quarta-feira, 1 de julho de 2015

O referendo de 5 de julho e a posição do KKE Partido Comunista da Grécia (KKE)


Como é bem conhecido, o governo de “esquerda” – na essência, do partido socialdemocrata SYRIZA e do partido nacionalista de “direita” ANEL –, numa tentativa de gerir a completa bancarrota dos seus compromissos pré-eleitorais, anunciou um referendo para o dia 5 de julho de 2015, colocando unicamente a questão de saber se os cidadãos concordam ou não com o acordo que foi apresentado pela UE, FMI e BCE, respeitante à continuação das medidas antipopulares, para uma saída da crise capitalista, com a Grécia a permanecer no euro. 


Representantes do governo de coligação apelaram ao povo para dizer “não” e deixaram claro que este “não” no referendo será interpretado pelo governo grego como a aprovação do seu próprio acordo, proposto à UE, FMI e BCE, que, nas suas 47 + 8 páginas, também contém duras medidas antipopulares, com o objetivo de aumentar a rentabilidade do capital, o “crescimento” capitalista e a permanência do país no euro. 

Como o governo SYRIZA-ANEL admite, continuando a exaltar a UE, “nossa casa comum europeia”, a “façanha europeia”, a proposta deles é 90% idêntica à proposta da UE, FMI e BCE e tem muito pouco a ver com o que o SYRIZA havia prometido antes das eleições. O fascista Aurora Dourada, em conjunto com os partidos da coligação de governo (SYRIZA-ANEL), tomou uma posição a favor do “não” e também apoiou abertamente o regresso a uma moeda nacional. Por outro lado, a oposição de direita – ND, o social-democrata PASOK, que governou até janeiro de 2015, assim como o POTAMI (formalmente um partido do centro e, em essência, um partido reacionário) – tomou uma posição a favor de um “sim” às bárbaras medidas da Troika, que, afirmam, será interpretado como um consentimento para “ficar na UE a todo o custo”. Na realidade, as duas respostas conduzem a um sim à “UE” e à barbárie capitalista. 

Durante a sessão do parlamento, em 27/6, a maioria governamental do SYRIZA/ANEL rejeitou a proposta do KKE para que fossem antes colocadas as seguintes questões ao julgamento do povo grego, no referendo: 
 • Não às propostas do acordo da UE-BCE-FMI e do Governo grego.
• Saída da UE – Abolição dos memorandos e de todas as leis para a sua aplicação.

 Com a sua postura, o governo demonstrou que quer chantagear o povo, para aprovar a sua proposta à troika, que é o outro lado da mesma moeda. Ou seja, está a pedir ao povo grego para dar consentimento aos seus planos antipopulares e para os carregar com as suas novas escolhas antipopulares, seja através de um novo acordo alegadamente “melhorado” com as organizações imperialistas, seja através de uma saída do euro e um retorno a uma moeda nacional, algo que o povo será de novo chamado a pagar.

 Nestas condições, o KKE apela ao povo para utilizar o referendo como uma oportunidade para fortalecer a oposição à UE e para fortalecer a luta pela única via realista de sair da barbárie capitalista de hoje. 

O conteúdo desta saída é: RUPTURA SAÍDA DA U.E., CANCELAMENTO UNILATERAL DA DIVÍDA, SOCIALIZAÇÃO DOS MONOPÓLIOS, PODER DOS TRABALHADORES E DO POVO. 

O povo, através da sua actividade e da sua intervenção no referendo, deve responder ao engano da falsa questão colocada pelo governo e rejeitar a proposta da UE-FMI-BCE e, também, a proposta do governo SYRIZA-ANEL. Ambas contêm bárbaras medidas antipopulares, que serão adicionadas aos memorandos e às leis para a sua aplicação dos anteriores governos ND-PASOK. Ambas servem os interesses do capital e dos lucros capitalistas. 

O KKE realça que o povo, no referendo, não deve escolher entre Cila e Caríbdis, antes deve expressar, com todos os meios disponíveis e em todos os sentidos, a sua oposição à UE e aos seus permanentes memorandos. Deve “neutralizar” este dilema introduzindo na urna, como seu voto, a proposta do KKE. 

• Não à proposta da UE-FMI-BCE

• Não à proposta do governo

• Saída da EU, com o povo no poder.

1 comentário:

  1. É totalmente incomprreensível a posição do partido comunista grego.A sua abstenção ou voto nulo ( que é o que acontece se as pessoas preencherem o voto como po PC sugere) pode conduzir à votória do sim... à queda do Syriza, e a que depois a Europa dê umas migalhas à direita e aponte à Europa que a esquerda é incapaz de resolver seja o que for, com reflexos nas próximas eleições em Espanha e Portugal. O PC grego está no direito de defender a saída do euro( segundo as sondagens menos de 30 por cento dos gregos defendem isso) Mas poderia apelar ao voto não e na sequência disso depois tentar referendar a dita saída da moedaa única. Porque não o faz? Quer a direita no poder?

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