sábado, 30 de abril de 2016

Por um 1º de Maio vermelho e de luta contra a exploração capitalista e pelo socialismo revolucionário!


A baixa dos juros, do preço do petróleo, a deflação e as recentes previsões em baixa da economia mundial vem confirmar que a crise de sobreprodução e de acumulação de capital, do qual resulta a actual crise económica não só não foi estancada, como tende a aprofundar-se na medida em que o escoamento dos produtos não se verifica, como se reforça ainda mais. Segundo dados da ONU o excesso de mercadorias representa duas vezes mais as necessidades básicas da população mundial, a agravar tal situação e considerando que perto de metade desta mesma população, por motivo de baixos salários,desemprego ou exclusão social  pouco acesso tem ao consumo,  não só torna  mais complicado a resolução da crise economica capitalista, como dá sérios sinais de poder evoluir para crise permanente.


Em face de tal situação, a lógica capitalista/imperialista da UE, bem como de outras potências rivais,  tem sido a de procurar injectar milhares de milhões de euros na economia e com isso procurar novos estímulos ao investimento, na tentativa de relançar o crescimento económico, mas até agora  com resultados praticamente insignificantes ou mesmo nulos, quando comparados com os montantes investidos na maior parte dos países que compõem o seu espaço económico. A demonstração de tal fracasso e  que bem prova a ineficácia de tais medidas financeiras está no facto de  terem  revisto em baixa o crescimento económico das suas economias.

Pelo grau  de exposição e entrelaçamento à economia internacional a situação económica nacional tende também a agravar-se, a recente revisão em baixa do crescimento económico por parte do governo é também prova disso mesmo.

Não temos dúvidas quanto às fragilidades e ao atraso da economia nacional, nem tampouco quanto à dependência, subserviência e parasitismo da burguesia capitalista portuguesa, no entanto temos a convicção de que o Plano Nacional de Reformas aprovado pode modernizar as empresas, aumentar a produção e até dotá-las de maior competitividade, mas não será suficiente na medida em que a questão fundamental, nesta crise económica profunda  não reside no investimento e na modernização, porque se o fosse já os capitalistas  teriam iniciado a retoma há muito, mas no excesso de mercadoria que continua a saturar os ditos mercados. A provar tal situação, está o conjunto de outros países pertencente à UE, que tendo uma margem de  evolução cientifica e tecnológica muito mais avançada do que Portugal, passam pelo mesmo problema, ou seja com crescimentos perto do ZERO, ou por exemplo o Japão que à duas décadas vive estagnado ou em recessão.

O Plano Nacional de Reformas tão do agrado dos "novos" parceiros do governo capitalista PS não passa de uma profunda ilusão com que procuram mergulhar a consciência da classe trabalhadora portuguesa, ele não vai trazer melhoria de vida para os trabalhadores, o desemprego vai manter-se alto e pode mesmo até evoluir como aconteceu com a  modernização, no Sector do Calçado e dos Textéis.

O Plano de Estabilidade aprovado pouca diferença faz do que o executado pelo governo capitalista anterior PSD/CDS, as metas a cumprir e impostas pela UE imperialista são as mesmas e caso  a situação económica se agrave como tudo leva a crer, a pressão imperialista e a da reação interna PSD/CDS  não só vai continuar, como aumentar e colocar em causa a devolução dos rendimentos, dos direitos sociais e laborais.

O governo já provou inclusive aos que o apoiam, que não oferecerá resistência a qualquer imposição da UE, o 1º ministro em visita à Grécia, não só elogiou o governo  grego, como disse que o governo grego/Syriza/ANEL e o dele constituem a "prova viva que há alternativa, às politicas  de austeridade e de empobrecimento implementadas pela UE, com o apoio dos partidos mais reacionários" quando na verdade o governo grego não só capitulou, como está a implementar as medidas reacionárias que lhe foram impostas, quando um referendo as rejeitou.

 A sua submissão foi também verificada quando lhe foi imposto medidas adicionais para compensar a despesa com a devolução dos salários e de outras medidas de carácter social, que acabam por roer metade desse rendimento devolvido como piorar a vida aos trabalhadores e reformados e pensionistas mais pobres.

Enquanto  perto de três milhões de pessoas são mantidas abaixo dos limites de pobreza e que foram praticamente excluídas do OE  e do dito "acordo",vão continuar a passar fome, o governo avança com a proposta de fazer o  Estado assumir o "mal parado", existente nos bancos, perto de 30 mil milhões de euros, livrando os banqueiros e seus accionistas de prejuízos, (daí a sua satisfação e concordância) que irá recair sobre os ombros dos contribuintes trabalhadores, (caso estes não se mobilizem contra tal) com o argumento de que assim os bancos  passam a ter maiores disponibilidades de financiamento à economia, é mais do que a prova concreta de que o assumir o "mal parado" do Banif, não deixa também de ser uma vontade sua e do governo anterior e de todos quantos o apoiam

A lógica do governo e seus apoiantes e restante quadro parlamentar, independentemente da sua verbalização retórica e demagógica, vai ser de submissão continua às regras e imposições da UE imperialista, mas para manter o apoio à sua esquerda tem que manter a base minima do "acordo" ou seja, aquilo  que de ínicio o PS prometeu, ou seja a devolução dos salários e da sobretaxa sobre o IRS sobretudo às camadas intermédias assalariadas numa perspectiva de recuperar a sua base eleitoral, mas mesmo estes na medida em que a situação económica se agrave verão os seus rendimentos e direitos sociais agravados pela via da implementação de outras medidas que não seja os salários, por outro irão se opôr a qualquer nova reivindicação salarial, laboral e social.

Assim neste 1º de Maio, apelamos aos militantes, aos trabalhadores, aos jovens, aos desempregados e aos reformados e pensionistas pobres, que têm ou vão tomando consciência de tal situação social e de exploração, para que se mobilizem e que nos seus locais de trabalho lutem pela melhoria das suas vidas.

Pelo direito ao trabalho para todos, lutemos pela aplicação das 35 horas semanais, tanto na função pública, como no privado!

Não aos subsidios de assistencialismo, queremos aumento das reformas e pensões para 90% do salário minimo nacional!

Atribuição do subsídio de desempego na base do salário minimo nacional a todos os desempregados!

Fora a NATO e a UE, abaixo o capitalismo! Pelo socialismo revolucionário!

Viva a unidade de todos os trabalhadores explorados!

Viva o internacionalismo Proletário 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Só a luta dos trabalhadores pode construir uma alternativa à esquerda em nosso país

(Nota Politica do PCB)

Representantes dos segmentos majoritários das classes dominantes no parlamento, aliados a sectores do judiciário e da mídia hegemônica, impuseram a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma, num processo repleto de manipulações, manobras, conchavos, negociatas e jogo sujo em todas as areas da institucionalidade burguesa. 
O sinal verde para o impeachment aprovado na Câmara é um acinte ao povo brasileiro, pois se trata de uma medida comandada cinicamente por um delinquente politico e apoiada por mais de uma centena de deputados envolvidos em processos de corrupção. Mas esse também foi um processo pedagógico para os trabalhadores, pois demonstrou claramente a natureza da democracia burguesa e o perfil conservador do Congresso Nacional, composto majoritariamente pelo que há de mais reacionário na sociedade brasileira, ou seja, os representantes dos interesses dos banqueiros, latifundiários, empreiteiras, oligopólios industriais e do grande comércio, que financiam suas eleições. Eles não representam seus eleitores, mas seus financiadores.
Esse processo demonstrou, além disso, que as regras formais da democracia burguesa só são respeitadas pelas classes dominantes enquanto servem aos seus interesses. Em momentos de crise, a burguesia tira a mascára e manipula essas regras sem a menor cerimônia, a favor dos seus objectivos. Esta tem sido uma dura lição para os petistas (PT) e todos aqueles que acreditam nas alianças com a direita, no "estado democrático de direito" e nas concessões ao capital. De nada adiantou a vergonhosa conciliação de classe que o PT praticou durante treze anos, pois quando o governo passou a não interessar mais à burguesia - que tem pressa de fazer as contrarreformas que o PT faz aos poucos - esta usou de todas as suas artimanhas para descartá-lo do poder.
Tudo leva a crer que dificilmente o impeachment será revertido no Senado, presidido por outro velho conhecido nos processos que tratam a corrupção, em relação ao qual o PT ainda se ilude, considerando-o aliado. Chamar de traidores aos que se lambuzaram com as benesses do seu governo e agora abandonam o barco para se locupletar em outro é, sem dúvida, a maior evidência da ilusão de classe. A maior parte da escória que votou pelo impeachment neste domingo estava, há poucos dias, na base de sustentação do governo. O mesmo poderá acontecer no Senado.
Mas é necessário lembrar que o vice-presidente, em vias de assumir o lugar de Dilma, é também indiciado em processos por corrupção e caracteriza-se por ser um politico inescrupuloso e ardiloso, que o tempo todo conspirou nas catacumbas da imoralidade politica contra o próprio governo do qual faz parte, sempre com a ambição de se tornar presidente, mesmo sem votos. Caso o governo Temer se estabeleça, o movimento sindical e operário, o movimento popular e a juventude não lhe devem conceder um minuto de trégua, mobilizando-se para derrotá-lo a partir das lutas nas ruas, nos locais de trabalho, de moradia e estudo, nas ocupações urbanas e rurais.
Enfatizamos que por trás das manobras da burguesia para descartar o PT estão interesses bastante concretos para acelerar e aprofundar a pauta contra os trabalhadores que os governos petistas já vinham levando a efeito, como a contrarreforma da previdência, a flexibilização dos direito trabalhistas, a entrega do pré-sal às multinacionais e as privatizações. Sabemos que para implantar uma pauta dessa ordem, o estado burguês tende a aumentar a criminalização e a repressão contra as lutas populares, bastando aplicar a lei antiterrorista já em vigor, proposta e sancionada pelo governo petista. portanto, a luta de classes se tornará mais acirrada. Em contrapartida, estarão reduzidas as possibilidades de conciliação e ilusão de classes, o que poderá levar a resistência dos trabalhadores e sectores populares a um novo patamar, colocando na ordem do dia a necessidade da construção do Poder Popular, rumo ao socialismo.
O PCB conclama sua militância, simpatizantes e aliados a somar esforços pela realização de um Primeiro de Maio Unitário Classista em todas as cidades onde for possível, para alcançarmos o máximo de unidade na ação contra a ofensiva do capital. Essa unidade é um dos primeiros passos na construção de um Bloco de Lutas de todas as forças anti-capitalistas e condição para a realização, no primeiro semestre do próximo ano, de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora e dos Movimentos Populares.
PCB- Partido Comunista Brasileiro
Comissão Politica Nacional - 20/04/2016

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Ñão há outra opção de enfrentar os cortes, as privatizações e a destruição de direitos laborais e sociais que negar o pagamento da Divida e, portanto, sair da UE e do euro.

Extrato da Entrevista de Angeles Maestro

Insurgente INS: Assistimos a um refluxo da mobilização social apesar das condições económicas serem muito duras para os trabalhadores? A que se deve este refluxo?

Angeles Maestro (AM): De facto tem havido uma importante diminuição da mobilização operária e popular. As causas são complexas.

Por um lado está a brutal ofensiva de classe levada a cabo pela burguesia e os seus governos. Todos eles, na UE e no Estado espanhol, independentemente da sua cor politica têm executado politicas que arrasam os direitos laborais. A situação em que a imensa maioria dos trabalhadores é quase de escravidão. Não há protecção sindical. Quem se arrisca  em qualquer tipo de mobilização é despedido.

Quem tem um trabalho relativamente digno tem medo de o perder e a imensa maioria dos trabalhadores precários não tem qualquer possibilidade de luta.

Por outro lado, se as classes dominantes puderem executar essas politicas foi  porque tinham a classe manietada. Por isso as desmobilizações são também o resultado da imensa derrota de classe perpetrada...com a necessária colaboração das cúpulas das CC.OO. e da UGT, que não apenas pactuaram ou aceitaram durante décadas sem a necessária luta as privatizações, as contra-reformas laborais, das pensões ou a dupla escala salarial mas - como é evidente -actuam como instrumentos da burguesia para debilitar ou desnaturalizar a mobilização social.

Um bom exemplo é a invensão da cimeira social (PSOE, IU, CC.OO.,UGT e organizações satélites) definitivamente desacreditada   pelas Marchas da Dignidade. Com isso tentaram iludir as pessoas reivindicando a «Europa Social», os «aspectos sociais» da Constituição espanhola ou o regresso ao «Estado de Bem Estar», apesar da evidência de quem impõe a aniquilação dos direitos laborais e sociais é a UE, através do Pagamento da Divida e da engrenagem do Euro. Em situações de precariedade, como as que vive a imensa maioria da classe operária, não há alternativa senão actuar a partir de fora da empresa. procurando formas de solidariedade que permitam exercer a pressão necessária para ganhar as lutas. O lema «hoje por ti, amanhã por mim» pode originar instrumentos de organização e de actuação eficazes, que permitam voltar à construção da identidade de classe numa situação de proletarização massiva.

O grande desafio que a classe operária tem necessáriamente que enfrentar - e que inclui o sindicalismo alternativo - não é só o de acabar com um sindicalismo pactuador que atraiçou a sua classe. São indispensáveis novas formas de organização e de luta contra um patronato que actua impunemente para impor condições de trabalho cada vez mais próximas da escravatura. 

O bairro como lugar de encontro e organização pode ser o grande laboratório em que criem as estruturas que assegurem a continuidade da organização, a unificação das lutas e a necessária acumulação de forças para enfrentar as duras  batalhas que se avizinham. A construção do poder  popular é condição indispensável para acabar - não com a «casta» mas com o sistema - e construir a única alternativa real ao capitalismo: O socialismo.

INS:No ultimo documento politico de Rede Roja insiste-se que a única opção é a saída da UE e do euro, e o Não ao Pagamento da Divida. Os defensores do regime, e alguns que se vendem a si mesmos como »anti-sistema». dizem, em contrapartida, que isso seria um desastre para a economia, que não é realista.

AM: A resposta a todos eles é que o que não é realista, o que é uma fraude politica é dizer que vão parar todos os cortes, todasas privatizações ou que se vão reverter as reformas laborais sem recusar o pagamento da Divida. O que as pessoas já sabem é que a divida pública, que já é maior do que o PIB e atinge um bilião de euros, foi criada pela transferência massiva de dinheiro público para os bancos e as grandes empresas.

O que se oculta é que, não só a reforma do artigo 135º da Constituição mas também o Tratado de Estabilidade da Eurozona e as leis que o regulamentam como a Lei Orgânica 2/2012 impõem ferreamente a qualquer Governo do Estado espanhol, às CC.AA. e aos Ayuntamientos politicas de redução do déficit e da divida incompatíveis com a manutenção dos serviços e do emprego público. As piruetas programáticas da IU, do PODEMOS, de GANHEMOS e de qualquer opção eleitoral que fale de «auditorias», de «reestruturações da Divida» ou de qualquer outra denominação são fraudes que escondem o medo de dizer claramente a evidência: não há outra opção de enfrentar os cortes, as privatizações e a destruição de direitos laborais e sociais que negar o pagamento da Divida e, portanto, sair da UE e do euro.

INS: Estamos, como quase sempre, perante a disjuntiva conhecida como «reforma ou revolução», mas parece impossível desenvolver a segunda sem um elevado número de revolucionários.

AM: O assunto hoje não é se somos mais, ou menos, revolucionários.É se a análise concreta da situação das classes dominantes no poder é sustentável ou não perante as necessidades vitais e estimulantes das pessoas. E neste quadro, que objectivamente é de uma grande instabilidade do poder estabelecido...o assunto central é como as organizações revolucionárias são capazes de colocar no seio do movimento popular as politicas que ultrapassam os limites das opções eleitorais. Para isso, como coloca a Rede Roja, trata-se de acompanhar o processo de consciencialização das pesoas que inevitavelmente vai comprovar que - se bem que seja necessário acabar eleitoralmente com aqueles que representam o poder politico/sindical surgido da Transição (do fascismo franquista, para a democracia burguesa) - para cumprir os seus objectivos, inclusive os mais elementares de lutar contra os «cortes». é preciso enfrentar toda a estrutura do poder. 

O tema central, pois, não é a quantidade de revolucionários. Como se demonstrou noutros processos históricos, o tema central é em que medida a linha revolucionária - nos momentos de crise aguda do sistema como os tempos actuais - é capaz de analisar rigorosamente as contradições da estrutura do poder e ir interpretando e representando o sentimento das pessoas.

Quando a Rede Roja fala de « linha revolucionária» não se está auto-atribuindo o papel de «vanguarda esclarecida da revolução».

Está a colocar, por um lado, a necessidade ineludível do trabalho no movimento operário e popular - em cada bairro e em cada povoado - com o objectivo de construir a acumulação de forças e a organização capaz de enfrentar a inevitável confrontação de classe que se avizinha. Para isso, como disse, o trabalho no seio das Marchas da Dignidade é a chave para a construção de estruturas unitárias  que possam ser o germe da organização do poder popular.



Por outro apela, e nisso estamos a trabalhar seriamente, à confluência entre as organizações revolucionárias - incluindo as esquerdas independentistas das nacionalidades . para articular formas eficazes de luta contra o inimigo comum: O Regime de Transição, a UE, e a NATO. Tudo isso, assumindo o Direito dos Povos do Estado espanhol à sua autodeterminação, incluindo a sua independência

quinta-feira, 7 de abril de 2016

A crise do capitalismo e os direitos dos trabalhadores

Quando falamos em crise do capitalismo estamos falando que um determinado modo de produção, o modo de produção capitalista, está em crise.
Bem, o há outros modos de a sociedade se organizar para produzir, o capitalista não é o único. Há o comunismo primitivo, há o feudalismo, há o capitalismo e há o socialismo.
Mas o que é o modo de produção capitalista?
O que o caracteriza principalmente o capitalismo é que ele é um modo de produção baseado na exploração capitalista, ou seja, uma minoria de homens e mulheres ricas exploram a força de trabalho de uma grande maioria de homens e de mulheres pobres. Isso ocorre porque essa minoria, a classe burguesa, a classe rica, é a dona dos meios de produção da sociedade, e não há como a sociedade produzir sem esses meios de produção, isto é, sem as máquinas, os equipamentos, as fábricas, os prédios, a terra, as matérias-primas, etc. Então, por serem eles os donos desses meios, eles exploram os que não possuem os meios de produção, mas têm apenas a sua força de trabalho, ou seja, A CLASSE DOS TRABALHADORES.
O sistema capitalista também tem outras características a anarquia da produção e constantes crises econômicas.
A concentração da riqueza na sociedade capitalista
Mas por que este modo de produção vive em crise?
È claro que ele tem contradição fundamental! Qual é? A contradição entre capital e trabalho.
Quem tem o capital? Os capitalistas, a burguesia, os patrões.
Quem tem o trabalho ou a força de trabalho? Os trabalhadores, a classe operária.
Ora, na medida que este modo de produção vai produzindo a classe exploradora vai ficando mais rica pois como ela é dona dos meios de produção é dona também do que se produz, da produção. A classe trabalhadora é a classe como sabemos que produz, mas não enriquece, pois não é proprietária do que produz, mas de um salário, de um pequeno salário cujo valor é no essencial decidido pelos donos dos meios de produção, ou por seus governos.
A concentração da riqueza nas mãos de uma pequena minoria e o crescimento da pobreza e da miséria na imensa maioria da população mundial é uma prova evidente dessa contradição.
Vejamos. Relatório da Riqueza Global de  outubro de 2015 do insuspeito Credit Suisse revelou que a metade mais pobre dos 4,8 bilhões de adultos possui menos de 1% da riqueza mundial.
Mais: apenas os 80 indivíduos mais ricos do mundo detêm uma riqueza igual a da metade mais pobre da po­pulação mundial, ou seja, 3,6 bilhões de pessoas.
Essa contradição que caracteriza o sistema capitalista é a causa principal das crises econômicas.
Todos sabemos que a economia mundial capitalista vive uma profunda crise desde 2008, mas isso não significou que a classe rica, os capitalistas ficaram mais pobres. Não! Eles ficaram mais ricos, quem ficou mais pobres foram os que já eram pobres.
Um exemplo. Os EUA, país onde a crise teve início, o 1% mais rico absorveu 95% do crescimento que ocorreu nos últimos anos, enquanto, de acordo com um informe divulgado pela Fundação Annie E. Casey, uma em cada cinco crianças norte-americanas permanece na pobreza.
No total, com relação a 2008, o número de crianças vivendo na pobreza nos EUA aumentou em quase 3 milhões, passando de 13,2 para 16,1 milhões. Isso sem falar no contingente de sem teto que aumenta cada vez mais nas ruas das metrópoles. Há ainda milhões de trabalhadores nos EUA que não podem pagar aluguel e vivem em albergues.
Karl Marx, o fundador do socialismo cientifico, o homem que junto com Frederico Engels, descobriu as características do capitalismo e provou que este sistema enquanto existisse provocaria mais e mais crises econômicas e cada vez maiores, mostrou também que “a tendência histórica da acumulação capitalista é criar num polo a riqueza e em outro a miséria”. É exatamente isso o que estamos vendo ocorrer.
Mas como foi possível os ricos ficarem mais ricos mesmo com a crise?
Primeiro, tiveram os subsídios, os planos de ajuda dos governos, os financiamentos, os empréstimos, realizados com o dinheiro dos impostos que os trabalhadores pagam.
Na Europa, os governos capitalistas gastaram mais de 200 bilhões de euros para salvar bancos e monopólios. Nos EUA foram trilhões de dólares.
Segundo, aumentando a exploração da força de trabalho, reduzindo o salário dos trabalhadores e aumentando as horas de trabalho. Precarizando as condições de trabalho em todo o mundo.
Como os patrões, os burgueses, são os donos das fábricas, eles ficam com o resultado da venda dos produtos (o lucro), pagando aos operários apenas um salário por seu trabalho. Os lucros dos capitalistas são, portanto, consequência direta da exploração dos trabalhadores e, por isso, a classe capitalista está sempre buscando formas para obrigar os trabalhadores a produzir mais com um salário menor.
Para baixar o valor da força de trabalho, o salário, muitos operários são desempregados.
Essa acumulação do capital dá nascimento também ao que Marx chama de  “exército de reserva do trabalho”, o “excedente relativo” de operários.”
Por isso, mesmo  crescendo o desemprego no mundo nada é feito para deter esse processo pelos governos capitalistas.
Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que mais de 200 milhões de trabalhadores estão desempregados no mundo.
Assim, demonstrando seu egoísmo e desprezo pelo ser humano, os capitalistas e seus governos querem jogar nas costas dos trabalhadores todos os prejuízos da crise.
Superexploração dos trabalhadores
Com o objetivo de evitar a diminuição de seus lucros durante a crise, a burguesia, a classe proprietária das empresas, da terra e do capital, quer intensificar a exploração dos trabalhadores, isto é, rebaixar o salário e/ou aumentar a jornada de trabalho.  Esta é a razão da classe capitalista buscar implantar a terceirização na economia.
Estudo elaborado pelo Dieese e pela CUT mostra que os trabalhadores terceirizados no Brasil, cerca de 12,7 milhões no Brasil, recebem 25% a menos do que os que tinham contratos diretos com as empresas, embora tenham uma jornada semanal de três horas a mais.
Mas, além de diminuir o salário do trabalhador, a terceirização aumenta o número de mortes e de acidentes de trabalho.
Na Petrobras, dos 300 operários que morreram devido a acidentes de trabalho, 249 eram trabalhadores terceirizados.
Não bastasse, é alarmante o número de mortes relacionados ao trabalho. Cada dia mais, os trabalhadores são expostos a longas jornadas, péssimas condições de trabalho e constantes assédios morais. Os capitalistas, gananciosos, fazem de tudo para aumentar seus lucros.
Segundo a OIT, a cada 15 segundos um trabalhador morre de acidente ou doença relacionada ao trabalho, no mundo, o que significa um total de 2,34 milhões de acidentes mortais de trabalho por ano. Ou seja, morrem anualmente no trabalho 13 vezes mais pessoas do que as que morreram na Guerra do Iraque, durante dez anos.
Tal situação, principalmente os baixos salários e o enorme desemprego existente no mundo, estão provocando novas recessões em muitos países, isto num período  de estagnação e de destruição de forças produtivas.
Embora a principal forma da classe rica, da burguesia acumular riquezas, é aumentando a exploração dos trabalhadores, ela não é a única.
É necessário também conquistar novos mercados, tornar as matérias-primas mais baratas, e por isso ocorrem as guerras imperialistas.
Hoje, vemos os países imperialistas disputarem as terras férteis da Ucrânia, o país está sendo dividido e arruinado e milhares de pessoas foram mortas unicamente para saber que potências imperialistas vão dominar as terras e as riquezas da Ucrânia.
O Iraque foi praticamente destruído, mais de um milhão de iraquianos, de mulheres e de crianças, de escolas, de hospitais foram destruídos para que os monopólios da França, dos EUA, da Inglaterra se apossassem do petróleo iraquiano.
O mesmo ocorreu na Líbia.
E acontece agora na Síria.
Sabemos que há anos o imperialismo norte-americano quer derrubar o governo da Venezuela para tomar posse do petróleo venezuelano.
Como exemplo de ações para dominar mercados temos a criação da União Europeia, do Tratado Transpacifico, do NAFTA, etc.
Então, com o controle do capital, dos meios de produção, das matérias primas e dos mercados, e suas guerras o objetivo da burguesia é transformar todos os trabalhadores em eternos escravos.
Como enfrentar a crise?
Os trabalhadores que estão empregados pensam que como têm seu emprego estão salvos dessa crise.
Os trabalhadores que são lideranças sindicais pensam que como estão nos sindicatos também estão livres da crise e de suas consequências.
Mas é preciso fazermos uma reflexão mais profunda sobre essa crise do capitalismo. O capitalismo atual não é o mesmo capitalismo do século 19. É um capitalismo mais selvagem, mais destruidor, mais explorador, mais cruel, mais assassino, mais espoliador, é um capitalismo imperialista.
É um capitalismo que já realizou duas grandes guerras mundiais, e não deixará de realizar a terceira guerra mundial se essa guerra for conveniente aos seus interesses de lucro, ao crescimento de sua riqueza.
Quantas crianças morreram no Iraque, e eles deixaram de bombardear o Iraque?
Quantas crianças morreram na Síria? E eles deixaram de bombardear a Síria?
Por que tantas famílias saem da África, da Síria, em barcos precários, morrem antes de chegar a Europa? Por que a vida tornou-se insuportável nesses países.
E o que dizer dos direitos dos trabalhadores?
Ora, companheiros e companheiras quais são nossos direitos?
Direito a viver em paz, como disse Victor Jara em sua canção.
Temos esse direito com tantas guerras ocorrendo no mundo?
Qual será o próximo país  que os EUA e a União Europeia, ou a Rússia, vão escolher para bombardear?
Temos direito ao trabalho.
Mas quantos trabalhadores estão sendo desempregados todos os dias em nossos países?
No Brasil, 3 mil trabalhadores são demitidos por dia. Este ano já foram demitidos mais de 800 mil. Em todo o mundo são mais de 200 milhões.
Temos de fato direito ao trabalho?
Outro direito nosso é não ser superexplorado.
Mas temos esse direito com a terceirização, com a flexibilização e a precarização do trabalho e os baixos salários?
Claro que não.
As mulheres trabalhadoras têm por acaso o direito a salário igual mesmo realizando o mesmo trabalho que os homens e às vezes até trabalhando muito mais?
Tem direito as mulheres a usarem transporte público sem serem assediadas?
Até o  sagrado direito à maternidade é negado às trabalhadoras. Sabemos que uma mulher trabalhadora grávida, não consegue trabalho e muitas são demitidas, desempregadas.
A verdade, companheiros e companheiras, é que até nossos mínimos direitos estão ameaçados!
O que fazer então?
A história dos trabalhadores revela que nenhum, absolutamente nenhum, direito que o trabalhador e a trabalhadora conquistou foi dado, foi concedido por algum patrão. Não. Todo direito que nós temos foi resultado de nossa luta, de nossas greves, de nossas mobilizações. De nossa união e combatividade.
Um exemplo. No Brasil em 1964 ocorreu um violento golpe militar que foi bastante sentido pelo movimento sindical. Foi extinto o direito de greve, o governo fechou vários sindicatos e prendeu e assassinou muitos dirigentes dos trabalhadores.
Entretanto, mesmo com a repressão violenta imposta pelos militares, a classe operária se organizou e desenvolveu suas lutas.
Houve centenas de greves debaixo da ditadura e por fim os trabalhadores brasileiros derrotaram a ditadura militar no Brasil e garantiram seu direito de greve.
O que devemos fazer?
Cansados de tantas humilhações, os trabalhadores em todo o mundo organizam greves gerais e manifestações contra o desemprego, por aumento dos salários e por um mundo justo e verdadeiramente democrático. As greves gerais acontecem em dezenas de países como Portugal, Irlanda, Espanha, França, Equador, Peru, Colômbia, Grécia, México, etc. enfim, em todas as partes do mundo os trabalhadores se levantam contra a exploração capitalista.
E por que? Porque a única solução para os trabalhadores é a sua união, é a luta para acabar com o atual sistema econômico e político, o capitalismo e seus governos, só assim, lutando, alcançaremos um mundo de paz e sem desemprego, sem guerras e sem miséria.
Mas para isso, é fundamental conscientizar a classe operária e todo o nosso povo da necessidade de lutar para conquistarmos uma sociedade baseada nas relações de colaboração e de solidariedade entre os trabalhadores e na qual todos trabalhem, uma sociedade socialista.
Organizar greves em cada categoria é fundamental, pois elas ensinam aos operários quem são os patrões e por que eles são seus inimigos e a necesidade de lutar por uma sociedade sem patrões.
Torna-se, assim, imperioso que o 10º Elacs adote decisões claras sobre a necessidade de uma maior integração e unidade entre os dirigentes do movimento sindical do nosso continente e de uma efetiva solidariedade durante essas lutas.
Por fim, camaradas, homenageamos aqui, os companheiros trabalhadores da Turquia que no dia 10 de outubro, em Ankara, Turquia, quando realizavam uma pacífica manifestação reivindicando a paz no mundo sofreram um covarde atentado que matou 95 pessoas, entre elas  15 membros do Partido do Trabalho (EMEP).
Homenageamos também Manoel Lisboa, Manoel Aleixo, Iara, Margarida Maria Alves, Carlos Lamarca e todas revolucionárias e revolucionários da América Latina que tombaram lutando pelo socialismo e pela libertação dos trabalhadores.
Companheiros e companheiras, temos certeza que nossa luta derrotará os exploradores!
Abaixo o capitalismo! Viva o socialismo!

30 de outubro de 2015

Palestra de Luiz Falcão, diretor de redação de A Verdade e membro do comitê central do Partido Comunista Revolucionário (PCR) no 10º Encontro Latino Americano e Caribenho de Sindicalistas (Elacs), realizado na Pousada Graham Bell, Miguel Pereira, em Rio de Janeiro)