Brasil vota com Rússia e China para que ONU investigue atentado ao Nord Stream
Foto tirada pela guarda costeira da Suécia mostra o vazamento de gás causado pela explosão do gasoduto
Proposta não foi aprovada pois os demais integrantes do Conselho de Segurança da ONU, sob pressão de Washington se abstiveram, incluindo os EUA
O Conselho de Segurança da ONU rejeitou em 27 de março o projeto de resolução que pedia a criação de uma comissão internacional sob os auspícios das Nações Unidas, apoiado por Rússia, China e Brasil, para investigar com eficiência e transparência as explosões nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que ocorreram em setembro de 2022.
Fortemente pressionados pelos Estados Unidos, os restantes 12 membros do Conselho se abstiveram, deixando a proposta sem quorum.
Perante essa decisão, o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, garantiu que parte da comunidade internacional está encobrindo a sabotagem aos gasodutos Nord Stream.
“Um tempo precioso está sendo perdido e aumentam as suspeitas de que, no âmbito dessas investigações, o objetivo não é esclarecer o que aconteceu com os atos de sabotagem, mas esconder provas e limpar o local do crime”, denunciou o representante russo.
Se o projeto apresentado por Moscou tivesse sido aprovado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, encabeçaria as investigações sobre estes fatos que, meio ano depois, ainda não foram esclarecidos.
Os membros permanentes do Conselho de Segurança são: Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China. Além do Brasil, os países eleitos para o biênio de 2022 e 2023 foram Albânia, Gabão, Gana e Emirados Árabes Unidos. Eles se juntam o Equador, Japão, Malta, Moçambique e Suíça como integrantes rotativos do Conselho.
“A SABOTAGEM NÃO SERÁ VARRIDA PARA DEBAIXO DO TAPETE”
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, observou que a Rússia não permitirá que a questão seja “varrida para debaixo do tapete” e continuará a insistir em uma investigação internacional dos ataques aos oleodutos russos.
“Claro, lamentamos e acreditamos que todos devem estar interessados em uma investigação objetiva com a participação de todas as partes e de todos aqueles que possam lançar luz sobre os requerentes e perpetradores deste ato terrorista”, afirmou o porta-voz.
A China também condenou a decisão: “Os Estados Unidos procuram realizar as chamadas investigações relacionadas a outros países em desenvolvimento, mas em relação a este incidente, que representa uma séria ameaça à paz e à segurança internacional, eles se comportam de maneira tortuosa, obviamente aderindo a uma prática de duplo padrão”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em entrevista coletiva logo após a votação.
“Do que os EUA têm medo? Esperamos que as investigações relevantes avancem para que o mundo possa descobrir o que realmente aconteceu e levar os culpados à justiça”, sublinhou a porta-voz.
DENÚNCIA APRESENTADA POR HERSH
Em 8 de fevereiro, o jornalista americano Seymour Hersh, vencedor do Prêmio Pulitzer, revelou que mergulhadores militares americanos colocaram as cargas explosivas sob gasodutos russos em junho de 2022, durante os exercícios da Otan na região.
Citando fontes com conhecimento direto do planejamento operacional dos ataques, Hersh acusou militares noruegueses de detonar os explosivos três meses depois, causando sérios danos aos oleodutos que ligam a Rússia à Alemanha no fundo do Mar Báltico. Hersh enfatizou que o presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou a sabotagem após mais de nove meses de discussões secretas com sua equipe de segurança nacional.
Via: Hora do Povo
28 de março de 2023
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