domingo, 26 de junho de 2016

O resultado do referendo britânico sobre a saída da UE

Por: KKE
O resultado do referendo britânico demonstra o descontentamento crescente da classe trabalhadora e das forças populares com a União Europeia e suas politicas anti-povo. Contudo, essas forças têm que se desembaraçar das escolhas dos sectores e forças politicas da burguesia e assumir um carácter radical e anti-capitalista.
O resultado assinala a dissipação das expectativas fomentadas pelos partidos burgueses - também na Grécia -de que, com os mecanismos da UE, os povos europeus prosperariam dentro de sua moldura.
O facto de que a saída de um país da UE se tenha constituído em um debate tão intenso - ainda mais um país com a importância da Grã-Bretanha - deve-se, por um lado, às contradições internas da UE e às assimetrias de suas diversas economias, e por outro, à confrontação em curso entre os centros imperialistas, que se agudiza em condições de recessão económica. Tais factores reforçam o assim chamado euro-cepticismo e dão origem não somente a tendências secessionistas, mas também de tendências a modificações nas formas de administração politica da UE e da Eurozona.
Os veículos de euro-cepticismo reacionário são os partidos nacionalistas, racistas e fascistas, como o UK Independence Party UKIP de Nigel Farage, a Frente Nacional de Jean Marie Le Pen em França, a "Alternativa para a Alemanha" e organizações similares na Austria, Hungria e Grécia, como por exemplo o partido fascista Aurora Dourada, a Unidade Nacional de Giorgios Karatzaris e outros. Mas o euro-cepticismo também é expresso por partidos que se rotulam como esquerda, que criticam ou rejeitam a UE e o Euro, mas apoiam moedas nacionais e buscam outras alianças imperialistas, numa estratégia que opera dentro da moldura capitalista.
Essas contradições e antagonismos permeiam as classes burguesas de todos os Estados membros da UE . Os processos ecenómicos e politicos que terão lugar na Grã-Bretanha como no resto da UE e as negociações acerca da posição da burguesia britânica nos dias seguintes oa referendo poderão levar a novos acordos temporários entre a UE e a Grã-Bretanha. O que se pode ter por certo é que enquanto houver a permanência da propriedade capitalista dos meios de produção e o poder burguês, tais desenvolvimentos virão acompanhados por novos sacrifícios dolorosos para a classe trabalhadora e as forças populares. 
O resultado do referendo britânico expõe as outras forças politicas na Grécia, que glorificaram a participação do país na UE durante anos a fio, apresentando-a como um processo irreversível ou semeando ilusões acerca de uma "Europa mais justa e democrática". Também expõe as forças que consideram que a moeda nacional seja uma panaceia que levará à prosperidade do povo.A Grã-Bretanha, com a sua libra esterlina, adoptou as mesmas medidas anti-povo e contra as classes trabalhadoras que tiveram lugar nos outros países da Eurozona. E continuará a adopta-las fora da UE uma vez que seus monopólios seguirão tendo necessidade de ser competitivos e rentáveis.É certo que nos próximos dias as vozes e as "lágrimas" multiplicar-se-ão, tanto por parte do governo Syriza-ANEL quanto dos outros partidos burgueses, sobre a "necessidade de restabelecer a UE", sobre "o descaminho da UE e a necessidade do retorno às raizes" etc. 
Contudo a UE desde a sua criação foi e segue sendo uma aliança reacionária das classes burguesas da europa capitalista, com o objectivo de sangrar à morte as classes trabalhadoras e saquear outros países do mundo, no quadro da competição com os demais centros do imperialismo. Não é e não será um arranjo permanente.
A desigualdade e a competição capitalistas e a mudança na correlação de forças irá, mais cedo ou mais tarde fazer aflorar as contradições, que não mais poderão ser superadas por compromissos frágeis e temporários. Simultaneamente, novos fenómenos e processos de formação de novas alianças reacionárias frutificarão no terreno do capitalismo. 
Os interesses do povo grego, do britânico e de todos os povos da Europa não podem ser abrigados sob "falsas bandeiras".Não podem ser postos sob as bandeiras dos diversos sectores da burguesia, que estabelecem suas escolhas e suas alianças de acordo com seus próprios interesses e com base na maior exploração possível dos trabalhadores. A necessária condenação da aliança predatória do capital e a luta pelo desmembramento de todos os países da UE, para ser efectiva, tem de estar conectada à necessária derrubada do poder do capital pelo poder dos trabalhadores. A aliança social da classe trabalhadora e as demais populares, o reagrupamento e o fortalecimento do movimento comunista internacional são pré-condições para pavimentar o caminho que levará a essa esperança. 
Gabinete de Imprensa do CC do KKE 
24/Junho/2016

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