Discurso de abertura do Secretário Geral do Comitê Central do KKE, Dimitris Koutsoumpas, no Encontro Comunista Europeu, em 02 de outubro de 2014
Estimados camaradas;
Mais uma vez nos reunimos aqui, no Parlamento Europeu, no Encontro Comunista Europeu. Damos as boas vindas a todos.
A participação de mais de 30 delegações de partidos comunistas e operários de dezenas de países da Europa demonstra que este encontro, realizado por iniciativa do KKE, corresponde à importante necessidade dos comunistas da Europa de reunirem-se, discutirem e posicionarem-se com relação aos acontecimentos atuais. Além disso, objetiva coordenar suas atividades contra as organizações imperialistas, que apenas provocam o sofrimento dos povos de nossos países e, também, coordenar suas atividades contra a barbárie capitalista.
O KKE continuará utilizando todos os meios disponíveis para contribuir com este esforço. De fato, hoje estamos aqui porque nosso partido utiliza as oportunidades disponíveis para seu grupo no parlamento europeu.
Na verdade, refutam-se todos os que, na Grécia e no estrangeiro, insinuaram que a retirada necessária do KKE do grupo europeu do GUE/NGL – após os acontecimentos negativos e o aumento das intervenções do Partido da Esquerda Europeia (PIE) –, supostamente, levaria à redução ou inclusão do desaparecimento destas possibilidades para nosso partido.
Podemos assegurar que, com base na experiência destes meses, ocorreu o contrário. Fortaleceu-se a nossa intervenção independente, nossa presença e luta em todos os processos dentro e fora do parlamento europeu.
Estimados camaradas;
O tema deste encontro reflete, em primeiro lugar, o que estão vivenciando, de uma ou outra forma, os povos da Europa: a crise econômica capitalista, o ressurgimento de tendências nacionalistas, racistas e fascistas, a guerra e as intervenções imperialistas.
Cem anos depois da Primeira Guerra Mundial e uns 70 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa está experimentando as consequências da sede insaciável dos monopólios dos lucros, enfrenta novamente as leis da via de desenvolvimento capitalista, tais como a crise econômica e seus reflexos trágicos para os trabalhadores e as demais camadas populares. A Europa e seus povos enfrentam a guerra.
É claro que as manifestações dos fenômenos diferem de um país para outro. Assim, se em nosso país grandes setores de trabalhadores vivem o desemprego e a deterioração significativa de seu nível de vida. Na Ucrânia, já se leva a cabo um derramamento de sangue. As diferentes manifestações das consequências do capitalismo de um país para outro estão relacionadas com o desenvolvimento capitalista desigual. No entanto, em toda a Europa, em seus quatro cantos, quem se beneficia é um punhado de capitalistas. Com ou sem memorando, está sendo implantada a agenda antipopular, estão se aprofundando os problemas trabalhistas e sociais. Não se trata simplesmente de uma divisão entre os “países ricos” e os “países pobres” da Europa (em detrimento desses últimos), mas de uma divisão impregnada pela profunda divisão classista: inclusive nos países mais pobres da Europa existe riqueza acumulada nas mãos de poucos, que levam uma vida particularmente provocadora em comparação ao resto da população. Da mesma forma, nos países mais ricos existe grande pobreza. Os trabalhadores, independentemente se vivem nos “países pobres” ou nos “países ricos”, têm interesses comuns na derrocada do capital, ainda mais que o capitalismo hoje ameaça os povos com novos derramamentos de sangue.
Ao estudar a experiência histórica, aprendemos que as crises econômicas, como a crise de 1929-1933, conduzem à guerra. Em cada crise se intensifica a agressividade do capital e se destroem enormes forças produtivas.
Nosso partido avalia que, inclusive se a economia entrar em uma fase de recuperação limitada, esta situação pode ser afetada pelo impacto dos acontecimentos na região, pela deterioração do curso econômico na zona do euro.
A economia alemã esteve em recessão no segundo trimestre de 2014, enquanto na Itália e na França se intensificam as preocupações. As leis objetivas do capitalismo são implacáveis. As dificuldades do sistema provocaram intensas contradições quanto à fórmula de gestão econômica, levando à transformação do sistema político para que os capitalistas assegurem a solução governamental mais eficaz para o fortalecimento dos monopólios, sua rentabilidade nas novas condições, para a continuidade do ataque antipopular.
As contradições entre os centros imperialistas estão se aprofundando. Este fato está relacionado com os acontecimentos na Ucrânia, com a guerra de sanções econômicas entre a UE e a Rússia, assim como os acontecimentos no Oriente Médio e na África do Norte. Intensificam-se os enfrentamentos entre os grupos monopolistas fortes, os estados capitalistas, as classes burguesas pelas quotas de mercado, pelo controle dos recursos naturais, pelas tubulações de gás natural e petróleo, assim como pelo controle das rotas de transporte de mercadorias. Trata-se de um antagonismo inter-imperialista implacável que, ao passar do tempo, se torna mais feroz. Uma tarefa principal para nosso movimento é entender que, devido à correlação de forças negativa, modificou-se toda a rede de relações internacionais, o direito internacional tal como foi estabelecido após a Segunda Guerra Mundial.
Nos últimos vinte anos, temos experimentado os primeiros indícios disto com uma longa serie de guerras e intervenções militares da OTAN, dos EUA, da UE na Iugoslávia, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, República da África Central e agora na Ucrânia. Ou seja, em todos os lugares onde se questionam os interesses dos monopólios estadunidenses e europeus, onde entram em conflito com os interesses antagônicos dos grupos empresariais russos, chineses e das demais economias capitalistas em desenvolvimento.
É um confronto que implica a utilização de todos os meios disponíveis, como, por exemplo, medidas diplomáticas, econômicas e militares, inclusive a possibilidade de utilizar armas nucleares. Isto se vê confirmado pela decisão da OTAN de formar forças de intervenção rápida, assim como sua intenção de instalar na Europa o chamado “escudo antimísseis”, para adquirir uma “vantagem nuclear” em relação ao “primeiro golpe” contra a Rússia.
Gostaríamos de destacar algumas coisas sobre os acontecimentos na Ucrânia. O KKE, desde o primeiro momento, assinalou que este confronto sangrento se manifestou com mais intensidade após a intervenção dos EUA e da UE nos acontecimentos na Ucrânia, pois são potências que estão em antagonismo feroz com a Rússia sobre o controle dos mercados, das matérias primas e das redes de transporte do país. Assim, o confronto se levou a cabo no terreno da via de desenvolvimento capitalista que segue o país, depois da dissolução da URSS. Em qualquer caso, a derrocada do governo de Yanukovich não constituía um “desenvolvimento democrático”, já que no governo surgiram forças conservadoras reacionárias, inclusive fascistas, utilizadas pela UE e pelos EUA para promover seus planos geopolíticos na região da Eurásia.
O KKE considera que a verdadeira solução para o povo ucraniano não é nem a aproximação da Ucrânia com a atual União Europeia imperialista nem com a atual Rússia capitalista. A tentativa de dividir o povo ucraniano com base étnica, linguística e levá-lo a um massacre ainda maior, com consequências trágicas incalculáveis tanto para o povo como para o país, a fim de escolher entre uma ou outra união capitalista interestatal, é totalmente alheio aos interesses dos trabalhadores.
Consideramos que o povo trabalhador da Ucrânia deve organizar sua luta independente, tendo como critério seus interesses e não qual imperialista escolhe um ou outro setor da plutocracia ucraniana. Deve traçar seu caminho para a ruptura total e para a derrocada das forças reacionárias, visando o socialismo como única alternativa aos impasses da via de desenvolvimento capitalista, às crises e às guerras. Ainda mais quando o povo da Ucrânia experimentou o significado do socialismo, do internacionalismo, dos direitos para a classe operária com base nas suas verdadeiras necessidades. Em grande medida, almeja as grandes conquistas sociais para a classe trabalhadora e demais setores populares.
O KKE, durante todo este período, seguiu a única política que consideramos corresponder a nosso caráter como partido comunista. Desde o primeiro momento, nosso partido pediu que a Grécia não tivesse participação alguma. Nenhuma implicação nos planos imperialistas da OTAN, dos EUA e da UE na Ucrânia, independente como se expressem estes planos, seja com sanções contra a Rússia ou com expedições militares no futuro. Fizemos isto com iniciativas no movimento operário, no parlamento nacional e europeu, com reuniões com o Presidente da República Helênica. Não deixamos de sublinhar que a crise capitalista e as guerras imperialistas andam de mãos dadas e que nosso povo não possui nenhum interesse na participação da Grécia nestes planos.
Estimados camaradas;
Nestas condições de crise econômica, de contradições aprofundadas e de preparação de guerras, vemos que o capitalismo tira novamente os arquivos da história e revive na vida política de muitos países as forças fascistas. É claro que o terreno foi preparado há muitos anos. Já que falamos de nosso continente, a própria UE fez todo o possível para apagar a chama da história verdadeira, que foi escrita com o sangue dos povos. Faz tudo o que é possível para distorcer a história, para justificar direta ou indiretamente a brutalidade fascista. Inclusive, chegou a declarar o dia 9 de maio, o Dia da Vitória Antifascista dos Povos, como “dia da Europa”, tentando eliminar da memória dos povos da Europa o caráter antifascista e anti-imperialista deste aniversário. Nesta campanha ideológica-política suja e caluniosa, nem sequer titubeiam em equiparar o fascismo ao comunismo, com a diretriz e o marco da UE e a teoria infundada dos “dois extremos”.
Ao mesmo tempo, a UE, assim como os EUA, não tem nenhuma dúvida em apoiar-se e apoiar as forças mais reacionárias e obscuras que surgiram no governo da Ucrânia, na direção do estado da Ucrânia, através de um golpe de estado, como ocorreu anteriormente em muitos países bálticos, para a promoção de seus interesses geopolíticos na região da Eurásia. Durante os últimos 25 anos, depois do fim do socialismo e da dissolução da URSS, se leva a cabo uma sistemática “lavagem cerebral” ideológica anticomunista, apresentando as “legiões SS” e outros grupos armados pró-fascistas como “libertadores” dos países do bolchevismo.
No entanto, por mais rancor que tenham, por mais tinta que seja gasta, a realidade objetiva não pode ser alterada. Quase 70 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, milhões de pessoas em todo o mundo apreciam a contribuição do movimento comunista com sacrifícios sem precedentes para a derrota do fascismo.
A principal força desta luta titânica, a alma e o dirigente foram os partidos comunistas, encabeçados pelo partido dos bolcheviques. Milhões de comunistas, homens e mulheres sacrificaram sua vida para um mundo melhor.
O sistema capitalista, os antagonismos que inevitavelmente se manifestam entre os imperialistas e os monopólios estão gravados na consciência dos povos profundamente estigmatizados como responsáveis pelas duas guerras mundiais. Para os milhões de mortos, deficientes, removidos de seus lares. Não titubeiam em cometer qualquer crime se isto serve a seus lucros, seu domínio e ao poder capitalista. Esta realidade ainda continua sendo mais vigente hoje em dia, dado que os antagonismos e os conflitos entre si estão se aprofundando.
O monstro fascista, tanto hoje quanto no passado, é uma criação do sistema capitalista, nasce em suas entranhas, não é algo fora disto, como pretendem apresentá-lo. O fascismo é a expressão extrema do capital, utilizado como a “ponta de lança” do poder capitalista contra o movimento operário.
Utiliza as condições da democracia parlamentar burguesa para fortalecer-se, contando com o apoio do capital ou de setores dele, assim como do aparato estatal. Seu objetivo é aplicar uma forma dura de exercício do poder dos monopólios, tal como fizeram no passado os partidos nacional-socialistas de Hitler e Mussolini, para suprimir o movimento operário e popular. Isto foi e continua sendo sua principal característica e disto surge o ódio anticomunista declarado de todas as forças fascistas ao longo do tempo.
O fortalecimento dos fascistas na Ucrânia, na Grécia, na França e em outros países da Europa está vinculado ao desmentido das falsas experiências que fomentaram tanto a socialdemocracia quanto os partidos burgueses liberais, todo tipo de governos burgueses, que prometiam ajustes favoráveis ao povo e, na prática, aplicaram uma dura política antipopular, servindo aos monopólios. Então, a frustração dos setores populares destroçados, dos trabalhadores autônomos, dos camponeses, dos desempregados, de setores da classe operária sem experiência, sobretudo jovens, pode levar, inclusive, a uma direção mais reacionária. Isto foi demonstrou tanto pela história como pelos acontecimentos atuais. As consignas, as promessas de mudança a favor do povo que são refutadas na prática pelas diferentes formas de gestão dos interesses do capital, da barbárie capitalista, da estratégia da UE, que levam a consciência do povo ao retrocesso. O fascismo, assim como há 80 anos, pode ser a opção das classes burguesas não apenas como força de ataque e intimidação contra o movimento popular, mas também como força de gestão do poder burguês.
Nós comunistas lutamos para erradicar as causas que geram as crises, a guerra, o fascismo, ou seja, o próprio sistema capitalista. Consideramos que esta direção, a luta pela transformação revolucionária, pelo socialismo, não só nos dá força para o confronto diário com o capital, para lutar pelos objetivos e demandas que correspondem às necessidades populares, como também para orientar nossa política de alianças. Nós comunistas da Grécia, lutamos nesta direção, tentando unir todos, a maioria, ou seja, a classe operária, os setores populares urbanos e rurais na luta contra os monopólios, contra o capitalismo.
Estimados camaradas;
É de grande importância a postura do movimento comunista e operário. Não deve cair nas “armadilhas” montadas, entre outros, pelas forças de “esquerda”, ou seja, oportunistas-sociademocratas, como é SYRIZA na Grécia e PIE na Europa, que chamam os setores operários e populares a lutarem “sob as bandeiras estrangeiras”. Posições como, por exemplo, a formação de uma “frente do sul” da Europa ou da suposta “democratização da UE”, da “mudança do papel do BCE”, etc., enturvam as águas. Estas posições semeiam ilusões de que é possível uma “fórmula de gestão racional” melhor, que corrigirá a UE e livrará o capitalismo de sua barbárie atual.
Além disso, gostaríamos de destacar o seguinte: assim como capitalismo, o sistema imperialista internacional não pode se desfazer de suas características inerentes e “humanizar-se” supostamente com um modo de gestão de “esquerdas”. Assim, suas alianças capitalistas interestatais, suas organizações imperialistas, como a UE, tampouco podem “humanizar-se”. De fato, nas condições atuais vão piorar; não há como melhorarem. O único caminho para os povos é a luta para sua derrocada, pela construção da nova sociedade socialista, com a classe trabalhadora, o povo no poder.
A UE e a OTAN são “ferramentas” dos monopólios europeus e estadunidenses. A UE não está sob a “tutela” dos EUA e da OTAN. A UE não se arrasta atrás dos EUA e da OTAN, como defendem as forças oportunistas, mas coopera estreitamente e isto é evidente em muitos casos. Certamente, existem interesses distintos que se chocam com um ou outro modo de tratar conjuntamente um tema. No entanto, as potências imperialistas da UE e da OTAN são chamadas cada vez mais a diminuir as distâncias entre seus interesses separados e obter uma coordenação comum entre a UE, a OTAN e os EUA, fortalecendo ainda mais a aliança depredadora da OTAN e suas infraestruturas na Europa, em cooperação, buscando alcançar vantagens e dialogar com a Rússia capitalista atual de uma posição de força. Neste marco e em nome da suposta “segurança europeia”, integram os planos de aumento dos fundos militares, o chamado “escudo antimísseis”, o aumento dos chamados “corpos militares flexíveis”, a maior participação da Ucrânia nos planos da OTAN, etc., tal como foi decidido na recente reunião da OTAN em Gales.
A Europa do socialismo, da paz e da justiça social pela qual lutamos, requer objetivamente o fortalecimento da luta operária e popular a nível nacional. Porque o fortalecimento da luta a nível nacional é um requisito prévio para que se fortaleça a luta a nível regional e europeu, para que mude a correlação de forças, a fim de romper o “elo da cadeia” do poder dos monopólios e os grilhões imperialistas da UE e da OTAN, através da retirada destas, o que nas condições atuais só pode ser garantido pelo poder operário e popular.
Este assunto tem sido levantado em nosso país, dado que a principal oposição, SYRIZA, por um lado promete lealdade a estas uniões e, por outro, promete que quando estiver no governo reparará a UE, declara que a retirada da OTAN não é sua prioridade ou, inclusive, alguns de seus quadros falam geralmente da necessidade de que a OTAN “se dissolva”. Porém, a linha revolucionária que corresponde aos interesses de cada povo e de todos os povos é uma: lutar consequentemente nos países membros da OTAN para retirar-se desta, organizar a luta contra a integração dos países, onde as burguesias estão se preparando para entrar na aliança depredadora. Não há um terceiro caminho.
É bem conhecida a tática das forças oportunistas e socialdemocratas, como SYRIZA e outras, que se agrupam basicamente no PIE e que, há anos, “levam água ao moinho” da OTAN, apoiando os pretextos e as intervenções imperialistas como, por exemplo, na Iugoslávia, Líbia ou Síria e, ao mesmo tempo, tentam enganar os trabalhadores, falando em termos gerais e de modo pacifista a favor da dissolução da OTAN. É hipócrita porque uma determinada demanda pode ser promovida por um movimento, um partido, de que seu país não está na OTAN ou que ainda não pensou em aderir a esta. Porém, quando um país é membro deste grupo de assassinos, não pode atuar com indiferença e dizer que “deveria dissolver-se”. Primeiro, é preciso lutar para separar seu país dos planos assassinos e desta organização criminosa, que é o “braço longo” e armado dos monopólios europeus e estadunidenses.
Estimados camaradas;
Há cem anos existiam certos analistas de acontecimentos internacionais que estimavam que as contradições, o conflito entre as grandes potências de então se limitariam a certos focos, a guerras locais e a enfrentamentos. Isso é porque consideravam que os interesses da cooperação dos círculos econômicos dos grandes países eram tão grandes que funcionariam para prevenir uma Guerra Mundial.
Como sabemos hoje, estas avaliações foram refutadas pela realidade e, de fato, milhões de pessoas pagaram com sua vida. O capitalismo, as contradições interimperialistas já provocaram duas Guerras Mundiais, causando enormes destruições. Hoje, o “fusível” da guerra se acendeu. Não são poucos os que dizem que um conflito generalizado é “ilógico”, já que os benefícios desta cooperação entre as grandes potências, como, por exemplo, entre Alemanha e Rússia, são enormes, assim como não seria lógico levá-las a um conflito generalizado. Nós não compartilhamos com estas vozes apassivadoras.
No entanto, estudamos os desenvolvimentos, as diferenciações, os interesses separados e as cooperações que desenvolvem as burguesias, porém não esquecemos que a crise capitalista “embaralha as cartas” dentro do sistema imperialista, onde participam todos os países capitalistas com base na sua força econômica, política e militar. As contradições interimperialistas que no passado deram lugar a dezenas de guerras locais, regionais e a duas guerras mundiais, continuam conduzindo a duros confrontos econômicos, políticos e militares, independentemente da composição ou recomposição, das mudanças na estrutura e no marco dos objetivos das uniões imperialistas internacionais, da chamada nova “arquitetura”.
Contudo, “a guerra é a continuação da política por outros meios”, sobretudo em condições de profunda crise de super acumulação e de mudanças importantes na correlação de forças no sistema imperialista internacional, onde a redistribuição dos mercados raramente ocorre sem derramamento de sangue.
Esta constatação de que enquanto existir o capitalismo, haverá também as condições que geram a guerra, impõe tarefas complexas para nós. Por isso, nos dirigimos à classe trabalhadora do país, aos povos da Europa e destacamos que seus interesses se identificam com a luta anti-capitalista e anti-monopolista comum pela desvinculação das organizações imperialistas, pelo desmantelamento das bases militares estrangeiras e das armas nucleares, pelo regresso das forças militares de missões imperialistas, pela manifestação de solidariedade com todos os povos que lutam e tentam traçar seu próprio caminho de desenvolvimento. Para que se liberte nosso país dos planos e das guerras imperialistas. Para que se converta em realidade a consigna: “Nem terreno, nem mar para os assassinos dos povos!” Esta é uma luta diária. Uma luta com objetivos concretos, que os comunistas na Grécia levam a cabo de forma unificada com a luta pelo poder popular e não separada dela.
A utilização da valiosa experiência histórica de cada movimento, de cada partido em seu país e a nível internacional é uma ferramenta significativa. Porém, ao mesmo tempo, não é possível nos limitarmos a nossa experiência do passado. O desejo da burguesia de cada país de tomar parte ativamente na distribuição dos mercados através de uma guerra se relacionará ainda mais com uma campanha nacionalista enganosa. A burguesia de cada país tentará convencer seu povo com vários pretextos de que possui interesse material em entrar em outra guerra expansionista, em tentar anexar territórios ou aceitar novos compromissos e dependências. No entanto, em todo caso, qualquer forma que tome a participação de cada país em particular na guerra imperialista, na intervenção imperialista, nosso movimento comunista, os partidos comunistas devem liderar a organização independente da resistência operária e popular e vincular esta luta com a derrota definitiva de sua burguesia, local e estrangeira, como invasor. E isto pode se converter em realidade caso o Partido Comunista tome a iniciativa de formar a Frente Operária e Popular sob a bandeira: O povo dará a liberdade e o caminho de saída da barbárie capitalista que, enquanto prevalece, traz a guerra e a “paz” imperialista com a pistola na cabeça do povo.
A contribuição do socialismo na Europa após a dissolução, que ocorreu há quase 25 anos, continua sendo inquebrantável. Somente o socialismo pode sentar as bases econômicas e sociais que, por um lado, vão satisfazer as necessidades contemporâneas dos trabalhadores e das demais camadas populares e, ao mesmo tempo, garantir a paz.
Os partidos comunistas e operários da Europa devem intensificar seus esforços, sua atividade, sua coordenação e contribuir com uma linha de derrocamento, visando fortalecer a frente europeia contra a OTAN e a UE. Por um futuro de esperança para os povos e os jovens de nossos países.
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