O sistema capitalista amarga, desde
2008, sua mais profunda crise econômica. Esta crise afetou as grandes
potências e demais países do mundo. Desde seu início, a política adotada
pelos governos de plantão foi a de transferir o peso da crise para os
ombros da classe trabalhadora e os pobres por meio de retiradas de
direitos e programas que ficaram conhecidos como austeridade ou ajuste
fiscal, que nada mais são do que cortar investimentos em educação,
saúde, moradia, etc. Com isso, foi possível transferir os recursos para
os bancos e grandes empresas com a chamada “dívida pública” e outros
mecanismos.
Vários governos injetaram recursos
diretamente nas empresas e até chegaram a estatizar bancos para
salvá-los com recursos públicos e depois devolvê-los para a iniciativa
privada, ou seja, para os ricos. No Brasil várias empresas e bancos
receberam recursos públicos, como é o caso do Banco Panamericano e da
Ford, que, após receber mais de R$ 8 bilhões do Governo Federal (Lula,
PT) e do Governo do Estado de São Paulo (José Serra, PSDB), demitiu
centenas de trabalhadores sem nenhum constrangimento ou punição.
Nenhuma lei proibindo demissões ou
garantindo direitos aos trabalhadores e ao povo pobre foi aprovada nesse
período, mostrando o caráter de classe do Estado.
Apesar de já se passarem 11 anos do
início da crise, a economia capitalista não experimentou uma recuperação
e se encontra sempre em uma depressão mais profunda que a anterior. A
conclusão é uma só: os ricos e suas medidas capitalistas não são capazes
de resolver a crise que eles mesmos criaram; o máximo que fazem é usar
os governos para salvar bancos e empresas à custa da vida do nosso povo.
Essa política tem sido, no Brasil e no
mundo, uma política assassina, como mostra o crescimento do número de
pessoas com fome, o crescimento avassalador do desemprego, a piora dos
serviços públicos.
Para garantir essa política econômica, o
que assistimos no terreno político foi o crescimento da repressão aos
movimentos sociais e a realização de golpes militares e institucionais,
financiados e articulados principalmente pelo imperialismo
estadunidense. Também a socialdemocracia, que se apresentava como uma
alternativa aos governos “neoliberais”, o que fez foi se colocar como
tropa de choque dos interesses dos bancos e empresas, retirando
direitos, reprimindo as greves, etc.
É nesse contexto que apareceu a pandemia
da Covid-19. Portanto, não passa de uma brincadeira sem graça dizer que
“a quarentena proposta pela OMS não deve ser seguida, pois a economia
não pode parar”. Não passa de mais um grito de uma burguesia desesperada
para manter sua taxa de lucro e que nunca se importou nem se importará
com a vida das pessoas pobres.
Mas como então resolver a crise econômica e, agora, essa crise sanitária?
A crise econômica que assola o mundo é a
chamada crise de superprodução do sistema capitalista e ela existe
porque o modo de produção capitalista busca a todo tempo o lucro. Para
aumentar seus lucros, os capitalistas demitem os trabalhadores sempre
que surge um novo maquinário que permita isso e reduzem os salários
(direta ou indiretamente, a exemplo das terceirizações).
Com o crescimento do desemprego e a
redução dos salários, a capacidade dos trabalhadores e trabalhadoras de
comprar os produtos que eles mesmos produzem diminui e estes produtos
passam a sobrar nas fábricas e nas lojas. Junto a isso, produz-se em
excesso aquilo que é mais lucrativo, sem se levar em conta as
necessidades reais. Portanto, produz-se em excesso algo que a sociedade
precisa pouco; a mesma coisa acontece com o inverso.
Logo, a crise não é uma fatalidade
dentro do sistema capitalista, mas uma tendência. Ou seja, só é possível
acabar com as crises se acabarmos com o modo de produção capitalista e o
substituirmos pelo modo de produção socialista.
O socialismo é o sistema dos
trabalhadores e trabalhadoras no poder. Nele, o objetivo da produção
deixa de ser o lucro e passa a ser o de suprir as necessidades da
sociedade. Com isso, a produção deixa de ser anárquica e passa a ser
planificada, ou seja, organizada de acordo com o que precisamos para
viver e de forma que todas e todos tenham trabalho. A introdução de um
maquinário mais moderno deixa de representar demissões e passa a
possibilitar a redução da jornada de trabalho. O lucro do patrão é
substituído pela divisão das riquezas pelo povo que as produz.
No caso de uma crise sanitária como a
que vivemos, cabe também a reflexão. É tão difícil produzir em
quantidade suficiente o álcool em gel e as luvas e máscaras que estão em
falta no mercado, sendo vendidos a preços absurdos? Claro que não. Mas
somente em uma sociedade onde os interesses do povo estejam acima do
lucro. E a saúde pública? Não seria mais fácil combater uma pandemia se
metade do orçamento do Governo Federal não tivesse comprometido com o
pagamento de juros de uma dívida pública, que é, na verdade, um
mecanismo de transferência dos nossos recursos para os bancos? Sim,
seria, e assim será.
Será, mas não por obra divina nem sem
esforço organizado. A transformação da sociedade capitalista em
sociedade socialista, especificamente a derrubada da primeira e a
construção da segunda, é possível apenas pela mudança da classe que está
no poder, a saída da classe dos capitalistas para que este poder seja
assumido pela classe trabalhadora.
Para uma classe retirar a outra do poder
e tomá-lo para si é necessária uma revolução social. Qualquer projeto
político hoje, depois de 11 anos de uma crise econômica sem solução, que
não proponha uma revolução socialista e a tomada de poder pela classe
trabalhadora é um projeto político de manutenção do sistema capitalista,
portanto, um projeto de exploração, de fome e de mortes.
Original encontra-se em "www.averdade.org.br
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