quarta-feira, 31 de março de 2021

Especuladores lucram bilhões e povo morre de fome e de Covid

 


Especuladores lucram bilhões e povo morre de fome e de Covid

 Mortes aumentam no Brasil inteiro; na foto, mais uma vítima em Manaus

De acordo com o IBGE, no final de 2020, 52 milhões de brasileiros viviam na pobreza e 13 milhões na extrema pobreza

 

BRASIL – Resultado do descaso com a saúde pública do Governo Federal, o total de mortes da Covid-19 atingiu 295 mil em nosso país (dados de 21 de março), e a média diária de mortes bateu novo recorde com 2.350 óbitos.

O desgoverno militar de Bolsonaro nada fez contra a pandemia: é contra o uso de máscaras e da vacina. Preferiu gastar dinheiro com cloroquina e leite condensado para os militares do que investir na construção de hospitais públicos ou na contratação de médicos. Por isso, depois de faltar oxigênio no Amazonas, nove capitais não têm leitos de UTI para os casos graves da Covid. O Brasil vive sua maior crise sanitária, social e econômica.

Como todos sabem, a grande obra deste governo, é o desemprego. São 32 milhões de brasileiros sem emprego, informa o IBGE. O maior número de desempregados em 30 anos. Eram seis milhões quando Bolsonaro assumiu a Presidência.

A fome está em toda esquina, nas favelas, nos bairros e nas casas das famílias pobres. São dezenas de milhões de brasileiros que vivem sem saber o que vão comer amanhã. Estão sem renda nenhuma, não têm mais como se endividar e não possuem dinheiro para comprar alimentos nem para pagar o aluguel, luz, água ou comprar o botijão de gás.

O auxílio emergencial era de R$ 600, mas o presidente e o banqueiro nomeado como ministro da Economia, Paulo Guedes, acham que é muito dinheiro para um pobre receber.

Este texto completo e original encontra-se em: "averdade.org.br

 

sábado, 27 de março de 2021

Operários da Galp recusam as propostas de "rescisão amigável" o governo de direita PS e os capitalistas privados, ameaçam com o "despedimento colectivo"

 Do Luz Andrade

Operários da Galp recusam as propostas de "rescisão amigável" o governo de direita PS e os capitalistas privados, ameaçam com o "despedimento colectivo"

Os trabalhadores compreendem que se trata de um despedimento encapotado que lhes abre a porta para um futuro social ainda mais incerto, como aliás já aconteceu com muitos milhares de outros trabalhadores em muitas outras empresas, daí a sua resistência que apesar de muito importante, mas que por si só é insuficiente dado a envergadura do ataque capitalista que têm pela frente.
 
Assim sendo, espera-se (caso ainda não o tenham concluído) que é necessário e urgente UNIR e MOBILIZAR todos os trabalhadores da empresa Matosinhos e Sines e dar uma nova e maior dimensão à sua luta, na medida em que só a paralisação total da Galp pode fazer recuar e derrotar os objectivos politicos anti-laborais e sociais da ofensiva reacionária do governo de direita do PS e dos capitalistas privados acionistas da Galp e assim garantir todos os postos de trabalho.
 
Por outro é ainda muito importante que direção sindical e C.Ts e o movimento sindical em geral saia do confinamento em que há décadas se submeteu e se empenhe seriamente na luta e não apenas com proclamações gerais como tem sido costume, bem como promover a UNIDADE de todas as outras lutas tais como TAP,Groundforce, Efacec e outras empresas, contra o desemprego e pela suas nacionalizações e ainda apelar a todos os trabalhadores o seu apoio e toda a sua solidariedade.
 
Viva a justa luta dos trabalhadores da Galp! 
 
Viva a unidade e a solidariedade entre todos os trabalhadores!

domingo, 21 de março de 2021

Viva os 150 anos da Alvorada Proletária de Paris - Viva a Comuna de Paris!

 Sobre a Comuna

Karl Marx e Friedrich Engels

30 de Maio de 1871


"Na alvorada de 18 de Março (1871), Paris foi despertada por este grito de trovão: VIVE LA COMMUNE! O que é pois a Comuna, essa esfinge que põe tão duramente à prova o entendimento burguês?

"Os proletários da capital - dizia o Comité Central no seu manifesto de 18 de Março - no meio das fraquezas e das traições das classes governantes, compreenderam que chegara para eles a hora de salvar a situação assumindo a direcção dos assuntos públicos... O proletariado... compreendeu que era seu dever imperioso e seu direito absoluto tomar nas suas mãos o seu próprio destino e assegurar o triunfo apoderando-se do poder."

Mas a classe operária não se pode contentar com tomar o aparelho de Estado tal como ele é e de o pôr a funcionar por sua própria conta.

O poder centralizado do Estado, com os seus órgãos presentes por toda a parte: exército permanente, polícia, burocracia, clero e magistratura, órgãos moldados segundo um plano de divisão sistemática e hierárquica do trabalho, data da época da monarquia absoluta, em que servia à sociedade burguesa nascente de arma poderosa nas suas lutas contra o feudalismo."

"Em presença de ameaça de sublevação do proletariado, a classe possidente unida utilizou então o poder de Estado, aberta e ostensivamente, como o engenho de guerra nacional do capital contra o trabalho. Na sua cruzada permanente contra as massas dos produtores, foi forçada não só a investir o executivo de poderes de repressão cada vez maiores, mas também a retirar pouco a pouco à sua própria fortaleza parlamentar, a Assembleia Nacional, todos os meios de defesa contra o executivo."

"O poder de Estado, que parecia planar bem acima da sociedade, era todavia, ele próprio, o maior escândalo desta sociedade e, ao mesmo tempo, o foco de todas as corrupções."

"O primeiro decreto da Comuna foi pois a supressão do exército permanente e a sua substituição pelo povo em armas.

A Comuna era composta por conselheiros municipais, eleitos por sufrágio universal nos diversos bairros da cidade. Eram responsáveis e revogáveis a todo o momento. A maioria dos seus membros eram naturalmente operários ou representantes reconhecidos da classe operária. A Comuna devia ser, não um organismo parlamentar, mas um corpo activo, ao mesmo tempo executivo e legislativo. Em vez de continuar a ser o instrumento do governo central, a polícia foi imediatamente despojada dos seus atributos políticos e transformada num instrumento da Comuna, responsável e revogável a todo o momento. O mesmo se deu com os outros funcionários de todos os outros ramos da administração. Desde os membros da Comuna até ao fundo da escala, a função pública devia ser assegurada com salários de operários."

" Uma vez abolidos o exército permanente e a polícia, instrumentos do poder material do antigo governo, a Comuna teve como objectivo quebrar o instrumento espiritual da opressão, o"poder dos padres"; decretou a dissolução e a expropriação de todas as igrejas, na medida em que elas constituíam corpos possidentes. Os padres foram remetidos para o calmo retiro da vida privada, onde viveriam das esmolas dos fiéis, à semelhança dos seus predecessores, os apóstolos. Todos os estabelecimentos de ensino foram abertos ao povo gratuitamente e, ao mesmo tempo, desembaraçados de toda a ingerência da Igreja e do Estado. Assim, não só a instrução se tornava acessível a todos, como a própria ciência era libertada das grilhetas com que os preconceitos de classe e o poder governamental a tinham acorrentado.

Os funcionários da justiça foram despojados dessa fingida independência que não servira senão para dissimular a sua vil submissão a todos os governos sucessivos, aos quais, um após outro, haviam prestado juramento de fidelidade, para em seguida os violar. Assim como o resto dos funcionários públicos, os magistrados e os juizes deviam ser eleitos, responsáveis e revogáveis."

"Após uma luta heróica de cinco dias, os operários foram esmagados. Fez-se então, entre os prisioneiros sem defesa, um massacre como se não tinha visto desde os dias das guerras civis que prepararam a queda da República romana. Pela primeira vez, a burguesia mostrava a que louca crueldade vingativa podia chegar quando o proletariado ousa afrontá-la, como classe à parte, com os seus próprios interesses e as suas próprias reivindicações. E, no entanto, 1848 não passou de um jogo de crianças, comparado com a raiva da burguesia em 1871."

"Proudhon, o socialista do pequeno campesinato e do artesanato, odiava positivamente a associação. Dizia dela que comportava mais inconvenientes do que vantagens, que era estéril por natureza e até mesmo prejudicial, pois entravava a liberdade do trabalhador; dogma puro e simples... E é também por isso que a Comuna foi o túmulo da escola proudhoniana do socialismo."

"As coisas não correram melhor aos blanquistas. Educados na escola da conspiração, ligados pela estrita disciplina que lhe é própria, partiam da ideia de que um número relativamente pequeno de homens resolutos e bem organizados era capaz, chegado o momento, não só de se apoderar do poder, mas também, desenvolvendo uma grande energia e audácia, de se manter nele durante um tempo suficientemente longo para conseguir arrastar a massa do povo para a Revolução e reuni-la à volta do pequeno grupo dirigente. Para isso era preciso, antes de mais nada, a mais estrita centralização ditatorial de todo o poder entre as mãos do novo governo revolucionário. E que fez a Comuna que, em maioria, se compunha precisamente de blanquistas? Em todas as suas proclamações aos franceses da província, convidava-os a uma livre federação de todas as comunas francesas com Paris, a uma organização nacional que, pela primeira vez, devia ser efectivamente criada pela própria nação. Quanto à força repressiva do governo outrora centralizado, o exército, a polícia política, a burocracia, criada por Napoleão em 1798, retomada depois com prontidão por cada novo governo e utilizada por ele contra os seus adversários, era justamente esta força que devia ser destruída por toda a parte, como o fora já em Paris."

"Para evitar esta transformação, inevitável em todos os regimes anteriores, do Estado e dos órgãos do Estado em senhores da sociedade, quando na origem eram seus servidores, a Comuna empregou dois meios infalíveis. Primeiro, submeteu todos os lugares, da administração, da justiça e do ensino, à escolha dos interessados através de eleição por sufrágio universal e, evidentemente, à revogação, em qualquer momento, por esses mesmos interessados. E segundo, retribuiu todos os serviços, dos mais baixos aos mais elevados, pelo mesmo salário que recebiam os outros operários. O vencimento mais alto que pagou foi de 6000 francos. Assim, punha-se termo à caça aos lugares e ao arrivismo, sem falar da decisão suplementar de impor mandatos imperativos aos delegados aos corpos representativos.

Esta destruição do poder de Estado, tal como fora até então, e a sua substituição por um poder novo, verdadeiramente democrático, estão detalhadamente descritas na terceira parte de A Guerra Civil.(Karl Marx) Mas era necessário voltar a referir aqui brevemente alguns dos seus traços, porque, precisamente na Alemanha, a superstição do Estado passou da filosofia para a consciência comum da burguesia e mesmo de muitos operários. Na concepção dos filósofos, o Estado é"a realização da Ideia" ou o reino de Deus na terra traduzido em linguagem filosófica, o domínio onde a verdade e a justiça eternas se realizam ou devem realizar-se. Daí esta veneração que se instala tanto mais facilmente quanto, logo desde o berço, fomos habituados a pensar que todos os assuntos e todos os interesses comuns da sociedade inteira não podem ser tratados senão como o foram até aqui, quer dizer, pelo Estado e pelas suas autoridades devidamente estabelecidas. E julga-se que já se deu um passo prodigiosamente ousado ao libertarmo-nos da fé na monarquia hereditária e ao jurarmos pela república democrática."

(FRIEDRICH ENGELS: Introdução á Guerra Civil em França )

"Em presença de ameaça de sublevação do proletariado, a classe possidente unida utilizou então o poder de Estado, aberta e ostensivamente, como engenho de guerra nacional do capital contra o trabalho"

"A constituição comunal restituiria ao corpo social todas as forças até então absorvidas pelo Estado parasita que se alimenta da sociedade e lhe paralisa o livre movimento"

"A unidade da nação não deveria ser quebrada, mas, pelo contrário organizada pela Constituição comunal; ela deveria tornar-se uma realidade pela destruição do poder de Estado que pretendia ser a encarnação desta unidade mas que queria ser independentemente desta mesma nação e superior a ela, quando não era mais do que uma sua excrescência parasitária."

"Em vez de se decidir de três em três, ou de seis em seis anos, qual o membro da classe dirigente que deveria"representar" e calcar aos pés o povo no Parlamento, o sufrágio universal devia servir um povo constituído em comunas, tal como o sufrágio individual serve qualquer patrão à procura de operários, de capatazes ou de contabilistas para a sua empresa."

"A Comuna era composta por conselheiros municipais, eleitos por sufrágio universal nos diversos bairros da cidade. A maioria dos seus membros eram naturalmente operários ou representantes reconhecidos da classe operária. A Comuna devia ser, não um organismo parlamentar, mas um corpo activo, ao mesmo tempo executivo e legislativo. Em vez de continuar a ser o instrumento do governo central, a polícia foi imediatamente despojada dos seus atributos políticos e transformada num instrumento da Comuna, responsável e revogável a todo o momento. O mesmo se deu com os outros funcionários de todos os ramos da administração. Desde os membros da Comuna até ao fundo da escala, a função pública devia ser assegurada com salários de operários. Os benefícios habituais e os emolumentos de representação dos altos dignatários do Estado desapareceram ao mesmo tempo que os altos dignatários. Os serviços públicos deixaram de ser propriedade privada das criaturas do governo central. Não só a administração municipal, mas toda a iniciativa até então exercida pelo Estado, foi posta nas mãos da Comuna."

"Uma vez abolidos o exército permanente e a polícia, instrumentos do poder material do antigo governo, a Comuna teve como objectivo quebrar o instrumento espiritual da opressão, o"poder dos padres"; decretou a dissolução e a expropriação de todas as igrejas, na medida em que elas constituíam corpos possidentes. Os padres foram remetidos para o calmo retiro da sua vida privada, onde viveriam das esmolas dos fiéis, à semelhança dos seus predecessores, os apóstolos."

"A Comuna realizou a palavra de ordem de todas as revoluções burguesas, um governo barato, abolindo essas duas grandes fontes de despesas que são o exército permanente e o funcionalismo de Estado."

"A supremacia política do produtor não pode coexistir com a eternização da sua escravatura social. A Comuna devia pois servir de alavanca para derrubar as bases económicas em que se fundamenta a existência das classes e, por conseguinte, a dominação de classe. Uma vez emancipado o trabalho, todo o homem se torna um trabalhador e o trabalho produtivo deixa de ser o atributo de uma classe."

"A Comuna tinha perfeitamente razão ao dizer aos camponeses:"A nossa vitória é a vossa única esperança".

"O domínio de classe já não se pode esconder sob um uniforme nacional, pois os governos nacionais formam um todo unido contra o proletariado."

"A Paris operária, com a sua Comuna, será para sempre celebrada como a gloriosa percursora de uma sociedade nova. A recordação dos seus mártires conserva-se piedosamente no grande coração da classe operária. Quanto aos seus exterminadores, a História já os pregou a um pelourinho eterno, e todas as orações dos seus padres não conseguirão resgatá-los.

Karl Marx (Guerra Civil em França - 30 de Maio de 1871)

quarta-feira, 17 de março de 2021

A revolta colombiana recomeça: por que Segunda Marquetalia, uma ala das Farc, voltou à guerra

 

Por:Oliver Dodd

Dentro de uma base nas montanhas de Catatumbo, Oliver Dodd fala com o Comandante Villa Vazquez na primeira entrevista cara a cara com uma figura sênior do exército guerrilheiro recentemente restabelecido

 
APESAR de ter assinado  o acordo de paz de 2016  que encerrou mais de 50 anos de guerra com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o establishment do país, incluindo o governo de direita, se recusou a implementar os termos do acordo.

Em vez disso, o estado e a comunidade empresarial viram a paz como uma oportunidade econômica: com a maior ameaça à acumulação capitalista fora do caminho, os antigos territórios controlados pelas Farc se tornaram as veias através das quais as corporações multinacionais procuram se expandir por meio de indústrias de forte impacto na terra agora desprotegida e aqueles que vivem dela.

Mineração, extração de madeira, perfuração de petróleo, extração de óleo de palma, privatização de fontes de água doce, caça furtiva e narcotraficantes têm devastado para formar redutos das Farc, expulsando milhões de camponeses de suas casas para as favelas da Colômbia, onde poucos empregos e pouco a nenhuma segurança social os espera.

Ao mesmo tempo, mais de 1.200 líderes de movimentos sociais, especialmente sindicalistas e ex-combatentes das Farc, foram assassinados por paramilitares desde 2016. Os tribunais colombianos continuaram a prática durante a guerra de processar insurgentes de esquerda, mas não atores estatais.

As grandes esperanças das Farc, que anunciaram sua reforma como um  partido político legal  sob a mesma sigla - Força Revolucionária Alternativa Comum, antes de se renomearem Comunas - foram até agora frustradas, pois não conseguiram garantir nenhuma reforma política ou fundiária séria conforme acordado, e, agora desarmado, enfrenta o nível pré-existente de violência paraestatal.

Talvez sem surpresa, então, em 29 de agosto de 2019, dezenas de líderes Farc historicamente importantes, alguns dos quais haviam desaparecido repentina e dramaticamente da vida pública, se separaram do partido político legal, se reagruparam militarmente e  anunciaram  o restabelecimento de um partido que combinaria uma luta política jurídica nos movimentos sociais e sindicais, com uma luta armada nos espaços rurais e urbanos.

Em seu Manifesto Político, esta facção - conhecida mais especificamente como Farc (Segunda Marquetália) para se distinguir de sua antecessora e de outros ex-combatentes das Farc que optaram por continuar lutando pela implementação do acordo pacificamente como parte das Comunas - declarou que Foi um erro estratégico ter desistido das armas antes da implementação do acordo de paz, concluindo que só assim o acordo poderia ser garantido em um país que há muito é o mais repressivo da América Latina.

Comunes, que é chefiada pelo comandante mais graduado das Farc quando o acordo de paz de 2016 foi assinado, Rodrigo Londono, argumenta que é imperativo que ex-combatentes das Farc continuem a defender o acordo de paz como parte de um processo de estabelecimento de reconciliação nacional e legitimidade política para a esquerda.

Mas embora uma clara maioria dos ex-combatentes das Farc históricos permaneçam ativos legalmente como Comunistas, a Segunda Marquetália representa uma divisão significativa.

Para entender a situação política e a perspectiva das forças da Segunda Marquetália, viajei para a região rural de Catatumbo, na Colômbia, para observar o grupo refundado enquanto eles regeneravam sua luta político-militar e entrevistar uma de suas principais figuras, Comandante Villa Vazquez, que é o responsável para o Comando Danilo Garcia e é membro da Segunda Marquetália equivalente a um comitê central, conhecido como Direção Nacional.

Quando adolescente, Vázquez ingressou na Liga Comunista Jovem, um grupo intimamente ligado ao Partido Comunista legal. Quando mais de 5.000 ativistas de esquerda desarmados, principalmente do partido União Patriótica que emergiu das negociações de paz de La Uribe, foram massacrados por esquadrões da morte em meados da década de 1980, ele pegou em armas e foi membro das Farc desde então.

Muitos dos mortos foram massacrados usando os métodos mais horríveis imagináveis ​​- muitas vezes trabalhando com os militares, uma tática paramilitar favorita é cortar os membros dos socialistas usando motosserras e facões antes de despejar os cadáveres no rio ou deixá-los apodrecer nas aldeias e cidades como um aviso.

Rosa Mendoza e sua filha

O massacre continua: em dezembro de 2020, Rosa Mendoza, uma ex-combatente das Farc, foi assassinada junto com cinco membros de sua família, incluindo uma filha de apenas alguns meses de idade. Em 13 de fevereiro, Leonel Restrepo, de 23 anos, tornou-se o 258º ex-combatente das Farc assassinado no processo de “paz”. Desde então, o número aumentou para 259 após o assassinato de José Paiva Virguez em 19 de fevereiro.

Vazquez insistiu que, apesar do fato de os signatários das Farc terem aderido ao acordo de paz e cumprido sua parte da barganha, o estado colombiano renegou o acordo, continuou a assassinar militantes das Farc e outros ativistas e, conseqüentemente, “cometeu traição às custas do povo colombiano , a comunidade internacional e ex-combatentes das Farc. ”

O comandante argumentou que as Farc e o povo colombiano têm o direito de se rebelar e renovar a luta armada porque a “Segunda Marquetália é o resultado da quebra dos acordos de paz de 2016 pelo governo e oligarquia colombianos”.

Apontando para o aumento em oposição à diminuição das mortes de paramilitares, Vázquez concluiu que “todas as nossas esperanças estavam no acordo, mas o acordo foi traído pelo governo e outras forças da classe dominante. É por isso que tivemos que voltar às armas. Mas não são as Farc que voltam às armas - são as próprias pessoas. Hoje, podemos dizer que 60 por cento dos lutadores [da Segunda Marquetália] são novos, não são ex-membros. ”

Em resposta ao estabelecimento da Colômbia que considerou a Segunda Marquetália uma entidade criminosa apolítica, Vazquez descreveu sua estratégia para mim em detalhes, desenhando um diagrama em meu bloco de notas. A Segunda Marquetalia combina três estruturas organizacionais principais como parte de sua estratégia geral: forças armadas da guerrilha, unidades de milícias armadas e desarmadas e um Partido Comunista Clandestino de Colômbia totalmente desarmado (Partido Comunista Clandestino).

As forças de guerrilha são principalmente, mas não exclusivamente, responsáveis ​​por operações armadas ofensivas contra o estado e a classe dominante; as milícias têm a tarefa principal de promover os objetivos do grupo dentro de um determinado território, como uma cidade ou vila - especialmente aquelas zonas que foram tomadas pela guerrilha; e o Partido Comunista Clandestino está desarmado - como os partidos comunistas convencionais, atuam dentro dos sindicatos, movimentos sociais, universidades e comunidades locais, mas devem permanecer encobertos pelo alinhamento com a Segunda Marquetália.

Insistindo que a Segunda Marquetália é principalmente um partido político e não um grupo armado, Vázquez disse que “as armas fazem parte da combinação das formas de lutar e guardam ideias” e “não é que vamos tomar o poder por meio de um movimento armado - a luta armada acontece porque não há garantias para manifestar ideias ”.

Vazquez hesitou em sua caracterização como uma rebelião camponesa. Os três componentes organizacionais - guerrilha, milícia e partido comunista, disse ele, refletem as condições históricas peculiares da luta de classes na Colômbia.

“Onde se desenvolve a luta revolucionária?” ele perguntou-me. “É desenvolvido onde as pessoas estão, não no isolamento da selva, mas onde as massas estão - e a maioria das pessoas hoje está baseada nas cidades e é aí que a luta revolucionária e guerrilheira vai se desenvolver.”

Ao desempenhar funções-chave do Estado em suas áreas de base e redutos - tributação, segurança e manutenção da infraestrutura - a liderança proclama sua organização como uma forma legítima de governo, sustentada por um programa político abrangente e contrato social.

Embora o grupo só tenha sido restabelecido em 29 de agosto de 2019, a Segunda Marquetália já conta com uma base significativa de apoio civil nas comunidades que visitei. Observei suas tropas passarem pelas aldeias sem impedimentos e vi seus integrantes trabalharem abertamente, interagindo com os civis nas ruas, até mesmo realizando reuniões públicas, aparentemente sem medo de que sua presença pudesse ser denunciada aos militares colombianos.

Uma mulher local que vivia em uma fazenda dentro de um reduto das Farc, que não se via como uma ativista socialista ou política, me disse: “A comunidade aqui prefere as Farc [Segunda Marquetalia] à polícia e aos militares”.

“Eles estão sempre por perto para ajudar imediatamente quando solicitados. Eles fazem parte de nós e nos apoiam nas necessidades básicas em uma situação difícil. Eles também nos ajudam a organizar a comunidade aqui. ”

No entanto, as recentes afirmações da maior revista da Colômbia, Semana, de que eles têm 5.000 combatentes e são apoiados por Caracas, que lhes permite explorar sistematicamente o território venezuelano, são claramente imprecisas.

Embora possa parecer contraproducente para a mídia pró-Estado exagerar o sucesso de seus inimigos, isso serve para justificar o aumento da já extensa ajuda militar que a Colômbia recebe - além de dar aos Estados Unidos um pretexto para uma ação contra a Venezuela.

Na verdade, a Segunda Marquetália é um grupo recém-formado e embora possa contar com o apoio de civis em algumas comunidades, como uma facção separatista recente, o número de combatentes é significativamente menor do que o das Farc que assinaram o acordo de paz.

Mesmo assim, novos militantes estão entrando nas fileiras e se comprometendo com a organização pelo resto da vida, servindo sob uma liderança política altamente experiente com décadas de luta por trás de cada um deles.


Para o governo, esta é uma situação que ele mesmo criou. Incapaz ou não querendo garantir a segurança dos desmobilizados ou das personalidades dos movimentos sociais que não participaram da guerra civil, provocou exatamente essa reação.

Os negociadores hesitarão em confiar nos representantes do Estado colombiano em futuras negociações de paz - e a Segunda Marquetália tem muito a negociar. A tributação das empresas multinacionais e das indústrias extrativas que exploram os recursos naturais, bem como o mercado negro, permite-lhes alimentar os combatentes com três refeições por dia, vesti-los e muni-los de armamento e transporte modernos.

Eles têm dinheiro e recursos para permitir que todos os seus membros se dediquem 24 horas por dia, 365 dias por ano à causa.

E é para lá que vai o dinheiro; a vida de um membro das Farc de qualquer categoria, sempre foi simples - verdade para todos os movimentos guerrilheiros colombianos de esquerda que estudei nos últimos 10 anos que passei no campo.

Caminhei com Vazquez por uma pequena fazenda onde os guerrilheiros cultivavam sua própria comida e criavam gado; a cada dia, eles se revezam para administrar as plantações e alimentar os animais, um método de autossuficiência do qual Vazquez se orgulhava.

Embora, disse ele, “os gastos sejam significativos para uma organização como a nossa, como revolucionários cultivamos, inventamos coisas como criar coletivos agrícolas com a população, desenvolvemos atividades econômicas, inclusive produzindo nossos próprios alimentos”.

Quando terminei minha entrevista com Vázquez e observei a Segunda Marquetália em seu território durante uma semana, estava claro para mim que o movimento refundado já estava criando raízes profundas.

O fracasso na implementação de reformas estruturais que abordem os superlucros dos setores extrativos, grandes proprietários de terras e outros capitalistas, ao mesmo tempo que se recusa a deter o deslocamento forçado de camponeses, uma das principais exigências do acordo de 2016, tudo menos garante que a organização se expandirá gradualmente.

A abordagem pérfida do Estado colombiano ao processo de paz como forma de desarmar e desmobilizar a ameaça mais urgente ao capitalismo foi simplesmente a guerra por outros meios - e agora a Segunda Marquetália respondia da mesma maneira. Um espectro mais uma vez assombra a Colômbia: é o espectro das Farc.

Oliver Dodd

Via: challenge-magazine.org

segunda-feira, 15 de março de 2021

O desenvolvimento das vacinas contra à Covid-19 em Cuba: esperança aos povos oprimidos

 Em meio aos criminosos bloqueios econômicos por parte do imperialismo, principalmente o estadunidense, Cuba avança no desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19. 

O forte e permanente ataque contra a economia e o povo cubano não é capaz de minar o desenvolvimento do país em áreas que dizem respeito a vida e o bem-estar do povo, como a saúde e educação. Cuba tem um polo científico desenvolvido, uma poderosa divisão de biotecnologia e seus próprios laboratórios, onde produz quase todas as vacinas que necessita e medicamentos de ponta. Atualmente, o país desenvolve quatro vacinas contra a Covid-19, sendo elas: Soberana 01, Soberana 02, Abdala (CIGB-66) e Mambisa. 

Dentre estas, a Soberana 02 e a Abdala avançam para a fase III dos testes clínicos no mês de março, sendo as que até o momento se mostraram mais seguras e capazes de alcançar uma melhor resposta imunológica ao vírus. Cuba desponta, assim, como uma possibilidade de os países assolados e subjugados pelo capitalismo mundial terem acesso a uma vacina eficaz em meio a uma desigual disponibilidade de imunizantes, decorrente da monopolização por parte dos países imperialistas.

A crise sanitária, econômica e social que assola o mundo escancara, uma vez mais, a caducidade do capitalismo e sua incapacidade de dar respostas frente às necessidades dos trabalhadores e aos desafios de nosso tempo. Isso fica evidente quando analisamos o desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 e a impossibilidade dos povos das nações oprimidas acessarem tais conquistas. Em contraste, evidencia-se a monopolização das vacinas contra a Covid-19, onde 10 países concentram 95% dos agentes imunizantes criados para combater a nova enfermidade. Austrália, Canadá, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia são os principais monopolizadores das vacinas e, juntos, já adquiriram mais de 1 bilhão de doses, número que excede em muito a quantidade necessária para vacinar suas populações.

Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a estimativa é de que a maior parte da população dos países desenvolvidos será vacinada até meados de 2022; em contrapartida, a estimativa para os países explorados é a de que a imunização em massa não será atingida antes de 2024. Dessa forma, a demagogia dos países imperialistas e seus líderes que, no início do processo de elaboração das vacinas contra a Covid-19, apontavam para o caráter de bem público que os imunizantes deveriam tomar, são desmentidas uma vez mais no processo de mercantilização da vida e da monopolização das riquezas em detrimento da exploração e do genocídio das classes trabalhadoras.

O melhor caminho para lidar com a pandemia e evitar uma tragédia com proporções ainda maiores que o catastrófico cenário atual - que seria a possibilidade de vacinar toda população mundial - é limitado pelos grandes monopólios farmacêuticos que detém respaldo “legal”, por meio das patentes, para se aproveitarem da desgraça dos povos trabalhadores, vendo nela uma oportunidade a mais para expandir seus lucros. A Pfizer/BioNTech, a Moderna e a AstraZeneca, as principais fabricantes de vacinas já aprovadas pelos principais órgãos reguladores, não podem cobrir além de 30% das necessidades da população mundial; dessa forma, além de não compartilharem a tecnologia das vacinas, reservaram a grande maioria dos imunizantes aos países desenvolvidos, sentenciando à morte milhares de trabalhadores das nações exploradas. A estimativa para as três principais fabricantes é de uma receita superior a 30bilhões de dólares com a venda das vacinas.

O esforço cubano para desenvolver vacinas contra a Covid-19 acontece em meio ao cerco cada vez maior do imperialismo, que nos últimos anos tem levado ao extremo as tentativas de isolar a ilha mesmo durante a pandemia. Dos mais de 2bilhões de dólares em ajudas internacionais destinados a pesquisa para desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19, nenhum dólar se quer chegou a Cuba. O relatório cubano apresentado em 2020 para as Nações Unidas mostrou que o prejuízo causado pelo bloqueio estadunidense superou as cifras de 5 bilhões de dólares em 1 ano. Outras medidas genocidas tomadas pelo imperialismo ianque foram a proibição de voos que transportavam suprimentos e equipamentos para o combate à Covid-19 a Cuba - entre eles, kit para testagem, respiradores, máscaras de proteção e insumos químicos.
 
Com todas as adversidades impostas, Cuba segue investindo no desenvolvimento de testes rápidos para controle da disseminação do vírus e, principalmente, no desenvolvimento das vacinas. A estimativa na ilha é de produzirem 100milhões de doses em 2021, número suficiente para imunizar toda população cubana (11,3milhões de habitantes), e exportar doses a outros países. Os dois imunizantes em desenvolvimento mais avançado - a Soberana 02 e a Abdala - passarão à fase III dos testes clínicos. A produção industrial da Abdala para os testes já foi iniciada, bem como a produção da Soberana 02, da qual serão necessárias mais de 300 mil doses para a realização dos estudos, onde participarão aproximadamente 44mil voluntários.
 
O iminente êxito cubano no desenvolvimento de uma vacina - a primeira desenvolvida integralmente por um país latino-americano - poderá beneficiar muitos povos do mundo oprimidos pelo imperialismo. O Irã, país que também sofre os cruéis ataques do imperialismo estadunidense, já tem acordos de cooperação assinados com Cuba em relação a Soberana 02, para transferência de tecnologia da vacina e para levar a cabo as provas clínicas da última etapa na República Islâmica, um passo largo rumo a imunização de seu povo.
 
Via "wwwnovacultura.info" 

Pela sua importância a A Chispa! agradecia e apela a todos os seus amigos, caso concordem toda a solidariedade e divulgação deste texto.

segunda-feira, 8 de março de 2021

Emancipação da mulher: uma luta de classe

Por se tratar de um símbolo maior da luta da mulher portuguesa contra a exploração capitalista e pela emancipação social da mulher proletária, a colocação da sua foto é da responsabilidade de "A Chispa!"

Emancipação da mulher: uma luta de classe

2019-03-05

Carlos Almeida

Aproxima-se o Dia Internacional da Mulher, data histórica do processo continuo de luta das mulheres pelos seus direitos sociais, laborais e políticos, e um marco incontornável da caminhada de progresso da humanidade.
 
As semanas que antecedem este 8 de Março ficam marcadas, por um lado, pelas habituais tentativas de distorção do que realmente importa assinalar com a sua comemoração e, por outro, por uma forte campanha mediática em torno dos episódios absolutamente condenáveis associados à figura do juiz Neto de Moura. Não pretendendo debruçar-me em demasia sobre este contexto, não posso, contudo, deixar de fazer algumas considerações.
 
No primeiro caso, assistimos à crescente comercialização da efeméride, como se de mais um produto de mercado se tratasse, contrariando precisamente tudo aquilo de que se reveste a luta emancipadora da mulher trabalhadora. Sessões de maquilhagem, massagens, shows de strip, workshops de cozinha, um verdadeiro vale tudo no campo do entretenimento. Uma espécie de dia destinado à validação de preconceitos e à perpetuação de um lugar do qual, defenderão alguns, a mulher não deve sair, ainda que, excepcionalmente neste “seu dia”, possa extravasar um pouco“os seus limites”.

No segundo caso, mais do que a agitação mediática, excessiva na minha opinião, produzida na base das declarações absurdas proferidas pelo dito juiz, o que realmente deve preocupar-nos é o facto concreto de o exercício das suas funções ser guiado por um pensamento medieval, do qual resultam acórdãos que põem em causa a dignidade, os direitos e, em última análise, a própria vida das mulheres.
 
Nesta e noutras matérias é preciso um olhar que vá além da superfície. Até porque, actualmente, a igualdade de género tornou-se parte de tantos discursos de circunstância que assentam bem no quadro político e institucional, mas que em muitos casos não passam disso mesmo, num exemplo claro de oportunismo.

Na verdade, com excepção dos casos de violência doméstica, pelos contornos de gravidade e consequências infelizes que assumem, pouca ou nenhuma visibilidade é dada à luta das mulheres. Outras violências como são o assédio, as diferenças salariais para trabalho igual ou a enorme carga de trabalho não pago às mulheres, o constante desrespeito pelos direitos de maternidade, só muito pontualmente e ao de leve chegam à opinião pública. Não é possível ignorar, obviamente, e merecem o maior repúdio os casos de violência sobre as mulheres. Aliás, o número de mulheres assassinadas em 2019 é já verdadeiramente preocupante. Contudo reduzir a luta das mulheres à expressão de combate à violência doméstica é ingenuamente redutor e pode ter um efeito perverso, porquanto ignora as suas próprias causas. É certo que os comportamentos agressivos que se abatem sobre as mulheres não olham à classe social ou à condição económica dos envolvidos, mas também é verdade que existem contextos sociais e económicos, em casa ou mesmo no trabalho, propiciadores de relações de submissão e vínculos subalternos, que muitas vezes são a antecâmara de casos de violência. 
 
Para que não fiquem dúvidas ou sejam feitas interpretações selectivas, sublinho: é preciso por cobro à violência sobre as mulheres, venha ela de onde vier, sejam quais forem as motivações. 
 
O que quero dizer é que a luta das mulheres deve ser entendida numa perspectiva bem mais abrangente, capaz de identificar as causas que colocam a mulher numa condição de inferioridade social. E, nessa medida, não tenhamos ilusões, não basta uma abordagem progressista nos costumes, em torno de causas, justíssimas diga-se, e que são efectivamente pontos de ligação com a luta mais geral pela emancipação da mulher, mas não são condição suficiente para permitir à mulher trabalhadora a igualdade, o fim da exploração, em suma, a libertação do sistema capitalista que a condena a um mero instrumento de produção, descartável e ainda mais barato.

A luta das mulheres deve, por isso, estar profundamente ligada às necessárias transformações sociais indissociáveis da luta contra o capitalismo e as suas formas de opressão e exploração. Essa é, pois, uma luta do nosso tempo, para homens e mulheres verdadeiramente livres e comprometidos com ideais de justiça e igualdade.
 
 
Partilhado do jornal Correio do Minho

sexta-feira, 5 de março de 2021

Há 62 anos o proletariado e os povos oprimidos do mundo, choraram a morte do grande e genial dirigente proletário, iosef Stalin

 Extrato do texto de condolências do Partido Comunista do Brasil, sobre a morte de iosef Stalin

7/3/1953

Queridos camaradas 

O camarada Stálin morreu aos 73 anos de idade, tendo dedicado 58 anos de sua preciosa vida à causa da emancipação da classe operária, à causa dos povos nacionalmente oprimidos, à causa sagrada da revolução. Companheiro de armas do grande Lênin, seu melhor discípulo e continuador de sua obra, Stálin, durante mais de meio século, dedicada e abnegadamente, conduziu ininterruptamente e com sabedoria e vontade inflexível a grande luta revolucionária por uma existência livre e feliz para o homem que trabalha.

Nenhuma dificuldade nem infortúnio, nem as prisões, nem as torturas, nem a vida dura e difícil da clandestinidade sob o terror brutal do tzarismo. nada neste mundo pôde dobrar a vontade de ferro de Stálin, pôde obrigar Stálin a abandonar o caminho que escolheu de fiel homem de Partido e de lutador revolucionário proletário.

Desde o começo de sua vida de revolucionário, o camarada Stálin orientou suas actividades no sentido de construir um poderoso Partido marxista revolucionário, no sentido de elevar a consciência de classe do proletariado. O camarada Stálin compreendeu muito jovem que o triunfo da Revolução é impossível sem um Partido revolucionário do proletariado, intransigente diante dos oportunistas, "esquerdistas" e capituladores, revolucionário diante dos inimigos dos trabalhadores e diante do Poder das classes exploradoras, indissoluvelmente ligado às massas. Com o grande Lênin, o camarada Stálin ressaltou sempre o papel dirigente da classe operária na Revolução e lutou infatigavelmente pela conquista dessa hegemonia e, fundamentalmente, pela aliança operário-camponesa, como força indispensável ao triunfo dos trabalhadores na luta contra todos os opressores e exploradores.

Ao lado do grande Lênin, à frente do glorioso Partido Bolchevique, o camarada Stálin dirigiu a classe operária nas condições difíceis da luta clandestina na Rússia tsarista e a conduziu à vitória histórica da Revolução Socialista de Outubro, à implantação da ditadura do proletariado, à derrota da intervenção estrangeira e ao restabelecimento pacífico da economia nacional da Rússia Soviética. Depois, já sem Lênin, o camarada Stálin, numa luta tenaz e intransigente contra os traidores trotskistas, zinovievistas e bukharinistas, contra os portadores de toda espécie de desvios nacionalistas, contra os oportunistas e capituladores, defendeu a pureza da teoria marxista-leninista, defendeu e reforçou a unidade do Partido, conduziu o Partido, a classe operária e os camponeses trabalhadores à vitória do socialismo na União Soviética, vitória de significação histórico- mundial.

Muito jovem, o camarada Stálin disse que se filiava à corrente dos marxistas criadores, aos marxistas autênticos que dominam a essência da teoria marxista e tomam esta teoria como um guia para a ação revolucionária. Na luta contra os inimigos do marxismo-leninismo, Stálin não somente conservou a herança de Marx e Lênin, mas a enriqueceu de forma genial. Grande organizador e revolucionário prático, o camarada Stálin sempre lutou, na teoria, na estratégia e na tática da luta revolucionária de massas, por uma linha marxista-leninista conseqüente e pela mais absoluta fidelidade às idéias imortais da teoria do proletariado revolucionário, idéias pelas quais Marx, Engels, Lênin e ele próprio deram o mais precioso de suas vidas.

Ao grande Stálin deve a humanidade a vitória dos povos sobre a barbárie fascista, vitória sem precedentes na história dos povos, que abalou até aos alicerces o mundo capitalista e permitiu a centenas de milhões de seres humanos sacudir o jugo opressor do imperialismo. Desde a China e a Coréia até à Tchecoslováquia e à Hungria, surgiram, assim, novas "brigadas de choque" do movimento revolucionário e operário mundiais. Por isso, é agora para nós mais fácil lutar e o trabalho rende mais.

Graças a Stálin, uma poderosa frente da paz, da democracia e do socialismo surgiu e se fortalece sem cessar, agrupando em torno da União Soviética os povos livres numa família unida e fraternal. Graças à política de paz leninista-stalinista da União Soviética, pela primeira vez na história da humanidade, criou-se um gigantesco movimento de todos os povos em defesa da paz, com o objetivo de salvar a humanidade de uma nova guerra mundial, de refrear e isolar os provocadores de guerra, de eliminar a tensão internacional e garantir a colaboração pacífica dos povos.

O gênio de Stálin e sua vontade férrea guiaram as forças do campo da democracia e da paz, dirigido pela União Soviética, asseguraram os grandes êxitos que impediram o desencadeamento de uma terceira guerra mundial e permitiram aos povos continuar avançando no caminho da paz, da liberdade e da independência, sem a carnificina que almejam e preparam os monstros imperialistas americanos.

Se é imensa a dívida dos trabalhadores do mundo inteiro ao grande Stálin, são particularmente os povos oprimidos pelo imperialismo que sentem, com a morte do camarada Stálin, que perderam seu maior amigo, o maior defensor da liberdade e da independência dos povos. O grande Stálin foi, para todos os povos nacionalmente oprimidos, o mestre genial, que traçou, com clareza excepcional, o caminho da luta vitoriosa pela independência das nações — corpo de doutrina e conjunto de idéias que realizou na prática com a construção do primeiro Estado multinacional, a poderosa União Soviética, onde os povos de todas as nacionalidades anteriormente oprimidas pelo tzarismo vivem hoje como povos livres e fraternalmente unidos ao grande povo russo, desenvolvendo livremente suas respectivas culturas nacionais e avançando rapidamente no caminho do comunismo.