Cuba agradece a solidariedade global contra o bloqueio
Cuba
agradeceu a legítima reivindicação de amigos solidários que neste
domingo participaram de uma nova jornada internacional contra o bloqueio
econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos ao nosso
país há mais de 60 anos.
Em
nome do povo, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba publicou
seus agradecimentos no Twitter e detalhou, em outra comunicação, que, de
várias cidades da América Latina e do Caribe, o levantamento dessa
política genocida foi um apelo quase unânime
Informou
que foram realizadas atividades nos Estados Unidos (Miami e Nova York),
Canadá (Victoria, Montreal e Toronto), Uruguai, Argentina, Honduras,
Nicarágua, México, Brasil, Panamá, Belize, Bahamas, Chile e Bolívia
(Santa Cruz). De outras regiões do mundo também aderiram à reivindicação, com iniciativas em Itália, Espanha (Sevilha e Madrid) e Finlândia.
"O mundo diz NÃO a essa política criminosa e genocida dos EUA", destacou o Ministério das Relações Exteriores.
“Nenhum
cidadão ou setor da economia escapa aos efeitos negativos desta
política de bloqueio unilateral que impede o desenvolvimento que cada
país tem o direito de construir soberanamente”, denunciou o Ministério
das Relações Exteriores das Grandes Antilhas.
Agradecemos
a legítima reivindicação dos amigos solidários que neste domingo
participaram de um novo dia internacional contra o bloqueio econômico,
comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos ao nosso país há
mais de 60 anos. #CubaLiveYWork https://t.co/Dmj2egiO9g
Separatistas e pró-russos (na Ucrânia o baralho foi quebrado duas vezes)
A mídia ocidental se refere à população de certas regiões da Ucrânia como "separatistas" ou "pró-russos". Dá a impressão de que eles não são ucranianos e nunca foram.
Algo
semelhante acontece quando alguns defendem a Ucrânia como nação, um
direito inalienável que, às vezes, tentam estender até suas fronteiras,
sejam elas delimitadas em um bom combate ou se forem traçadas
gratuitamente.
Não
é tão comum afirmar que a população na Ucrânia está dividida entre
fascistas e antifascistas, um abismo político e social sem cuja
delimitação o que está acontecendo não pode ser explicado. Todas as mistificações sobre a guerra insistem em esconder essa separação.
Em 2014 na Ucrânia houve um golpe de estado que acabou com um governo eleito livremente pela população. Este golpe foi patrocinado pelos Estados Unidos, que colocou os fascistas ucranianos à frente do Estado e das suas instituições.
Quando ocorre um golpe de estado em um país, o baralho está quebrado. A população fica com as mãos livres. O
dever de acatar as imposições do governo ou de qualquer instituição
pública deixa de prevalecer, pois todas elas são ilegítimas.
Foi o que aconteceu então na Ucrânia. Numerosas
populações se dissociaram do novo governo em Kyiv e pegaram em armas,
iniciando uma guerra civil, ou seja, não uma guerra com os "pró-russos",
que não existiam, mas entre os próprios ucranianos.
A
guerra conseguiu pôr fim aos Acordos de Minsk que, como o golpe, foram
alcançados com a intervenção de potências estrangeiras: Alemanha, França
e Rússia, que se tornaram garantes do seu cumprimento.
Para alcançar os Acordos de Paz, muitas localidades entregaram suas armas e cederam o poder ao governo golpista. Outros assinaram, mas não renunciaram ao poder ou entregaram suas armas.
A
Crimeia decidiu voluntariamente se juntar à Rússia em um referendo no
qual ucranianos, russos e tártaros votaram a favor, assim como haviam
votado nos dois referendos anteriores, incluindo o realizado nos tempos
soviéticos.
Além do governo golpista, os Acordos de Minsk foram assinados por representantes das duas regiões de Donbass. Portanto, ambas as partes se reconheceram. O governo de Kyiv, que era “de fato”, admitiu a existência de outros dois governos igualmente “de fato”. Esses
dois governos regionais não eram separatistas: não tentaram criar
estados independentes, mas aceitaram a soberania da Ucrânia e suas
fronteiras.
Com
a assinatura dos Acordos, o governo golpista de Kyiv apenas tentou
ganhar tempo, mas nunca teve a intenção de cumpri-los, e a Alemanha e a
França nunca os pressionaram a fazê-lo. Apenas as duas Repúblicas de Donbas e Rússia defenderam esses Acordos e, portanto, somente elas defenderam a paz.
Em seguida, a mídia ocidental começou a introduzir a expressão "pró-russo" para se referir às Repúblicas de Donbas. Como a Rússia, eles também defenderam a paz. Foram os únicos que o fizeram.
Ao
não cumprir os acordos, o governo golpista retomou a guerra civil, que
se concretizou em um massacre implacável da população de Luhansk e
Donetsk, matando 15.000 pessoas. É bastante normal que as vítimas queiram se separar de seus algozes.
O Donbas tornou-se separatista porque o convés foi quebrado novamente pela segunda vez. Um
governo golpista, como o de Kyiv, não se contenta em chegar ao poder
pela força, mas aspira a mantê-lo sem se sentir preso a qualquer tipo de
acordo, muito menos se for de paz.
Em Kyiv, eles deveriam ficar satisfeitos se não caírem do poder da mesma forma que chegaram a ele, ou seja, pela guerra.
Que caminhos se abrem aospaíses dependentes a partir do grau de dependência em que se encontram?
Ao mesmo tempo que anunciam
repetidamente supostos fracassos militares da Rússia, e até a
possibilidade de uma vitória da Ucrânia, os porta-vozes da propaganda
Ocidental proclamam aquilo que consideram ser um ganho “estratégico”
decisivo e de carácter permanente: a unidade do bloco de forças
constituído em torno dos EUA. E exemplificam com o alargamento da Nato
aos escandinavos, a (quase) unanimidade das sanções contra a Rússia e a
(quase) consonância de esforços no apoio militar aos ucranianos. Olhada
mais de perto, contudo, esta unidade não é exactamente como a mostram.
Guerra local, disputa global
A guerra, apesar de limitada até
agora ao solo ucraniano, é na verdade um conflito dos EUA com a Rússia.
Através da Nato, os EUA mobilizaram as principais potências europeias e
arrastaram atrás de si a maioria dos restantes países do continente
desde, pelo menos, 2008, quando em Bucareste “convidaram” a Ucrânia a
integrar a Nato.
O propósito de “enfraquecer” a Rússia
expresso pelos dirigentes norte-americanos é uma chave para entender a
razão pela qual os EUA — com a colaboração servil e interessada dos
europeus — empurraram a Ucrânia para a guerra e fazem tudo para manter e
prolongar o conflito.
Para além da Rússia, o conflito
trava-se também com a China, tanto pelo desafio económico que esta
coloca aos EUA, como pelo facto de Rússia e China terem firmado uma
aliança explicitamente “sem limites” que as encaminha para formarem um
bloco (económico, político, militar) que desafiao domínio mundial do imperialismo norte-americano.
A questão de saber quem sairá por
cima neste confronto só terá resposta se considerarmos o balanço geral
de forças no quadro da disputa global que está em curso. A sorte da
guerra na Ucrânia, por isso mesmo, ditará muito do que será o mundo
daqui para diante. Ela marca um ponto de viragem na história decorrida
desde a segunda grande guerra que irá contribuir para sapar a base do
poder imperialista actual.
Quais os ganhos dos EUA e do Ocidente?
Os ganhos norte-americanos nesta
disputa medem-se pela maior submissão que impuseram à Europa e pelas
amarras mais apertadas que estabeleceram com os seus parceiros de sempre
da Ásia (Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia).
Mas pode dizer-se que estes são
ganhos aparentes, uma vez que são conseguidos num terreno que já era o
seu. E pode mesmo lançar-se forte dúvida sobre se perdurarão no tempo e
até quando. Veja-se:
O fim da neutralidade da Suíça — que
resolveu alinhar nas sanções à Rússia e foi dada como exemplo simbólico
do reforço da unidade ocidental — não significa mais do que a
oficialização de um estatuto conhecido: o de cofre-forte da grande
finança do mundo capitalista e dos seus valetes. A Suíça, que é uma das
grandes “lavandarias” de capitais obscuros e subornos de todo o mundo,
limitou-se a pôr a máscara de lado. Preferiu colaborar no roubo
descarado, que os EUA lhe propuseram, dos activos de Estado da Rússia e
na confiscação das fortunas privadas dos capitalistas russos (que,
ironicamente, seriam os melhores amigos do Ocidente…) — percebendo os
banqueiros suíços que, no desenlace da guerra, não poderiam contar nem
com uns nem com outros.
A integração da Suécia e da Finlândia
na Nato tem valor idêntico: formalizar a inscrição numa organização a
que na prática ambos os países já pertenciam por inúmeros laços
(entendimento político, armamento, exercícios militares), como mostra a
designação que lhes é dada pela Nato de “parceiros privilegiados”
(enhanced opportunity partners). Mesmo assim, as condições postas pela
Turquia — embora de natureza puramente oportunista, ao querer que os
novos parceiros extraditem os militantes do Partido dos Trabalhadores do
Curdistão — dão conta dos jogos de interesses por que passa a “unidade”
da Aliança. E a cedência que os nórdicos estão dispostos a fazer à
Turquia é, por sua vez, reveladora dosentido de “democracia” e de “liberdade” que anima a Nato.
O próprio alargamento da UE à Ucrânia
está debaixo de nuvens negras: por um lado, as potências europeias
querem absorver na sua esfera política a (ou o que restará da) Ucrânia;
por outro lado, temem as consequências práticas de integrar um estado
arruinado de todos os pontos de vista.A
solução, tirada da cartola há dias pelo trio Alemanha-França-Itália, de
aceitar a candidatura da Ucrânia — contra as reservas da maioria dos países membros — é uma fuga para a frente: todos sabem que a integração não se dará nos muitos anos que estão para vir.
As sanções aplicadas à Rússia são
apresentadas como sinal de um espírito de corpo renovado por parte do
Ocidente. Na verdade, são causa de efeitos perversos devastadores. Um,
impossível de esconder, é o ricochete que está a originar nas economias
norte-americana e europeia (e mundial!), com reforço das tendências
inflacionárias, escassez de produtos de consumo imediato e de matérias
primas, quebra nas cadeias de abastecimento. Outro, mais disfarçado, é a
divisão política que se cavou, nomeadamente na UE, em face dos
prejuízos catastróficos que, por exemplo, representaria um corte
absoluto das importações vindas da Rússia, especialmente energia,
fertilizantes e cereais.
O apoio militar ao exército ucraniano aparentementenão
é negado por nenhum dos membros da Nato. Mas uma série de esquivas
sobre que apoio dar, quando e como o fazer, denunciam fricções que
dificilmente se coadunam com a ideia de uma cooperação plena. Por
exemplo: só recentemente, e sob grande pressão, a Alemanha se decidiu a
enviar material de guerra; em vários casos, os envios fizeram-se por
troca com material de países terceiros (como a Polónia e a Roménia) para
que não se pudesse dizer que tal ou tal país tinha colocado equipamento
seu no teatro de operações…
Por detrás de frases de aparente
consenso, as manobras diplomáticas das principais potências da UE
(França, Alemanha e Itália) denotam a tentativa de acabar com a guerra o
mais depressa possível — contra os propósitos de norte-americanos e
britânicos — por saberem que o arrastamento do conflito arruinará a
Europa.
Para aumentar confusão, o sinal mais
recente da estranha unidade do Ocidente está na ideia avançada por Boris
Johnson, apoiada por Washington, de criar uma “comunidade”
(Commonwealth) alternativa à UE agrupando o Reino Unido, a Polónia, a
Ucrânia e os três estados bálticos. É por de mais evidente que uma tal
manobra visa dinamitar a própria UE, reduzindo-a a uma associação de
terceira linha sem capacidade de acção própria. Os alvos principais,
como é bom de ver, são a França e a Alemanha, países a que a parceria
anglo-americana quer cortar as asas políticas, depois de lhes ter
cortado as asas económicas com o fecho da torneira da energia russa.
Digno de nota é também o facto de
aliados de longa data dos EUA — como Israel, a Arábia Saudita ou a
Turquia, que sempre desempenharam um papel crucial para manter o
ascendente norte-americano no Médio Oriente — se terem demarcado da
campanha de sanções à Rússia. A ponto de, no caso dos sauditas,
alinharem na venda de petróleo fora da tutela do dólar, e, no caso dos
turcos, promoverem campanha activa para abreviar a guerra.
Mais sanções, menos Dólar
A política de sanções económicas
praticada pelos EUA, que atinge dezenas países, foi aplicada contra a
Rússia desde 2014 e multiplicada desde fevereiro deste ano. Às sanções
soma-se uma verdadeira pirataria financeira que consiste em roubar os
bens dos adversários denominados em dólares ou que dependem de
instituições financeiras que os EUA (ou o Reino Unido) dominam. Foi o
que aconteceu com os bens, não só privados, mas também estatais, do
Irão, da Venezuela e agora da Rússia, como antes os do Iraque, da Líbia
ou do Afeganistão.
Esta rapina tem reflexos inevitáveis:
a noção crescente, pelo mundo fora, de que não se pode confiar nos EUA;
a fuga a usar o dólar como moeda das transacções internacionais; e o
abandono progressivo das instituições financeiras tuteladas pelos EUA.
O próprio comportamento dos EUA,
portanto, empurra um número crescente de países para a procura de
alternativas de pagamento — nomeadamente em moedas nacionais, sempre que
os parceiros comerciais assim o entendam — e a encarar seriamente a
criação de instituições alternativas. A desdolarização das trocas
mundiais está assim em curso e tende a acelerar — e esse é outro dos
factores, dos mais importantes, para a perda da influência
norte-americana no mundo e, em limite, para a quebra da sua hegemonia.
Retrocesso económico, divisão
política, fuga de aliados, redução do papel do dólar não se podem contar
seguramente entre os “ganhos” do Ocidente.
E o resto do mundo?
Se os ganhos entre a família mais chegadasão
controversos, que ganhos tiveram os EUA e os seus aliados no resto do
mundo? Nenhuns, se olharmos ao facto de a maioria esmagadora da
população mundial estar nos países que não alinharam nas sanções
impostas à Rússia. Poucos por convicção, muitos por cautela, dir-se-á —
mas o certo é que não alinharam.
A grande questão é saber se esta
maioria objectiva — mas em certo sentido também social, uma vez que
abarca os mais pobres e explorados do mundo — se torna uma maioria
política activa, com vontade própria e capacidade para inverter o rumo a
que esteve sujeita nos últimos 80 anos e sobretudo nos últimos 30 anos,
desde que se consumou a hegemonia global do imperialismo, na forma que
tem hoje de uma tríade liderada pelos EUA. Só o futuro próximo o dirá,
mas os dados para que isso possa acontecer estão colocados.
Que caminhos para os países dependentes?
Existem óbvias diferenças nacionais,
sociais, de desenvolvimento económico, de postura política que originam
uma enorme heterogeneidade entre tais países. É evidente o predomínio
das classes burguesas nacionais, mesmo nos casos raros em que aqui ou
ali são avançados propósitos de progresso social. Inúmeros protestos
populares, nomeadamente até final de 2019, deram sinal de um vigor
combativo enraizado num descontentamento profundo, mas, de uma forma
geral, as massas trabalhadoras encontram-se num estado de fraca ou
nenhuma organização política, ou mesmo sindical, numa atitude defensiva e
desligadas uma das outras.
Para o que agora nos interessa,
porém, importa considerar a possível reacção dos poderes instalados
perante a nova situação internacional. Que caminhos se abrem aos países
dependentes a partir do grau de dependência em que se encontram?
Procurando alternativas
Aquele bloco maioritário não é uma simples massainorgânica
de países e de povos. Entre eles contam-se organizações poderosas,
sistemas de alianças, laços económicos e políticos que tendem a
consolidar posições convergentes. Um traço comum identificável está na
vontade de rejeitar, ou pelo menos aliviar, a dominação a que têm sido
submetidos pelo imperialismo. Alguns exemplos:
BRICS. Lançado entre 2006 e 2009 por
quatro países (Brasil, Rússia, Índia, China) e reforçado em 2010 com a
África do Sul, dá sinais de querer renascer e alargar-se a outros países
depois das turbulências causadas pela crise financeira de 2008 e pela
pandemia. Da sua arquitectura financeira fazem parte um Banco de
Desenvolvimento (especialmente dedicado a projectos de infraestruturas) e
um fundo de reserva destinado a corrigir desequilíbrios das balanças de
pagamentos. Estes instrumentos visam uma cooperação com os países
pobres e emergentes, chamada Sul-Sul, constituindo alternativa aos
famigerados Banco Mundial e FMI.
Organização para a Cooperação de
Xangai. Formada em 2001, estabelece laços económicos, culturais,
militares e de ajuda mútua entre os seus nove membros (Cazaquistão,
China, Índia, Irão, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão,
Uzbequistão) e mais 16 parceiros da Ásia, do Médio Oriente e da Europa
(Bielorrússia).
União Económica Euro-Asiática.
Iniciada em 1994 com diversos tratados de cooperação bilaterais firmados
depois da dissolução da URSS, acabou por ser formalmente fundada em
2014 pela Rússia, Cazaquistão e Bielorrússia, e alargou-se em 2015 à
Arménia e ao Quirguistão. Constitui um mercado comum com 184 milhões de
pessoas.
Parceria Económica Regional. Vinda de
2011, foi formalizada em Novembro de 2020. Integra quinze países da
Ásia-Pacífico: Austrália, Brunei, Camboja, China, Indonésia, Japão,
Coreia do Sul, Laos, Malásia, Myanmar, Nova Zelândia, Filipinas,
Singapura, Tailândia e Vietname. É a maior organização económica de
sempre, com 30% da população global (2.200 milhões de pessoas) e 30% do
produto bruto mundial. Dado o peso da China — bem como do Japão, da
Coreia do Sul e da Indonésia — é vista como decisiva para deslocar o
centro da economia mundial para a Ásia, deixando os EUA para trás, tanto
económica como politicamente.
Nova Rota da Seda. Lançada pela China
em 2013, é um plano para desenvolvimento de infraestruturas por todo o
mundo. Em março deste ano, 146 países de todos os continentes tinham
assinado acordos no âmbito do plano. Visa obviamente dar à China um
papel central no desenvolvimento global, à medida do seu potencial
económico.
Aliados naturais
Este conjunto de países e estas organizações encontram no resto do mundo menos desenvolvido os seus aliados naturais.
O poderio económico da China, por um
lado, oferece aos países periféricos uma alternativa à histórica
dependência em que têm vivido face ao imperialismo dos EUA e aos
sub-imperialismos europeu e japonês. Por outro lado, o poderio militar
da Rússia e da China em conjunto mostra-lhes que não é fatal, como tem
sido, estarem sujeitos ao policiamento e às agressões imperialistas. A
Síria é exemplo disso: ameaçada pelos EUA e aliados europeus a ter a
mesma sorte do Iraque ou da Líbia, conseguiu derrotar esses intentos com
a ajuda militar da Rússia.
Abre-se assim a imensos povos uma via
de possível independência e de soberania. Mesmo que isto decorra, como é
facto, num quadro de desenvolvimento capitalista, uma tal mudança não
deixa de ter uma importância histórica de primeiro plano, levando em
conta que esse mesmo desenvolvimento tem sido negado até agora aos
países dependentes pela acção controladora da tríade EUA-UE-Japão.
Pela primeira vez, surgem condições para romper a teia imperialista em que o mundo esteve aprisionado nas últimas três gerações.
Novas coordenadas para a lutas de classes
Esta possibilidade, a concretizar-se,
não se limitará a reproduzir um novo xadrez de dominantes e dominados à
semelhança do que hoje ainda existe, apenas com troca pacífica de
protagonistas. Criará, pela própria profundidade da mudança, um novo
quadro de relações internacionais marcado pelo seguro enfraquecimento e
pela tendencial desarticulação da actual tríade imperialista.
Antes que outro sistema de poder
possa eventualmente formar-se, mediará um tempo de desarranjo das
instituições e de convulsão social que porá em causa a capacidade, quer
do imperialismo, quer das burguesias de cada país, de exercerem
plenamente o seu mando. Abrir-se-á campo, como até recentemente não
existiu, para a acção dos agentes capazes de levar a cabo uma mudança
radical de poder: as massas trabalhadoras.
Esse facto, só por si, constituirá
uma vantagem para as forças que apostam numa transformação
revolucionária, socialista, do mundo. Não apenas porque muitos milhões
de pessoas poderão ser resgatadas da pobreza e da miséria extrema, mas
também porque essas massas poderão engrossar as lutas sociais com outra
consciência e outros propósitos, livrando-se da ignorância, tornando-se
mais solidárias e internacionalistas, encarando a possibilidade prática
de ditarem o seu próprio futuro.
O Ocidente recusa-se a ver (mais
ainda a aceitar) a transformação em curso, por razões que são óbvias:
ela é o toque de trombetas prenunciando a queda do mundo que o
capitalismo imperialista do século XX moldou a seu jeito. A forma que o
novo mundo terá depende inteiramente da capacidade que os povos e
sobretudo as massas trabalhadoras demonstrarem para tirar partido das
novas circunstâncias que se lhes apresentam.
Os EUA e os seus parceiros da Europa e
da Ásia, os mesmos de sempre, estão condenados a isolarem-se a si
próprios quando julgam isolar o resto do mundo.
Especialista sugere que EUA “cruzaram a linha” e, que de facto, participam do conflito na Ucrânia
"A
linha entre o que é guerra e o que não é tornou-se perigosamente
tênue", diz Bonnie Kristian, pesquisadora do centro de Prioridades de
Defesa.
Militares ucranianos disparam projéteis usando um obus
M777 fornecido pelos EUA em Donbass, em 18 de junho de 2022. | Efrem Lukatsky/AP
A
ajuda dos EUA à Ucrânia significa que Washington "cruzou a linha" e
está realmente participando do conflito em andamento entre Kiev e Moscou, estima Bonnie Kristian, pesquisadora do centro de estudos
Defense Priorities, em um editorial para o jornal The New York Times publicado em 20 de junho.
O
especialista lembra o apoio que a Casa Branca deu à coalizão liderada
pela Arábia Saudita no contexto da guerra civil no Iêmen, apontando a
semelhança com o conflito atual. Nesse sentido, indica que, embora Washington nunca tenha participado formalmente das hostilidades, a coalizão matou "civis com ogivas fabricadas nos EUA e escolheu alvos com orientação norte-americana".
O
papel de Washington no Iêmen "tem sido robusto o suficiente" para que
os legisladores dos EUA, incluindo uma maioria bipartidária de senadores
em 2019, o caracterizassem como uma violação do primeiro artigo da
Constituição - que dá ao Congresso o direito de declarar guerra.
Resolução dos Poderes de Guerra que limita as ações militares iniciadas
pelo presidente.
“Nós cruzamos a linha no Iêmen, concluíram esses legisladores, mesmo que não esteja totalmente claro onde está a linha. E o que fizemos no Iêmen é muito parecido com o que estamos fazendo na Ucrânia ”, resume Kristian. “No mínimo, o que os EUA estão fazendo na Ucrânia não é uma guerra. Se até agora evitamos chamá-lo de guerra, e podemos continuar a fazê-lo, talvez seja apenas porque nos tornamos tão inseguros do significado da palavra ".
Para
corroborar seu raciocínio, a analista destacou as mudanças no discurso
oficial da Casa Branca sobre os combates na Ucrânia. "Em março, o objetivo dos EUA era ajudar a Ucrânia a se defender, mas no final de abril era uma Rússia ' enfraquecida ' ."
Além disso, o pesquisador detalha que uma parte considerável do pacote de ajuda de 40 bilhões de dólares de Washington a Kiev é destinada ao envio de armas e entrega de dados de inteligência.
Kristian salienta que no passado era mais fácil determinar quando um país estava envolvido num conflito, mas agora " a linha entre o que é guerra e o que não é tornou-se perigosamente ténue ", em parte devido a avanços tecnológicos como o uso de drones e ataques cibernéticos. Essas equipes permitem “cometer o que poderia ser considerado atos de guerra”, explica ele.
Esta
enorme quantidade de dinheiro investido por todos os estados aliados da
OTAN com a desculpa da guerra na Ucrânia nada mais é do que a lógica
escalada de armas a que o imperialismo está nos levando a travar suas
guerras predatórias pelo controle de recursos, bem como para fortalecer
os corpos repressivos dos estados capitalistas para minar qualquer
possível movimento revolucionário.
Esta
realidade do fortalecimento dos órgãos repressivos e dos exércitos
imperialistas, mostra na realidade a debilidade do sistema económico, um
capitalismo podre totalmente falido que só se sustenta com base na
guerra; guerras
imperialistas pelo controle dos recursos e a guerra contra os próprios
trabalhadores para subjugá-los e explorá-los nos níveis exigidos pela
tendência de queda da taxa de lucro no mundo capitalista.
Este
investimento sem precedentes do Estado espanhol em gastos militares
está tendo as consequências esperadas na economia nacional, com um
crescente empobrecimento da classe trabalhadora, um aumento da inflação
que já dispara e os consequentes cortes sociais que afetam as classes
mais baixas. .
Desta forma, a dívida pública do Estado espanhol está agora no máximo histórico de 1,45 trilhão de euros
, 117,7% do PIB, o que em termos econômicos equivale à falência do
Estado, tudo isso sem contar com a dívida privada de famílias e
empresas, que atingiu 140,9% do PIB no terceiro trimestre de 2021
, uma situação completamente insustentável para onde quer que se olhe e
que só pode levar a mais empobrecimento da classe trabalhadora.
A Renda Vital Mínima, uma das medidas estrela do governo de coalizão, que nada mais é do que uma nova transferência da renda do trabalho para a renda do capital , mostrou-se totalmente inútil e ineficaz, atingindo apenas 1 em cada 7 famílias.
Persistem entraves burocráticos e maus tratos institucionais,
levando-se em conta também que os próprios dados do governo para
contabilizar essas famílias em risco de pobreza são incorretos porque
levam em conta apenas a renda, mas excluem despesas como moradia que em
cidades como Madri e Barcelona dobram, triplicar e mais os preços de
outras cidades. Desta forma, de acordo com dados do Institut d'Estudis Regionals i Metropolitans de Barcelona (IERMB), haveria pelo menos mais 585.043 pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza do que aquelas controladas pelo Estado.
A
privatização dos serviços públicos continua imparável sob o governo
"progressista", que não hesita em aplicar as mesmas políticas da direita
mais reacionária.
A nova "Lei da equidade, universalidade e coesão do Sistema Nacional de Saúde" continua a ser um exercício de corda bamba política para consagrar a privatização da saúde
, pois apesar da revogação da Lei 15/97, o seu conteúdo é transferido
para o artigo 47.º do a Lei Geral de Saúde (até agora vazia por
derrogação anterior), introduzindo a privatização na própria LGS. Mantém-se
o artigo 67 da Lei Geral de Saúde (acordos singulares), que legaliza a
assistência à saúde por meio de hospitais privados, por tempo
indeterminado, e com dinheiro público, em muitas localidades do Estado. As
dezenas de centros privatizados com base na Lei 15/97 permanecerão por
décadas como um ônus econômico nos orçamentos da saúde.
A reforma previdenciária do governo também abre as portas para a privatização
, implementando um sistema semelhante ao que Pinochet introduziu no
Chile, com planos de previdência criados com dinheiro público
administrado por empresas privadas (principalmente bancos), que por meio
da especulação levaram milhões de aposentados chilenos à ruína .
Para
conter a agitação, paralisar qualquer mobilização e continuar a
subjugar os trabalhadores, o governo não hesita em regar seus sindicatos
amarelos CCOO e UGT com milhões de euros, que receberão 21,5 milhões de euros este ano
, além de outros desembolsos do Estado para reforma seus
quartéis-generais, todos focados em infiltrar o sindicalismo amarelo
entre as lutas dos trabalhadores, para desmobilizá-los e subjugá-los.
A
participação em organizações imperialistas como a OTAN, ponta de lança
do imperialismo norte-americano, é sinônimo de miséria, pobreza e morte
para a classe trabalhadora, tanto espanhola como do resto do mundo. Os
trabalhadores devem rejeitar totalmente continuar a fazer parte de uma
aliança criminosa de essência puramente anticomunista, que surgiu para
impedir o avanço do socialismo no mundo pelas mãos da União Soviética. A existência da OTAN é uma ameaça para todos os trabalhadores do mundo e como tal deve ser combatida. Mas
os governos capitalistas, sejam de que cor forem, nada mais são do que
marionetes dos monopólios cujos interesses são defendidos por
organizações como a OTAN.
Secretaria de Agitação e Propaganda do Partido Operário Comunista Espanhol (PCOE)
NÃO À EXTRADIÇÃO, LIBERDADE IMEDIATA PARA JULIAN ASSANGE!
À revelia de qualquer direito democrático mesmo burguês, o Tribunal e a reacionária ministra do Interior britânico, Priti Patel, decidem-se pela extradição de JULIAN ASSANGE para os Estados Unidos...
Se as denúncias de Julian Assange fossem feitas contra qualquer governo minimamente progressista ou mesmo contra o russos, à muito que tinham erigido uma estátua a Julian Assange no centro de Londres, bem como nas principais praças da dita democrática União Europeia.
As ditas autoridades democráticas portuguesas, PR, Governo, o PS e restantes partidos ainda mais à sua direita, como bons cipaios que são da politica pró-fascista e imperialista do governo inglẽs e americano, para que não lhes puxem as orelhas, não só se limitam ao silêncio como o procuram impôr, a quem deseje levantar a voz e ser SOLIDÁRIO
Como na Inglaterra e em outros países da Europa e do mundo, onde as suas populações democráticas têm demonstrado por várias vias a sua solidariedade com Julian, desejamos que em Portugal tal movimento se levante e que o povo português se mobilize e preste também a sua solidariedade.
Abaixo a justiça burguesa imperialista e o fascismo, LIBERDADE PARA JULIAN ASSANGE!
Em 2016, os Estados Unidos comprometeram-se a armar a Ucrânia para que ela travasse e ganhasse uma guerra contra a Rússia. A seguir, o Ministério da Defesa dos EUA organizou um programa de pesquisa biológica na Ucrânia, depois enormes quantidades de combustíveis nucleares foram secretamente transferidos para o país. Estes dados modificam a interpretação desta guerra: ela não foi desejada e preparada por Moscovo, mas sim por Washington.
Durante toda uma série de artigos, iniciada um mês e meio antes da guerra na Ucrânia, desenvolvi a ideia que os Straussianos, o pequeno grupo dos adeptos de Leo Strauss no seio das Administrações dos EUA, planeavam um confronto contra a Rússia e a China. No entanto, no décimo episódio desta série relatei o modo como o Regimento Azov se tornou o pilar paramilitar dos banderistas ucranianos, fazendo referência à visita que lhes fez o Senador John McCain em 2016 [1]. Ora, este não era um Straussiano, mas fora durante a sua campanha eleitoral presidencial de 2008 assesorado por Robert Kagan, um ideólogo central entre os Straussianos [2], mesmo se prudentemente ele sempre negou a sua pertença a esta seita.
A PLANIFICAÇÃO DA GUERRA CONTRA A RÚSSIA
Um vídeo, gravado durante a visita de John McCain à Ucrânia, em 2016, voltou à ribalta. Nele se vê o Senador acompanhado pelo seu colega e amigo, o Senador Lindsey Graham, e pelo Presidente ucraniano Petro Poroshenko. Os dois norte-americanos deslocam-se em missão senatorial. Mas McCain é também o presidente do IRI (International Republican Institute), o ramo Republicano da NED (National Endowment for Democracy). Sabe-se que o IRI dinamizou uma centena de seminários para os responsáveis dos partidos políticos ucranianos colocados à direita, incluindo os banderistas. Os Senadores dirigem-se a oficiais do Regimento Azov, a principal formação paramilitar banderista. O que não é de surpreender. John McCain sempre defendeu que os Estados Unidos deviam apoiar-se nos inimigos dos seus inimigos fossem estes quais fossem. Assim, reivindicou publicamente os seus contactos com o Daesh (E. I.) contra a República árabe Síria [3].
Neste vídeo, os Senadores Lindsey Graham e John McCain garantem que os Estados Unidos fornecerão todas as armas necessárias aos seus interlocutores para que eles consigam vencer a Rússia.
Este vídeo, repito, foi gravado seis anos antes da entrada do Exército russo na Ucrânia. Os dois Senadores investem os seus interlocutores numa missão. Eles não os consideram como mercenários a quem se paga, mas como “proxys” (agentes por procuração-ndT) que se baterão pelo mundo unipolar até à morte.
Pouco depois, o Presidente Poroshenko, que tinha assistido a esta reunião de camuflado, modificou o escudo dos seus Serviços Secretos, o SBU. Agora, trata-se de uma coruja segurando um gládio dirigido contra a Rússia com a divisa « O sábio reinará sobre o universo ». Estava claro que o aparelho de Estado ucraniano se preparava para a guerra contra a Rússia por conta dos Estados Unidos.
Três anos mais tarde, em 5 de Setembro de 2019, a Rand Corporation organizou uma reunião na Câmara dos Representantes dos EUA para lhes explicar o seu plano : enfraquecer a Rússia obrigando-a a envolver-se no Cazaquistão, depois na Ucrânia e, por fim, até na Transnístria [4].
Em dois artigos anteriores expliquei detalhadamente [5] que os Estados Unidos e o Reino Unido recuperaram no fim da Segunda Guerra Mundial muitos dirigentes nazis e os banderistas ucranianos para os virar contra a URSS. Eles sustentaram esses fanáticos desde o desaparecimento dela para os vir a utilizar contra a Rússia. Resta-nos investigar o modo como os armaram.
O PROGRAMA BIOLÓGICO MILITAR UCRANIANO
A partir de 2014, o Estado ucraniano iniciou vários programas militares secretos. O primeiro, e o mais conhecido, é o da sua colaboração com o Pentágono em 30 laboratórios diferentes. Segundo os Estados Unidos, esse programa visava destruir as armas biológicas que a União Soviética havia produzido e armazenado na Ucrânia. Isto é evidentemente pouco provável, porque não se vê como 31 anos após a independência e 8 anos após o início deste programa ainda restariam algumas. Pelo contrário, segundo a Rússia, o Pentágono subcontratava à Ucrânia a pesquisa sobre armas proibidas pela Convenção sobre a Interdição de Armas Biológicas de 1972. Com base em documentos apreendidos durante a sua operação especial, ela afirma, nomeadamente, que experiências foram realizadas, sem o seu conhecimento, em doentes mentais no hospital psiquiátrico nº 1 (Streletchye, região de Kharkov) e que um agente da tuberculose foi manipulado para infectar a população do distrito de Slavianoserbsk (República Popular de Lugansk). Ou ainda, que esses laboratórios realizavam « experiências extremamente perigosas visando reforçar as propriedades patogénicas da peste, do antraz, da tularemia, da cólera e de outras doenças mortais recorrendo à biologia de síntese ». Um outro projecto dizia respeito aos morcegos como vectores potenciais de transmissão de agentes de guerra biológica, tais como a peste, a leptospirose, a brucelose, os filovírus ou os coronavírus.
Estas acusações gravíssimas não foram ainda claramente refutadas ou provadas. A sessão que a Rússia havia convocado a este propósito no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 11 de Março de 2022 [6], não deu em nada. Depois de ter negado, a Subsecretária de Estado, a Straussiana Victoria Nuland (esposa de Robert Kagan) declarou durante uma audiência no Senado dos EUA, em 8 de Março de 2022: « A Ucrânia tem, tem ... instalações de pesquisa biológica. Tememos que as tropas russas tentem controlá-las. Portanto, estamos a tentar, junto com os Ucranianos, garantir que esses materiais de pesquisa não caiam nas mãos das Forças russas se elas se aproximarem deles». Apesar destas incoerências, os Ocidentais fizeram bloco atrás de Washington, acusando Moscovo de mentir. Aos seus olhos, é absolutamente normal que os Estados disponham de colecções destas doenças para as estudar, a sua presença não deve ser interpretada como sendo destinada a fabricar armas. Os laboratórios ucranianos são regularmente inspecionados pela OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa) [7]. Fica claro que esta interpretação não permite compreender as declarações de Vitória Nuland e não dá conta de desastres como, por exemplo, a epidemia de gripe suína que matou 20 soldados ucranianos em Janeiro de 2016 e forçou outros 200 a ser hospitalizados.
O Embaixador russo, Vassili Nebenzia, denunciou, nomeadamente, pesquisas sobre a transmissão de doenças perigosas por ectoparasitas como piolhos e pulgas. Ele lembrou que experiências (experimentos-br) similares haviam « sido realizadas nos anos 40 pela infame Unidade 731 do Exército japonês, cujos membros se refugiaram nos Estados Unidos para escapar à justiça ». A Unidade 731, era o equivalente japonês do serviço do Dr. Josef Mengele em Auschwitz .
Como se isso não bastasse, o Sr. Nebenzia interrogou-se quanto à transferência de vários milhares de amostras de soro sanguíneo de pacientes de origem eslava, da Ucrânia para o Instituto de Pesquisa Walter Reed do Exército dos EUA. Pesquisas, segundo ele, visando selectivamente grupos étnicos específicos tais como as que o Dr. Wouter Basson dirigiu para a África do Sul do apartheid —e Israel—, durante o seu período colonial, contra negros e árabes (« Coast Project »).
A Administração da ONU entrou em contacto, garantindo ignorar tudo sobre este programa e referindo-se às medidas de confiança previstas no Tratado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) deu a saber que tinha tido conhecimento da existência deste programa, mas que ignorava os detalhes do mesmo. Ela confirmou por escrito à agência Reuters que havia « recomendado insistentemente ao Ministério da Saúde ucraniano e aos organismos responsáveis para destruir os agentes patogénicos de alto risco a fim de prevenir qualquer fuga potencial » [8]. A imprensa chinesa, essa, evoca experiências visando transformar insectos em ciborgues a fim de fecundar ou de esterilizar culturas (Operação « Insectos Aliados »).
Estas experiências militares, quaisquer que sejam, foram encomendadas indirectamente pelo Centro Nacional de Inteligência Médica (National Medical Intelligence Center) via Agência da Defesa para a Redução de Ameaças (Defense Threat Reduction Agency — DTRA) e da sociedade US Rosemont Seneca Technology Partners (RSTP). Esta última foi fundada por Hunter Biden e Christopher Heinz, respectivamente filho do Presidente Joe Biden e enteado de John Kerry [9]. Todos os resultados desta pesquisa foram enviados aos laboratórios biológicos militares de Fort Detrick, os quais anteriormente tiveram um papel de primeiro plano no programa de armas biológicas dos Estados Unidos.Perante estes elementos, convém rever a acusação comum segundo a qual a Rússia seria responsável por esta guerra.
Como sublinhou o representante chinês no Conselho de Segurança: «Qualquer informação ou pista sobre actividades biológicas militares deve suscitar a maior atenção por parte da comunidade internacional (…) Os Estados Unidos dizem que são pela transparência. Se pensam que estas informações são falsas, basta-lhes fornecer os dados pertinentes e prestar esclarecimentos a fim de que a comunidade internacional se possa pronunciar sobre o assunto».
Segundo as Nações Unidas, enquanto os Estados Unidos apresentaram regularmente relatórios sobre as suas actividades biológicas no quadro da Convenção sobre a Interdição de Armas Biológicas, a Ucrânia jamais o fez [10].
A Rússia tomou várias medidas. Primeiro ela destruiu, com grande cuidado, os contentores de 26 destes laboratórios ucranianos (4 outros escaparam ao Exército russo). Em seguida, ela convidou os seus aliados da OTSC (Organização do Tratado de Segurança Colectiva) a vigiar os acordos que possam ter subscrito com os Estados Unidos. A Arménia e o Cazaquistão puseram fim a essas pesquisas. Por fim, os membros da OTSC proibiram o acesso aos seus laboratórios a todo o pessoal Militar estrangeiro.
O Director da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, revelou no Fórum de Davos que a Ucrânia possui enormes quantidades de plutónio e de urânio enriquecido.
O PROGRAMA NUCLEAR MILITAR UCRANIANO
Vamos agora ao mais problemático porque há ainda coisas bem mais graves. Após a independência, a Bielorrússia, o Cazaquistão e a Ucrânia herdaram uma boa parte do sistema de armas nucleares soviéticas. Estes três novos Estados assinaram o Memorando de Budapeste em 1994, com os Estados Unidos, a Rússia e o Reino Unido. Os Três Grandes comprometiam-se a garantir as suas fronteiras, enquanto os três pequenos se comprometiam a transferir todas as suas armas nucleares para a Rússia e a respeitar o Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Este memorando é muitas vezes evocado por aqueles que querem sublinhar a duplicidade da Rússia, a qual, depois de o ter assinado, o teria violado. Isso não é exacto, uma vez que o memorando prevê que cada um dos Três Grandes será dispensado da sua promessa de não-intervenção em caso de « legítima defesa ou de outro modo conforme com as disposições da Carta das Nações Unidas ». Ora, a Rússia reconheceu oficialmente as Repúblicas do Donbass depois que o Estado ucraniano recusou honrar a sua assinatura dos Acordos de Minsk e que o seu Exército bombardeou o Donbass durante 8 anos.
Entre 2014 e 2022, a Ucrânia solicitou por quatro vezes a renegociação do Memorando de Budapeste. Finalmente, o Presidente Volodymyr Zelensky declarou durante a reunião anual da Conferência sobre a Segurança de Munique, em 19 de Fevereiro de 2022 : « Eu, como Presidente, faço-o pela primeira vez. Mas a Ucrânia e eu iremos fazê-lo pela última vez. Lanço consultas no quadro do Memorando de Budapeste. O Ministro dos Negócios Estrangeiros (Relações Exteriores-br) foi encarregado de as convocar. Se elas não ocorrerem ou se os seus resultados não garantirem a segurança do nosso país, a Ucrânia terá o direito de pensar que o Memorando de Budapeste não funciona e que todas as decisões globais de 1994 são postas em causa. [11].
Por em questão « todas as decisões globais de 1994 » não pode significar outra coisa senão o retomar das armas nucleares. Por conseguinte, a posição do Presidente Zelensky pode ser resumida da seguinte forma : deixai-nos suprimir os separatistas do Donbass ou restabeleceremos o nosso Programa nuclear militar. É de notar que os principais dirigentes da Aliança Atlântica estavam presentes ou representados na sala. No entanto, nenhum protestou perante o anúncio de uma violação do Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Comentando este discurso, o Presidente russo, Vladimir Putin, declarou : « a única coisa que falta [à Ucrânia] é um sistema de enriquecimento de urânio. Mas é uma questão técnica, e para a Ucrânia não é um problema insolúvel».
Os Serviços Secretos russos estavam informados que a Ucrânia tinha um programa nuclear militar. Ignoramos o que eles sabiam precisamente sobre esse programa.
Laurence Norman, enviado especial do Wall Street Journal ao Fórum de Davos sobre o nuclear iraniano, colocou no Twitter a declaração de Rafael Grossi sobre o nuclear ucraniano, mas não publicou nenhum artigo a este respeito. A informação acabou confirmada por um outro jornalista, do New Yok Times desta vez, sempre no Twitter.
O Argentino Rafael Grossi, que dirige a Agência Internacional de Energia Atómica, casualmente declarou, em 25 de Maio, no Fórum de Davos, que a Ucrânia havia armazenado 30 toneladas de plutónio e 40 toneladas de urânio enriquecido na sua central (usina-br) de Zaporizhia e que a sua Agência se interrogava sobre o que lhes havia acontecido.
Ora, a central de Zaporijjia era um dos objectivos do Exército russo, que a atacou no segundo dia da sua “operação especial”, em 26 de Fevereiro. Ocorreu um incêndio num laboratório adjacente durante um combate russo-ucraniano a 4 de Março. Acusaram então o Exército russo de irresponsabilidade. Como é evidente, tratou-se de algo bem diferente tal como Moscovo havia declarado. A Rússia havia começado a transferência destes combustíveis e Forças Especiais ucranianas tentaram impedi-las.
O plutónio é vendido entre US$ 5. 000 e US$ 11. 000 dólares o grama. Comprar 30 toneladas ao preço de custo representa US$ 150 mil milhões (bilhões-br) de dólares. O preço do urânio depende do seu grau de enriquecimento. Com menos de 5%, só pode ser aproveitado para uso civil e deve atingir pelo menos 80% para uma utilização militar. Ignorando o seu grau de enriquecimento, não se pode avaliar o seu valor. A apreensão pela Rússia deste stock (estoque-br) não-declarado provavelmente reembolsa todo o custo de sanções tomadas contra ela.
A informação de que dispomos levanta várias questões : desde quando a Ucrânia, que havia entregue à Rússia todos os seus stocks da era soviética, detém estes materiais? De onde é que eles provêm e quem os pagou ? Acessoriamente : qual é a taxa de enriquecimento do urânio e quem o enriqueceu?
A estas interrogações, a imprensa russa acrescenta uma outra : qual é a fiabilidade da Agência Internacional de Energia Atómica que manteve esta informação secreta até à semana passada?
Perante estes elementos, convém rever a acusação comum segundo a qual a Rússia seria responsável por esta guerra.
Notas:
1] “Israel aturdido pelos neo-nazis ucranianos”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 8 de Março de 2022.
[2] “A Rússia declara guerra aos Straussianos”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 5 de Março de 2022.
[3] “John McCain, chefe de orquestra da «primavera a?rabe», e o Califa”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 18 de Agosto de 2014. “John McCain admitiu estar em contacto permanente com o Emirado Isla?mico”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 20 de Novembro de 2014.
[4] Overextending and Unbalancing Russia, James Dobbins, Raphael S. Cohen, Nathan Chandler, Bryan Frederick, Edward Geist, Paul DeLuca, Forrest E. Morgan, Howard J. Shatz, Brent Williams, Rand Corporation, April 2019. Voir aussi les détails du plan dans Extending Russia : Competing from Advantageous Ground, Raphael S. Cohen, Nathan Chandler, Bryan Frederick, Edward Geist, Paul DeLuca, Forrest E. Morgan, Howard J. Shatz & Brent Williams, Rand Corporation, May 25, 2019.
[5] “A aliança do MI6, da CIA e dos banderistas”, “Ucrânia : a Segunda Guerra mundial continua”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 12 e 26 de Abril de 2022.
[6] «Consejo de Seguridad, 8991ª sesión», Naciones Unidas S/PV.8991, 11 de marzo de 2022.
[7] «OSCE Projects on Biological Safety and Security in Ukraine», OSCE, 2022.
[8] «EXCLUSIVE: WHO says it advised Ukraine to destroy pathogens in health labs to prevent disease spread», Jennifer Rigby & Jonathan Landay, Reuters, March 11, 2022.
[9] «EXCLUSIVE: Hunter Biden Bio Firm Partnered With Ukrainian Researchers ‘Isolating Deadly Pathogens’ Using Funds From Obama’s Defense Department», Natalie Winters & Raheem J. Kassam, The National Pulse, March 24, 2022.
[10] Taux global des soumissions des rapports MDC. Nations unies.
[11] « Discours de Volodymyr Zelensky à la 58e Conférence de Munich sur la sécurité », par Volodymyr Zelensky, Réseau Voltaire, 19 février 2022.