sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

PS: o clube dos Vasconcelos

PS: o clube dos Vasconcelos

A. Costa do PS (1ºministro) recebe em Portugal dois agentes do capitalismo internacional e chefes do imperialismo norte-americano, o fascista Mike Pompeo e o genocida Benjamin Netanyahu, fazendo lembrar a célebre (tristemente) Cimeira dos Açores onde o lacaio de libré Barroso recebeu reverentemente os chefes da altura do mundo capitalista ocidental na preparação da invasão e posterior destruição de um país soberano, o Iraque. É o lacaio que recebe o amo, acompanhado pelo ajudante, um ex-trotskista trauliteiro Santos Silva, não é o encontro de três chefes de estado em igualdade de circunstâncias e de poder, é o preito de vassalagem.

Esta atitude de subserviência ficou bem atestada, mais uma vez, na comparência e intervenção do chefe do PS “português” (apenas no registo) na festa do 70º aniversário da OTAN (NATO na sigla inglesa e adoptada há muito por todos os órgãos de informação nacionais). O Costa achou que o debate entre os líderes das potências presentes foi “franco, tranquilo e sereno”, como conversa entre velhos amigos, iludindo as profundas divergências existentes entres os diversos países presentes, principalmente entre França, EUA e Turquia, e a sua posição de subalterno que foi receber ordens. A unanimidade foi justificada: “todos reafirmarem a unidade e a confiança acrescida na solidariedade transatlântica”.

Uma solidariedade entre o patrão do lado de lá do Atlântico e uma União Europeia dócil (perante o mais forte) que, sob a bandeira da defesa contra possíveis e imagináveis inimigos, usa a NATO como o que ela sempre foi, um instrumento de ingerência e agressão contra os povos na prossecução e salvaguarda do saque – a morte dos soldados franceses no Mali não deixou de ser apresentada como o exemplo e o sacrifício da “defesa das liberdades” (para roubar) ocidentais. A NATO “não atravessa nenhuma crise existencial”, no entanto, Trump não deixará de exigir a comparticipação de 2% do PIB de cada um dos países para o seu financiamento, um dos muitos impostos imperiais.

A.Costa faz questão de mostrar que é um lacaio de corpo, e tempo, inteiro, em vez de estar presente na capital do país, nas comemorações da Restauração da Independência, ausentou-se para receber no Reino de Espanha um prémio pela “defesa dos valores socialistas” (?!), e de seguida rumou para a capital do Reino para participar na Cimeira Mundial do Clima (COP25), acompanhado pelo ministro que é, provavelmente, um dos mais corruptos e lacaios que passaram pela governação portuguesa, o incontornável Matos Fernandes. E não se inibiu de dizer que "o tempo é curto" porque "há uma ameaça contra a própria humanidade" e "vale a pena agir"; desplante não falta para quem se prepara para construir um aeroporto em pleno estuário do Tejo, autorizou as dragagens no rio Sado e concessionou a exploração do lítio, obras todas a ser realizadas por empresas estrangeiras, embora com alguns intermediários chico-espertos nacionais, ou seja, tudo o que é totalmente contrário aos interesses do povo português e destruidor do meio ambiente.

O ministro do Ambiente, artista sem vergonha, soube dizer em Setembro que a retenção da água no Tejo por parte do governo espanhol, em frontal e completo desrespeito pelos acordos estabelecidos entre os dois países, não era problema e, depois de confrontado com uma realidade impossível de iludir, vem agora declarar que o problema será resolvido neste mês de Dezembro. Estará à espera que chova, ou de algum outro milagre, contando que o problema seja atirado para o esquecimento, tal como aconteceu com a poluição do Tejo pela Celtejo, empresa do universo da Cofina que não paga os impostos que deve ao estado português. Empresa que ainda espera receber mais alguns milhões pelos órgãos de informação que possui, a que acrescentará a TVI, numa monopolização descarada da informação em Portugal, se o apelo do PR Marcelo for aceite neste Orçamento de Estado e seja previsto mais uma “ajuda”, agora, aos media on-line privados – já não chegavam os bancos! Em relação à poluição do Tejo, ficou-se sem saber ao certo das conclusões das inquirições oficiais, apenas se soube que a multa determinada pelo tribunal foi substituída por uma “repreensão” escrita – tal terá sido a propina por debaixo da mesa?! Este caso, também, revela à evidência a política na prática do Costa do PS quanto à descarbonização do país. E quanto ao patriotismo e isenção dos órgãos de informação (propaganda) do regime ficamos de igual modo esclarecidos quando vemos uma SIC Notícias “noticiar” que o 1º de Dezembro é “cerimónia comemorativa da implantação da Republica” – não será só iliteracia.

Alguns dias antes das comemorações que a imprensa dita “de referência” diz que se realizam sem o entusiasmo ou até com a ausência dos “populares”, o primeiro-ministro espanhol, o companheiro socialista de Costa e seus “muchachos”, teve mais que a ousadia, a arrogância de apresentar uma “queixa formal” (ao PS português) por ter apoiado uma moção na Assembleia Municipal de Lisboa (AM) denunciando a repressão sobre o povo da Catalunha e exigindo a liberdade dos presos políticos, acusando os socialistas de cá de “profunda ignorância” da realidade espanhola. Claro que de imediato a reacção não se fez esperar por parte do executivo lisboeta, não para repudiar a arrogância e a ingerência espanhola, mas para reafirmar que a Câmara Municipal não é responsável pelas decisões tomadas por reuniões de vereadores ou deliberações da AM, e mais ainda: “A posição da Câmara Municipal de Lisboa é a este respeito inequívoca: total respeito pela soberania do estado espanhol, da sua constituição, das suas leis e do funcionamento das suas instituições”. Costa e Matos Fernandes não estão sós, o Medina e ajudantes não ficam atrás na subserviência e na sabujice. Ah, o Medina ainda está a pensar se o story centre dedicado ao bacalhau, a construir na Praça do Comércio, vai ter nome em português, Centro da História do Bacalhau, ou em inglês: “Temos de ver se o nome fica em inglês ou português”.

A. Costa foi premiado pela “defesa dos valores socialistas”, ao que parece estes valores deverão ser, atendendo à realidade, continuar a aceitar as imposições da troika de dar dinheiro ao fundo abutre Lone Star para controlo total do Novo Banco, já foram torrados 8,8 mil milhões de euros, continuar a aceitar as imposições de Bruxelas quanto às regras orçamentais, dar privilégios fiscais às grandes empresas, nomeadamente multinacionais, manter a degradação dos serviços públicos para recapitalizar empresas privadas de vários sectores, não revogar as alterações ao Código do Trabalho para aumentar os lucros dos acionistas das empresas nacionais e estrangeiras, sendo completamente enganador o discurso de subida salarial, em particular do salário médio, até 2023. O que é desmentido de imediato pelo super-ministro da Economia Siza Vieira quando este manifesta a pretensão de se estabelecer metas salariais inferiores (2,7%) ao que o mercado (os patrões) estaria disposto a dar ou o que seria justo para atingir os níveis anteriores à intervenção da troika (acima dos 4%). O Costa tanto é lacaio lá fora como cá dentro.

E A. Costa já se disponibilizou a dar ao patronato as devidas “compensações”, que não serão apenas provenientes dos fundos europeus, mesmo estes são uma pequena parte do saque perpetrado sobre o povo trabalhador português através da exploração da barata mão-de-obra nacional, da dívida soberana e da desigual balança comercial entre Portugal e a Alemanha, grandemente a favor desta, e que servem para comprar fidelidades e vassalagem políticas – a União Europeia é um projecto da burguesia nacional no seu todo. Não é por acaso que os políticos ao serviço do regime passam facilmente dos cargos governativos para os conselhos de administração das grandes empresas nacionais e estrangeiras, tanto faz, o dinheiro não tem cor nem cheiro, e exemplos não faltam e são transversais aos principais partidos do poder que não são só os da governação. Depois venham queixar-se que os “populismos” estão a aí e que o povo não vota, diz o estudo Abstenção e participação eleitoral em Portugal : considerando os 20% mais pobres e os 20% mais ricos (cidadãos eleitores), a participação eleitoral destes dois grupos foi bastante semelhante até 2002 nas eleições legislativas, mas a partir daí, a participação dos mais ricos sobe, enquanto a dos mais pobres desce. Concluindo que os mais pobres já deixaram de acreditar no regime. Falta agora uma direcção política de classe e revolucionária.

Partilhado de WWW.osbárbaros.org

04 de Dezembro 2019

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por favor nâo use mensagens ofensivas.