Sexta-feira,
2 de setembro de 2016
Nota da
Comissão Política Nacional do PCB: Compartilhamos as ponderações expostas neste
pronunciamento do Partido Comunista do México sobre o chamado “Encontro de
Partidos Comunistas e Revolucionários”, realizado recentemente em Lima,
nomeadamente em defesa da manutenção do caráter dos Encontros Internacionais
dos Partidos Comunistas e Operários”.
Durante anos expressamos nosso apoio
consequente aos povos e os movimentos populares da região. Somos firmemente
solidários com os povos que enfrentam intervenções e ameaças imperialistas.
Somos solidários com as forças classistas na Venezuela, Equador e Bolívia, que
lutam em condições muito difíceis. É inalterável nossa convicção e ação para
colocar fim ao bloqueio contra Cuba. O Partido Comunista do México, mantendo-se
fiel ao internacionalismo proletário, luta com firmeza pela unidade de ação do
movimento comunista, pela coordenação das lutas dos partidos comunistas e
operários a nível regional e internacional.
Desse ponto de partida, temos a
responsabilidade de comunicar aos trabalhadores de nosso país e aos partidos
comunistas e operários da região e do mundo, nossa avaliação sobre o chamado
“Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Revolucionários da
América Latina e do Caribe”, que se reuniu em Lima, Peru, nos dias 26, 27 e 28
de agosto, e de esclarecer por que não assinamos e, tampouco, reconhecemos a
validade da “Declaração de Lima” que se publicou, nem apoiamos o “Consenso de
Nossa América” que em dita reunião se apresentou.
Neste encontro, junto aos Partidos
Comunistas, foram também convidados partidos socialdemocratas e oportunistas,
partidos totalmente alheios ao movimento comunista, alguns dos quais foram
comprovados colaboradores em governos burgueses, e têm responsabilidades em
políticas antipopulares, na repressão às lutas populares, e apoio às alianças,
planos e intervenções imperialistas.
Não compartilhamos esta ideia de
hibridação, de convidar partidos socialdemocratas para encontros de partidos
comunistas. Além disso, repudiamos a tentativa de projetar mundialmente este
modelo de reuniões cujo objetivo é alterar a natureza do Encontro Internacional
dos Partidos Comunistas e Operários (EIPCO), e abri-lo às forças oportunistas
do Fórum de São Paulo e do Partido da Esquerda Europeia, ou de outros espaços
de convergência internacional da socialdemocracia, algo que significaria a
destruição do processo do EIPCO.
No transcurso dos debates em dito
encontro, foram sendo expressas sérias diferenças, de conteúdo e forma, sobre o
papel dos governos progressistas, da política de alianças e da luta
anti-imperialista, e sobre as tarefas dos partidos comunistas. O fato é que,
pela primeira vez em uma reunião que se chama “Encontro de PCs”, foram adotadas
decisões e imposições sob a lógica de maioria ou minoria, apresenta-se um passo
divisionista, viola o princípio de igualdade entre os partidos, e abre um
caminho muito perigoso.
Tanto a “Declaração de Lima” como o
“Consenso para Nossa América” são documentos que não ajudam a luta da classe
trabalhadora e dos povos. Enfeitam a socialdemocracia e a política
pró-monopolista dos chamados governos progressistas. Enfraquecem o papel dos
partidos comunistas, os limitam a um papel auxiliar da socialdemocracia, que
governando perpetua a exploração capitalista. O pós-capitalismo e o
anti-neoliberalismo anulam o objetivo da revolução socialista e fomentam a
confusão ideológica, descrevendo como socialista um sistema onde permanecem as
relações de produção capitalistas e se perpetua o poder do capital.
O capitalismo explora o povo, empobrece
as camadas médias, despoja os camponeses, oprime os povos originários, a mulher
e a juventude trabalhadora, independentemente da forma de sua gestão, seja
neoliberal ou neo-keynesiana projetada como “progressista”, tal como
repetidamente se experimentou sob estes governos nas últimas décadas.
A crise do capitalismo é também a crise do
progressismo. Em mais de 15 anos de gestão “progressista” na América Latina, as
relações capitalistas permaneceram intactas. O progressismo se mostrou como uma
gestão do sistema, que não escapa às leis gerais do capitalismo. Em condições
de altas taxas de desenvolvimento capitalista, que se basearam no aumento do
grau de exploração, milhões continuarão engrossando as estatísticas de pobreza.
As necessidades e demandas da classe operária, da mulher trabalhadora, da
juventude trabalhadora, dos povos indígenas e afrodescendentes, não tiveram nem
terão satisfação nos marcos das relações capitalistas, mas somente
derrubando-as.
Portanto, quando ocorre uma crise de
superprodução e superacumulação que afeta o capitalismo, este responde com
medidas agressivas, golpeando os direitos sindicais e trabalhistas para
desvalorizar a força de trabalho em nome da competitividade e rentabilidade dos
monopólios.
Por isso, fica claro que assumir um
programa de desenvolvimentismo sobre a base capitalista é uma bandeira distante
do movimento comunista.
Consideramos equivocado separar a luta
contra o imperialismo da luta contra os monopólios, restringir a luta
anti-imperialista ao centro imperialista norte-americano, isentando a União
Europeia e outras forças e alianças imperialistas.
Não consideramos que as diversas uniões
interestatais – cujo caráter de classe é capitalista –, que se forjam no sul do
Continente, sejam alternativas da classe operária e dos povos da América
Latina, pois expressam os interesses das burguesias e dos monopólios e
fortalecem os processos de acumulação, de concentração e centralização de
capital.
Nas difíceis condições em que lutamos,
onde as medidas de choque e os mecanismos repressivos estatais e paraestatais
se recrudescem contra nossos povos, e considerando que existe um ataque
constante do capital para sufocar as posições revolucionárias com a ilusão do
reformismo, do possibilismo, os partidos comunistas e operários têm o dever de
redobrar suas atividades para organizar os trabalhadores e camadas médias, para
desenvolver as lutas dos povos pelo direito ao trabalho, à saúde, à educação,
por todos os direitos populares, e levanta-los contra as políticas
antipopulares, contra a exploração e a opressão capitalista.
A experiência nos demonstrou que as alianças
interclassistas, presas na lógica do mal menor, atrasam a tarefa dos partidos
comunistas e operários, enquanto organização e consciência de classe dos
trabalhadores.
Os Partidos Comunistas têm a
responsabilidade de contribuir para que os trabalhadores possam extrair
conclusões sérias dos “governos progressistas”, das alianças com setores da
burguesia, e para que deem passos firmes na direção de sua emancipação, saindo
do círculo vicioso do chamado “mal menor”. Para colocar resultantemente a
necessidade da luta pela derrubada do capitalismo, pelo socialismo e pela
socialização e planificação da economia, dirigida pelo poder operário.
O Partido Comunista do México continuará
dando seu apoio a esta causa.
Proletários de todos os países, uni-vos!
Comitê Central do Partido Comunista do México
Comitê Central do Partido Comunista do México
http://www.comunistas-mexicanos.org/index.php/partido-comunista-de-mexico/2130-comunicado-del-cc-del-pcm-sobre-encuentro-de-lima
Fonte:
http://www.solidnet.org/mexico-communist-party-of-mexico/cp-of-mexico-sobre-la-reunion-de-partidos-comunistas-y-socialdemocratas-en-lima-peru-es
Tradução: Partido Comunista Brasileiro
(PCB)
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