quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Sobre os Fundamentos do Leninismo IX e última parte — O estilo no trabalho

 

Sobre os Fundamentos do Leninismo

J. V. Stálin

IX — O estilo no trabalho


Não se trata do estilo literário. Refiro-me ao estilo no trabalho, ao que há de específico e peculiar na prática do leninismo, que cria o tipo especial do militante leninista. O leninismo é uma escola teórica e prática, que forma um tipo especial de militante do Partido e do Estado, que cria um estilo especial de trabalho, um estilo leninista. Em que consistem os traços característicos deste estilo? Quais são as suas peculiaridades?

Estas peculiaridades são duas:

a) o ímpeto revolucionário russo e

b) o espírito prático americano.

O estilo do leninismo consiste na união destas duas peculiaridades no trabalho do Partido e do Estado.

O ímpeto revolucionário russo é um antídoto contra a inércia, contra o espírito rotineiro e conservador, contra a submissão servil às tradições seculares. O ímpeto revolucionário russo é uma força vivificante, que desperta o pensamento, que impulsiona, que destrói o passado, que dá uma perspectiva. Sem ele não é possível nenhum movimento para a frente. Mas o ímpeto revolucionário russo pode degenerar na prática em vazio manilovismo "revolucionário", se não se une, no trabalho, ao espírito prático americano. Abundam exemplos dessa degeneração. Quem não conhece a doença do arbítrio "revolucionário", da planomania "revolucionária", que têm origem na fé cega na força de um decreto, capaz de tudo organizar, de tudo transformar? Um escritor russo, I. Ehrenburg, descreve, no seu conto "O homo comper", ("O homem comunista perfeito"), o tipo de um "bolchevique" que, atacado dessa doença, se lança à tarefa de fazer o esquema do homem idealmente perfeito e... se "afoga" nesse "trabalho". O conto exagera muito, mas é indubitável que pinta bem a enfermidade. Parece-me, porém, que ninguém soube escarnecer dessa espécie de doença de modo tão cruel e implacável como Lênin. "Presunção comunista", assim qualificava Lênin essa fé mórbida nos projetos miraculosos e na decretomania.

«A presunção «comunista — disse Lênin — significa que um indivíduo, que se acha no Partido Comunista e ainda não foi expulso, imagina poder cumprir todas as tarefas a golpes de decretos comunistas». (Vide vol. XXVII, págs. 50-51).[N91]

À tagarelice "revolucionária", Lênin costumava opor coisas simples, cotidianas, sublinhando desse modo que o arbítrio "revolucionário" é contrário ao espírito e à letra do verdadeiro leninismo.

«Menos frases pomposas — disse Lênin — mais trabalho concreto, cotidiano. . .

Menos estrépito político, maior atenção aos fatos mais simples, mais vivos... da edificação comunista...» (Vide vol. XXIV, págs. 335 e 343).[N92]

O espírito prático americano é, ao contrário, o antídoto contra o manilovismo "revolucionário" e o arbítrio fantasista. O espírito prático americano é uma força indomável, que não conhece nem admite barreiras, que remove com a sua tenacidade prática toda espécie de obstáculos, que, uma vez iniciada uma obra, por menor que seja, não pode deixá-la sem acabar, uma força sem a qual é inconcebível um trabalho construtivo sério.

Mas o espírito prático americano tem todas as probabilidades de degenerar num utilitarismo mesquinho e sem princípios, se não se unir ao ímpeto revolucionário russo. Quem não conhece a enfermidade do praticismo mesquinho e do utilitarismo sem princípios que costuma levar certos, "bolcheviques" à degeneração e ao abandono da causa da revolução? Esta doença peculiar é descrita num conto de Pilniak, "A Fome", em que são representados tipos "bolcheviques" russos, cheios de vontade e de decisão prática, que "funcionam" de modo muito "enérgico", mas não têm perspectivas, ignoram "o porquê e o como" e em conseqüência se desviam do caminho do trabalho revolucionário. Ninguém escarneceu de modo mais causticante do que Lênin a doença do utilitarismo. "Praticismo mesquinho" e "utilitarismo estúpido", assim Lênin qualificava essa doença, à qual costumava opor a atividade revolucionária viva e a necessidade de uma perspectiva revolucionária em todos os aspectos do nosso trabalho cotidiano, sublinhando desse modo que o utilitarismo sem princípios é tão contrário ao verdadeiro leninismo quanto o arbítrio "revolucionário".

União do ímpeto revolucionário russo com o espírito prático americano: eis a essência do leninismo no trabalho do Partido e do Estado.

Somente essa união produz o tipo completo do militante leninista, o estilo do leninismo no trabalho.

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