascensão do antissemitismo no país, que se expressa em discursos e mensagens de ódio, em atos de homenagem a colaboradores e genocídios e em ataques contra a população judaica .
Uma vez iniciada a intervenção militar russa, no início de abril, Zelensky defendeu o regimento Azov em entrevista à Fox e provocou a sociedade grega ao dar-lhe voz em seu discurso perante o Parlamento Helênico. A verdade é que Azov poderia ser um sério obstáculo para uma solução negociada: quando Zelensky chegou ao poder, o regimento neonazista ameaçou enforcá-lo em uma árvore se ele chegasse a um acordo com a Rússia. No momento, os regimentos neonazistas do Exército ucraniano estão recebendo armas tanto da UE quanto do Estado espanhol.
Uma rede internacional de supremacistas brancos
Apesar de sua breve história, o regimento Azov tornou-se o nexo internacional de vários movimentos de extrema-direita. Nos últimos oito anos, ultras e neonazistas de todo o mundo viajaram para a Ucrânia, forjando laços e ganhando treinamento militar e até experiência de combate. De acordo com o relatório "White Supremacy Extremism: The Transnational Rise of the Violent White Supremacist Movement" do Soufan Center, entre 2014 e 2019 cerca de 4.000 pessoas de 38 países diferentes teriam lutado na guerra de Dombas do lado do governo. O relatório observou: "Os Estados Unidos devem considerar a sanção de grupos extremistas transnacionais de supremacia branca como organizações terroristas estrangeiras".
Em 2018, o Congresso dos EUA já havia aprovado um projeto de lei que proibia a ajuda militar ao batalhão Azov por sua proximidade com a ideologia da supremacia branca, mas após a intervenção do fundador do Centro Soufan em audiência do Comitê de Segurança Nacional da Na Câmara dos Deputados, em setembro de 2019, parlamentares dos EUA tentaram duas vezes incluir o regimento Azov na lista de organizações terroristas estrangeiras, mas os secretários de Estado Mike Pompeo e Antony Blinken não responderam a essa demanda. Ao contrário, a milícia Centuria, criada em 2018 e relacionada ao regimento Azov, recebeu treinamento militar de diferentes países da OTAN, enquanto a Ucrânia e os EUA se recusaram ano após ano a apoiar as resoluções das Nações Unidas para proibir a glorificação do nazismo.
Países da OTAN treinando regimentos neonazistas e permitindo a formação de uma rede internacional de ultras em um contexto de tensão geopolítica? Esta não é a primeira vez que algo assim acontece. Em outubro de 1990, o primeiro-ministro italiano Giulio Andreotti admitiu ao Senado a existência de uma "rede de permanência" na Itália e em outros país.
Essa rede de exércitos secretos a serviço da OTAN, formada por neofascistas de diversos países e conhecida como "Gladio", dedicou-se a tentar impedir que os partidos comunistas conquistassem o poder e canalizar processos políticos desestabilizando governos, promovendo golpes de estado 'estado e cometer graves violações dos direitos humanos. A rede esteve envolvida em ações como os eventos de Montejurra em 1976 e o massacre da rua Atocha em Madrid em 1977.
A ameaça é real: neste 19 de março, em Paris, um ultra baleado matou o jogador profissional de rugby Federico Martín Aramburu. Loïk le Priol, o ultra que atirou nele, foi preso dias depois no posto fronteiriço de Záhony entre a Hungria e a Ucrânia, quando supostamente estava a caminho de lutar contra a invasão russa.
Vale a pena lembrar dois massacres cometidos por supremacistas brancos. Brenton Tarrant, o atirador que matou 51 pessoas na mesquita de Christchurch (Nova Zelândia) em 2019, disse que sua maior fonte de inspiração foi Anders Behring Breivik, o ultra que matou 77 pessoas em Utoya (Noruega) em 2011, com quem teve um "breve contato".
E agora que?
Teremos que esperar até o fim da guerra para ver a situação dos regimentos neonazistas e seu espaço sócio-político na Ucrânia, bem como os laços entre os movimentos de extrema-direita ao redor do mundo. Também será necessário ver o que acontece com a grande quantidade de armas enviadas para a Ucrânia que, uma vez terminada a guerra, corre o risco de inundar o mercado negro e acabar nas mãos erradas. Tudo isso em um contexto de rearmamento dos países membros da OTAN, de possível ampliação da aliança militar e consolidação da extrema direita nas instituições europeias, que já governa em alguns países e em outros tem possibilidades reais de fazê-lo. O cenário que pode gerar a conjunção desses fatores é realmente preocupante.
Franklin Delano Roosevelt é creditado por dizer do ditador nicaraguense Anastasio Somoza: "Ele pode ser um filho da puta. Mas ele é nosso filho da puta." Os neofascistas que formaram a rede Gladio eram outros "filhos da puta" a serviço dos interesses dos EUA, assim como os neonazistas ucranianos. Em relação à rede internacional de ultras criada em torno do regimento Azov, a pergunta é: o que os EUA pretendem fazer? Eles vão persegui-la? Você vai ignorá-la? A OTAN vai usá-lo para defender os interesses dos EUA, como fez com a rede Gladio e como fez com os neonazistas ucranianos? Qual é o plano? E a UE e os países e sociedades que a compõem, eles têm algo a dizer?
terça-feira, 19 de abril de 2022
Um parlamento agachado
Um parlamento agachado
Via: jornalmudardevida.net
Editor — 14 Abril 2022
Teria sido simples, como já foi dito, evitar a guerra na Ucrânia. Bastaria cumprir os acordos de Minsk de 2014-15 e garantir que o país não entraria na NATO, como a Rússia reclamou até 24 de fevereiro. Teria sido ainda mais simples se, em 2014, os EUA e a UE não tivessem promovido um golpe de estado em Kiev e instalado um governo ao seu jeito com a missão de afrontar a Rússia.
Ainda mais simples teria sido se, na conferência da NATO de 2008, em Bucareste, os EUA não tivessem imposto na declaração final (mesmo contra a vontade de franceses e alemães) o “convite” para a entrada da Ucrânia e da Geórgia na Aliança.
Também se pode dizer que, já com a guerra desencadeada, as conversações entre ucranianos e russos teriam podido evoluir por melhores caminhos se não fosse a pressão que os EUA — seguidos de perto pelos fascistóides polacos e, logo atrás, pelos servis-acobardados europeus em nome da “unidade do mundo ocidental” — sempre exerceram e continuam a exercer para empurrar os ucranianos para o conflito armado.
Só os EUA, com efeito, têm interesse na guerra e no seu prolongamento indefinido. Por duas razões evidentes e primeiras: desgastar a Rússia e submeter a Europa. E por mais umas quantas vantagens colaterais, tais como vender armas e gás a preços de monopólio.
Na lógica imposta pelos EUA de “matem-se uns aos outros e durante o maior tempo possível” — como fizeram, por exemplo, na guerra Irão-Iraque de 1980-88 — os norte-americanos encontraram em Zelensky o instrumento ideal, uma vez vencida (a troco de quê?) a sua resistência inicial em aceitar a fatalidade da guerra.
Zelenski tornou-se o porta-voz do extremismo guerreiro do imperialismo norte-americano, da guerra a todo o custo, a pretexto de interpretar os interesses e a vontade patriótica do povo ucraniano. O papel que lhe dão a desempenhar faz dele o arauto das mais loucas exigências que conduziriam em linha recta à guerra generalizada, pelo menos na Europa — como seja a ideia de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia ou a de uma intervenção directa da NATO no conflito.
A acreditar nas suas palavras, tanto lhe faz que os ucranianos sejam sacrificados até ao último numa guerra perdida à partida, ou que a Europa seja engolfada num conflito destruidor e mortífero. O que lhe parece importar é apenas que se cumpra o script norte-americano.
É este factotum travestido de herói nacional que a Assembleia da República resolveu acolher, dispondo-se a ouvir com ar reverente mais uma das suas palestras de propaganda rasteira — protegida pelo bloqueio informativo das fontes russas — em que acaba sempre por pedir armas e mais armas, vendendo a mistificação de que vai vencer a guerra. E, tal como no caso dos parceiros europeus, também as autoridades e os propagandistas de serviço portugueses verão no número de Zelensky uma razão suplementar para continuarem a alimentar o esforço de guerra e a pagar-lhe os custos.
Não espanta que, do Chega ao PS, a AR tenha achado a proposta do PAN oportuna: é a NATO e a sacrossanta “unidade” europeia a ditar regras.
Também começa a não espantar o apoio sem reticências do BE: é a necessidade de dar mostras de fidelidade a um sistema de poder que o tem hoje como apêndice dispensável. Num acesso de zelo, o líder parlamentar do BE chegou a lastimar que a palestra de Zelensky não seja presencial … Pedro Filipe Soares considerou importante que “a casa da democracia portuguesa seja solidária com o povo ucraniano”. E acrescentou: “Não há melhor forma de demonstrar essa solidariedade do que a presença, mesmo que por videoconferência, do presidente Zelensky no parlamento português”. (Dinheiro Vivo, 6.4.22, sublinhado nosso)
Valeu o não do PCP, mas foram frouxas as justificações: o regimento da AR foi deturpado? a palestra não ajuda à paz? Certo — mas o que dizer do papel dos EUA, da UE e da NATO na moldagem da política nacional, como no caso é por de mais evidente?
A quase unanimidade da AR retrata um parlamento agachado diante das determinações que vêm de fora. Mas mostra também, através da grande maioria dos seus representante políticos, uma classe dominante conivente, por vontade própria, com os interesses mais obscuros do imperialismo a que por necessidade se encosta — sabendo que os custos políticos, sociais, económicos de aventuras como esta serão sempre descarregados sobre a população portuguesa.
segunda-feira, 11 de abril de 2022
Nazis ucranianos fora de Portugal!
Nazis ucranianos fora de Portugal!
terça-feira, 5 de abril de 2022
Poder económico do imperialismo é arma para punir o resto do mundo.
Poder económico do imperialismo é arma para punir o resto do mundo
Editor / Sara Flounders — 5 Abril 2022
Sanções: os países menos desenvolvidos e dependentes são ameaçados pela fome pura e simples.
Como toda a gente está a sentir no seu dia a dia, as sanções contra a Rússia decididas pelos EUA e pela UE não atingem apenas a Rússia mas todo o mundo. Uma das vítimas imediatas é a própria UE, que se viu cair, de um dia para o outro, num abismo económico que a coloca numa maior dependência face aos EUA, sem conseguir de modo nenhum colmatar as quebras do comércio que ainda ontem tinha com a Rússia. Outra das vítimas é o resto do mundo, onde se incluem os países menos desenvolvidos e dependentes, ameaçados pela fome pura e simples.
Os danos de curto prazo que os EUA e a UE causam à Rússia vão ser, pelos indícios que já se podem observar, largamente ultrapassados pelo ricochete das sanções sobre toda a economia mundial, fazendo delas uma verdadeira bomba de fragmentação.
A arma das sanções – que é antes demais uma arma norte-americana – põe a descoberto uma realidade que a propaganda do Ocidente quer esconder: a ainda maior economia do globo não oferece ao mundo qualquer via de progresso; os seus recursos imensos não se traduzem em qualquer vantagem (mesmo em termos desiguais) para o resto do mundo. O poderio económico dos EUA, e também o da UE, revelam-se, ao contrário, uma punição para a maioria dos países e para as classes trabalhadoras em todos os azimutes. O objectivo é transparente: prolongar a todo o preço o domínio das potências imperialistas sobre o planeta.
O artigo que divulgamos fala destas questões a partir do centro do furacão, os EUA. Ao mesmo tempo que mostra o efeito de bumerangue das sanções sobre as classes trabalhadoras norte-americanas, evidencia que os EUA não conseguirão, com este gesto desesperado, restaurar o seu estatuto de potência dominante.
SANÇÕES À RÚSSIA FAZEM RICOCHETE – BIDEN GARANTE ESCASSEZ DE ALIMENTOS
Sara Flounders, Workers World, 31 março 2022
“A escassez de alimentos será uma realidade”, disse o presidente Joe Biden em Bruxelas em 25 de março. “O preço das sanções não é apenas imposto à Rússia. É imposto a muitos outros países, incluindo países europeus e ao nosso país também.” Este aviso ameaçador, relatado em todo o mundo, foi feito numa entrevista colectiva da NATO.
Enquanto Biden falava, protestos de trabalhadores em Espanha, Grécia, Itália, França e Alemanha contestavam os preços crescentes dos combustíveis e dos alimentos. Camionistas, agricultores e pescadores bloquearam estradas e barcos. O preço dos combustíveis já se tornou insuportável.
Essa resistência é apenas um vislumbre do que está por vir, à medida que o desmoronamento económico da Europa, devido às sanções dos EUA e da União Europeia, recai sobre os países que atenderam às exigências dos EUA.
‘O preço vale a pena’
Para a brutal classe dominante dos EUA, o preço da vida humana “vale a pena” sempre. O comentário insensível da ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright, recentemente falecida, sobre a morte de meio milhão de crianças iraquianas, reflete esse cálculo imperialista cínico
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, prevê fome e motins nos países pobres. Ela explicou que muitas nações africanas dependem do abastecimento de alimentos da região do Mar Negro e a segurança alimentar depende das importações. As importações de alimentos da região do Mar Negro são cruciais para a sobrevivência de 35 países africanos. (The Guardian, 24 março)
Essa catástrofe económica para milhões de trabalhadores na Rússia, Ucrânia e em toda a Europa, África e EUA foi bem compreendida muito antes de os EUA anunciarem as piores sanções agora impostas. É para isso que as sanções económicas são projectadas – criar sofrimento e fomentar a dissidência contra governos visados pelos EUA para “mudança de regime”.
A crescente integração económica da Rússia e da China com a Europa é a maior ameaça à dominação das empresas dos EUA.
A UE é o maior investidor na Rússia. O comércio da UE com a Rússia é de 260 mil milhões de dólares por ano, 10 vezes o comércio com os EUA. Forçar a UE a cortar seu comércio com a Rússia está a criar ondas de choque e não apenas para a classe trabalhadora. A classe dominante, os oligarcas na Alemanha e em toda a UE estão a ser duramente atingidos, à medida que os mercados lucrativos com a Rússia vão sendo encerrados.
Tudo isso é bastante aceitável para o poder empresarial dos EUA se os EUA com isso beneficiarem. E por um certo tempo assim será. Mas, a longo prazo, o desmoronamento económico minará também o capitalismo dos EUA.
O capitalismo tem vistas curtas
Como o capitalismo é baseado no impulso para maximizar o lucro implacavelmente e competir impiedosamente, o planeamento de longo prazo – mesmo com os melhores estrategas e grupos de reflexão – não evita o que Karl Marx chamou “anarquia da produção”.
Por mais de 100 anos, com base na sua poderosa posição económica, o imperialismo dos EUA esteve em posição de dar ordens com arrogância. Qualquer país que resistisse ao controlo dos EUA enfrentaria um corte completo no acesso a tecnologia, desenvolvimento industrial, investimento e comércio.
As sanções económicas dos EUA, combinadas com assassinatos, ameaças militares e desestabilização política foram aplicadas desde a Revolução Haitiana de 1804. A Revolução Russa de 1917 enfrentou 70 anos de sanções e isolamento. Durante décadas, a República Popular Democrática da Coreia tem enfrentado as mais duras sanções, e Cuba tem resistido a um bloqueio completo.
As sanções estendem-se hoje a mais de 40 países, cobrindo um terço da população mundial. A exigência dos EUA de que todos os demais países devem acatar as suas imposições provoca o caos económico também nos países vizinhos.
Mas à medida que o número de países que lutam para sobreviver às sanções vai crescendo, a vontade e a capacidade de contornar as sanções e continuar o comércio também crescem.
Este mês, depois de Washington ter expandido as sanções contra a Rússia, o imperialismo dos EUA esperava arrogantemente que todo o mundo cumprisse. Os parceiros imperialistas dos EUA na UE, Canadá, Japão e Austrália concordaram.
Para choque dos estrategas dos EUA, no entanto, a maioria dos países em desenvolvimento da Ásia, África e América Latina recusou. Este é um bloco comercial substancial. Os investimentos chineses da Nova Rota da Seda abriram novas possibilidades globalmente.
Sanções saem pela culatra – paguem em rublos
As sanções confiscaram 300 mil milhões de dólares em ouro e activos cambiais que a Rússia mantinha em bancos ocidentais e removeram os bancos russos do acordo internacional de transferência de fundos entre bancos (SWIFT). Isso bloqueou todas as transferências de dólares para a Rússia no comércio internacional.
Em resposta, a Rússia anunciou que todos os países que participam nas sanções dos EUA/UE continuarão a receber gás natural e petróleo russos, em volumes e preços acordados em contratos anteriores, mas agora serão obrigados a pagar na moeda nacional da Rússia, em rublos.
A maior parte da Europa e do Japão dependem do gás e do petróleo da Rússia. Na UE, 40% das necessidades de gás são supridas pela Rússia. Japão, Coreia do Sul e Taiwan importam gás natural liquefeito (GNL) dos projetos russos Sakhalin-2 e Yamal LNG. O Japão é o maior importador de GNL russo na Ásia. (tinyurl.com/35phs3dt) [*]
Os banqueiros dos EUA e da UE reagiram com indignação e frustração. Os países que colaboraram na apreensão dos ativos da Rússia e na imposição de um estrangulamento económico podem ficar sem combustível se se recusarem a pagar na moeda da Rússia.
Desde esse anúncio pela Rússia, o rublo atingiu o valor mais alto das três semanas anteriores em relação ao dólar.
Diante das ameaças da UE e dos EUA de fechar todas as empresas que operam na Rússia, a Rússia respondeu ameaçando confiscar e nacionalizar todos os activos dos países ocidentais que saíssem. Grandes empresas, como McDonald’s, Burger King e Starbucks, Shell e BP, enfrentam enormes perdas.
Um movimento desesperado
O imperialismo dos EUA está a fazer um esforço desesperado para restabelecer o seu domínio económico. O cerco da Rússia, expandindo a NATO, comandada pelos EUA, juntamente com o armamento de unidades militares fascistas na Ucrânia, é uma ameaça contra a Rússia. Esse cerco foi concebido para sabotar o crescente comércio da UE com a Rússia e a China.
Mas isso não pode restaurar o imperialismo dos EUA no seu status anterior.
Até 2001, 80% do mundo negociava mais com os EUA do que com a China. No entanto, hoje, 128 dos 190 países negoceiam mais com a China do que com os EUA, com 90 países negociando duas vezes mais com a China do que com os EUA (tinyurl.com/3eckcjry)
São estes os países que se recusam a cumprir as sanções dos EUA à Rússia. Eles agora têm outras opções.
Em casa, os EUA reduziram drasticamente o investimento em infraestruturas civis, fábricas e maquinaria durante mais de 50 anos. Apesar do projecto de lei de Biden Build Back Better [Voltar a Construir Melhor] – que não tem apoio do Senado – o financiamento continua a fluir para o orçamento do Pentágono. Os gastos militares são mais imediatamente lucrativos para a classe dominante, mas os trabalhadores e oprimidos pagam o preço.
A ameaça muito real de uma guerra mais ampla permanece. Como Lenin explicou na sua obra clássica – “Imperialismo, o estádio supremo do capitalismo”, escrita durante a Primeira Guerra Mundial – as guerras na era imperialista são travadas pelo controlo dos mercados.
Até onde irá o Pentágono para manter a dominação global dos EUA? A crise exige uma resposta da classe trabalhadora, em massa e global, para repelir os objectivos do império.
(Tradução: Mudar de Vida)
Via "jornalmudardevida.net