sábado, 14 de novembro de 2015

Caiu a coligação PSD/CDS, mas não caiu a politica que suporta a ofensiva capitalista/imperialista em curso



 O povo votou e derrotou a coligação PSD/CDS  fazendo-a perder a maioria, alterando desse modo o quadro parlamentar, mas isso não quer dizer que esteja isolada e que a sua queda seja um dia histórico como alguns o assinalaram, para encobrir a sua covardia e conciliação ao longo de quatro anos de bárbara ofensiva capitalista.

Bem pelo contrário, a demagogia, o ressabiamento  da coligação PSD/CDS/C.Silva nesta hora de saída está a demonstrar que não está derrotada, como vai utilizar todas as manigâncias ao seu alcance para se manter no poder,o que exige da parte dos trabalhadores toda a atenção e mobilização.

Demagogia essa, que faz com que Mário Centeno, provável novo ministro das finanças, se desdobre em vários contactos e tenha que garantir: Que o PS irá "continuar no caminho da consolidação orçamental...Não é a direção que estamos a questionar, mas a velocidade da viagem".Ou seja, o que diferencia o programa do PS, do da coligação PSD/CDS não são os objectivos macroeconómicos de recuperação capitalista, mas a forma  de como os atingir.

Tarefa esta que nos parece impossível de concretizar por esta via, na medida em que o peso da divida pública e privada que no seu conjunto ascende a  perto de 600.000 mil milhões de euros, cujo pagamento impede qualquer crescimento económico satisfatório que permita por fim à via do empobrecimento e do desemprego.

Por outro a crise económica na UE, e a nível mundial não foi ultrapassada, e sinais cada vez mais evidentes indicam  que se pode aprofundar, o que a acontecer,  não só colocará em causa o retorno das medidas sociais roubadas pelo governo anterior,como pode obrigar este a dar o dito por não dito e a proceder como algumas vezes o fez no passado, ou seja a voltar a trás.

ACORDO ou  CAPITULAÇÃO ?

Depois de tanto esbulho levado a cabo pelos vários governos capitalistas anteriores  e aprofundado nos últimos quatro anos pela actual coligação PSD/CDS/C.Silva em aliança com a UE/BCE/FMI  é perfeitamente natural que o povo queira ver uma melhoria nas suas condições económicas e sociais, daí a enorme  ilusão criada  em torno dos compromissos sociais do chamado combate ao empobrecimento e ao desemprego.

O "acordo" entre o PS e os partidos à sua esquerda assenta sobretudo na devolução de parte no imediato dos rendimentos roubados às camadas intermédias assalariadas e pensionistas e em apoios às pequenas e médias empresas capitalistas, com novos benefícios fiscais, bem como na atribuição de subsídios previstos no novo quadro comunitário, apoios estes há muito defendidos pelo BE e PCP o que de certa maneira aproximou e fez convergir com o programa social liberal apresentado pelo PS. 

As exigências iniciais de combate ao empobrecimento tão reclamadas pelo BE e PCP, como condição para a realização de tal "acordo" são reduzidas ao minimo, para não se dizer que caiem por terra.

Vejamos:
1º O aumento do salário minimo para 600 euros, é relegado para o fim da legislatura, com o argumento  de que não é realista satisfaze-lo como exigido inicialmente, porque coloca a "sustentabilidade das empresas" capitalistas em causa, afirmações de Catarina Martins/BE aos orgãos de comunicação social (e não contrariado pelo PCP), como se alguém pode garantir de que o PS  possa completar a legislatura, não claro por falta de apoio do BE e PCP, que se comprometeram a viabiliza-lo, a dar-lhe estabilidade politica e social e a impedir o seu isolamento junto das massas trabalhadoras, o que quer dizer que se empenharão em aprofundar a sua conciliação e colaboração em relação à consolidação capitalista em curso, mas porque o aprofundamento da crise económica, conjuntamente com as exigências da reacção burguesa interna em aliança com a burguesia imperialista da UE, que em face das regras impostas pelo Tratado Orçamental Europeu a que o próximo governo PS está subordinado, lhe vão criar o máximo de dificuldades  até o derrubar, para que possa abrir o caminho a um governo da sua inteira confiança.

2º O aumento real das pensões mais miseráveis que  iria melhorar o nível de vida dos aproximadamente dois milhões de reformados e pensionistas pobres e contribuir para o crescimento da economia, são descongeladas no valor de 0,3% até aos 628 euros, o que na prática não tem qualquer efeito como os mantém a passar fome e na exclusão social.

3º Os 700 mil desempregados que deixaram de usufruir do subsídio de desemprego, continuarão sem  emprego e sem qualquer apoio e a ter que viver conjuntamente com seus familiares da caridade e na mais profunda e absoluta miséria social.

4º Os trabalhadores contratados a prazo está-lhes prometido a redução  para três anos, mas ninguém lhes garante o emprego efectivo, na medida em o patrão não lhes queira renovar o contrato.

5º Para não se ir contra os interesses económicos da burguesia capitalista, a devolução das 35 horas semanais é limitada aos funcionários públicos, deixando para trás os outros milhões de trabalhadores, quando esta medida a aplicar a todos, podia contribuir para a criação de emprego. 

6º Para beneficiar a burguesia ligada à industria hoteleira e restauração e não à criação de emprego como supostamente o pretendem fazer crer, o IVA baixa para 13%, enquanto que para os mais pobres se mantem a taxa na electricidade e no gás a 23% . Etc, etc,etc.

Assim chega-se à conclusão de  que afinal o próximo governo não quer acabar, com a austeridade, nem com a via do empobrecimento e do desemprego, e que estas parcas cedências por parte do PS, não se deve a qualquer deslocação à esquerda, mas o BE e PCP que se aproximaram da via politica social liberal, que o PS sempre encarnou, na medida em que chantageou a possibilidade de só aceitar formar governo depois de os obrigar a capitular em toda a linha, como está bem claro no abandono das suas exigências imediatas e os vincular ao seu programa de direita, macroeconómico de recuperação capitalista e sujeito às regras impostas pela UE e pelo Tratado Orçamental Europeu. 
Portanto tal "acordo" entre as ditas esquerdas, mais não é do que um pacto social com a burguesia com apoio parlamentar, que vai manter a continuação da ofensiva capitalista sobre o proletariado e o povo pobre, por formas mais moderadas e subtis de austeridade, de redução dos rendimentos e direitos laborais e sociais, que terá de merecer  por parte dos trabalhadores mais conscientes e revolucionários, do movimento operário e popular,  a divida resposta, caso contrário seremos tão capituladores, como os oportunistas que aceitaram tal pacto social  e o querem impor em nome da esquerda à classe trabalhadora.

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