sexta-feira, 13 de março de 2015

Parte I -Programa do PCdaGrécia



Pela sua importância revolucionária e proximidade com a  realidade portuguesa  e a necessidade de se criar entre nós uma corrente revolucionária bolchevique, A Chispa! apela a todos os comunistas o seu estudo e divulgação entre a classe operária e demais trabalhadores vitimas da exploração capitalista.


Prólogo

O KKE foi fundado em 1918 como produto final do desenvolvimento do movimento operário no nosso país, e também sob o impacto da Grande Revolução Socialista de Outubro de 1917 na Rússia.

O KKE é a vanguarda consciente e organizada da classe operária e tem como objectivo estratégico derrubar o capitalismo e a construção do socialismo-comunismo.

A grande experiência positiva e negativa do Movimento Comunista Internacional e do KKE confirmaram que a classe operária não pode cumprir a sua missão histórica sem ter o seu próprio partido, forte, bem organizado e teoricamente armado, o Partido Comunista.

O KKE guia-se pela visão global revolucionária do marxismo-leninismo. Segue sistematicamente as novas conquistas tecnológicas e científicas e procura interpretar os desenvolvimentos de forma dialéctico-materialista, generalizar a experiência do movimento operário e popular com base na ideologia comunista e tendo como critério a necessidade de libertar a classe operária da exploração.

Temos combatido as teorias reacionárias como aquela que considera a Grécia como “parente pobre”, a da “inferioridade das mulheres”, as teorias racistas, o nacional-cosmopolitismo do capital, o obscurantismo e a intolerância, temos lutado por uma educação popular profundamente humanística e cientificamente fundamentada.

Com a nossa ideologia e lutas temos inspirado intelectuais e artistas radicais, temo-nos destacado como defensores firme e consequentes da cultura do povo grego.

Desde a sua fundação, o KKE tem defendido o princípio do internacionalismo proletário. Tem defendido a construção socialista na URSS, e noutros países Europeus, Asiáticos e em Cuba.

Participámos na Internacional Comunista, expressámos a nossa solidariedade com as lutas da classe operária mundial, com os povos que lutam pela libertação nacional, pelo socialismo. O KKE também
recebeu, em períodos cruciais e difíceis da sua luta, a solidariedade e o apoio do Movimento Comunista Internacional após a derrota e a crise que sofreu e que sofre até agora, sobretudo depois da vitória da contra-revolução de 1989-1991.

O KKE esteve, desde a sua fundação, ao lado da juventude do nosso país. Ocupou-se dos seus problemas e do seu futuro. Continua a confiar na capacidade da nova geração contribuir para a construção do futuro socialista.

A trajectória histórica do Partido demonstra a necessidade da sua existência na sociedade grega. O KKE nunca perdeu a sua continuidade histórica.

Combateu o oportunismo o liquidacionismo nas suas fileiras e conseguiu tirar conclusões dos seus 95 anos de activadade.

Conseguiu manter o seu carácer revolucionário sob condições difíceis, nunca teve medo de reconhecer os seus erros e desvios, e de fazer uma auto-críitca aberta perante o povo.

Durante os seus 95 anos de existência o KKE comprometeu-se firmemente com os princípios dum Partido Comunista operário revolucionário; o reconhecimento do papel dirigente da classe operária no progresso social e da ideologia marxista-leninista como teoria revolucionária para a actividade política revolucionária. Nunca renunciou à luta de classes, nem à revolução socialista ou à ditadura do proletariado.

O KKE suportou a turbulência da vitória da contra-revolução na União Soviética e nos Estados de construção socialista na Europa e Ásia.

Esta resistência não é acidental. Foi forjada com laços históricos de sangue com a classe operária e o campesinato pobre desde o primeiro momento da sua fundação.

Desde 1918 e adiante, o KKE deu um conteúdo político às lutas operárias contra a exploração capitalista, tendo como resultado muitos mortos, camaradas torturados e perseguidos. Nas primeiras décadas da sua existência, experimentou a repressão estatal em todas as formas do poder burguês (parlamentar, dictatorial) organizando com persistência a classe operária, obtendo resultados positivos dentro do movimento popular. Manteve-se firme nas condições particularmente duras da clandestinidade em vários períodos. Desempenhou um papel fundamental na luta armada contra a “ocupação tripla”(a ocupação do país pelas tropas fascistas da Alemanha, Itália e Bulgária) com a resistência do EAM-ELAS. Em duas ocasiões, Dezembro de 1944 e na luta dos três anos (1946-1949) do Exército Democrático da Grécia(DSE), o movimento operário aliado ao campesinato, encabeçado pelo KKE, entraram em conflito armado com o poder burguês, o qual foi apoiado pela intervenção militar imperialista directa, no princípio encabeçada pela Grã-Bretanha e a seguir pelos Estados Unidos.

Durante a nossa trajectória de 95 anos lutámos contra a ideia de que os explorados devem colaborar com os exploradores, de que estes devem submeter-se aos exploradores e defendemos as conquistas
operárias e populares.

As raízes históricas profundas do KKE entre a classe operária e o povo e o firme cumprimento dos princípios do marxismo-leninismo explicam como em crises anteriores e sobretudo entre 1968 e 1991 o Partido conseguiu salvaguardar a sua continuidade histórica apesar da saída de grande parte das suas forças.

O KKE reagrupou-se a nível ideológico, de organização e de programa durante todo o período novo da sua História, tendo por base os cinco Congressos realizados depois da crise de 1991. O produto desta
trajectória é este Programa aprovado pelo 19º Congresso, que desenvolve a estratégia geral do KKE para o socialismo e as tarefas básicas da luta de classes.

O MUNDO CONTEMPORÂNEO E A POSIÇÃO DA GRÉCIA NO SISTEMA IMPERIALISTA.

As derrotas contra-revolucionárias dos últimos 30 anos não mudam o carácter da nossa época. O período actual, de grande retrocesso para o movimento operário internacional é historicamente temporário.

Vivemos na época da necessidade histórica da transição do capitalismo para o socialismo já que as condições materiais estão maduras para a organização socialista da produção e da sociedade.

Isto deve-se ao amadurecimento do carácter social do trabalho e do agudizar da sua contradição com a propriedade capitalista. Esta contradição levou a que o modo de produção capitalista na sua totalidade não seja determinado pela correlação de forças.

O retrocesso histórico no desenvolvimento da luta de classes é acompanhado pela afluência massiva de mão-de-obra barata no mercado internacional(da Ásia, África, América Latina, Leste Europeu, etc.) o qual resulta na desvalorização da força de trabalho nas economias capitalistas mais desenvolvidas (países da OCDE), no aparecimento do empobrecimento absoluto da classe operária nestes países e na intensificação do ataque do capital a nível internacional.

A crise profunda de sobre-acumulação de capital em 2008-2009, que em várias economias capitalistas na realidade não foi superada, tornou mais evidente a tendência de mudança significativa na correlação de forças nos Estados capitalistas, sob o impacto da lei de desenvolvimento desigual do capitalismo. Esta tendência diz também respeito aos níveis superiores da pirâmide capitalista.

Os Estados Unidos continuam a ser a primeira potência capitalista, mas com um redução significativa na sua participação no Produto Bruto Mundial. Até 2008, o conjunto da Eurozona mantinha a 2ª posição no mercado capitalista internacional, posição que perdeu depois da crise. A China converteu-se na 2ª potência económica, a aliança BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul) fortaleceu-se nos organismos capitalistas internacionais como sejam o FMI ou o G20. A mudança na correlação de forças dentro dos estados capitalistas trouxe mudanças nas alianças entre estes, uma vez que se intensificam a contradições inter-imperialistas para o controle e nova distribuição de territórios e mercados, de zonas de influência económica, sobretudo dos recursos energéticos e naturais, das rotas de transporte de mercadorias.

As contradições imperialistas que, no passado, deram lugar a dezenas de guerras locais, regionais e a duas guerras mundiais, continuam conduzindo a duras confrontações económicas, políticas e militares,
independentemente da composição ou recomposição, das mudanças na estrutura e na meta dos objectivos dos organismos imperialistas internacionais, da chamada nova “arquitectura. “A guerra é a continuação da política pela obtenção doutros meios” sobretudo em condições de profunda crise de sobre-acumulação e de mudanças importantes na correlação de forças do sistema imperialista internacional, onde a redistribuição de mercados, raramente ocorre sem derramamento de sangue.

A manifestação periódica da crise de sobre-acumulação põe à prova a coesão da zona euro, como uma união monetária de Estados membros com uma desigualdade profunda no desenvolvimento e na estrutura da produção industrial, na produtividade e na sua posição nos mercados da União Europeia e Internacional.

A tendência de fortalecimento da inter-dependência das economias dos países do sistema imperialista internacional não conduz à diminuição do papel do estado burguês, como asseguram as variações teóricas da “globalização”.

De qualquer forma, o futuro da União Europeia e da zona euro não será determinado apenas pelos planos imperialistas, porque as contradições têm a sua própria dinâmica. Qualquer opção de gestão
burguesa entrará em conflito com os interesses operários e populares em todos os Estados membros da zona euro.

A crise tornou patente com mais intensidade os limites históricos do sistema capitalista. Intensificam-se as contradições e as dificuldades da gestão burguesa da crise e em geral as dificuldades em passar a um novo ciclo de reprodução alargada do capital social.

O capitalismo grego está na sua fase desenvolvimento capitalista, com posição intermédia no sistema imperialista internacional, com fortes dependências quer dos Estados Unidos, quer da União Europeia.

A adesão da Grécia à CEE no princípio da década de 1980, acelerou a sua adaptação ao mercado da europa ocidental, um processo que continuou com a sua adesão à EU em 1991 e à Zona euro em 2001.

Através da sua participação na re-estruturação da União Europeia, na NATO e noutras organizações interestatais imperialistas, o Estado capitalista grego aliou-se organicamente ao sistema imperialista
internacional.

Ao princípio a burguesia grega beneficiou da derrocada contra-revolucionária nos países balcânicos vizinhos e da adesão à EU, conseguiu uma importante acumulação e exportação de capital na forma de investimentos directos que contribuíram para o fortalecimento das empresas e dos grupos monopolizantes gregos.

As exportações de capitais alargaram-se à Turquia, Egipto, Ucrânia, China assim como aos Estados Unidos e a outros países. Participou activamente em todas as intervenções e guerras imperialistas, por
exemplo contra a Jugoslávia, Iraque, Afganistão, Líbia, etc.

Na década que precedeu o estouro da actual crise, a economia grega manteve uma taxa anual de crescimento do PIB significativamente mais alta do que o conjunto dos Países membros da União Europeia e da zona euro, sem que a sua posição dentro da União se modificasse.Todavia, melhorou a sua posição nos Balcãs.

Depois do estouro da crise a posição da economia grega deteriorou-se no quadro da zona euro e da UE e no quadro da pirâmide imperialista internacional,o qual não invalida que a adesão à CEE e à UE tenha servido os sectores mais dinâmicos da economia nacional e internacional e contribuído para o fortalecimento do seu poder político.

A participação da da Grécia na NATO, a dependência político-económica e político-militar da EU e dos Estados Unidos limitam a margem de manobras independentes por parte da burguesia grega, uma vez que todas as relações dentro das alianças estabelecidas pelo capital se regem pelo antagonismo, a desigualdade e, consequentemente, pela posição vantajosa do mais forte, formando-se como relações de inter-dependência desigual.

Até agora, as contradições inter-burguesas não invalidam a opção estratégica de adesão à NATO e EU ainda que a participação na zona euro decorra duma forma contraditória, apesar de, ao mesmo tempo, se reforçar a tendência para o fortalecimento das relações com outros centros (Estados Unidos, Rússia, China).

No geral, os perigos crescem na região, desde os Balcãs até ao Médio Oriente, conducentes a uma guerra imperialista generalizada e trazem o comprometimento da Grécia nesta guerra.

A luta pela defesa das fronteiras e dos direitos soberanos da Grécia, do ponto de vista da classe operária e dos sectores populares é parte integral da luta pela queda do poder do capital. Não tem nada a ver com a defesa dos planos de um ou outro pólo imperialista ou com a rentabilidade de um ou outro grupo monopolista.

BASE MATERIAL DA NECESSIDADE DO SOCIALISMO NA GRÉCIA

O povo grego libertar-se-á das cadeias de exploração capitalista e das associações imperialistas, quando a classe operária e os seus aliados levarem a cabo a revolução socialista e avançarem para a construção do socialismo-comunismo.

O objectivo estratégico do KKE é a instauração do poder operário revolucionário, ou seja, da ditadura do proletariado, para a instauração do socialismo como fase de maturação da sociedade comunista.

A MUDANÇA REVOLUCIONÁRIA NA GRÉCIA SERÁ SOCIALISTA

A força motriz da revolução socialista será a classe operária como força dirigente, os semi-proletários, os sectores oprimidos dos trabalhadores por conta própria das cidades e o campesinato pobre, que são directamente afectados pelos monopólios, por isso têm interesse na sua abolição, na abolição da sociedade capitalista, na queda do seu poder, têm interesse nas novas relações da produção.

Nos últimos 20 anos, têm-se desenvolvido as condições materiais, que já estavam maduras, para a construção do socialismo na Grécia.

Alargaram-se e fortaleceram-se as relações capitalistas na produção Agrícola, na Educação, na Saúde, na Cultura, nos Desportos, nos Meios de Comunicação. Tornou-se patente uma maior concentração de trabalhadores assalariados e de capital na Indústria, no Comércio, na Construção, no Turismo. Após ter sido eliminado o monopólio do estado nas comunicações e em sectores monopolizados, na Energia e nos Transportes, criaram-se empresas de capital privado.

Verificou-se um aumento de trabalhadores assalariados na percentagem total do emprego, apesar de se manter estável o número de trabalhadores por conta própria, uma vez que a diminuição num sector de trabalhadores por conta própria, foi acompanhada por um aumento no sector dos serviços.

A grande redução da produção industrial devido à crise prolongada, aumentou o desemprego e a miséria total, a pobreza extrema, aumentou o número de pessoas sem casa. O desemprego juvenil e
de longa duração chegou a ser um problema explosivo.

Naturalmente, a crise não se manifesta da mesma forma em todos os sectores industriais. Há sectores e empresas que mantiveram ou aumentaram os seus lucros, outros apresentam uma pequena redução, alguns mantêm ou aumentam a produção para níveis anteriores ao estalar da crise.

Aumentou rapidamente a distância entre as necessidades operárias e populares contemporâneas e a sua satisfação. O parasitismo, a podridão do capitalismo monopolista manifesta-se em todos os sectores de produção, no comércio, na circulação do dinheiro, em todas as estruturas organizativas da sociedade capitalista, em todas as instituições do sistema, sob a forma de especulação financeira excessiva, de fraude, de apropriação dos fundos, de corrupção, de destruição como por exemplo a contaminação e a poluição na pirâmide da produção alimentar, nas águas, no meio ambiente, nas florestas, nas faixas costeiras. Alargou-se a expeculação parasitária, como seja o tráfico de drogas, a prostituição organizada de mulheres e crianças, etc. Tornou-se manifesto a ligação entre centros de
suborno ilegal com deputados, ministros e órgãos do poder, a ligação de centros de crime organizado com as autoridades de acção penal.

Simultâneamente, as mudanças na estrutura e conteúdo, e o âmbito dos sectores do Estado burguês que atendem às necessidades estratégicas da reprodução do capital, criam dificuldades na política de alianças sociais da classe dominante, bem como agudizam a contradição fundamental entre o capital e o trabalho assalariado.

A aceleração das reestruturações reduz a camada da aristocracia operária e dos funcionários públicos, e cria obstáculos aos esforços da política burguesa para manipular o movimento operário e para a assimilação de grandes secções de trabalhadores assalariados como já fizera no passado.

Em todos os aspectos da vida económica e social surge de modo intenso a contradição entre o carácter social do trabalho, e a apropriação capitalista privada da maior parte dos seus resultados, porque os meios de produção são propriedade capitalista. Surge de forma imperativa a necessidade da propriedade social, da planificação centralizada com o poder operário. Do ponto de vista das condições materiais, o socialismo é mais necessário do que nunca.

Pelo tempo histórico do capitalismo, pelo nível de desenvolvimento do capitalismo grego, pelo agudizar das contradições acontece que na Grécia estão criadas as condições materiais para a construção socialista que pode garantir a satisfação das necessidades populares as quais crescem constantemente.

Hoje em dia a Grécia tem um grande potencial produtivo não utilizado que só pode ser libertado através da socialização dos meios de produção pelo poder operário, com a organização científica da
produção. Existe mão-de-obra em grande número e com experiência e inclusivamente com grande especialização tecnológica e científica.

Existem importantes recursos energéticos nacionais, importantes recursos minerais, produção industrial, artesanal e agrícola, que podem satisfazer grande parte das necessidades do povo, como seja a alimentação e o fornecimento de energia, de transportes, a construção de obras públicas, de infraestruturas e de habitações populares. A produção agrícola pode apoiar vários sectores industriais.

AS TAREFAS DO KKE PARA A REVOLUÇÂO SOCIALISTA

O trabalho do KKE tem como meta a preparação do factor subjectivo na perspectiva da revolução socialista, ainda que o período da sua visibilidade esteja dependente das condições objectivas, a situação revolucionária.

A actividade do KKE em condições não-revolucionárias contribui decisivamente para a preparação do factor subjectivo (Partido, Classe Operária, Alianças) criando condições revolucionárias para levar a
cabo as suas tarefas estratégicas:

. A reunião à volta do Partido da grande maioria da classe operária, empenhada na revolução.

. A aliança da classe operária com os sectores populares oprimidos pelo capitalismo, para que alguns assumam um papel mais ou menos activo na luta revolucionária, e outros tomem uma posição neutra.

. O apoio do maior número de forças possível, saídas do exército, ao povo revoltado.

. A conquista da esmagadora supremacia das forças reunidas à volta do KKE contra as forças pequeno-burguesas, reacionárias e vacilantes, no momento decisivo e nas áreas decisivas. Esta questão é importante tanto do ponto de vista político, como organizativo.

As tarefas anteriores só se levam a cabo em condições de situação revolucionária; a sua implementação desenvolver-se-á simultaneamente e inter-activamente com a tarefa principal e decisiva de agrupar a maioria da classe operária ao Partido. Mais especificamente sobre a situação revolucionária

A SITUAÇÃO REVOLUCIONÁRIA É UM FACTOR QUE SE CRIA OBJECTIVAMENTE

Traduz a debilidade do poder burguês (“os de cima já não podem”) e um aumento repentino no ânimo e na actividade das massas populares (“os de baixo”) não querem continuar a viver diariamente subjugados pelo poder da exploração capitalista, fomentada pela deterioração do seu nível de vida e que o poder burguês não pode controlar.

Nestas condições é decisiva a preparação da organização e da política de vanguarda do movimento operário, do Partido Comunista, para agrupar e orientar de uma forma revolucionária a maioria da classe operária, sobretudo o proletariado industrial, e para atrair a secções mais avançadas dos sectores populares.

Não é possível prever de antemão os factores que irão conduzir à situação revolucionária. O aprofundamento da crise económica, o agudizar das contradições inter-imperialistas que inclusivamente se podem converter em conflitos militares, podem criar estas condições na Grécia.

No caso de comprometimento da Grécia numa guerra imperialista, quer seja defensiva ou agressiva, o partido deve dirigir a organização independentemente da luta operária e popular em todas as suas
formas, para que a luta pela derrota completa da burguesia – nacional e estrangeira, como invasor – se vincule com a conquista do poder na prática. O Partido tomará a iniciativa e dirigirá a construção de uma frente operária e popular que utilizará todas as formas de luta debaixo da sigla: o povo dará a liberdade e a porta de saída do sistema capitalista, que prevalece na guerra e na “paz” com a pistola
apontada à cabeça do povo.

Durante o processo revolucionário a classe operária e os seus aliados formarão os órgãos do poder operário.

O potencial de amadurecimento da situação revolucionária, da realização e da vitória da revolução socialista, seguindo um princípio e num só país ou num grupo de países, deve-se ao funcionamento da
lei e da desigualdade económica e política, criadas pelo capitalismo.

As condições prévias para pôr em andamento a revolução socialista não amadurecem simultaneamente a nível mundial. A cadeia imperialista romper-se-á pelo elo mais fraco.

A crise económica e as guerras imperialists são ameaças vulgares para a classe operária e para os sectores populares em toda a sociedade capitalista. Este é o potencial objectivo no qual o movimento dentro de um país se apoia e também na actividade doutro movimento revolucionário noutro país, sobretudo em países vizinhos, em toda a região. Ao mesmo tempo, o caminho da luta de classes em cada país, exerce influência a nível internacional, e tem um impacto mais amplo a nível regional e internacional. Deste facto, surge a necessidade duma acção conjunta planificada contra toda e qualquer aliança imperialista cujo objectivo seja acabar com a revolução dentro dum país e desintregar o potencial de formação da vitória do socialismo num grupo de países.

Mais especificamente sobre a frente operária popular revolucionária

 A reunião da maioria da classe operária em torno do KKE e a atracção dos sectores populares mais avançados passará por várias fases. O movimento operário, os trabalhadores por conta própria nas
cidades e o campesinato, e a forma de expressão da aliança destes (a Aliança Popular), os objectivos anti-monopolistas e anti-capitalistas, a actividade de vanguarda das forças do KKE, em condições não
revolucionárias, constituem a primeira forma de criação de uma frente operária e popular revolucionária. As massas populares através da experiência de participação na organização da luta dirigida para a confrontação com a estratégia do capital, convencer-se-ão da necessidade da tornar global e multifacetada esta organização e confrontação com o predomínio económico e político do capital.

Em condições de situação revolucionária, a frente operária popular revolucionária, pode tornar-se no centro do levantamento popular contra o poder capitalista. Deve prevalecer nas áreas básicas, particularmente nos centros industriais, comerciais e de transportes, centros de comunicações e energia, para que se alcance a plena desmobilização da burguesia e a sua neutralização, o derrubamento da ditadura da burguesia, e o aparecimento e predomínio de instituições revolucionárias que surgirão do povo. Estas instituições encarregar-se-ão da nova organização da sociedade e do
estabelecimento do poder operário revolucionário.

Durante o processo revolucionário, o impacto das posições oportunistas e reformistas e a necessidade de as combater e marginalizar dentro da frente operária-popular será constante.

Em condições de situação revolucionária, a frente operária e popular expressa-se também através de comités de protecção das greves e de outras formas de levantamento. Adquire a capacidade e os meios
para salvaguardar a revolução em todas as suas fases, para impor o controle operário nas fábricas, nos bancos, na produção agrícola, junto com o campesinato pobre, para alimentar o povo e enfrentar os
diversos mecanismos da reacção.

A frente operária revolucionária adquire a capacidade de se opor à violência do capital com a sua própria violência, a capacidade de deter as forças inimigas de classe, de neutralizar os seus planos
contra-revolucinários, de separá-los daqueles que pertencem à classe operária e ao povo. Tem a capacidade de integrar nesta direcção de luta os sectores pobres do campo, os sectores populares que
trabalham por conta própria na cidade, os semi-proletários, os desempregados e os emigrantes.

As revoluções socialistas do sec. 21 em comparação com as revoluções burguesas dos séculos 18 e 19, e inclusivamente com as revoluções  socialistas do século 20, terão de enfrentar uma máquina
de repressão muito mais organizada, meios de informação tecnologicamente mais avançados e meios de destruição massiva.

Terão de enfrentar os mecanismos da violência estatal capitalista incorporados nas estrutras inter-estatais como a NATO, o Euro-exército, a Polícia Europeia, a força da Guarda Civil Europeia, etc.

Apesar do desenvolvimento tecnológico, o ser humano não deixa de ser o factor chave na utilização e tratamento destes mecanismos. Daí decorre a capacidade da actividade operária-popular neutralizar e
utilizar as novas tecnologias em favor do movimento revolucionário.

A conquista do poder operário num país contribui para o desenvolvimento do movimento operário revolucionário internacional, para a reconciliação da classe operária e das forças populares, independentemente da sua origem étnica, do idioma, da herança cultural e religiosa, para a coordenação da luta de classes a nível regional e internacional, para a formação de alianças revolucionárias, inclusivamente para a defesa de cada revolução socialista contra a actividade capitalista contra-revolucionária internacional.

O PAPEL DIRIGENTE DO PARTIDO NA REVOLUÇÃO

O KKE surgirá praticamente só, como força dirigente no processo revolucionário, na medida em que tenha assegurada a linha revolucionária e tenha capacidade e representatividade em organizações nas grandes unidades de produção, nos sectores e serviços que têm um papel decisivo no derrubamento do poder burguês.

A independência organizativa, ideológica e política do KKE existe em todas as condições e de todas as maneiras, independentemente das formas de organização massiva da classe operária destinada à
revolução, da sua aliança com o campesinato pobre e outros sectores que tomam parte no levantamento popular.

A existência de organizações fortes do Partido e da KNE garante a formação de membros do Partido e da KNE capazes de divulgar as posições ideológicas e políticas do Partido, sobretudo nos grandes
centros de trabalho e nos centros de formação profissional, assim como nas organizações de massas, de inspirar confiança, de dar um exemplo de vanguarda, de acção desinteressada e abnegada, de
utilizar as iniciativas das forças que tomam medidas, combatendo o reformismo, o oportunismo e a actividade nacional-socialista (nazi-fascista).

O Partido luta pela unidade da classe operária na Grécia, independentemente da raça, da nacionalidade e do idioma, do património cultural e religioso.

A preparação, o equipamento material e ideológico, a confrontação permanente com o oportunismo são as condições prévias para a orientação efectiva da confrontação contra os mecanismos do poder burguês a todos os níveis.

O papel dirigente do Partido na concentração de forças para a revolução não será uma obra de acto único, nem um processo de desenvolvimento fácil. Haverá fases ascendentes e descendentes e expressar-se-á na consciencialização da maioria da classe operária e dos sectores populares. A direcção, a desvinculação dos semi-proletários, do campesinato pobre e dos trabalhadores por conta
própria burgueses, o desvio da influência pequeno-burguesa e oportunista. Não é possível prever todas as fases dete processo, todos os factores de aceleração ou de redução da velocidade dos acontecimentos, o estado exacto de cada classe ou grupo social, a correlação das forças combativas da classe operária e dos sectores populares. A direcção deste processo, a capacidade do KKE de dirigir
forças para a revolução e acelerar os acontecimentos será também julgada pela sua capacidade de avaliar a tempo e objectivamente os acontecimentos e intervir de forma correspondente.

O papel dirigente do Partido, na prática e não só no âmbito das declarações, existe também após a queda do poder do capital como acto primeiro da transição do processo revolucionário para um novo
período da luta de classes. Isto tem a ver tanto com a abolição das relações capitalistas e a formação das novas relações socialistas como com o confronto com a reorganização nacional e estrangeira da
violência capitalista.

O Partido pretende que o poder operário revolucionário conte com o apoio dos movimentos revolucionários e populares de países vizinhos e outros, contra os Estados capitalistas que tentam deitar abaixo estes movimentos. Pretende formar um centro revolucionário comum pelo menos entre os países vizinhos, sempre e quando existam condições adequadas.

O Partido, firmemente comprometido com o internacionalismo proletário, expressa de maneira prática o seu apoio ao movimento revolucionário de outros países.

Cumpre com o seu dever revolucionário sem o invalidar em nome de dificuldades que derivam da correlação internacional de forças na luta de classes, sem considerar a correlação internacional de forças como algo invariável, imóvel.

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