Por: V. P. Tchertkov
Segundo a definição do camarada Stálin,
o marxismo é
"a ciência das leis do
desenvolvimento da natureza e da sociedade, a ciência da revolução das massas
oprimidas e exploradas, a ciência da vitória do socialismo em todos os países,
a ciência da construção da sociedade comunista.”(1)
Orientando-se por essa grande ciência
revolucionária, o Partido de Lênin e Stálin definiu com clareza os caminhos a
percorrer na luta dos trabalhadores pela libertação do jugo dos latifundiários
e dos capitalistas, levou os operários e os camponeses à vitória sobre os
exploradores, conduziu o povo soviético pela estrada ampla e clara do
comunismo, tornou o país soviético poderoso e invencível, transformando-o no
baluarte mundial da paz, da democracia e do socialismo.
O materialismo dialético é a única
concepção científica do mundo e constitui o alicerce teórico do comunismo.
No trabalho Sobre o Materialismo
Dialético e o Materialismo Histórico, o camarada Stálin dá a segunda definição
do materialismo dialético:
"O materialismo dialético é a
concepção do mundo do Partido marxista-leninista. Chama-se materialismo
dialético porque seu modo de abordar os fenômenos da natureza, seu método de
estudar esses fenômenos e de conhecê-los é dialético, e sua interpretação, sua
compreensão dos fenômenos da natureza, sua teoria é materialista."(2)
A criação, por Marx e Engels, do
materialismo dialético foi um grande feito científico. Marx e Engels
generalizaram e reelaboraram criticamente as conquistas do pensamento
filosófico, generalizaram e reinterpretaram criadoramente as conquistas das ciências
naturais e sociais, bem como toda a experiência da luta das massas
trabalhadoras contra a exploração e a opressão.
Utilizando tudo aquilo que de melhor
havia sido acumulado pela humanidade durante os milênios anteriores, Marx e
Engels realizaram uma reviravolta revolucionária na filosofia, criaram uma
filosofia qualitativamente nova.
A essência da reviravolta revolucionária
realizada na filosofia pelos fundadores do marxismo reside em que a filosofia
se tornou, pela primeira vez na história da humanidade, uma ciência que arma os
homens com o conhecimento das leis do desenvolvimento da natureza e da
sociedade e que serve de instrumento de luta pela vitória do comunismo. Os
sistemas filosóficos do passado se caracterizavam pelo fato de que seus criadores,
incapazes de elaborar um quadro único e harmonioso do mundo, amontoavam
indistintamente os mais variados fatos, conclusões, hipóteses e simples
fantasias, pretendiam conhecer em última instância a verdade absoluta e
limitavam assim, na sua essência, o vivo processo de conhecimento, pelo homem,
das leis da natureza e da sociedade.
A descoberta feita por Marx e Engels
assinalou o fim da velha filosofia, que ainda não se podia chamar de
científica, e o começo do período novo, científico, da história da filosofia. A
filosofia marxista não é uma ciência acima das outras ciências.
O materialismo dialético é um
instrumento de pesquisa, um método que penetra todas as ciências da natureza e
da sociedade e, por sua vez, constantemente se enriquece com as novas
conquistas das ciências e da atividade prática de construção do socialismo e do
comunismo.
O marxismo marca também uma etapa
qualitativamente nova na evolução do pensamento filosófico, no sentido de que
somente com o marxismo a filosofia se tornou uma bandeira das massas.
J. V. Stálin ensina que o marxismo
"não representa simplesmente uma
doutrina filosófica. É a doutrina das massas proletárias, sua bandeira; os
proletários de todo o mundo a veneram e se 'inclinam' diante dela. Por
conseguinte, Marx e Engels não são simplesmente fundadores de uma ‘escola' filosófica
qualquer: são os chefes vivos do movimento proletário vivo, que cresce e se
fortalece dia a dia”.(3)
Foi por isso que A. A. Jdânov,
criticando, no debate sobre filosofia, a errônea interpretação da história da
filosofia como simples substituição de uma escola filosófica por outra,
observou que"com o aparecimento do marxismo
como concepção científica do mundo, própria do proletariado, termina o velho
período da história da filosofia, o período em que a filosofia era uma ocupação
de indivíduos isolados, um patrimônio de escolas filosóficas compostas de
pequeno número de filósofos e seus discípulos, encerrados em si mesmos,
desligados da vida e do povo, estranhos ao povo.
O marxismo não é uma escola filosófica
desse tipo. Ao contrário, é a superação da velha filosofia, que era patrimônio
de uns poucos eleitos — da aristocracia do espírito — e o começo de um período
inteiramente novo na história da filosofia, em que essa se torna uma arma
científica nas mãos das massas proletárias que lutam pela sua libertação do
capitalismo?(4)
Ao ganhar as massas, as ideias da
filosofia marxista se tornam uma força material. As doutrinas filosóficas
anteriores ao marxismo não tinham e não podiam ter essa força.
A profunda diferença dos princípios
entre o materialismo dialético como filosofia marxista e os sistemas
filosóficos anteriores reside em que o materialismo dialético serve de poderoso
instrumento de influência prática sobre o mundo, instrumento de conhecimento e
de transformação do mundo.
Marx afirmou, já no começo de sua
atividade revolucionária, que se nos velhos tempos tomavam os filósofos por
tarefa apenas explicar o mundo desta ou daquela maneira, deve a filosofia nova,
revolucionária, transformá-lo. Sob a bandeira do marxismo-leninismo, o Partido
Comunista da União Soviética e o povo soviético modificaram radicalmente a
fisionomia da velha Rússia. O materialismo dialético, criado por Marx e Engels
e desenvolvido por Lênin e Stálin, é uma poderosa arma teórica nas mãos da
classe operária que luta contra o capitalismo, pelo socialismo e pelo
comunismo.
★ ★ ★
Uma concepção do mundo é um sistema de
ideias sobre o mundo em seu todo, são os princípios básicos segundo os quais os
homens abordam e explicam a realidade que os cerca e pelos quais se orientam em
sua atividade prática.
Por maiores que sejam as descobertas
feitas nos diferentes setores da natureza, elas ainda não fornecem nem podem
fornecer uma compreensão única da natureza, uma interpretação desta como um
todo. Poderão, por exemplo, determinadas descobertas no domínio dos fenômenos
químicos, determinadas leis químicas constituir uma concepção do mundo,
fornecer uma compreensão da natureza em seu todo? Evidentemente não, porque,
por mais importantes que sejam, só são válidas dentro de limites bastante
restritos — o setor dos fenômenos químicos — e não revelam a essência de uma
grande quantidade de outros fenômenos.
O mesmo se pode dizer de todas as demais
ciências. Nenhuma das chamadas ciências concretas pode dar uma ideia total do
mundo, pode dispensar a necessidade da elaboração de uma concepção total do
mundo.
Houve na História muitas tentativas de
criar um quadro completo do mundo por meio da extensão das leis de uma das
ciências concretas a todos os fenômenos da natureza e da sociedade. Assim, no
século XVIII, os filósofos não só estendiam as leis da mecânica a todos os
fenômenos da natureza, como tentavam interpretar, por meio delas, os fenômenos
sociais. Na segunda metade do século XIX, teve ampla divulgação na filosofia e
sociologia burguesas a transplantação para a sociedade das leis do darwinismo,
criando-se assim a base teórica para que a sociologia enveredasse por uma
orientação tão reacionária como o darwinismo social.
Por vezes, verificava-se também o
oposto, isto é, tentativas de estender as leis sociais aos fenômenos da
natureza. A vida dos insetos, por exemplo, era comparada à atividade do Estado;
afirmava-se que "também os animais trabalham”, etc.
As tentativas de aplicação das leis
peculiares a certos fenômenos a outros são anticientíficas e reacionárias. Este
gênero de teorias profundamente reacionárias encontra grande campo de
desenvolvimento na época do imperialismo, quando os defensores do capitalismo
em decomposição deturpam conscientemente a ciência, esforçando-se por justificar,
custe o que custar, o capitalismo e as guerras de agressão e de rapina.
Para elaborar uma concepção do mundo
completa e total, é necessário generalizar as leis da natureza e da sociedade,
descobrir leis gerais inerentes a todos os fenômenos, objetos e processos da
realidade — leis que possam servir de princípios diretores e de ponto de
partida para abordar-se os mais diversos fenômenos da realidade. A descoberta
de leis desse tipo, a elaboração do método de abordar a realidade e de
interpretá-la é tarefa de uma ciência especial — a filosofia.
Intervindo no debate sobre filosofia, em 1947, A. A. Jdânov afirmou:
"A história cientifica da filosofia
é, por conseguinte, a história do nascimento, origem e desenvolvimento da
concepção materialista e científica do mundo e de suas leis."(5)
A história da origem e desenvolvimento
da concepção científica do mundo não é um processo autônomo qualquer de
desenvolvimento de ideias puras, que saiam umas das outras. Na realidade, as
diversas descobertas no domínio da filosofia representam sempre a generalização
— consciente ou inconsciente — dos conhecimentos reais sobre a natureza, o
reflexo — consciente ou inconsciente — de determinadas necessidades do
desenvolvimento da vida social.
Engels afirma que: "não foi, de forma alguma, a força
da ideia pura que impulsionou os filósofos, como eles imaginavam. Ao contrário,
o que na realidade os impulsionou foi, principalmente, o progresso formidável e
cada vez mais impetuoso das ciências naturais e da indústria."(6)
O processo de desenvolvimento do
pensamento filosófico foi influenciado não só pela produção, não só pelo
desenvolvimento das forças produtivas, como também pelas relações de produção,
pelas relações sociais entre os homens. As ideias filosóficas, como
superestrutura erguida sobre a infraestrutura real de tal ou qual sociedade,
representam sempre e em toda parte o reflexo deturpado, na cabeça dos homens,
das transformações ocorridas na esfera da produção e das conquistas das
ciências naturais.
Essa deturpação, nas formações sociais
em que existem classes antagônicas, é condicionada pelo caráter das relações
sociais, pela posição de classe dos autores dos sistemas e doutrinas. A luta
entre as classes, a luta entre as forças sociais progressistas e reacionárias
encontra expressão na filosofia como luta entre correntes ideológicas opostas.
Assim, posto que a sociedade se dividia em classes hostis e era impulsionada
pela luta entre as mesmas, a história do pensamento filosófico se apresentava
como história da luta entre ideias, luta que refletia a história da luta de
classes.
O materialismo surgiu e se desenvolveu
em áspera luta contra o idealismo e contra as diferentes correntes idealistas.
Toda a história da filosofia é a história da luta entre os principais campos e
partidos da filosofia, a qual reflete o conflito entre as classes sociais e os
partidos que representam seus interesses.
Lênin afirmou:
"A filosofia moderna está tão
impregnada do espírito de partido como a de dois mil anos atrás.”(7)
Assim, a história da filosofia é a
história da luta entre dois campos opostos — o materialismo e o idealismo. Os
materialistas visam a uma interpretação correta da realidade, partindo das
próprias leis da realidade, da natureza. Ao contrário, os idealistas tentam
explicar o mundo, a natureza, não a partir dela mesma, mas com a ajuda de
forças ideais fictícias que, em última instância, são forças divinas.
O concepção idealista do mundo é tão
anticientífica e reacionária como a religião, que tem raízes comuns com o
idealismo. O idealismo considera o mundo como encarnação da "ideia
absoluta”, da "razão universal”, da "consciência”. Do ponto de vista
do idealismo, os fenômenos e objetos da natureza que nos cercam — todo o mundo
em seu conjunto —não existem por si mesmos, mas são produto de forças do outro
mundo pretensamente acima da natureza.
Os idealistas, particularmente os idealistas
do tipo do filósofo alemão Hegel, falam muito na unidade do mundo e em que
conseguiram elaborar uma interpretação única e completa da realidade. Mas isso
são meras palavras. Na realidade, os idealistas não estão em condições de
encontrar uma unidade real entre todos os fenômenos do mundo e falam de uma
unidade fictícia, inteiramente fantástica.
Todo idealismo, quer forneça um quadro
do mundo à base de forças do outro mundo, sobrenaturais, ou considere a
consciência humana como o primário, leva inevitavelmente à religião, ao
clericalismo. Não é casual, portanto, que o próprio idealista Hegel tenha
falado da "razão universal” como ideia do "portador do mundo”, isto
é, de Deus, e os machistas tenham, de fato, representado o papel de lacaios do
obscurantismo clerical. Todos os idealistas apelam, de uma maneira ou de outra,
para a religião. O idealismo se confunde intimamente com a religião. Nisto
reside a essência reacionária, hostil à ciência, da concepção idealista do
mundo.
As concepções abertamente religiosas,
que pretendem igualmente assumir o papel de concepção do mundo, são também, por
certo, idealistas. A concepção religiosa do mundo, que deturpa o quadro real do
mundo, é totalmente reacionária. Tanto a religião como o idealismo servem à
burguesia como instrumento de escravização espiritual dos trabalhadores.
A religião afirma que os diversos
fenômenos da natureza e da sociedade são únicos porque todos eles são
"criados por Deus” e devem a Deus toda a sua existência. Entretanto, essa
"unidade” interpretada pelos teólogos é fictícia, fantástica. Como
demonstra a ciência e a atividade prática diária dos homens, os objetos e
fenômenos da realidade existem independentemente de forças do outro mundo,
quaisquer que sejam. Ao afirmar que o mundo foi criado por uma força superior,
a concepção religiosa do mundo não vê a ligação que realmente existe entre os
diferentes fenômenos da natureza, que se condicionam mutuamente e dão origem um
ao outro.
A concepção única do mundo deve ser
buscada não na imposição artificial das leis inerentes a certos fenômenos, a
fenômenos inteiramente diferentes, nem numa "unidade” imaginária,
fantástica, divina ou em qualquer outra "unidade” sobrenatural, mas na
unidade real entre as próprias coisas e fenômenos da natureza viva e inanimada.
A concepção materialista do mundo em sua
forma moderna, superior — o materialismo dialético — é a única concepção
científica do mundo. Lênin escreveu que a doutrina de Marx:
"é completa e harmoniosa,
fornecendo aos homens uma concepção total do mundo, incompatível com qualquer
superstição, com qualquer reação e com qualquer defesa da opressão
burguesa.''(8)
Todavia, antes que se tornar-se possível
a criação da concepção dialética e materialista do mundo, teve a ciência que
percorrer um longo e tortuoso caminho de desenvolvimento e criar as premissas
necessárias para essa grande descoberta.
O camarada Stálin afirma que:
"o materialismo dialético é um
produto do desenvolvimento das ciências, inclusive da filosofia, durante o
período precedente."(9)
Na base do desenvolvimento da vida
social e, sobretudo, dos êxitos alcançados no processo de produção dos bens
materiais, verificaram-se novas e novas conquistas das ciências naturais,
descobertas no domínio da interpretação dialética e materialista da natureza e
tentativas de sua generalização filosófica.
Todos os êxitos alcançados pelas
ciências naturais e pela filosofia foram, em última análise, provocados pelas
necessidades da produção. Engels afirma que a origem e o desenvolvimento das
ciências foram condicionados desde o início pela produção, pelas necessidades
práticas da sociedade. Foi justamente o desenvolvimento da produção social no
período do regime escravista que deu nascimento, nos primeiros tempos, a uma
ciência ainda rudimentar e não diversificada, da qual faziam parte também as
ideias filosóficas.
As primeiras tentativas no sentido de
elaborar uma concepção única do mundo tiveram lugar ainda na remota antiguidade
— na China e Índia antigas e, posteriormente, na Grécia antiga. Os filósofos da
Grécia antiga, materialistas e dialéticos, consideravam que o mundo não fora
criado por nenhum Deus e que existe independentemente da consciência dos
homens. O mais eminente deles, Heráclito, ensinava que o mundo é um todo único
e que todos os fenômenos têm origem no fogo e voltam ao fogo.
Os pensadores da antiguidade tinham uma
ideia tão geral da natureza que não viam as profundas diferenças existentes
entre seus diversos fenômenos. Sua concepção da natureza ainda era ingênua.
Entretanto, a ideia de que a natureza existe por si mesma e está em constante
transformação era extremamente produtiva e progressista, não surgiu em vão e
deixou profunda marca na história da ciência.
Os filósofos materialistas franceses do
século XVIII — Diderot, Helvetius, Holbach, etc. — fizeram uma ousada tentativa
de descrever um quadro único do mundo.
Sendo ideólogos da burguesia do período
ascensional — em que ela era uma classe progressista que impulsionava o
desenvolvimento das forças produtivas da sociedade — os materialistas franceses
defendiam as ideias filosóficas avançadas, isto é, manifestavam-se firmemente
contra a interpretação religiosa do mundo e tentavam explicar, em bases
científicas, todos os fenômenos da natureza. O nível de desenvolvimento da
ciência ainda não possibilitava, contudo, naquela época, descobrir a verdadeira
interdependência entre os fenômenos da natureza, não possibilitava observar as
complexas transições dialéticas de uns fenômenos a outros, o processo de
transformação de uns fenômenos em outros. Por isso, os filósofos materialistas
franceses do século XVIII, sendo em geral metafísicos, faziam apenas conjeturas
isoladas a respeito do desenvolvimento. Além disso, os pensadores franceses,
falseando suas próprias intenções de mostrar o mundo como um todo único, caíam,
ao examinar os fenômenos sociais, em posições idealistas porque não sabiam
descobrir as bases materiais da vida social. É claro que a concepção do mundo própria
do materialismo francês não era e não podia ser consequente, estritamente
científica e completa.
O desenvolvimento posterior das ciências
naturais e da prática social deu novo impulso ao desenvolvimento do pensamento
filosófico.
Como afirma Engels, em fins do século XVIII e começo do século XIX:
"a geologia, a embriologia, a
fisiologia animal e vegetal e a química orgânica, se desenvolviam, e (...), na
base dessas novas ciências, já por toda parte surgiam conjeturas geniais, que
anunciavam uma avançada teoria da evolução (...)".(10)
Dessa forma, o desenvolvimento das
ciências naturais, refletindo os êxitos no desenvolvimento da produção,
apresentava sempre e em escala cada vez mais ampla o problema da interpretação
dialética da natureza.
No primeiro terço do século XIX, Hegel
tentou ligar todos os fenômenos do mundo à ideia da comunidade de seu
desenvolvimento. Essa tentativa não foi coroada de êxito, porém. A filosofia
idealista de Hegel foi uma reação contra o materialismo francês. Ideólogo da
burguesia alemã atemorizada pelo movimento das classes não privilegiadas e
exploradas da sociedade, Hegel foi um pensador conservador. E embora Hegel
tivesse conhecimento das mais importantes conquistas das ciências de sua época
e tivesse tirado da realidade objetiva a própria ideia do desenvolvimento
universal, apresentava tudo isso, em virtude do caráter reacionário de suas
ideias políticas, de forma deturpada.
Hegel afirmou que a unidade do mundo não
está em sua materialidade, mas no fato de tudo ser produto do espírito.
Declarou que todos os fenômenos da natureza são graus do desenvolvimento da
"ideia absoluta”, por ele inventada. Assim, segundo seu sistema, o mundo
tem princípio e fim, seu desenvolvimento "começa” a partir do momento em
que o "espírito universal” inicia o processo de seu
"autoconhecimento” e "termina” quando o mesmo "espírito
universal”, representado pela filosofia do próprio Hegel, conclui seu
"autoconhecimento”.
Por esse motivo, a dialética idealista
de Hegel não era nem podia ser um método científico de conhecimento. A
dialética de Hegel achava-se voltada para o passado e não para o futuro. Hegel
negava o desenvolvimento da natureza e esforçava-se por acabar com o
desenvolvimento da sociedade, eternizando na Alemanha o Estado dos junkers
prussianos chefiado por Frederico Guilherme III.
Entretanto, a ideia do desenvolvimento,
embora limitada pelo sistema metafísico e compreendida por Hegel de maneira
deturpada, idealista, foi a "medula racional” de sua filosofia, sendo
aproveitada pela filosofia em seu desenvolvimento posterior.
Feuerbach — outro filósofo alemão que
representou grande papel na história do pensamento filosófico — tampouco criou
filosofia que fosse uma concepção científica e completa do mundo. Assim como
todos os materialistas anteriores a Marx, Feuerbach continuava a considerar de
maneira idealista os fenômenos e leis da sociedade, para não se falar no
caráter metafísico do seu materialismo.
Os filósofos russos Hertzen, Bielinski,
Tchernitchévski e Dobrolíubov foram, entre os filósofos do passado, os que mais
se aproximaram da concepção científica, dialética materialista do mundo. Os
pensadores russos foram democratas revolucionários que conclamavam as massas
populares à luta contra a ordem feudal. Ao mesmo tempo, os pensadores russos
submetiam a uma severa crítica o capitalismo, com sua falsa democracia e sua
falsa igualdade. Todos eles consideravam a filosofia como instrumento de luta
contra a desigualdade social e nacional.
É justamente pelo seu democratismo
revolucionário que se explica o fato de que houvessem submetido a uma aguda
crítica o idealismo hegeliano com seu temor a tudo que é avançado e
revolucionário. Como materialistas e dialéticos tinham uma ideia mais completa
do movimento da própria natureza "desde a pedra ao homem”, ressaltavam o
papel decisivo das massas populares no progresso social e expressavam
pensamentos geniais sobre as causas internas do desenvolvimento da sociedade.
Aproximando-se mais que outros da
concepção científica do mundo, os filósofos russos, no entanto, tal como todos
os demais materialistas anteriores a Marx, não souberam interpretar de maneira
materialista os fenômenos da sociedade — não podendo, assim, elaborar uma
concepção científica do mundo acabada e completa.
Somente os fundadores do comunismo, Marx
e Engels, criaram uma concepção do mundo realmente científica, que abrange
todos os fenômenos da natureza e da sociedade. Essa concepção do mundo é o
materialismo dialético, que só pôde ser criado num determinado nível do
desenvolvimento das ciências naturais e das ciências da sociedade e, sobretudo,
num determinado grau de maturidade da luta de classes do proletariado contra a
burguesia.
Os êxitos alcançados pelas ciências
naturais foram uma das premissas mais importantes para a criação do
materialismo dialético.
A primeira metade do século XIX foi
assinalada por grandes descobertas no domínio das ciências naturais. Entre
essas descobertas é necessário mencionar, antes de mais nada, a lei da
conservação e da transformação da energia.
A tese da unidade da natureza, da
eternidade da matéria e do movimento, foi fundamentada ainda no século XVIII
pelo fundador da ciência russa, M. V. Lomonóssov, que formulou então a lei da
conservação da matéria e do movimento. Em 1748, em carta a Eiler, Lomonóssov
escreveu que:
"todas as transformações se
verificam na natureza de tal maneira que aquilo que é acrescentado a alguma
coisa é retirado de outra, na mesma proporção. Assim, a quantidade de
substância adicionada a um corpo é retirada de outro, a quantidade de horas que
durmo é retirada da quantidade de horas em que permaneço acordado, etc. Essa
lei da natureza é tão geral que se estende também às regras do movimento: um
corpo, que impulsiona outro corpo e o põe em movimento, perde seu movimento na
mesma proporção em que o transmite ao outro corpo.”(11)
Aprofundando as teses de Lomonóssov
sobre a conservação da matéria e do movimento, o sábio russo G. G. Guess
estabeleceu em 1840 a lei fundamental que liga os fenômenos térmicos aos
químicos, dando assim a primeira formulação da lei da conservação e da
transformação da energia em relação a esses processos concretos. No começo da
década de 40, R. Mayer Joule, o sábio russo E. K. Lents e outros formularam a
lei geral da conservação e da transformação da energia, consolidando a
compreensão da unidade entre as diferentes formas do movimento da matéria.
O sábio russo P. F. Gorianínov, em
1827-1834, e a seguir o sábio tcheco Purkínie, em 1837, lançaram as bases da
teoria celular da estrutura dos organismos vivos. Em 1838-1839, os sábios
alemães Schleiden e Schwann desenvolveram a teoria celular, confirmando assim a
unidade entre todos os fenômenos da natureza orgânica.
Em 1859, Darwin apresentou a teoria da
evolução do mundo orgânico e, em 1869, o grande sábio russo D. I. Mendelêiev
criou o sistema periódico dos elementos químicos. Engels considerava a metade
do século XIX como um período do desenvolvimento das ciências naturais "em que o caráter dialético dos
processos da natureza impunha-se irresistivelmente, em que, por conseguinte,
somente a dialética podia ajudar as ciências naturais a superarem as
dificuldades da teoria.”(12)
Engels diz ainda:
"Liberta do misticismo, a dialética
torna-se uma necessidade absoluta para as ciências naturais, que deixavam
domínio em que bastavam as categorias fixas (...)(13)
Em suma, as ciências naturais exigem
insistentemente a passagem da metafísica à dialética, do idealismo ao materialismo,
que considera a natureza em seu desenvolvimento dialético.
O estudo dialético e materialista dos
fenômenos da natureza e da sociedade significa analisá-los tais quais são,
objetivamente.
Marx escreveu que o método dialético que
criou "não só é radicalmente diferente do
hegeliano, como é mesmo seu oposto direto. Para Hegel, o processo do
pensamento, que ele chega a transformar, sob o nome de Ideia, em sujeito
independente, é o demiurgo (criador, edificador) do real, e este apenas a forma
fenomenal da Ideia. Para mim, ao contrário, o ideal não é nada mais do que o
reflexo do mundo material transplantado para a cabeça do homem e nela
transformado."(14)
Hegel considerava a dialética como a
ciência das leis do espírito absoluto, das leis da consciência. Para Marx, ela
é antes de tudo a ciência das leis da própria natureza e da sociedade. A
dialética não foi inventada por Marx ou criada do nada. Marx a descobriu nos
próprios objetos e fenômenos da natureza e da sociedade.
Para a criação de uma concepção
científica e completa do mundo não bastavam, porém, as ciências naturais. Era
para isso necessária certa madureza das relações sociais, a fim de que os
homens pudessem ver e compreender os móveis internos do desenvolvimento da
sociedade.
Ao contrário de todas as formações
sociais anteriores, as forças produtivas desenvolvem-se no capitalismo de
maneira extremamente impetuosa e, pela primeira vez, torna-se possível observar
que é justamente a produção que constitui a base do desenvolvimento social e
que as mudanças ocorridas na produção acarretam transformações em todos os
outros setores da vida social. Ao mesmo tempo, o capitalismo simplifica e põe a
nu as contradições de classe. Marx e Engels afirmaram no Manifesto do Partido
Comunista que a época burguesa substituiu a exploração velada por ilusões
religiosas e políticas "pela exploração aberta, direta,
brutal e cínica."
Essa circunstância permitiu estabelecer teoricamente o fato de que "as classes sociais que lutam entre si são, em cada momento, o produto das relações de produção e de troca; em uma palavra: das relações econômicas de sua época (. ..)”.(15)
A condição decisiva para a criação do
materialismo dialético foi o aparecimento de uma nova classe, o proletariado, e
sua atuação na arena histórica como força política independente.
As maiores manifestações revolucionárias
do proletariado nesse período foram os levantes de Lyon em 1831 e 1834, na
França; o movimento de massas dos operários na Inglaterra, que recebeu a
denominação de movimento cartista e que alcançou seu ponto culminante em
1838-1842, e o levante dos tecelões da Silésia em 1844, na Alemanha. Esses
acontecimentos históricos, afirma Engels, "provocaram uma reviravolta
decisiva na compreensão da História." Assim, sem o aparecimento, na arena
da História, da classe operária revolucionária, era impossível compreender
cientificamente a história da sociedade e, sem essa compreensão, era impossível
elaborar uma concepção científica do mundo.
Na sociedade capitalista, a classe
operária é a única que, por força de sua posição social, está interessada na
criação de uma concepção científica do mundo, de uma filosofia científica. À
classe operária cabe o papel histórico de derrubar o capitalismo e acabar para
sempre com todas as formas de escravidão econômica, política e espiritual,
estabelecendo sua ditadura e utilizando-a como alavanca para a construção da
sociedade comunista sem classes. A classe operária acha-se, por isso,
vitalmente interessada na criação de uma filosofia que forneça um quadro real
do mundo e que possibilite não só conhecer a história da natureza e da
sociedade e as leis de seu desenvolvimento no presente, como também prever a
marcha dos acontecimentos no futuro, dominar as leis da natureza e da sociedade
e obrigá-las a servir aos interesses de toda a humanidade. Isto explica o fato
de que as grandes conquistas das ciências na primeira metade do século XIX
serviram justamente aos ideólogos do proletariado, como material para a elaboração
de uma concepção científica do mundo. Por outro lado, em virtude de sua
situação de classe, os ideólogos da burguesia não chegaram, nem podiam chegar,
às conclusões necessárias que decorriam das descobertas científicas daquele
período.
Somente na transformação total e radical
das bases do regime capitalista e no movimento da sociedade para um regime
social novo, mais elevado, é que o proletariado encontra o caminho para
livrar-se da escravidão capitalista. É por isso que a doutrina dialética do desenvolvimento
e da transformação, da vitória do novo sobre o velho, é organicamente
assimilada pelo proletariado, como confirmação e esclarecimento de suas
aspirações de classe. O proletariado revolucionário e sua vanguarda, o Partido
Comunista, não veem nem podem ver outros meios de luta pelos seus objetivos
fora da luta de classes contra as forças reacionárias, contra os exploradores.
Para a classe operária a dialética materialista apresenta-se como a ciência que
ilumina a luta revolucionária das massas; é na doutrina dialética de que o
desenvolvimento é o resultado de contradições, da luta entre opostos, que o
proletariado encontra, sua arma teórica natural na luta contra o capitalismo e
pelo socialismo.
Marx afirma:
"Assim como a filosofia encontra no
proletariado sua arma material, também o proletariado encontra na filosofia sua
arma espiritual (.. .)(16)
Depois de terem reelaborado, de maneira
crítica, tudo o que de avançado e progressista já havia sido alcançado na
história do pensamento humano, Marx e Engels criaram, assim, uma completa
concepção científica do mundo, colocando-a a serviço dos interesses do
proletariado.
★ ★ ★
O materialismo dialético, como concepção
do mundo completa e científica, caracteriza-se pela unidade entre o método
dialético e a teoria materialista, pela unidade entre o método e a teoria. O
método dialético, criado por Marx e Engels e enriquecido e desenvolvido por
Lênin e Stálin, é uma das mais grandiosas conquistas da ciência.
V. I. Lênin e
J. V. Stálin ensinam que a dialética é a alma do marxismo. O proletariado
revolucionário e sua vanguarda — o Partido marxista — utilizam conscientemente
as leis da dialética e veem nela a arma para lutar pela aceleração do progresso
social.
O método do conhecimento não é algo
artificialmente criado e desligado da realidade objetiva; é constituído por
determinadas leis objetivas existentes na realidade, descobertas pelos homens
nas próprias coisas e fenômenos, e que servem de meio para seu conhecimento.
Os idealistas assumem posição oposta. Os
representantes de uma das escolas da moderna filosofia burguesa dos Estados
Unidos, que se dizem instrumentalistas, interpretam o método e a teoria do
conhecimento de maneira subjetiva, como muitos outros idealistas e
reacionários. Segundo esses inimigos da ciência, não existem leis objetivas na
natureza e na sociedade. Afirmam que o método do conhecimento é artificialmente
criado pelos homens, que é um instrumento "conveniente" por meio do
qual o homem dá forma aos fenômenos e ordena a natureza a seu modo.
Na realidade, porém, o método de
conhecimento não pode ser criado artificialmente. Como já afirmamos, o método é
constituído pelas próprias leis do desenvolvimento da natureza, descobertas,
fielmente compreendidas e conscientemente empregadas pelos homens no processo
do conhecimento.
Mas dentre as leis da natureza quais são
as que constituem o método de seu conhecimento?
Conhecemos leis matemáticas, físicas,
químicas, biológicas, fisiológicas e outras leis concretas, que atuam com
relação a determinados fenômenos naturais. Podem algumas dessas leis constituir
um método de conhecimento de todos os outros fenômenos? Não, não podem, porque
cada uma delas atua apenas em seu setor de conhecimento. Do que se trata é de
leis da natureza que, descobertas e fielmente compreendidas, tornem-se um
método geral de conhecimento de todos os fenômenos da natureza.
A história da filosofia e das ciências
em geral conhece uma grande quantidade de tentativas frustradas de criação de
um método universal de conhecimento. As tentativas mais frequentes foram feitas
no sentido de considerar as leis da matemática como método de pesquisa de todos
os fenômenos da natureza. E até hoje muitos sábios da burguesia mantêm esse
ponto de vista. A inconsistência de tais tentativas é, no entanto, evidente:
nenhum dos setores especiais do conhecimento, por mais importante e
pormenorizadamente desenvolvido que seja, pode, do ponto de vista dos
princípios, pretender o papel de método universal.
Somente o marxismo-leninismo descobriu o
único método científico e universal de conhecimento da natureza e da sociedade.
Este método é constituído pelas leis gerais que atuam com relação a todos os
objetos e fenômenos, sem exceção. São justamente essas leis que o
marxismo-leninismo considera como método universal de conhecimento.
Na Dialética da Natureza, Engels afirma que "a dialética é concebida como a ciência das leis mais gerais de todo movimento. Isso significa que suas leis devem ser válidas tanto para o movimento na natureza e na história humana como para o movimento do pensamento."(17)
Engels afirma ainda:
"É, portanto, da história da natureza e da sociedade humana que são abstraídas as leis da dialética. Elas nada mais são, precisamente, que as leis mais gerais dessas duas fases do desenvolvimento histórico, bem como do próprio pensamento.”(18)
Assim, as leis da dialética, como as
mais gerais e universais, encontradas sempre e em toda parte, constituem o
método de conhecimento dos fenômenos da natureza e da sociedade. A ciência
afirma, assim, que entre todos os fenômenos da natureza viva e inanimada existe
certa interdependência, que eles não estão isolados uns dos outros. Daí se
conclui, portanto, que os fenômenos da natureza animada e inanimada não devem
ser estudados isoladamente uns dos outros, mas em sua real ligação mútua.
A ciência afirma que em todos os fenômenos
da natureza animada e inanimada têm lugar processos de transformação, renovação
e desenvolvimento. O desenvolvimento é uma lei de todos os objetos e fenômenos
da natureza animada e inanimada. Trata-se, por conseguinte, de lei geral,
universal, que se manifesta sempre em toda parte. Bastou descobrir-se uma vez
essa lei geral das próprias coisas e fenômenos, e compreendê-la corretamente —
coisa que Marx e Engels foram os primeiros a fazer na ciência — para que se
tornasse possível empregar essa lei objetiva da natureza como método de
pesquisa e orientar-se conscientemente por ela no estudo de todos os fenômenos
da natureza, da sociedade e do pensamento.
O mesmo se deve dizer da lei dialética
da unidade e luta entre os contrários. O marxismo demonstrou, sob todos os
ângulos, que a luta de contrários é a origem interna do desenvolvimento de
todos os fenômenos da natureza animada e inanimada. Essa lei da dialética
também é geral e universal. É por isso que o conhecimento dessa lei possibilita
caminhar com segurança na pesquisa de fenômenos novos, ainda desconhecidos para
nós, ensinando-nos a procurar a origem do desenvolvimento dos mesmos não em
forças externas, de um outro mundo, mas no caráter internamente contraditório
dos próprios fenômenos.
Conclui-se, assim, que graças ao
conhecimento de leis gerais já descobertas e corretamente compreendidas — as
leis da dialética — a pesquisa das leis concretas tornou-se consideravelmente
mais fácil; os homens as procuram com segurança e as encontram. Nisto consiste
a significação orientadora e metodológica do método dialético, o seu papel como
poderoso e fiel instrumento para o conhecimento da verdade.
Na dialética materialista, tem o Partido
marxista não só um método para a explicação dos fenômenos da vida social, como
também os princípios que o orientam na procura dos caminhos e meios para a
transformação desses fenômenos.
O método dialético é um método de ação
revolucionária. Orientando-se pelo método dialético marxista, o Partido
bolchevique baseia sua política, sua estratégia e sua tática numa acertada
análise científica do desenvolvimento econômico da sociedade, na consideração
das condições históricas concretas, e parte da correlação das forças de classe
e das tarefas reais que se apresentam à classe operária numa determinada
situação.
Um dos mais importantes princípios do
materialismo dialético é a tese de que todos os fenômenos da natureza e da
sociedade se desenvolvem de tal maneira que, em determinada etapa de seu
desenvolvimento — quando o período do desenvolvimento gradual e evolutivo é
substituído pelo período do desenvolvimento sob a forma de saltos,
revolucionário — passam de um estado qualitativo a outro.
Referindo-se ao desenvolvimento da
sociedade, o camarada Stálin escreveu em seu trabalho Anarquismo ou
Socialismo?: "(...) o método dialético afirma
que o movimento tem dupla forma: uma evolutiva e outra revolucionária.
O movimento é evolutivo, quando os
elementos progressistas continuam espontaneamente seu trabalho diário e
introduzem, na velha ordem de coisas, transformações pequenas, quantitativas.
O movimento é revolucionário, quando os
mesmos elementos se unem, se compenetram de uma só ideia e se lançam contra o
campo inimigo, para extirpar a velha ordem de coisas e introduzir na vida transformações
qualitativas, instaurar uma nova ordem de coisas.
A evolução prepara a revolução e cria o
terreno para ela; e a revolução coroa a evolução e contribui para prosseguir a
obra dessa."(19)
Essas teses da dialética materialista
dão uma ideia científica das leis do desenvolvimento da natureza e da
sociedade, armam a classe operária e todos os trabalhadores com um método
acertado de conhecimento e de transformação revolucionária do mundo.
A dialética materialista fundamenta
teoricamente a necessidade da luta pela transformação revolucionária da
sociedade exploradora.
Se a passagem das transformações
quantitativas, graduais e lentas, às bruscas mudanças qualitativas é uma lei do
desenvolvimento, torna-se então claro — afirma o camarada Stálin — que as
reviravoltas revolucionárias empreendidas pelas classes oprimidas, são fenômeno
perfeitamente natural e inevitável. Não é a transformação gradual e lenta das
condições de vida da sociedade capitalista por meio de reformas, mas a
transformação qualitativa do regime capitalista por meio da revolução e a
criação de novos fundamentos para a vida social, que decorre como conclusão
prática dos princípios da dialética materialista.
Essa conclusão desmascara os
social-democratas de direita, que pregam ideias reacionárias, segundo as quais
o capitalismo se transforma em socialismo de maneira espontânea, sem saltos e
comoções. Inimigos jurados dos trabalhadores, servis em face do imperialismo
norte-americano, os socialistas de direita tudo fazem para demonstrar a
"inconsistência" da dialética marxista.
A vida demonstra o contrário, porém. As
crises econômicas que periodicamente abalam os países capitalistas, as guerras,
as revoluções que amadurecem cada vez mais completamente nos diferentes países
e que já golpearam mortalmente o capitalismo em vários países da Europa e da
Ásia — atestam a irrefutável verdade da dialética marxista e a derrota,
completa e inevitável, dos seus inimigos.
No trabalho O Marxismo e os Problemas de
Linguística, J. V. Stálin afirma a inevitabilidade da explosão das velhas
ordens sociais nas sociedades divididas em classes hostis. Essa tese de J. V.
Stálin explica as revoluções sociais realizadas pelos oprimidos durante séculos
e vibra novo golpe contra toda espécie de deturpadores da ciência, que defendem
o capitalismo em decomposição.
A dialética marxista ensina que numa
sociedade antagônica o novo nasce em consequência da explosão do velho. Nas
condições do socialismo, o desenvolvimento se processa de maneira diferente.
Em seu genial trabalho O Marxismo e os
Problemas de Linguística, o camarada Stálin, desenvolvendo a filosofia
marxista, criticou profundamente aqueles que não compreendem a especificidade
com que se manifesta, na realidade soviética, a lei da passagem de uma
qualidade a outra. O camarada Stálin critica os talmudistas que se deixam empolgar
pelas "explosões” e afirma que, na sociedade socialista, a passagem de uma
velha qualidade a uma qualidade nova se realiza sem explosões, de forma
gradual, porque nessa sociedade não há classes antagônicas. No socialismo, a
substituição do velho pelo novo se realiza gradualmente porque o
desenvolvimento da sociedade se verifica na base dos princípios do socialismo,
através do ulterior desenvolvimento dos mesmos.
Essas indicações do camarada Stálin têm imensa significação teórica e prática. Vibram golpe esmagador nos deturpadores do marxismo-leninismo, concretizam e desenvolvem importantíssimas teses do materialismo dialético aplicado às condições da sociedade socialista e servem de guia para a atividade prática de construção do comunismo.
O marxismo considera o desenvolvimento
da natureza e da sociedade como processo de autodesenvolvimento, porque a
natureza e a sociedade se transformam segundo leis internas, que lhes são
inerentes. As causas fundamentais de todo desenvolvimento estão no caráter contraditório
de todos os fenômenos da natureza e da sociedade; a todos eles é peculiar a
luta do novo contra o velho, do que nasce contra o que morre.
Do ponto de vista da dialética marxista,
as contradições que existem no mundo material são infinitamente variadas. V. I.
Lênin pôs em destaque esta tese, extremamente importante. V. I. Lênin afirmou,
em carta a Máximo Gorki:
"(...) a vida se processa através
de contradições e as contradições da vida são muito mais ricas, diversificadas
e profundas do que parece, à primeira vista, à inteligência humana."(20)
Na sociedade dividida em classes
antagônicas, o caráter contraditório do desenvolvimento se expressa na luta
entre as classes. A história da sociedade exploradora é, por isso, a história
da luta de classes.
Se a luta entre as forças opostas, a
luta entre classes antagônicas faz avançar o desenvolvimento da sociedade
exploradora, daí decorre a seguinte conclusão: não devemos dissimular as
contradições da sociedade capitalista, mas pô-las a nu, não devemos refrear a
luta de classes, mas levá-la até o fim.
Foi sempre em completo acordo com essa
lei da dialética materialista que o Partido bolchevique elaborou sua tática e
procurou os caminhos e métodos de luta por um novo regime social. O Partido
bolchevique mobilizou os trabalhadores da Rússia para a luta decisiva contra os
capitalistas e os latifundiários, pela vitoriosa realização da Grande Revolução
Socialista de Outubro, pela liquidação dos elementos capitalistas da cidade e
do campo e pela construção da sociedade socialista e, hoje, conduz com firmeza
nosso povo para o comunismo. Essas históricas vitórias, conquistadas sob a
bandeira de Lênin e Stálin, comprovam a grande força organizadora, mobilizadora
e transformadora da ciência marxista-leninista.
Em nossa época, milhões de trabalhadores
dos países de democracia popular, dirigidos pelos Partidos Comunistas e
Operários, criam com êxito as bases do socialismo. O materialismo dialético e
histórico — a teoria marxista-leninista — qual poderoso projetor, ilumina-lhes
o caminho do progresso.
As contradições são a origem de todo
desenvolvimento. Também no socialismo existem contradições. O esclarecimento de
suas particularidades nas condições do socialismo adquire significação
extraordinariamente grande para a atividade prática do Partido Comunista e do
povo soviético.
Na sociedade socialista, onde não há
classes hostis, as contradições não têm caráter antagônico. Todavia, em nosso
país também existem o novo e o velho, existem contrários e há luta entre os
mesmos. As contradições e a luta entre o novo e o velho existem em novas
condições, porém. O desenvolvimento da sociedade se realiza, no socialismo, à
base de novas forças motrizes: a unidade moral e política da sociedade
soviética, a amizade entre os povos e o patriotismo soviético. A luta entre o
novo e o velho na vida econômica, política e espiritual da sociedade soviética
não exige a ruptura das bases da sociedade, mas se realiza no quadro de um
maior fortalecimento dos princípios do socialismo, no quadro de uma maior
coesão dos operários, dos camponeses e da intelectualidade soviética em torno
das tarefas da construção do comunismo, em torno do Partido Comunista. A
particularidade da luta entre o novo e o velho e dos conflitos entre os mesmos,
na sociedade socialista, reside em que a maioria absoluta do povo — chefiada
pelo Partido Comunista — se coloca a favor do novo.
As contradições entre o novo e o velho
no desenvolvimento do socialismo são reveladas e resolvidas através do
desenvolvimento da crítica e da autocrítica. A crítica e a autocrítica são arma
inseparável e de ação permanente do bolchevismo. A crítica e a autocrítica são
a chave por meio da qual os homens soviéticos descobrem e extirpam as
deficiências e fazem a sociedade avançar.
Tudo isso comprova que a dialética
marxista é não só o único método científico de conhecimento, mas também um
método de ação revolucionária. O materialismo dialético não só possibilita
compreender-se cientificamente o passado e o presente, como representa também
inabalável base teórica de previsão e compreensão científicas dos caminhos e
métodos de luta pelo futuro.
A grande força transformadora da
concepção dialético-materialista do mundo reside em que, sendo a única
científica, fornece os princípios para a compreensão do mundo em seu todo e, ao
mesmo tempo, indica os caminhos e meios para transformá-lo. J. V. Stálin afirma
que o marxismo é uma concepção completa do mundo, um sistema filosófico
"do qual decorre, logicamente, o
socialismo proletário de Marx.”(21)
★ ★ ★
O materialismo dialético é a única
interpretação científica dos fenômenos da natureza e da sociedade, instrumento
de conhecimento e de transformação do mundo.
A teoria materialista, do mesmo modo que
o método dialético, não é criada, inventada, artificialmente. Interpretar
materialisticamente os fenômenos da natureza animada e inanimada significa
concebê-los tal qual são, sem quaisquer acréscimos estranhos.
A teoria materialista marxista, o
materialismo filosófico marxista, parte da consideração de que o mundo é
material, de que os vários fenômenos no mundo são diferentes aspectos da
matéria em movimento, de que o mundo se desenvolve segundo as leis da matéria e
não necessita de nenhum Deus, de nenhum espírito, nem de quaisquer outras
ficções idealistas.
A teoria materialista parte, além disso,
da consideração de que os fenômenos da natureza e as condições da vida material
da sociedade são o primário, enquanto a consciência dos homens, toda a esfera
da vida espiritual da sociedade, é secundária, derivada.
Considerando a consciência como
secundária, como reflexo das leis da natureza e da sociedade, a teoria
materialista interpreta da única maneira justa a origem das ideias, concepções
e instituições sociais. Assim, a teoria materialista revela o verdadeiro papel
das ideias e concepções dos homens, na vida social.
Compreendendo as ideias e as concepções
dos homens como reflexo de leis da natureza e da sociedade, — leis que existem
objetivamente — a teoria marxista afirma a cognoscibilidade do mundo e de suas
leis.
Essas teses da teoria materialista
constituem os mais importantes princípios da concepção do mundo. Têm imensa
significação para a compreensão de todos os fenômenos da natureza animada e
inanimada.
A teoria materialista não só permite interpretar-se cientificamente todos os fenômenos da natureza e da sociedade, como serve também de poderoso instrumento para a transformação da realidade.
Estendendo as teses do materialismo
dialético à sociedade, o marxismo foi o primeiro a ver que a sociedade não é um
amontoado de casualidades, mas a realização de leis determinadas, peculiares ao
desenvolvimento social. Isso permitiu que as forças sociais avançadas e o
Partido Comunista baseassem sua atividade não nas exigências da "razão”,
da "moral universal” e de outros princípios elaborados por idealistas de diferentes
tipos, mas, como afirma o camarada J. V. Stálin:
"(...) nas leis do desenvolvimento
da sociedade, no estudo dessas leis.”(22)
Obrigando a estudar atentamente as leis
objetivas do desenvolvimento social, o marxismo-leninismo atribui, ao mesmo
tempo, imenso papel à atividade revolucionária e transformadora dos homens, à
atividade das classes e dos partidos avançados.
O marxismo-leninismo ensina que são os
homens que sempre criam a História; que na história da sociedade o
desenvolvimento não se realiza por si mesmo, automaticamente, mas como
resultado da atividade dos homens, através da luta e do trabalho de milhões.
Lênin e Stálin ensinam que a queda do capitalismo não sobrevêm automaticamente,
mas como resultado de uma luta tenaz contra ele, luta empreendida por todos os
trabalhadores sob a direção da classe operária e de seu partido revolucionário.
J. V. Stálin afirma:
"Alguns camaradas pensam que logo
que houver uma crise revolucionária a burguesia se verá inevitavelmente num
impasse; que seu fim, por conseguinte, já está predeterminado; que a vitória da
revolução já se acha, assim, assegurada, e que só lhes resta aguardar a queda
da burguesia e redigir resoluções vitoriosas. É um profundo erro. A vitória da
revolução nunca virá por si mesma. E preciso prepará-la e conquistá-la.”(23)
Pondo em relevo o papel decisivo da
produção material no desenvolvimento da sociedade, o materialismo histórico de
forma alguma nega a significação das ideias. Pelo contrário, o materialismo
dialético, em oposição ao materialismo vulgar, frisa o papel ativo das ideias
na vida da sociedade. Em seu genial trabalho Sobre o Materialismo Dialético e o
Materialismo Histórico, o camarada Stálin aponta o imenso papel das ideias
progressistas e sua significação mobilizadora, organizadora e transformadora.
No trabalho O Marxismo e os Problemas de Linguística, o camarada Stálin
demonstra o grande papel ativo que tem no desenvolvimento da sociedade a
superestrutura social, que se ergue sobre a infraestrutura econômica, isto é,
as ideias e instituições sociais.
No socialismo, é particularmente grande
o papel da atividade dinâmica dos homens, o papel das ideias e das instituições
sociais avançadas.
A atividade sempre crescente dos homens
soviéticos e o trabalho organizador do Partido bolchevique e do Estado
soviético comprovam a grande significação das ideias e instituições avançadas
nas condições da realidade soviética. A função econômica, organizadora,
cultural e educativa do Estado soviético, por exemplo, totalmente desconhecida
no Estado burguês, tem grande significação para acelerar o movimento da
sociedade soviética no sentido do comunismo. O Estado soviético planifica o
desenvolvimento de todos os setores da economia e da cultura e mobiliza os
homens soviéticos para a luta por novos êxitos no movimento contínuo para o
comunismo.
A tese do materialismo histórico,
segundo a qual aumenta de maneira extraordinária, no socialismo, o papel da
ação consciente dos homens, é cabalmente confirmada pela atividade dirigente e
orientadora do Partido de Lênin e Stálin. O Partido bolchevique, armado com a
teoria mais avançada — o marxismo-leninismo — determina, na base do
conhecimento das leis objetivas do desenvolvimento histórico, a direção do
avanço da sociedade soviética. Estudando as leis do desenvolvimento da
sociedade, generalizando a experiência do trabalho e da luta das massas, o
Partido fixa tarefas concretas para o povo soviético, em cada etapa da
construção do comunismo. Ao Partido de Lênin e Stálin pertence o papel decisivo
na organização e mobilização das massas de nossa Pátria, na luta por maiores
êxitos na construção comunista.
Sendo a única concepção científica do
mundo, o materialismo dialético serve e não pode deixar de servir à classe
progressista e consequentemente revolucionária da sociedade moderna — o
proletariado e seu Partido marxista.
Nisto reside a essência do caráter de
classe e de partido do materialismo dialético. O caráter de classe e de partido
do materialismo dialético consiste justamente em que o portador dessa ciência,
em nossa época, é a classe operária, seu Partido marxista.
As leis da dialética são tão objetivas e
exatas como o são as leis da química, da física e de outras ciências. Todavia,
se as leis da química, da física e de outras ciências podem ser utilizadas de
maneira idêntica por todas as classes, se podem servir de maneira idêntica a
todas as classes, já as leis da dialética não podem ser utilizadas por todas as
classes, mas apenas por uma classe revolucionária — o proletariado e seu
Partido. Por sua própria natureza, o materialismo dialético é a concepção do
mundo do proletariado, por ser esta a única classe consequentemente
revolucionária.
O espírito de partido do materialismo
dialético consiste também em que é um método de conhecimento e de transformação
revolucionária da sociedade, baseado nos princípios do socialismo e do
comunismo. Por força das leis objetivas do desenvolvimento social, o socialismo
substitui o capitalismo. Todavia, de todas as classes da sociedade moderna,
somente uma, a classe operária, utiliza conscientemente essas leis,
transformando a sociedade na base dos princípios do socialismo e do comunismo.
A essência do princípio de espírito
marxista de partido reside, por conseguinte, em que é impossível, na sociedade
moderna, ter uma concepção do mundo realmente científica sem partilhar a
concepção do mundo própria ao proletariado e a seu Partido marxista.
V. I. Lênin ensina que
"o materialismo inclui, por assim
dizer, o espírito de partido, obrigando-nos, em qualquer análise dos
acontecimentos, a nos colocarmos, direta e francamente, no ponto de vista de um
determinado grupo social"(24), no ponto de vista da classe operária.
Na filosofia, o espírito de partido
reside em não oscilar entre as correntes do idealismo e do materialismo, da
metafísica e da dialética, mas manter, de maneira franca e aberta, o ponto de
vista de determinada corrente. O proletariado revolucionário e o Partido
marxista assumem, de maneira franca e aberta, as posições do materialismo
dialético, defendendo-o e desenvolvendo-o com firmeza.
Lênin escreveu:
"A genialidade de Marx e de Engels reside justamente em que, durante um período muito prolongado (quase meio século), se empenharam em desenvolver o materialismo, em fazer avançar uma tendência fundamental da filosofia, em realizar essa obra consequentemente, sem marcar passo nem repisar as questões gnosiológicas já resolvidas, e em demonstrar como aplicar esse materialismo às ciências sociais, varrendo implacavelmente, como lixo, os absurdos, o galimatias pretensioso e enfática, as inúmeras tentativas de ‘descobrir’ uma 'nova' tendência na filosofia (...)"(25)
A filosofia marxista é irreconciliavelmente hostil à contemplação, ao objetivismo burguês e ao apoliticismo. O espírito de partido da filosofia marxista exige uma luta firme e apaixonada contra todos os inimigos do materialismo, qualquer que seja a bandeira sob a qual se coloquem.
Em nossa época, o espírito de partido da filosofia marxista nos obriga a lutar diariamente contra todo gênero de novas correntes e tendências em moda, que se multiplicam com particular rapidez nos Estados Unidos da América e na Inglaterra e que semeiam o idealismo extremado, a metafísica e o obscurantismo; obriga-nos a desmascarar o caráter servil da atividade dos filósofos da burguesia, que deturpam a ciência em proveito dos imperialistas, justificam o jugo social e nacional e as guerras de rapina.
O traço característico do espírito de partido do materialismo dialético reside também em que coincide com a objetividade científica, porquanto os interesses de classe do proletariado não diferem da linha geral de desenvolvimento da História, mas, ao contrário, concordam organicamente com ela.
Todo o desenvolvimento da sociedade capitalista, apesar dos interesses e da vontade de suas classes dominantes, prepara as condições para o socialismo, torna sua vitória inevitável, e a atividade do proletariado, sua luta pelo socialismo, concorda exatamente com essa lei objetiva do desenvolvimento social.
A revolução socialista, cuja realização é a missão histórica do proletariado, acaba para sempre com a exploração, abre amplo caminho ao comunismo e corresponde, assim, aos interesses fundamentais de toda a humanidade trabalhadora.
É por isso que o ponto de vista de classe do proletariado, seu espírito de partido, expressando com acerto os interesses do proletariado e as necessidades do desenvolvimento de toda a sociedade humana, concorda plenamente com a verdade objetiva. O princípio do espírito marxista de partido exige uma luta decidida pela verdade objetiva na ciência, a qual não só não contradiz os interesses do proletariado, do partido marxista, como também é condição da luta vitoriosa contra aquilo que se tornou obsoleto na ciência e na vida social.
Em suma, o espírito de partido da filosofia marxista é estranho à estreiteza de classe e ao subjetivismo que são inerentes ao espírito de partido da burguesia. E isso se compreende. Mesmo na época em que a burguesia era uma classe progressista, seus interesses, como classe exploradora, limitavam o campo de visão de seus ideólogos, levavam-nos a entrar em contradição com a realidade, levavam-nos ao subjetivismo. Na época do imperialismo — que é a última etapa na vida do capitalismo, a etapa de seu colapso histórico — os interesses de classe da burguesia estão em contradição com o progresso da humanidade, são irreconciliavelmente hostis a tudo que é avançado e progressista na vida dos povos. É por isso que o ponto de vista de classe da burguesia, na filosofia e na ciência, não coincide com a verdade objetiva, a deturpa e a nega. É justamente no interesse do espírito de partido da burguesia que os diversos lacaios do imperialismo — sábios, filósofos e jornalistas burgueses — deturpam a verdade e mentem, procurando demonstrar a eternidade do capitalismo. Nessa hostilidade da sociedade burguesa à verdade objetiva, científica, manifesta-se apenas a condenação do capitalismo e seu inevitável colapso.
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