terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Inicio da vida revolucionária de :VLADIMIR ILITCH LÊNIN



Extraído da Biografia sobre a (SUA VIDA E SUA OBRA)

Filho de Iliá Nicolaevitch Ulianov e de Maria Alexândrovna Blank


VLADIMIR ILITCH ULIÂNOV (Lênin), o fundador do bolchevismo e do primeiro Estado socialista do mundo, nasceu a 9 (22 ) de abril de 1870 na cidade de Simbirsk (hoje Uliânovsk), sobre o Volga.


Natureza viva e ricamente dotada, Lênin aos cinco anos já sabia ler. Aos nove, foi aluno do primeiro ano ginasial no Collio de Simbirsk. Graças à sua capacidade excepcional e à sua aplicação, realizou brilhantes estudos: todos os anos obtinha o primeiro prêmio. Ao sair do ginásio, conhecia bem
o latim, o grego, o francês e o alemão. Lênin era igualmente versado em história e literatura. Apreciava principalmente as obras literárias cujos heróis eram dotados de um caráter firme,
inabalável.


Lênin passou sua infância e adolescência na região do Volga, nas províncias de Simbirsk, Kazan e Samara, que eram províncias essencialmente camponesas. Ali, observa de perto a vida dos camponeses, a miséria e a ignorância, a servidão desumana e a exploração feroz que reinavam no campo; estabelece contato estreito com os trabalhadores. Vê que a par das massas trabalhadoras russas, são oprimidas as numerosas nacionalidades: os tchuvachos, os mordvos, os tártaros, etc.
Adolescente ainda, toma ódio pela opressão das massas trabalhadoras e pela opressão nacional.


Os anos de estudos e a juventude de Lênin coincidiram  com um dos períodos mais sombrios da História russa. Lênin dirá mais tarde que foi uma época de "reação desenfreada, incrivelmente insensata e feroz". o governo autocrático apressava-se a anular mesmo as reformas espúrias da década de 60.


Fôra proibida não somente a imprensa democrá-tica, mas quase tôda a imprensa liberal. A reação campeava igualmente no ensino; o Ministério da Instrução Pública, ou, como chamá-lo-á mais tarde Lênin, o "ministério do obscurecimento público", empenhava-se em fazer dos jovens estudantes fiéis lacaios da autocracia. O desenfreado arbítrio do governo do tzar, a servidão absoluta e a opressão inaudita que pesavam sôbre os operários e os camponeses, a monstruosa opressão nacional, a covardia e o baixo servilismo dos liberais diante dos reacionários: tal é a imagem da vida russa desse tempo.


Desde cedo, Lênin começa a refletir sôbre a vida ambiente, a prestar atentamente ouvidos às conversas políticas dos adultos. Apaixonado pela leitura, 'travara conhecimento, desde o verdor de sua juventude, com tudo quanto os publicistas democratas revolucionários haviam dado de melhor na Rússia.


Com a idade de 14 ou 15 anos, Lênin leu o romance de Tchernichevski Que Fazer?, que produziu nêle uma grande impressão. Lera igualmente as obras de Dobroliúbov, de Pissariev e outros livros "proibidos" na época. Conhecia a fundo os poetas democratas da época de Nekrássov.
» Seu irmão mais velho, Alexandre Uliânov, com o qual estava ligado por sólida amizade, exerceu sôbre o jovem Lênin uma influência considerável. Alexandre era um jovem sério, refletido, muito severo para consigo próprio e para com seus deveres. Quando veio passar as férias em casa, no verão de 1885 e 1886, trouxe de Petersburgo, onde fazia seus estudos na Faculdade de Física e Matemática, O Capital de Marx.

Desde essa época, Lênin empreende o estudo dessa obra.

Bem cedo Lênin concebera um sentimento de hostilidade contra o regime político e social da Rússia tzarista. Desde os últimos anos do ginásio, estava penetrado de espírito revolu cionário. E êsse estado de espírito revelou-se em suas composições escolares. Por isso, o diretor do colégio, devolvendo-lhe o caderno de composição, disse-lhe certo dia com um tom zangado: "Que classes oprimidas são essas de que você fala? E que é que elas têm que ver aqui?"
.
. O ano de 1887 assinala uma reviravolta na vida de Lênin, que toma definitivamente o caminho revolucionário.

Nesse ano uma grande dor se abate sobre os Uliânov.

Em 1 de março, o irmão de Vladimir Ilitch, Alexandre Uliânov, é preso em Petersburgo por haver participado dos preparativos de um atentado contra o tzar Alexandre III. Ao mesmo tempo, é prêsa a irmã mais velha, Ana, que também fazia seus estudos em Petersburgo.

Amiga íntima dos Uliânov, V. Kachkadámova relata que, tendo recebido de Petersburgo a notícia da prisão de Alexandre, foi encontrar Lênin no colégio (êle. estava então no oitavo ano, último do curso ginasial) para decidir com êle como preparar Maria Alexândrovna para essa ^dolorosa notícia.

Tendo corrido os olhos pela carta, Lênin, de sobrecenho carregado, manteve-se em prolongado silêncio. "Não tinha maisdiante de mim — escreve ela em suas memórias — o jovem de outrora, cheio de despreocupação e transbordante da alegria de viver, mas um adulto meditando sôbre um problema de importância." — é grave de fato, — disse êle — isso pode acabar mal para Sacha"
.
Todos os esforços de Maria Alexândrovna para salvar da morte o filho mais velho foram em vão. Foi executado na fortaleza de Schliisselburg a 8 de maio de 1887
.
Assim que soube da prisão de Alexandre Uliânov, toda a "sociedade" liberal de Simbirsk afastou-se dos Uliânov; foram abandonados mesmo pelos conhecidos mais íntimos.

Essa pusilanimidade geral causou forte impressão no jovem Lênin. Sabia agora o quanto valia a tagarelice dos liberais.


A morte do irmão influiu consideràvelmente na decisão que Lênin tomaria de enveredar pelo caminho da revolução.

Entretanto, por maior que fôsse sua admiração pelo heroísmo do irmão, Lênin, já nessa época, considerava o terrorismo na luta contra a autocracia como um caminho errado, que não atingia o alvo. Ao saber que Alexandre fizera parte de uma organização terrorista, Lênin disse: "Não, seguiremos outro caminho. Não é êsse caminho que se deve tomar".


Saindo do ginásio com medalha de ouro, Lênin matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Kazan, a 13 de agosto de 1887.
Pouco depois, estabelecia contatos com os revolucionários de Kazan e tomava parte num círculo de estudantes "de tendência muito nociva", segundo a definição da Ocrana tzarista.


Nesse meio estudantil Lênin destacou-se a todos os respeitos: tinhà espírito revolucionário, muita energia, vastas leituras, e sabia defender com convicção sua maneira de ver. Durante sua permanência na Universidade, foi objeto de estreita vigilância por parte da polícia e das autoridades universitárias.


O govêrno do tzar tomara o cuidado de só confiar a professores reacionários as cátedras universitárias, e perseguia todas as organizações dos estudantes, sobre as quais se exercia uma vigilância particularmente rigorosa. Círculos e sociedades, mesmo que se propusessem prestar uma ajuda material, eram suspeitos de desígnios antigovernamentais. Os estudantes eram encarcerados por delitos de opinião. A política das perseguições policiais provocava entre os estudantes protestos veementes.


Em 1887, a entrada em vigor do reacionário "estatuto universitário de 1884" foi o impulso direto que contribuiu para acentuada agitação entre os estudantes. Em fins de novembro, irromperam tumultos entre os estudantes de Moscovo, tumultos êsses que logo se estenderam à província. A 4 de dezembro de 1887, um movimento de efervescência estala também na Universidade de Kazan. Lênin toma parte das mais activas, tanto nas conferências que prepararam a ação dos estudantes, quanto na própria ação. As autoridades administrativas tzaristas não tardam a desencadear contra os estudantes repressões sobre repressões, Na noite de 4 para 5 de dezembro, Lênin é prêso em seu domicílio; são detidos ao mesmo tempo vários outros participantes e organizadores activos do movimento revolucionário dos estudantes. " — Você se revolta, jovem, mas tem um muro diante de você" — disse a Lênin o comissário de polícia que o conduzia à prisão." — Um muro, sim, mas podre. Um pequeno empurrão, e ei-lo por terra" — respondeu Lênin.


Encontrando-se um dia reunidos na prisão, os estudantes debatiam a questão do que faria cada qual quando estivessem em liberdade. Quando chegou a vez de Lênin e lhe formularama pergunta: "E você, Uliânov, que pensa fazer depois?" — êle respondeu que não via senão um caminho diante dêle, o da luta revolucionária.


A 5 de dezembro, Lênin é expulso da Universidade, e,dois dias depois, em 7 de dezembro de 1887, deportado para a aldeia de Kokúchkino, província de Kazan, sob a vigilância secreta da polícia. Foi ali que veio instalar-se sua irmã, Ana Ilinitchna, cuja deportação para a Sibéria fôra substituída pela
vigilância oficial da polícia.


Assim é que com a idade de dezessete anos Lênin recebia o baptismo da revolução num primeiro conflito com a autocracia tzarista. A partir de então, Lênin consagra sua vida inteiramente à luta contra a autocracia e o capitalismo, à obra de libertação dos trabalhadores do regime de opressão e de exploração.


A Ocrana tzarista marcou, à sua maneira, o início da actividade revolucionária do jovem Lênin. Os gendarmes informaram o Governador de Kaz^n de que o deportado de Kokúchkino, Lênin, tomara "parte activa na organização de círculos revolucionários entre a juventude estudantil de Kazan". A 27 de dezembro de 1887, os beleguins da polícia foram encarregados de exercer sobre êle uma vigilância diária. Desde esse momento, o ôlho da gendarmaria espiona incessantemente Lênin e tôda a família Uliânov. O menor gesto de Lênin é objeto de um relatório que voa ao Departamento da Polícia. Lênin passa cêrca de um ano nessa aldeiazinha perdida.

Lê muito e aplica-se na formação de seu espírito. Já nessa época, revela o dom de trabalhar metodicamente, de acordo "com um plano rigorosamente estabelecido. Desde jovem, obstina-se em desenvolver consigo próprio uma grande capacidade de trabalho.


Em princípios de outubro de 1888, Lênin foi autorizado a fixar residência em Kazan, onde se encontrava sua mãe com os filhos mais moços. Mas recusam-lhe o acesso à Universidade.
Havendo Lênin solicitado autorização para ir continuar seus estudos no estrangeiro, o Departamento da Polícia recomendou ao Governador "não lhe conceder passaporte para o estrangeiro",


Em Kazan, Lênin travou conhecimento com os membros dos diferentes círculos revolucionários ilegais. As obras de Marx, originais ou traduzidas, do mesmo modo que os livros de Plekhanov dirigidos contra o populismo — em particular Nossas Divergências — eram lidos e vivamente discutidos nesses círculos. Os relatórios de polícia, redigidos de acordo com as informações fornecidas pela vigilância secreta de que Lênin era objeto, assinalavam que êle tinha "uma tendência nociva", e mantinha "relações com indivíduos suspeitos".


No outono de 1888, Lênin pôs-se a estudar seriamente O Capital de Karl Marx. Esse livro produziu nele uma impressão indelével. "Foi com um ardor e uma animação extremos — conta A. Uliânova-EIizárova — que êle me expôs os princípios  da teoria de Marx, bem como o horizonte novo que ela entreabria... Ele transpirava serena confiança que se comunicava a seus interlocutores. Já nesse momento conhecia a arte de convencer e de empolgar o espírito por sua palavra.


Entregando-se a alguma análise ou descobrindo um caminho novo, seria incapaz de não participá-lo aos outros, de não aliciar partidários.


Esses adeptos, jovens de espírito, revolucionário que também estudavam o marxismo, ele logo os encontrou em Kazan".


Na mesma época, Lênin ingressava num dos círculos marxistas de Kazan, organizados por N. Fedosseiev, morto tragicamente no exílio, na Sibéria (1898). Durante os meses que passou no círculo de Fedosseiev, Lênin trabalhou obstinadamente para realizar sua própria educação, para assimilar a teoria marxista.

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