sábado, 7 de setembro de 2024

O encerramento das fábricas da Volkswagen exprime o declínio da indústria europeia.

A quem serve as declarações do porta voz da CT da Volkswagen-Auto-Europa quando diz à imprensa que os "trabalhadores da empresa não têm motivo para preocupações"? 

Ao contrário de tais afirmações que só podem prejudicar os trabalhadores, temos a convicção que se devem preocupar e a discutir afim de se poderem organizar para poder responder a qualquer consequência que recaia sobre si, inclusive tal discussão deve de ser ampliada a todos os outros trabalhadores na medida em que tal "desindustrialização", terá também consequências para si, como efeito  dominó noutros sectores da economia não só em Portugal como nos restantes países europeus. 

"O gigante automóvel não está a desaparecer com a crise; está a deslocalizar a sua produção para outros países. As fábricas alemãs deixaram de ser competitivas, sobretudo porque o Governo de Berlim eliminou os subsídios e a Alemanha, locomotiva da União Europeia, está a desindustrializar-se, o que terá um efeito dominó noutros países europeus."


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O símbolo do poder industrial alemão está a desmoronar-se, anunciando o efeito dominó na Europa, numa crise industrial sem procedentes. O encerramento de algumas fábricas da Volkswagen na Alemanha é um facto histórico. Desde a sua criação em 1937, o principal construtor automóvel europeu, que emprega quase 660.000 pessoas em todo o mundo, nunca tomou uma decisão deste tipo em solo alemão. Seria também a primeira vez desde 1988, quando o grupo encerrou a sua fábrica em Westmoreland, nos Estados Unidos.

A empresa encontra-se numa situação precária. No ano passado, a Volkswagen lançou um programa de redução de custos com o objetivo de poupar 10 mil milhões de euros até 2026. O programa falhou e os trabalhadores receiam a redução dos seus postos de trabalho. A empresa terminou o seu programa de segurança no emprego, em vigor desde 1994.

A redução de custos é sempre a mesma: encerramento de fábricas e despedimentos, o que levou a um grande confronto entre a multinacional e o conselho de empresa. Segundo o sindicato IG Metall, este é um dia negro na história da Volkswagen.

Mas não se trata de uma crise da Volkswagen, mas sim da Europa. No ano passado, a taxa de desemprego na Alemanha rondava os 5,7%. Em julho deste ano, era de 6%. A redução de postos de trabalho da Volkswagen surge numa altura em que o número de desempregados na Alemanha continua a aumentar.

O gigante automóvel não está a desaparecer com a crise; está a deslocalizar a sua produção para outros países. As fábricas alemãs deixaram de ser competitivas, sobretudo porque o Governo de Berlim eliminou os subsídios e a Alemanha, locomotiva da União Europeia, está a desindustrializar-se, o que terá um efeito dominó noutros países europeus.

A Volkswagen sofre a concorrência das empresas chinesas. As marcas europeias são retardatárias. A Europa está atrasada em relação à China no domínio dos automóveis eléctricos e dos veículos híbridos, o que explica o fracasso das vendas de automóveis eléctricos da Volkswagen na China, líder mundial neste sector.

A quota da Volkswagen no mercado mundial está a diminuir. Além disso, está dependente da China, que é o primeiro mercado do fabricante alemão de automóveis: representa 40% das suas vendas. No ano passado, foram vendidos três milhões de veículos.

As más relações da Alemanha com a Rússia fazem subir o preço da eletricidade. As más relações com a China reduzem o mercado, tanto o mercado mundial como o mercado chinês. A Comissão Europeia, presidida pela alemã Ursula von der Leyen, está a impor tarifas aos veículos eléctricos importados da China, e a Volkswagen, entre outros, está a pagar o preço.

Nos últimos quinze anos, a Volkswagen tem sido salva pela China. As suas vendas no país asiático representam a parte de leão em termos de volume e de rentabilidade. Mas, atualmente, a holding europeia vê as suas vendas ameaçadas pela concorrência de empresas chinesas como a BYD.

Nos últimos anos, a Volkswagen tem-se esforçado por travar o declínio da sua quota de mercado na China. Mas os seus esforços para permanecer na China têm sido em vão. A sua única alternativa é deixar de ser europeia e tornar-se uma empresa chinesa.

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