sexta-feira, 30 de abril de 2021

Viva o 1º de Maio, dia de luta da classe proletária!

 


Por um salário minimo nacional de 850 euros,!

Ajustamento das reformas mais baixas ao salário minimo nacional!

Contra o desemprego, redução do horário de trabalho! Pelo direito ao trabalho para todos!

Reforma limite máximo de trabalho 40 anos e  sessenta e cinco de idade!

Por sindicatos ao serviço da emancipação da classe proletária e não da conciliação de classe com os governos capitalistas e com o patronato!

Contra as imposições imperialistas e perda de soberania, Fora da Nato e da UE!

 Proibição do trabalho no dia 1º de Maio!

Viva a classe proletária!

Viva o internacionalismo proletário!

Viva os 135 anos que já leva o dia 1º de Maio!

segunda-feira, 26 de abril de 2021

O sagrado direito de causar miséria


Os "picos" acima dos 20% que andaram sempre acima dos últimos vinte anos, ou seja os ditos 26% do INE que sempre procura suavizar os números  e os 30% da Fundação Francisco Manuel dos Santos,  principal acionista do grupo  Jerónimo Martins já falecido, e alto responsável por tal pobreza, são apenas parte dos 46 ou 47% que vivem na extrema pobreza e que por esse motivo, o Estado capitalista por receio os isentou de pagar a taxa do IRS.


O sagrado direito de causar miséria

Manuel Raposo — 25 Abril 2021

Com a pandemia, a destruição de emprego foi feita
à custa dos trabalhadores mais pobres

Nos últimos 20 anos, a taxa de pobreza em Portugal andou sempre acima dos 20% da população, com picos em 2004 (26%) e em 2013 (30%). Os números — do INE, da Pordata e de um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos —, mesmo se não coincidem em absoluto, não deixam margem para dúvidas acerca da dimensão da situação. Presentemente, são mais de dois milhões os portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, o que significa ter um rendimento anual de 6 mil euros, ou 500 euros por mês. Mais significativo ainda, um terço destes pobres são trabalhadores empregados. Dito doutro modo, o trabalho não é remédio garantido contra a pobreza.

Os dados provam que a maioria dos pobres nasceu em meio pobre e assim permanece. O seu padrão de vida é passarem por privações em criança e na juventude, sofrerem de doenças resultantes da pobreza, abandonarem a escola para ajudar a família, entrarem prematuramente no mercado de trabalho, aceitarem empregos pouco qualificados e mal remunerados. Perpetua-se assim, através deste círculo vicioso, a sua condição de classe de origem — ficando desmentida a tão decantada “igualdade de oportunidades”. Pelo contrário, acentua-se a tendência para uma maior miséria nas classes mais baixas.

A destruição de emprego verificada com a erupção da pandemia foi feita à custa dos trabalhadores mais pobres. Até ao segundo trimestre de 2020, diz o INE, tinham sido destruídos 184 mil empregos nos três escalões mais baixos da economia (que são: menos de 310€, de 310€ a 600€ e de 600€ a 900€ líquidos por mês). Daqueles 184 mil empregos eliminados, 85% tinham salários abaixo dos 600€ e os restantes 15% abaixo dos 900€.

Em contraste, no período de um ano entre meados de 2019 e meados de 2020, aumentou o número de empregados com salários mais altos — e o maior aumento percentual (14%) foi no escalão acima do 3.000€ líquidos por mês. Consequência estatística: o valor do salário médio subiu neste período, ao mesmo tempo que aumentou o fosso salarial entre as classes e cresceu a pobreza nos escalões de salários mais baixos.

No balanço entre o final de 2019 e o final de 2020, 70% da perda de empregos verificou-se em dois grupos: no dos trabalhadores de serviços pessoais/segurança/vendedores e no dos trabalhadores não qualificados, confirmando a regra de serem os escalões salariais inferiores os mais sacrificados.

Já em 2021, novos números do INE dão conta de uma queda “histórica” do emprego: 79 mil postos de trabalho desaparecidos só num mês (janeiro), o segundo maior valor de sempre, só superado pelos números de maio de 2020, no primeiro choque da pandemia.

As medidas de apoio à manutenção do emprego (na verdade, medidas de apoio às empresas, nomeadamente através do lay-off) terão, mesmo assim, disfarçado temporariamente os efeitos mais duros da pandemia num primeiro impacte. Mas não anularam a tendência para a eliminação de postos de trabalho e destruição de riqueza.

Mesmo recebendo do Estado subsídios a fundo perdido (que serão pagos pela generalidade da massa trabalhadora na forma de dívida pública), muitas das empresas encontraram modo de tornear a lei e despedir trabalhadores por variados processos: invocando planos de reestruturação, recorrendo a despedimentos colectivos, cessação prematura de contratos de trabalho, pressão para rescisões e pré-reformas, recusa em aceitar a prestação extraordinária de apoio à família, represálias sobre os trabalhadores que rejeitam os banco de horas, etc. A tudo isto, somam-se os atrasos e a falta de pagamento de salários e subsídios.

Este panorama, de um modo ou de outro, abarca todos os sectores. Para além dos grande nomes — TAP, Groundforce, Altice, Coelima, Banca, AutoEuropa — a mesma prática prolifera em empresas, grandes e pequenas, da construção civil, serviços de limpeza, serviços de refeições em organismos públicos, hotelaria, restauração, unidades fabris, hospitais… e até no Zoo de Lisboa, que ameaça despedir 40 funcionários.

Estes factos estão longe de dar crédito ao optimismo que Governo e capitalistas arvoram acerca de uma prometida retoma fulgurante da economia, sugerindo com isso um regresso a tempos de vacas gordas que na realidade nunca existiram. Ao contrário, o que fica sinalizado neste último ano é a destruição de meios de produção e de postos de trabalho, muitos deles irrecuperáveis, e a consequente tendência para maiores diferenças sociais, maiores disparidades salariais e maior pobreza das classes mais baixas de trabalhadores.

Num momento em que, com grande afã, as forças parlamentares se preocupam com a criminalização do enriquecimento ilícito — aquele que, de tão escandaloso, dá demasiado nas vistas e gera revolta —, deveria haver quem se preocupasse, ainda com mais empenho, na condenação do enriquecimento considerado lícito. Aquele que, por ser de todos os dias, protegido pela lei, considerado normal, é na verdade o primeiro responsável pela pobreza que atinge a massa trabalhadora e pelas crescentes e inultrapassáveis diferenças sociais.

Via "jornalmudardevida.net"

Nota introdutória e foto da responsabilidade de A Chispa!

sábado, 17 de abril de 2021

Enquanto perto de metade da população mundial vive em extrema pobreza e a crise económica e sanitária lhe juntou mais uns milhões de pessoas, a Goldam Sachs aumentou os lucros em 464%

Goldam Sachs aumentou luros em 464%

O grupo financeiro norte-americano anunciou hoje um lucro líquido de perto de sete mil milhões de dólares no primeiro trimestre, tendo quadruplicado o resultado face ao mesmo período do ano passado.

 

O resultado recorde, registado em plena pandemia e em ano de grave crise económica e social, equivale a cinco mil e 714 milhões de euros e foi impulsionado, segundo a empresa, por operações de corretagem e banca de investimento.

A facturação da entidade financeira, entre Janeiro e Março, cifrou-se nos 17 mil e 704 milhões de dólares (mais 102% em comparação com o exercício anterior), assentando na divisão de mercados globais, que cresceu 46% devido ao desempenho dos mercados de acções e renda fixa. A entidade também procurou reduzir as suas reservas destinadas ao crédito malparado em 70 milhões de dólares.

A Goldman Sachs tem muita exposição à actividades de Wall Street, o que lhe permitiu beneficiar, nos últimos meses, da forte subida dos mercados, com o registo, desde o início do ano, de uma valorização de 24% em bolsa.

David Solomon, o presidente executivo, afirmou que «temos estado a trabalhar bastante com os nossos clientes na preparação do pós-pandemia e num clima económico mais estável. Os nossos negócios continuam muito bem posicionados».

A financeira actua sobretudo junto de grandes negócios no âmbito institucional, é banco de investimento privado e faz consultoria a governos, grandes empresas e grupos económicos e até a algumas das famílias mais ricas do mundo. Esta empresa opera em dezenas de países de todos o continentes e, no último ano, investiu e promoveu o investimento junto das grandes farmacêuticas no mercado das vacinas contra a Covid-19.


Com agência Lusa

 

domingo, 11 de abril de 2021

Ele saiu para brincar no quintal e naquele momento soou uma explosão.

 Sendo vitima de uma guerra que já dura há sete anos, que já vitimou milhares de pessoas entre elas centenas de crianças, cujos interesses  e objectivos militares imperialistas  dos EUA/UE/NATO é utilizar e transformar a Ucrânia e os lacaios fascistas que colocaram no poder e que hoje a "governam", numa força de choque ao seu serviço, cujo pano de fundo desde há décadas consiste em provocar e desagregar ainda mais a Russia, para que se possam apropriar da sua riqueza colossal 

VLADIK DMITRIEV - VÍTIMA DA GUERRA

Em 6 de abril, a missão da OSCE finalmente admitiu a morte de um menino de cinco anos no território da região de Donetsk, que não é controlada pelo lado ucraniano.

Em 2 de abril, na aldeia de Aleksandrovskoye, morreu Vladislav Dmitriev, de cinco anos. Ele saiu para brincar no quintal e naquele momento soou uma explosão. A avó, ferida por estilhaços de vidro da explosão, correu para o pátio e viu o corpo do menino feito em pedaços. Muitos moradores de casas vizinhas afirmam ter ouvido o som de um drone do qual um dispositivo explosivo improvisado foi lançado.

A explosão, segundo a jornalista Ekaterina Katina, aconteceu assim:

“A avó estava em casa, e o menino correu para o quintal para brincar. Enquanto a avó calçava os sapatos no corredor, ouviu uma explosão ... névoa, pólvora. Assim que recuperei a consciência, vi o corpo do meu neto dilacerado. Seu braço e ambas as pernas foram arrancados. Estávamos no local da morte, tudo está crivado de fragmentos e até pedaços de carne humana são visíveis ”, diz Katina.

A avó do menino não viu o drone. Ao mesmo tempo, ela própria não foi tocada por fragmentos de projéteis, mas por um vidro que voou para fora com o impacto. Após receber atendimento médico, no dia 4 de abril, ela estava em casa e conversou com jornalistas.

Em 5 de abril, Vladik foi enterrado em um caixão fechado. Como disseram, seu corpo ficou desfigurado pela explosão.

Em Donetsk, foi aberto um processo criminal contra o comandante da brigada da 59ª brigada das Forças Armadas da Ucrânia, Gennady Shapoval, sob o artigo "Ato terrorista". É o mesmo na Rússia. O Comitê de Investigação da Federação Russa abriu um processo criminal sob o artigo "Uso em um conflito armado de meios e métodos proibidos por um tratado internacional da Federação Russa".

Depois disso, a Ucrânia comentou sobre a tragédia no quarto dia, afirmando que nenhuma prova de sua culpa foi fornecida e o lado ucraniano nega categoricamente seu envolvimento no incidente. Um dos argumentos era que Aleksandrovskoe está localizado a 15 km da linha de frente, o que lança dúvidas sobre o uso de drones a essa distância. Claro, isso não é nada mais do que uma desculpa, porque drones podem ser usados ​​a uma distância de muitas centenas ou mais quilômetros.

Os Estados Unidos estão pressionando a Ucrânia a desencadear uma guerra, embora não estejam nem um pouco interessados ​​na vida das crianças.

É possível que o assassinato da criança tenha sido cometido deliberadamente para empurrar o DPR-LPR a ações retaliatórias, ao mesmo tempo que acusa novamente a Rússia de "agressão".

Em Donetsk, no parque de cultura e lazer. Lenin Komsomol, lá é o "Beco dos Anjos" , no qual um monumento aos filhos mortos de Donbass é erguido. Nele estão dezenas de nomes de crianças mortas pelo exército ucraniano. Aqui estão alguns dos mortos no primeiro ano do conflito.

Kira Zhuk, de 10 meses, morreu com a mãe no bombardeio de Gorlovka em 27 de julho de 2014.

Sonya Martynyuk, de 4 anos, morta em 24 de agosto de 2014 como resultado do bombardeio de Kirovsky.

Nastya Konopleva de 13 anos, Dasha Konopleva de 8 anos, Kirill Konoplev de 2 anos, foram mortos em Horlivka em 12 de fevereiro de 2015 como resultado de um tiro direto de uma bomba ucraniana. Aconteceu no dia da assinatura dos acordos de cessar-fogo de Minsk.

Vanya Nesteruk, de 4 anos, morto em 4 de junho de 2015 em consequência do bombardeio do exército ucraniano na aldeia de Telmanovo.

Filhos de civis são sacrificados ao Moloch devido à guerra travada pelas mãos dos guerreiros ucranianos e pelo imperialismo EUA-OTAN em nome dos interesses do capital financeiro global.

Ao mesmo tempo, os interesses da Ucrânia e do povo ucraniano não  incomodam de forma alguma os globalistas. Eles precisam desse conflito para desencadear uma guerra em grande escala com a Rússia com o objetivo de sua subsequente escravização e transformação em sua colônia, o que já foi feito com a Ucrânia.

Via  vidrodgennya.wordpress.com

VISÃO GERAL, 8 de abril de 2021

 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Barbárie fascista na Ucrânia

 

Barbárie fascista na Ucrânia

Desde o golpe de Maidan em 2013, apoiado e financiado pelo imperialismo americano e europeu, uma sangrenta guerra civil assola a porta da Europa há quase sete anos. Uma interferência imperialista em que, perante a ameaça de que a Ucrânia se aproximasse comercialmente da Rússia, as potências ocidentais utilizaram uma carta que reservaram por muito tempo: o apoio de forças abertamente nazis para a concretização do dito golpe.

A Ucrânia, que já havia sofrido em sua história a ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial, não ia ficar parada, produzindo assim o levante da população, especialmente na área oriental, com a proclamação das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Assim, o confronto é, por um lado, uma guerra entre o fascismo e a resistência antifascista; e, por outro lado, é um choque geopolítico entre os interesses da OTAN e os da Rússia.

É claro que os Estados Unidos estão tentando criar uma barreira de contenção contra a influência geopolítica da Rússia na Europa. Isso é rapidamente exemplificado ao se observar o cerco do país com bases militares. Mas, como se isso não bastasse, resta a opção de transformar os países ao seu redor em Estados fantoches, abertamente fascistas, do imperialismo ocidental: Polónia, Ucrânia, Hungria ou a ainda aberta ingerência contra a Bielorrússia, o que reflecte de forma transparente que os interesses dos monopólios se sobrepõem aos interesses nacionais e que sob o imperialismo a soberania nacional perece,os estados capitalistas tornando-se meros ramos dos agrupamentos imperialistas onde os políticos-fantoches dos monopólios capitalistas aplicam sem questionar todos os tipos de políticas que reprimem os trabalhadores.

O conflito na Ucrânia voltou ao cenário das notícias quando o presidente ucraniano Volodymyr Zlensky assinou uma declaração de guerra contra a Rússia em 24 de março. O objetivo da Ucrânia não seria outro senão recuperar a Crimeia pela força militar. Um movimento que, sem dúvida, conta com o apoio inabalável do governo “progressista” de Biden. Assim, com o apoio dos EUA, o governo ucraniano pediu à OTAN que realizasse exercícios militares na zona de fronteira com a Rússia. Em 1º de abril, durante a reunião do Conselho da OTAN, os Estados Unidos não hesitaram em oferecer sua ajuda caso o conflito com a Rússia aumentasse.

Diante da perspectiva óbvia de que a Ucrânia não busca uma solução pacífica para o conflito, as Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk anunciaram o início de um programa de treinamento militar para seus cidadãos entre 18 e 27 anos.

Fiel à essência desumana do fascismo, as forças fascistas de ocupação da Ucrânia realizaram manobras militares na linha de demarcação de Donbass, seguindo as ordens do governo golpista apoiado pelos EUA e pela União Europeia. Como consequência das ações criminosas dos militares ucranianos, um menino de 5 anos foi morto por um ataque de drones ucranianos em 3 de abril na cidade de Aleksandrovskoye.

Os monopólios americano e europeu em sua disputa pela Ucrânia contra os oligarcas russos são os principais responsáveis ​​pela miséria vivida pelo povo ucraniano. Para deslocar a influência da Rússia e da China, os EUA e a Europa não hesitam em usar os fascistas como força de ataque para colocar todo o povo e território ucraniano sob seu controle.

A "democrática" União Europeia, ao serviço dos interesses de Washington, não duvidou em nenhum momento do conflito ao manipular a opinião pública e esconder nos seus meios de "comunicação" que a Ucrânia está dominada pelo fascismo. Os meios de comunicação não hesitam em explicar o que se passou como um suposto confronto entre o governo ucraniano e a Rússia, quando o que vemos na realidade é a resistência armada de um povo que pretende ser soberano e não quer ser submetido à barbárie fascista.

A Ucrânia é, infelizmente, o exemplo vivo de como funciona o imperialismo, de como a distribuição da riqueza no mundo se realiza através da força e da dominação; de como os imperialistas não hesitam em derramar o sangue dos trabalhadores em suas disputas pelo controle geopolítico dos diferentes cantos do mundo.

Do Partido Comunista Operário Espanhol (PCOE) expressamos a nossa solidariedade absoluta com a resistência antifascista das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Ao mesmo tempo, condenamos frontalmente todas as interferências imperialistas na Ucrânia e denunciamos a guerra entre blocos imperialistas que está a ter trágicas consequências para o povo ucraniano.

A única saída é a revolução socialista, para tirar dos oligarcas, da burguesia e dos monopólios todo o poder político e econômico que eles atualmente detêm. Nas mãos dos explorados, dos trabalhadores, está a capacidade de acabar com a barbárie imperialista.

 

NÃO PASSARAM!

Madrid, 8 de abril de 2021

Secretaria de Relações Internacionais do Comitê Central do Partido Comunista Operário Espanhol (PCOE)


domingo, 4 de abril de 2021

Caridade sim, justiça social é que não

 

Caridade sim, justiça social é que não

Manuel Raposo — 31 Março 2021


Tudo menos tocar nas grandes fortunas, nos altos rendimentos, nos lucros do capital, na propriedade privada capitalista

Em final de fevereiro deste ano, os desempregados inscritos nos centros de emprego (IEFP) tinham subido acima de 430 mil, mais 37% do que no início do ano passado, o valor mais alto desde maio de 2017. Ao longo de 2020 o ritmo dos despedimentos colectivos tornou-se galopante. Como se nada disto contasse, as organizações patronais continuam a repetir o dogma de sempre: “são as empresas que criam emprego” — quando as evidências mostram que são as empresas, isto é, o capital, que destroem postos de trabalho e liquidam meios de produção. 

A mentira tem um  propósito imediato: obter do Estado o maior volume possível de financiamento, se possível a fundo perdido. Assim se tornam os prejuízos privados em prejuízos sociais, na mira de, mais adiante, voltarem os lucros — sempre privados, claro.

Apesar dos salários assegurados pelo Estado através do  lay-off, muitas empresas preferiram prescindir desse apoio para poderem proceder a despedimentos a coberto de medidas de “reestruturação”. Nos primeiros nove meses de 2020 houve mais 50% de despedimentos do que em todo o ano de 2019, e estava na intenção das empresas despedir outro tanto.

Os sectores de actividade atingidos são praticamente todos: indústria alimentar, segurança, comunicação social, indústria electrónica, restauração e hotelaria, banca. Em final de 2020, um quinto das empresas (nomeadamente multinacionais) manifestou a intenção de despedir e congelar salários em 2021, segundo inquérito da consultora Mercer.

Em 2019, antes da pandemia se declarar, a Autoridade Tributária previa que o número de super-ricos em Portugal iria disparar: mais 30% (309 indivíduos) que 5 anos antes. Nesta categoria cabem os indivíduos com mais de 5 milhões de euros anuais de rendimento ou mais de 25 milhões de património. A pandemia terá atrasado o ritmo previsto, mas não o facto em si: estudos recentes prevêem que os portugueses mais ricos verão rendimentos e fortunas crescerem a 3-4% ao ano até 2024.

Segundo dados do Banco de Portugal (maio 2020), a quebra dos rendimentos do trabalho com a pandemia era, na altura, em termos médios, de 8,2%. Mas com uma diferença importante: na condição de ausência de rendimento, o grupo dos 20% mais ricos suportaria as suas despesas durante um ano, enquanto o grupo dos 20% mais pobres só suportaria uma semana nas mesmas condições.

Esta quebra, assinalada no início da pandemia, veio acentuar ainda mais uma desigualdade de rendimentos já de si gritante. Um estudo do economista Eugénio Rosa mostra que, entre 2008 e 2019, a parte do trabalho no rendimento nacional caiu de 36,5% para 35%, e a parte do capital subiu de 40,6% para 41%. 

Note-se que este período de 11 anos abarca não apenas os anos da crise financeira de 2008, o governo Sócrates com os famosos PEC (Programas de Estabilidade e Crescimento!), a violência dos quatro anos da troika (Programa de Assistência Financeira!) com o governo Passos-Portas no papel de capataz, mas também os quatro anos ditos da “recuperação de rendimentos” do primeiro governo do PS, com o apoio do BE e do PCP.

Em termos de classes sociais, aqueles 41% do PIB são embolsados por cerca de 220 mil indivíduos possuidores de capital, contra mais de 4 milhões de trabalhadores assalariados  aos quais cabem os magros 35% — facto demonstrativo de que a “desigual repartição” da riqueza “nacional” (contra a qual tantos se indignam) é fruto da concentração da propriedade produtiva nas mãos de uma classe restrita de indivíduos (vaca sagrada contra a qual poucos se atrevem a levantar um dedo).

Um estudo recente da Deco (Barómetro Deco Proteste 2020), por seu lado, revela um quadro mais aproximado do quotidiano das famílias trabalhadoras. Já antes da pandemia, verificara-se um aumento dos níveis de pobreza. Com a crise sanitária, estima-se que as famílias perderam, em total nacional, 1.400 milhões de euros de rendimentos. Para 80% das famílias (3,2 milhões de famílias = 8 milhões de pessoas) é impossível fazer qualquer poupança. Uma em cada quatro famílias (1 milhão de famílias = 2,5 milhões de pessoas) perdeu “grande parte” do seu rendimento em 2020, significando isto uma redução de 25% ou mais.

O mesmo estudo mostra que, em 2020, mais de duas em cada três famílias tinha “dificuldades financeiras com gastos básicos” — isto é, dificuldade em responder a seis categorias de gastos: alimentação, saúde, habitação, transportes, educação e lazer. De facto, 6% estavam em situação crítica, 63% manifestavam dificuldades financeiras e apenas 31% se sentiam em situação de conforto financeiro. Aqueles 69% representam perto de 7 milhões de pessoas.

Também a Cáritas, as Misericórdias e a o Banco Alimentar, por exemplo, vão dando conta das situações de miséria que grassam pelo país: fome, pedidos de apoios para pagar rendas e despesas domésticas, despejos, crianças sem refeições decentes e sem meios para acompanhar a escola.

As causas destas perdas de rendimento são igualmente eloquentes: despedimento, inactividade profissional e redução salarial — ou seja, efeitos e instrumentos comuns da economia capitalista, presentes em quase todos os momentos, apenas acelerados e potenciados agora pela crise sanitária.

Nenhum mistério, portanto, nem quanto à subida do desemprego, nem quanto ao aumento da pobreza para quem vive do seu salário; nenhum mistério, igualmente, quanto ao aumento das fortunas e dos rendimentos no que toca aos mais ricos e aos detentores de capital.

As “soluções” avançadas, contra tudo o que é evidente, ficam nos apelos à solidariedade, ao coração, à esmola. O propósito é o de sempre: quanto possível, fazer que sejam os remediados a cuidar dos pobres — o que se vai conseguindo, seja através dos impostos que o Estado cobra em nome de uma política dita “redistributiva”, seja, mais caritativamente, pelos donativos cobrados aos cidadãos comuns por senhoras-de-bem à porta dos supermercados.

Tudo menos tocar nas grandes fortunas, nos altos rendimentos, nos lucros do capital, na propriedade privada capitalista — para que todo o edifício das desigualdades, que tem os seus pilares na exploração do trabalho, permaneça sem grandes abalos.

Via "jornalmudardevida.net"

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Líbia, Iraque: 10 e 18 anos depois, o caos.

Líbia, Iraque: 10 e 18 anos depois, o caos

Editor / Manlio Dinucci, il manifesto — 21 Março 2021

Hillary Clinton na Líbia: uma “vitória” sobre pilhas de cadáveres

 

Março é mês propício para os empreendimentos guerreiros do imperialismo. Fez agora 10 anos, a 19 de Março, a Líbia foi atacada e destruída por uma coligação militar norte-americana/europeia. Na mesma data (19 para 20 de Março), completaram-se 18 anos sobre a invasão do Iraque, com os mesmo efeitos destruidores. Num como noutro destes países impera hoje o caos, a luta entre gangues financiados por interesses externos. O Estado e todas as instituições sociais deixaram de existir. Muitas centenas de milhares de pessoas foram mortas (mais de um milhão só no Iraque), milhões foram deslocadas. As condições de vida caíram a pique. Os recursos naturais de ambos os países são saqueados metodicamente pelas empresas das potências que os atacaram.

 No caso do Iraque, sabe-se como a opinião pública foi habilmente neutralizada com mentiras a que a comunicação social deu uma criminosa guarida. As famosas “armas de destruição maciça” com que Saddam Hussein ameaçaria o mundo e a “nossa civilização”, nunca apareceram, porque eram simplesmente uma invenção da propaganda de guerra. Obtido o efeito manipulador, nem mais os dirigentes dos países cúmplices do ataque se preocuparam em dar outras justificações.

No caso da Líbia, foi mais simples: Muhamar Kadafi passou, de um dia para o outro, de amigo dos europeus a vilão, sem que se percebesse bem porquê. A opinião pública estava já de tal modo anestesiada que praticamente nem reagiu a mais esta acção de corsários — poupando aos corsários o esforço de inventarem desculpas.

O seguinte artigo de Manlio Dinucci, publicado recentemente no jornal italiano il manifesto, tem o mérito de revelar o pano de fundo da operação militar contra a Líbia. Por aí se vê que não apenas o interesse mais directo pelo petróleo e o gás esteve em jogo. Questões talvez até mais vitais para o imperialismo estiveram na raiz da agressão. Concretamente, os esforços que os países africanos estavam a empreender no sentido de marcarem distâncias face aos poderes imperialistas que os dominam — nomeadamente, pela criação de instituições financeiras próprias que os libertassem da carga do FMI, do Banco Mundial e do dólar.

Sintomaticamente, também no caso do Iraque, pouco antes de 2003, Saddam Hussein tinha mostrado intenções de passar a negociar as vendas de petróleo iraquiano em euros e não em dólares. Esta sim, se fosse avante, seria a sua verdadeira arma de “destruição maciça” — no caso, contra o dólar norte-americano.

Lembremos que, em ambos os casos, os EUA contaram com o apoio de uma trupe de vassalos, pelo que as justas acusações que Dinucci faz às autoridades italianas são extensíveis a outros Estados e Governos. Entre eles os Governos portugueses e os presidentes da República — não apenas da época dos acontecimentos, mas, ao longo dos anos, até agora. Cúmplices relapsos.

 

PORQUE É QUE, HÁ DEZ ANOS, A NATO DESTRUIU A LÍBIA

Manlio Dinucci / il manifesto

Há dez anos, em 19 de março de 2011, as forças dos EUA / NATO começaram o bombardeio aéreo-naval da Líbia. A guerra foi dirigida pelos Estados Unidos do princípio ao fim, primeiro por meio do Comando da África e, em seguida, por meio da NATO. Em sete meses, a Força Aérea EUA / NATO realizou 30 mil missões, das quais 10 mil de ataque, com mais de 40 mil bombas e mísseis.

A Itália — com o consentimento multipartidário do Parlamento (Partido Democrático na primeira fila) — participou na guerra com sete bases aéreas, com caças-bombardeiros, com porta-aviões e outros navios de guerra.

Mesmo antes da ofensiva aero-naval, sectores tribais e grupos islâmicos hostis ao Governo de Kadafi haviam sido financiados e armados na Líbia, e forças especiais, especialmente do Catar, foram infiltradas para iniciar confrontos armados dentro do país.

Foi deste modo destruído o Estado africano que, conforme documentou o Banco Mundial em 2010, tinha mantido “elevados níveis de crescimento económico”, com um aumento do PIB de 7,5% ao ano, e registado “elevados indicadores de desenvolvimento humano”, incluindo o acesso universal ao ensino básico e médio e, para mais de 40% da população escolar, ao ensino universitário.

Apesar das disparidades, o padrão de vida médio na Líbia era mais alto do que nos outros países africanos. Cerca de dois milhões de imigrantes, a maioria africanos, encontraram lá trabalho. O Estado líbio, que possuía as maiores reservas de petróleo da África e outras de gás natural, concedia margens de lucro limitadas às empresas estrangeiras. Graças às exportações de energia, a balança comercial da Líbia foi superavitária em 27 mil milhões de dólares por ano.

Com esses recursos, o Estado líbio investiu cerca de 150 mil milhões de dólares no exterior. Os investimentos da Líbia em África foram cruciais para o plano da União Africana de criar três organizações financeiras: o Fundo Monetário Africano, com sede em Yaoundé (Camarões); o Banco Central Africano, com sede em Abuja (Nigéria); o Banco Africano de Investimentos, com sede em Trípoli (Líbia). Esses órgãos serviriam para criar um mercado comum e uma moeda única para a África.

Não é por acaso que a guerra da NATO pela demolição do Estado líbio começou menos de dois meses após a cimeira da União Africana que, em 31 de Janeiro de 2011, decidiu a criação do Fundo Monetário Africano para esse mesmo ano. Isso é revelado pelos e-mails da secretária de Estado do governo Obama, Hillary Clinton, trazidos à luz pelo WikiLeaks: os Estados Unidos e a França queriam eliminar Kadafi antes que ele usasse as reservas de ouro da Líbia para criar uma moeda pan-africana alternativa ao dólar e ao franco CFA [franco das Colónias Francesas de África], moeda imposta pela França a 14 ex-colónias. (*)

Prova disto é o facto de, antes de os bombardeiros entrarem em acção em 2011, já os bancos terem entrado em acção: eles apreenderam 150 mil milhões de dólares investidos no exterior pelo Estado líbio, dos quais a maior parte desapareceu. Neste grande roubo, destaca-se o Goldman Sachs, o mais poderoso banco de investimentos dos Estados Unidos, do qual [o actual primeiro-ministro italiano] Mario Draghi foi vice-presidente.

Hoje, na Líbia, as receitas das exportações de energia são acumuladas por grupos de poder e multinacionais, no meio de uma situação caótica de confrontos armados. O padrão de vida da maioria da população entrou em colapso. Imigrantes africanos, acusados​de serem “mercenários de Kadafi”, foram presos até em jaulas de jardim zoológico, torturados e assassinados.

A Líbia tornou-se a principal rota de trânsito, nas mãos de traficantes de seres humanos, de um fluxo migratório caótico para a Europa que causou muito mais vítimas do que a guerra de 2011. Em Tawergha as milícias islâmicas de Misrata apoiadas pela NATO (as que assassinaram Kadafi em Outubro de 2011) realizaram uma verdadeira limpeza étnica, forçando quase 50 mil cidadãos líbios a fugir sem poder voltar.

De tudo isto é também responsável o parlamento italiano que, em 18 de Março de 2011, comprometeu o governo a “tomar todas as iniciativas” (ou seja, a entrada da Itália na guerra contra a Líbia) com o pretexto de “garantir a protecção das populações da região”.

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(*) Doze ex-colónias francesas da África Central e Ocidental, mais a Guiné-Bissau (ex-colónia portuguesa) e a Guiné Equatorial (ex-colónia espanhola) — Nota MV.

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quinta-feira, 1 de abril de 2021

A NAÇÃO MAIS POBRE DA EUROPA-- Eis o resultado do retorno do capitalismo e do golpe fascista na Ucrania

O resultado da traição revisionista  ao socialismo iniciada em 1956, para além de catapultar o fascismo ao poder, tal traição só podia dar nesta tragédia.

A NAÇÃO MAIS POBRE DA EUROPA

Isso é evidenciado pelas estatísticas fornecidas pelo Instituto de Demografia e Pesquisa Social da Ucrânia, ou seja, mais da metade dos cidadãos da Ucrânia (51%) vivem abaixo da linha de pobreza, que é o pior indicador entre todos os países europeus.

Pela primeira vez, a Vice-Presidente do Parlamento, Elena Kondratyuk, falou sobre a pobreza das pessoas a nível oficial, dizendo que no final de 2020 o nível de pobreza na Ucrânia ultrapassava 50% e 19 milhões de cidadãos são pobres e muito pobres.

Ao mesmo tempo, o governo de Denis Shmyhal garante que o salário médio na Ucrânia é de 14,2 mil UAH. (cerca de US $ 500), no entanto, todos ficam surpresos com a forma como o governo obtém esses números.

De acordo com o Instituto Growford em Kiev, 54% dos ucranianos vivem com uma renda inferior a 5.000 UAH. por mês, metade deles - e em tudo menos de 3.500 UAH. Outros 26% dos ucranianos têm uma renda de 5 a 7 mil UAH / mês. em um membro da família.

Mas o que os funcionários "generosamente" incluíram na cesta básica mensal do ucraniano - 6 kg de carne (mais precisamente, frango), 1,5 kg de arroz, 1 kg de queijo e 20 ovos. De acordo com os cálculos do Conselho de Ministros, uma família ucraniana depende de um refrigerador por 15 anos (com uma vida útil de 7 a 10 anos), uma cama por 25 anos, agasalhos por 7 anos. Não incluímos no cabaz os gastos com Internet e comunicações móveis, apesar de as autoridades falarem da necessidade de “digitalizar a sociedade”.

Andriy Pavlovsky, especialista em questões sociais de Kiev, acredita acertadamente que as autoridades subestimam os números reais da pobreza no país. De acordo com a metodologia da ONU, pobre é aquele que gasta menos de US $ 5,5 por dia consigo mesmo. “Segundo esse método, 63% dos nossos cidadãos vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, na pobreza. Em primeiro lugar, são pessoas idosas cuja pensão é inferior a 3 mil hryvnyas. Eu acho que dois terços da população é um nível muito real de pobreza observado agora na Ucrânia ”, diz Pavlovsky.

Ao mesmo tempo, Pavlovsky acredita que 35-36 milhões de pessoas vivem na Ucrânia.

Na realidade, de acordo com a CIA, citada no outono de 2017, não mais que 22-23 milhões de pessoas vivem na Ucrânia. É claro que, nos últimos três anos, a população da Ucrânia continuou a diminuir. Mas mesmo se pararmos no número acima, então, com base nos 19 milhões de pobres, que Kondratyuk mencionou, o nível de pobreza na Ucrânia ultrapassa 80%.

Além disso, a pobreza nos 21 anos atuais continuará a crescer, acredita Pavlovsky com razão. Em particular, devido a um forte aumento dos preços da habitação e dos serviços comunitários, que conduz a um rápido aumento da inadimplência.

Em meados de janeiro, o valor total das dívidas de serviços públicos era de 73 bilhões de UAH, tendo aumentado em 13 bilhões apenas em dezembro-janeiro.As pessoas claramente não têm fundos suficientes para pagar pelos serviços comunitários.

Mas as autoridades não se importam muito com as preocupações das pessoas, com o rápido empobrecimento dos cidadãos ucranianos. Eles estão preocupados apenas com o desejo de agradar seus curadores ocidentais e enriquecer pessoalmente.

Daí a questão naturalmente surgir - se o regime dominante não tem nada a ver com as necessidades do povo, então se o povo precisa de tais governantes.

Não é hora de mandá-los todos no pescoço ?!

VISÃO GERAL, 10 de fevereiro de 2021