No último dia
13 de setembro, antes das 8 horas da manhã, Edilene Mateus Porto e Izaque Dias
Ferreira foram assassinados, quando se deslocavam de moto para plantar capim,
no lote deles, localizado na Área Revolucionária 10 de maio, na linha C-54, no
município de Alto Paraíso. Antes de chegarem à roça, eles foram vítimas de uma
emboscada, atingidos por disparos de espingarda calibre 12. Segundo informações
de moradores havia perfurações de outros dois calibres diferentes. Eles
deixaram uma filha de 7 anos. Os dois eram ativos camponeses da área e
coordenadores da LCP e por isso foram assassinados.
Certamente, os autores de
mais este crime bárbaro são os latifundiários grileiros de terras e assassinos,
que com seus bandos de pistoleiros e policiais, têm promovido o terror em
Rondônia, onde quer que os camponeses se levantem para lutar pelo sagrado
direito à terra.
Como a maioria dos camponeses de Buritis
e região, as famílias de Edilene e Izaque conquistaram seus lotes lutando.
Desde o início da luta da área 10 de maio, quando ainda era acampamento, o
casal participava ativamente na luta das famílias. Com comissões dos moradores,
eles participavam de reuniões, atos e audiências públicas em Monte Negro,
Buritis, Ariquemes, Porto Velho e até Brasília, sempre lutando pelos direitos
dos camponeses, como transporte escolar para as crianças, criação de gado, o
fim das ameaças de despejo e a conquista da terra. Com coragem, eles
fotografavam e denunciavam atos criminosos de policiais e pistoleiros, a mando
de latifundiários da região. Junto de todas as famílias, resistiram a várias
tentativas de despejo e organizaram a defesa das famílias enquanto produziam em
seus lotes, onde antes de 2014 era a fazenda Formosa, terras públicas griladas
pelo latifundiário Caubi Moreira Quito.
Edilene e Izaque conheciam e apoiavam a
LCP desde quando começamos a atuar no Vale do Jamari. Aproximaram-se mais em
2014, quando retomaram a luta do Acampamento 10 de maio, junto de mais de 60
famílias. Participaram de vários encontros, congressos, manifestações, cursos
de formação, reuniões.
No 6º Congresso da LCP, ocorrido em agosto e setembro de
2014, ele foi eleito coordenador, junto de seu companheiro de acampamento,
Enilson Ribeiro, assassinado covardemente em Jaru, no último dia 23 de janeiro,
em plena luz do dia.
Mortes
anunciadas
Pela atuação destacada de Edilene e
Izaque, eles e outras lideranças camponesas já vinham sofrendo várias ameaças
de morte. Corria o comentário na região de Buritis que pistoleiros estavam com
uma lista de nome de companheiros para assassinar, inclusive dos dois. Em 17 de
dezembro de 2014, eles sofreram um atentado, quando retornavam de uma reunião
no Incra de Porto Velho, onde denunciaram crimes praticados pelos policiais
militares de Buritis Dirceu, Rivelino e Edelvan (Zeca Urubu).
Em outubro de 2015, em Ariquemes,
Izaque, Edilene e vários outros camponeses da Área 10 de maio e da LCP foram
seguidos por um carro sedam Slogan, cor prata, de placa EDJ-4960, de Porto
Velho. No início de março, durante reuniões com o Ouvidor Nacional dos
latifundiários Gercino da Silva, na capital, camponeses desconfiaram de dois
homens estranhos que ficavam nas salas e corredores e que deram respostas vagas
sobre o que faziam ali. Expediente corriqueiro do Incra, provavelmente eram
policiais do serviço reservado (P2) ou chefes de pistolagem, com a tarefa de
identificar lideranças camponesas.
Todos estes fatos foram amplamente
denunciados, mas como sempre, nenhum órgão do velho Estado, serviçal dos
latifundiários tomou nenhuma medida concreta para preservar a vida destes
valorosos lutadores. Contando com os próprios recursos, que sempre é pouco para
aqueles que vivem do próprio suor, eles passaram um tempo fora da área 10 de
maio, mas tiveram que retornar recentemente.
O
sangue rega a revolução
Os latifundiários do Vale do Jamari,
criaram uma organização terrorista, responsável por calúnias e difamações,
despejos violentos, perseguições, atentados, prisões, agressões e
torturas, sequestro, desaparecimentos, assassinato de camponeses, ativistas e
lideranças e outros crimes contra os camponeses da região. Desde o início do
ano, quando nomeou comandante geral da PM Ênedy Dias, o antigo inimigo dos
camponeses e cão de guarda dos latifundiários, o gerente estadual Confúcio
Moura/PMDB tem aplicado terrorismo de Estado contra camponeses pobres em luta
pela terra, nos quatro cantos de Rondônia.
Confúcio e Ênedy têm comandado uma
verdadeira caçada às lideranças mais conscientes, combativas e organizadas da
luta pela terra, aos melhores filhos do povo que dedicam suas vidas, trabalho e
luta pela Revolução Agrária.
Engana-se, senhor Confúcio Moura/PMDB,
engana-se senhor Ênedy Dias, enganam-se senhores latifundiários se pensam que
afogarão a luta dos camponeses com o sangue dos nossos. Isso só faz aumentar
nossa ira represada. E dizemos: aproveitem enquanto podem o luxo que vocês
usufruem, custeado por uma grande parte dos impostos usurpados da maioria da
população brasileira, custeado pelo suor e sangue de milhares de camponeses
pobres sem terra ou com pouca terra. Aproveitem o pouco tempo que lhes resta,
porque a turba de camponeses pobres faz avançar a Revolução Agrária, que tomará
todas as terras do latifúndio, estremecerá os campos brasileiros e varrerá o
sistema latifundiário podre e retrógrado, apoiado pela grande burguesia e pelo
imperialismo. Por isso lutaram Edilene, Izaque, Enilson, Renato Nathan, Cleomar,
Zé Ricardo, Zé Bentão e tantos outros camponeses e lideranças. Por eles,
ergueremos ainda mais alto a bandeira da Revolução Agrária!
Lutar
pela terra não é crime!
Viva a Revolução Agrária! Morte ao latifúndio!
Honra e glória eternas às heroínas e heróis do povo brasileiro!
Viva a Revolução Agrária! Morte ao latifúndio!
Honra e glória eternas às heroínas e heróis do povo brasileiro!
Companheira
Edilene, presente na luta!
Companheiro Izaque, presente na luta!
Companheiro Izaque, presente na luta!
LCP –
Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Fonte: Resistência Camponesa
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