30 de Dezembro de 1920
Camaradas:
Meu material básico é o folheto do camarada Trotski: Sobre o Papel e as Tarefas dos Sindicatos. Comparando este folheto com as teses que ele apresentou no Comitê Central, e lendo-o com atenção, assombra-me a quantidade de erros teóricos e de inexatidões flagrantes que contém. Ao iniciar uma grande discussão no seio do Partido sobre este problema, como pôde preparar uma coisa tão infeliz em vez de apresentar algo mais pensado? Assinalarei, brevemente, os pontos fundamentais nos quais, em minha opinião, há erros teóricos essenciais.
Os sindicatos são uma organização
industrial, não só historicamente necessária, mas também historicamente
inevitável, que nas condições da ditadura do proletariado engloba quase a
totalidade dos operários da indústria. Esta é a ideia fundamental, mas o
camarada Trotski esquece-a constantemente, não parte dela, não a valoriza. O
próprio tema proposto por ele: “Papel e Tarefas dos Sindicatos” é excessivamente
amplo.
Do que foi dito, conclui-se que em toda
a atividade da ditadura do proletariado o papel dos sindicatos é essencial ao
máximo. Mas qual é este papel? Passando à discussão deste problema, um dos
problemas teóricos mais importantes, chego à conclusão de que o papel dos
sindicatos é de extraordinária peculiaridade. De um lado, ao abarcar, ao conter
nas fileiras da organização a totalidade dos operários industriais, os
sindicatos são uma organização da classe dirigente, dominante, governante, da
classe que exerce a ditadura, da classe que aplica a coerção estatal. Mas não é
uma organização estatal, não é uma organização coercitiva, é uma organização
educadora, uma organização que atrai e instrui, é uma escola, escola de
governo, escola de administração, escola de comunismo. É uma escola de tipo
completamente desconhecido, pois nos sindicatos não há mestres e alunos, mas
certa combinação extraordinariamente original daquilo que ficou do capitalismo,
e que não podia deixar de ficar, e do que realizam em seu seio os destacamentos
revolucionários avançados, isto é, a vanguarda revolucionária do proletariado.
Pois bem, falar do papel dos sindicatos, sem levar em conta estas verdades,
significa chegar inevitavelmente a uma série de erros.
Pelo lugar que ocupam no sistema da
ditadura do proletariado, os sindicatos estão situados, se é justo dizer assim,
entre o Partido e o poder do Estado. Na transição para o socialismo é
inevitável a ditadura do proletariado, mas esta ditadura não é exercida pela
organização que contém a totalidade dos operários industriais. Por quê? Podemos
ler isso nas teses do II Congresso da Internacional Comunista sobre o papel do
partido político em geral. Sobre isto não vou deter-me aqui. A questão é que o
Partido, se assim se pode dizer, recolhe em seu seio a vanguarda do
proletariado, e esta vanguarda exerce a ditadura do proletariado. E sem contar
com uma base como os sindicatos não se pode exercer a ditadura, as tarefas
estatais não podem ser cumpridas. Mas é preciso realizar estas funções através
de uma série de instituições especiais de novo tipo, a saber: através do
aparelho dos sovietes. Em que consiste a peculiaridade desta situação no que se
refere às conclusões práticas? Como criam os sindicatos o vínculo da vanguarda
com as massas; os sindicatos, através do seu trabalho diário, convencem as
massas, as massas da única classe capaz de conduzir-nos do capitalismo ao
comunismo. Isto de um lado.
De outro, os sindicatos são uma “reserva
de forças” do poder do Estado. Isso são os sindicatos no período da transição
do capitalismo ao comunismo. Geralmente não se pode realizar essa transição sem
que a única classe educada pelo capitalismo para a grande produção e a única
que está desligada dos interesses do pequeno proprietário exerça a sua
hegemonia. Mas não se pode levar a cabo a ditadura do proletariado através da
organização que engloba a totalidade dele. Pois o proletariado ainda está tão
dividido, tão rebaixado, tão corrompido em alguns lugares (precisamente pelo
imperialismo em certos países), não só na Rússia, um dos países capitalistas
mais atrasados, como também nos demais países capitalistas, que a organização
integral do proletariado não pode exercer diretamente a ditadura deste. A
ditadura só pode ser exercida pela vanguarda, que concentra em suas fileiras a
energia revolucionária da classe. Temos, pois, algo assim como uma série de
rodas dentadas. Tal é o mecanismo da própria base da ditadura do proletariado,
da própria essência da transição do capitalismo ao comunismo. Disto já se pode
concluir que, quando o camarada Trotski, ao se referir na primeira tese à
“confusão ideológica”, fala de uma crise especialmente e precisamente dos
sindicatos, há no fundo desta afirmação alguma coisa errada do ponto de vista
dos princípios. Falando de crise, só o podemos fazer depois de analisar o
momento político. Quem tem “confusão ideológica” é precisamente Trotski, porque
ele e não outro, na questão fundamental relativa ao papel dos sindicatos, do
ponto de vista da transição do capitalismo ao comunismo, não percebeu, não
levou em conta que nesse caso estamos em face de um complexo sistema de várias
engrenagens e não pode haver um sistema simples, dada a impossibilidade de
exercer a ditadura do proletariado através da organização que abarca a sua
totalidade. Não se pode realizar a ditadura sem várias “correias de
transmissão”, que vão da vanguarda às massas da classe avançada, e destas às
massas trabalhadoras. Na Rússia, as massas trabalhadoras são camponesas; em
outros países não existem tais massas, mas mesmo nos países mais adiantados há
uma massa não proletária ou não puramente proletária. É esta efetivamente a
razão da “confusão ideológica”. Trotski em vão responsabiliza os outros por
ela.
Quando examino o papel dos sindicatos na
produção, comprovo que Trotski incorre no erro fundamental de sempre falar
deste problema “em princípio”, de falar do “princípio geral”. Em todas as suas
teses, Trotski parte do ponto de vista do “princípio geral”. Já neste sentido,
a formulação é radicalmente errada. Isto sem dizer que já o IX Congresso do
Partido falou bastante sobre o papel dos sindicatos na produção, falou mais do
que era necessário. E sem dizer que ele, Trotski, reproduz em suas próprias
teses umas afirmações perfeitamente claras de Lozovski e Tomski, dos quais se
utiliza para fazê-los desempenhar o papel de “saco de pancadas”, como se diz em
alemão, ou de objeto em que exercita seus dotes polêmicos. Não há divergências
de princípio, e foram escolhidos para isso, por azar, Tomski e Lozovski, que
escreveram coisas citadas pelo próprio Trotski. Nelas nada encontraremos de
sério no terreno das divergências de princípio, por muito interesse que
tenhamos em encontrá-las. Em geral, o erro gigantesco, o erro de princípio,
consiste em que o camarada Trotski arrasta o Partido e o poder soviético para
trás, formulando agora a questão “no terreno dos princípios”. Felizmente
passamos dos princípios ao trabalho prático, positivo. No Smolni(2), falamos
sobre os princípios, e, inegavelmente, mais do que era preciso. Agora, passados
três anos, sobre todos os pontos do problema da produção, sobre toda uma série
de elementos integrantes deste problema, existem decretos, mas os decretos são
coisas tão infelizes que, depois de assiná-los, nós mesmos os lançamos ao
esquecimento e não os cumprimos. E depois, arbitrariamente, divaga-se sobre os
princípios, inventam-se divergências de princípio. Mais adiante, assinalarei um
decreto que se refere ao problema do papel dos sindicatos na produção, decreto
que todos esquecemos, e eu também, do que me arrependo.
As divergências efetivas que existem não
se referem de modo algum a questões relativas aos princípios gerais, salvo as
que enumerei. Eu tinha o dever de salientar essas minhas “divergências” com o
camarada Trotski, que acabo de enumerar, pois ao escolher um tema tão amplo,
como Papel e Tarefas dos Sindicatos, o camarada Trotski, em minha opinião,
incorreu em diversos erros acerca da própria essência da questão relativa à
ditadura do proletariado. Mas, pondo isso de lado, é justo perguntar qual a
razão por que não conseguimos em nosso trabalho a seriedade de que tanto
necessitamos. Isto se deve à divergência sobre os métodos de abordar as massas,
de ganhar as massas, de nos ligarmos às massas. Nisto consiste a essência da
questão. Nisto reside justamente a peculiaridade dos sindicatos como
instituições criadas no capitalismo, inevitáveis na transição do capitalismo ao
comunismo e discutíveis quanto ao futuro. Está longe esse futuro que os
sindicatos serão uma interrogação; nossos netos terão que enfrentar isso. Mas
agora trata-se de como abordar as massas, de como ganhá-las, de como ligarmos a
elas, de como garantir a boa marcha das complicadas correias de transmissão do
trabalho (do trabalho destinado a exercer a ditadura do proletariado). Observem
que, quando falo das complicadas correias de transmissão do trabalho, não penso
no aparelho dos sovietes. O que se deve dizer sobre a complexidade das correias
de transmissão, constitui um capítulo à parte. No momento, só falo em abstrato
e do ponto de vista dos princípios sobre a relação entre as classes na
sociedade capitalista; nela há proletariado, há massas trabalhadoras não
proletárias, há a pequena burguesia e há a burguesia. Deste ponto de vista,
mesmo que não houvesse burocratismo no aparelho do poder soviético, já temos
uma extraordinária complexidade de correias de transmissão, em virtude do que
foi criado pelo capitalismo. E nisto é preciso pensar sobretudo quando surge o
problema da dificuldade da “tarefa” dos sindicatos. Repito, a divergência
efetiva não consiste de modo algum no que pensa o camarada Trotski, mas no
problema de como ganhar as massas, no problema de como abordá-las, de como nos
ligarmos com elas. Devo dizer que se estudássemos detalhada e minuciosamente,
embora em pequenas proporções, a nossa própria prática, a nossa experiência,
evitaríamos inúmeras “divergências” e erros de princípios supérfluos de que
está cheio o folheto do camarada Trotski. Por exemplo, há teses inteiras no
folheto consagradas à polêmica sobre o “trade-unionismo soviético”. Inventou-se
um novo espantalho, como se fossem poucos os existentes! E quem o inventou? O
camarada Riazanov. Conheço o camarada Riazanov há vinte e tantos anos. Vocês o
conhecem há menos tempo do que eu, mas o conhecem tanto quanto eu em relação às
suas atividades. Sabem muito bem que entre os lados fortes que ele possui não
está o de saber avaliar as palavras de ordem. E por que vamos apresentar nas
teses como “trade-unionismo soviético” aquilo que o camarada Riazanov disse em
certa ocasião tão inoportunamente? Isto é sério? Se for assim, então teremos
“trade-unionismo soviético”, “posição soviética contrária ao tratado de paz” e
não outras tantas coisas parecidas. Não há um único assunto em que não se possa
colocar um “ismo” soviético. (Riazanov: “antibrestismo soviético”) Sim,
absolutamente certo, “antibrestismo soviético”.
Incorrendo entretanto nesta falta de
seriedade, o camarada Trotski, por sua vez, comete um novo erro. Conclui ele
que a defesa dos interesses materiais e espirituais da classe operária não é da
incumbência dos sindicatos em um Estado operário. Isto é um erro. O camarada
Trotski fala de “Estado operário”. Permitam-me dizer que isto é pura abstração.
Compreende-se que em 1917 escrevêssemos sobre o Estado operário, mas agora
comete-se um erro evidente quando se diz: Para que e ante de quem defender a
classe operária, se não há burguesia e o Estado é operário? Não se trata de um
Estado completamente operário, aí está o x da questão. É nisto realmente que
reside um dos erros fundamentais do camarada Trotski. Agora que passamos dos
princípios gerais ao exame prático e aos decretos, querem arrastar-nos para
trás, desviando-nos do trabalho prático e positivo. Isto não é admissível. Em
nosso país, o Estado não é, na realidade, operário, e sim operário e camponês.
Isto em primeiro lugar. E daí decorrem muitas coisas. (Bukhárin: Que Estado?
Operário e Camponês?). E, embora o camarada Bukhárin grite lá de trás: “Que
Estado? Operário e Camponês?”, não lhe responderei isto. Quem quiser, pode
lembrar-se do Congresso dos Sovietes que acaba de se realizar e nele encontrará
a resposta.
Porém há mais alguma coisa. No programa
de nosso Partido — documento que o autor do "O ABC do Comunismo"
conhece muito bem — já assinalamos que nosso Estado é operário com uma
deformação burocrática. Tivemos que pendurar-lhe — como diria eu? — esta
lamentável etiqueta, ou coisa parecida. É esta a realidade do período de
transição. Pois bem, será que diante desse tipo de Estado, que praticamente se
consolidou, nada têm os sindicatos a defender? Pode-se dispensá-los na defesa
dos interesses materiais e espirituais do proletariado organizado em sua
totalidade? Esta seria uma opinião completamente errada do ponto de vista
teórico. Isto nos levaria às regiões da abstração ou de um ideai que
alcançaremos no fim de quinze ou vinte anos, embora eu não esteja seguro de que
o alcançaremos precisamente neste prazo. Temos diante de nós uma realidade que
conhecemos bem, se não perdemos a cabeça, se não nos deixamos levar por
especulações pretensamente intelectuais, ou por raciocínios abstratos, ou por
alguma coisa que às vezes parece “teoria”, mas que na realidade é um erro, uma
falsa apreciação das particularidades do período de transição. Nosso Estado de
hoje é tal que o proletariado organizado em sua totalidade deve defender-se, e
nós devemos utilizar estas organizações operárias para defender os operários em
face de seu Estado e para que os operários defendam nosso Estado. Uma e outra defesa
são realizadas através de uma combinação original de nossas medidas estatais e
de nosso acordo e “entrelaçamento” com nossos sindicatos.
Desse entrelaçamento falarei mais
adiante. Mas esta palavra já demonstra por si que inventar aqui um inimigo personificado
pelo “trade-unionismo soviético” equivale a cometer um erro. Pois o conceito de
“entrelaçamento” significa que há em presença coisas diferentes que ainda é
preciso entrelaçar; o conceito de “entrelaçamento” subentende a necessidade de
saber utilizar as medidas do poder estatal para defender diante deste poder
estatal os interesses materiais e espirituais do proletariado organizado em sua
totalidade. Porém, quando em lugar de entrelaçamento tenhamos articulação e
fusão, então nos reuniremos num congresso em que faremos um exame positivo da
experiência prática, e não de “divergências” de princípio ou de raciocínio
teóricos abstratos. Também é infeliz a tentativa de descobrir divergências de
princípios com o camarada Tomski e o camarada Lozovski, que são apresentados
pelo camarada Trotski como “burocratas” sindicais (mais adiante direi em qual
das partes em choque há tendências burocráticas). Sabemos muito bem que se o
camarada Riazanov tem as vezes a pequena debilidade de inventar sem necessidade
uma palavra de ordem, e quase uma palavra de ordem de princípio, o camarada
Tomski não tem este defeito, apesar dos muitos de que padece. Por isso,
parece-me que iniciar um combate com o camarada Tomski sobre os princípios
(como faz o camarada Trotski) é passar do limite. Isto, na verdade,
assombra-me. Houve um tempo em que todos nós demos muitos tropeções no que se
refere às divergências fracionais, teóricas e de outros tipos (mas, é claro,
também fizemos alguma coisa de útil), e parece que desde então superamos isso.
Já é hora de passar da invenção e dos exageros sobre divergências de princípio
para um trabalho prático. Nunca ouvi dizer que em Tomski predomine o teórico,
que Tomski pretenda ostentar o título de teórico; talvez isso seja um defeito
seu, isso já é outra questão. Mas Tomski, integrado como está com o movimento
sindical, tem que refletir, consciente ou inconscientemente (isso já é outra
questão, eu não digo que o faça sempre conscientemente), dada a sua situação,
tem que refletir este complicado período de transição, e se quando alguma coisa
dói nas massas e elas próprias não sabem o que lhes dói e ele também não o sabe
(aplausos e risos), se então ele esbraveja, afirmo que isto é um mérito e não
defeito. Estou absolutamente convencido de que podem ser encontrados em Tomski
muitos erros teóricos parciais. É todos nós, se nos sentamos em torno de uma
mesma mesa e escrevemos atentamente uma resolução ou umas teses, nelas
introduziremos emendas, ou talvez não as introduzamos, pois o trabalho de
produção é mais interessante do que a correção de divergências teóricas de
pouca importância.
Passo agora à “democracia na produção”;
isto, a bem dizer, é para Bukhárin. Sabemos muito bem que cada pessoa tem
pequenas debilidades, até as grandes personalidades padecem de pequenas
fraquezas, inclusive Bukhárin. Se surge uma expressão artificiosa, imediatamente
Bukhárin se pronuncia a favor dela. No pleno do Comitê Central, reunido a 7 de
setembro, Bukhárin escreveu quase com voluptuosidade uma resolução sobre a
democracia na produção. E quanto mais penso nesta “democracia na produção”,
mais claramente vejo-lhe a falsidade teórica, vejo que lhe faltou meditação. A
única coisa que dela resultou foi a confusão. Diante disso, pelo menos em uma
assembleia do Partido, é preciso dizer mais uma vez: “Camarada N. I. Bukhárin,
menos floreios verbais: assim será melhor para você, para a teoria e para a
República”. (Aplausos) A produção é sempre necessária. A democracia é uma das
categorias exclusivamente da esfera política. Não se pode ser contra o emprego
desta expressão em um discurso ou em um artigo. O artigo leva em conta e
expressa com todo o destaque uma correlação, e isto basta. Mas quando se
converte isto em tese, quando disto se deseja fazer uma palavra de ordem que
agrupe “conformados” e divergentes, quando se diz, como faz Trotski, que o
Partido deverá “escolher entre duas tendências”, isto já é completamente
estranho. Referir-me-ei em especial a se o Partido deverá “escolher”, e de quem
é a culpa de haver-se colocado o Partido na contingência de ter que “escolher”.
De vez que a coisa já está formulada assim, devemos dizer: de qualquer modo,
escolham menos palavras de ordem teoricamente falsas e que só causam confusão,
como a da “democracia na produção”. Nem Trotski nem Bukhárin pensaram com a
necessária clareza teórica sobre essa expressão, tanto um como o outro se
confundiram. A “democracia na produção” sugere pensamentos que de nenhum modo
se enquadram no âmbito de ideias que ambos possuíam. Eles queriam assinalar,
fixar mais a atenção na produção, o que ficaria bem em um artigo ou discurso;
mas quando o dito se converte em tese e quando o Partido deve escolher, eu
afirmo: não escolham isto, porque é uma confusão. A produção é sempre
necessária, a democracia nem sempre. A democracia na produção dá lugar a uma
série de ideias radicalmente falsas. Recentemente a direção unipessoal era
defendida. Não se pode fazer uma mistura, criando o perigo de confundir as
pessoas: certas vezes, democracia, outras, direção unipessoal, e outras,
ditadura. De nenhum modo é preciso renunciar à ditadura. Ouço que atrás de mim Bukhárin
grita: “Completamente exato”. (Risos. Aplausos)
Prossigamos. Desde setembro falamos da
passagem do sistema de trabalho de choque ao igualitarismo; falamos disto na
resolução da conferência geral do Partido, aprovada pelo Comitê Central. A
questão é árdua. De uma forma ou de outra é preciso combinar o igualitarismo e
o sistema de trabalho de choque, mas estes dois conceitos se excluem
mutuamente. No entanto, estudamos um pouco o marxismo, aprendemos como e quando
se pode e se deve unir os contrários, e o que é principal: em nossa revolução,
há três anos e meio, unimos os contrários praticamente e em muitas ocasiões.
É claro que é preciso abordar o problema
com muita prudência e meditação. Porque já nos lamentáveis plenos do CC(3), nos
quais se formaram o grupo de sete, o de oito e o famoso “grupo tampão” do
camarada Bukhárin, falamos destas questões de princípios e determinamos que não
é fácil passar do sistema de trabalho de choque ao igualitarismo. E para
cumprir este acordo da Conferência de Setembro, devemos trabalhar um pouco,
pois estes conceitos opostos podem ser unidos de maneira a resultar numa
cacofonia ou de maneira a resultar numa sinfonia. O sistema de trabalho de
choque equivale a dar preferência a uma produção, entre todas as necessárias,
em virtude de sua maior urgência. Em que deve consistir a preferência? Que
proporções deve alcançar? Esta é uma questão difícil, e devo dizer que para
resolvê-la não basta a dedicação no cumprimento das tarefas, não basta o
heroísmo pessoal de quem talvez reúna muitas qualidades excelentes, mas que
valerá mais se ocupar o posto que deve ocupar; é preciso saber abordar um
problema tão peculiar como este. Se se coloca a questão do sistema de trabalho
de choque e do igualitarismo, a primeira coisa que deve ser feita é abordá-la
com grande prudência, e isso é precisamente o que não se observa no trabalho do
camarada Trotski; quanto mais reelabora suas teses iniciais, mais princípios
falsos nelas existem. Eis o que lemos em uma de suas últimas teses:
“...Na esfera do consumo, isto é, das
condições de existência pessoal dos trabalhadores, é preciso aplicar a linha do
igualitarismo. Na esfera da produção, o princípio do sistema de trabalho de
choque continuará sendo para nós ainda durante muito tempo o decisivo...”
(teses 41, pág. 31 do folheto de Trotski).
Isto é uma completa confusão teórica.
Isto é totalmente errado. O sistema de trabalho de choques implica numa
preferência, mas a preferência sem consumo é uma enteléquia. Se há uma
preferência em relação a mim e recebo um oitavo de libra de pão, não necessito
dessa preferência para nada. A preferência no sistema do trabalho de choque é
também preferência no consumo. Sem isto, o sistema de trabalho de choque é um
sonho, uma fantasia, mas nós somos materialistas. E os operários são
materialistas; se se fala do sistema de trabalho de choque, é preciso dar pão,
roupa e carne. Só assim compreendíamos e continuamos compreendendo estes
problemas ao discuti-los centenas de vezes, por motivos concretos, no Conselho
de Defesa(4), quando um dirigente quer receber mais dizendo: “Minha fábrica é
de choque”, e outro replica: “Dê-me mais, porque do contrário os operários de
choque de tua fábrica não resistirão e o teu trabalho fracassará”.
Assim, pois, em relação com o igualitarismo
e o sistema de trabalho de choque, a questão está colocada na tese de modo
radicalmente falso. Além disso, redunda num retrocesso em relação ao que já foi
praticamente comprovado e alcançado. Isso não é admissível, e indo por esse
caminho não se pode conseguir nada de bom.
Outra questão: a do “entrelaçamento”. O
mais certo, nestes momentos, seria não falar de “entrelaçamento”. A palavra é
de prata, e o silêncio é de ouro. Por quê? Porque praticamente já nos ocupamos
do entrelaçamento; não existe nem um Conselho Econômico provincial de
importância, nem uma grande seção do Conselho Superior de Economia Nacional, do
Comissariado do Povo de Vias de Comunicação, etc, em que não se tenha realizado
praticamente o entrelaçamento. Mas os resultados são bons de todo? Aí,
precisamente, está a dificuldade. Estudem a experiência prática de como se
efetuou o entrelaçamento e o que se conseguiu com isso. São tantos os decretos
em virtude dos quais se aplicou o entrelaçamento, em uma ou outra instituição,
que não é possível enumerá-los. Mas ainda não soubemos estudar de modo prático
o que resultou disto: o que deu o entrelaçamento em tal ou qual ramo da
indústria, quando um membro qualquer de um sindicato provincial passou a ocupar
um determinado posto no Conselho Econômico provincial; a que isto conduziu,
quantos meses durou este entrelaçamento, etc. Ainda não soubemos estudar com um
critério positivo nossa própria experiência prática. Soubemos inventar uma
divergência de princípio sobre o entrelaçamento e, além disso, soubemos cometer
um erro — nisso somos mestres —, mas não somos capazes de estudar nossa
experiência e comprová-la. Pois bem, quando realizarmos congressos dos
sovietes, em que, além de seções para o estudo das zonas agrícolas, do ponto de
vista de uma ou outra aplicação da lei de melhoria da agricultura, haja seções
para o estudo do entrelaçamento, para o estudo dos resultados do entrelaçamento
na indústria moageira da província de Sarátov, ou da metalúrgica em Petrogrado,
ou da indústria carvoeira no Donbass, etc; quando estas seções, depois de
reunir grande quantidade de materiais, declararem: “estudamos isto e outras
coisas mais”, então direi: “Sim, começamos a fazer alguma coisa de prático,
saímos da infância!” Mas, que haverá de mais lamentável e errado, se depois de
estar três anos aplicando o entrelaçamento, apresentam-nos umas “teses” em que
se inventam divergências de princípio sobre o assunto? Empreendemos o caminho
do entrelaçamento e não duvido que o empreendemos com acerto, mas ainda não
estudamos devidamente os resultados de nossa experiência. Por isso, a única
tática inteligente sobre o problema do entrelaçamento é a de ficar calado.
É preciso estudar a experiência prática.
Assinei decretos e dispositivos onde estão contidas indicações sobre
entrelaçamentos práticos, e a prática é cem vezes mais importante do que
qualquer teoria. Por isso, quando se diz: “Vamos falar de “entrelaçamento”
respondo: “Vamos estudar o que fizemos”. Não há dúvida de que cometemos muitos
erros. Também é possível que grande parte de nossos decretos deva ser
modificada. Concordo com isto, e não sinto a menor predileção pelos decretos.
Mas então apresentem propostas práticas: é preciso refazer uma ou outra coisa.
Isto será uma formulação positiva da questão. Isto não será um trabalho
improdutivo. Isto não levará a cair na mania burocrática de fazer projetos.
Quando vejo no folheto de Trotski o capítulo VI: “Conclusões práticas”, estas
conclusões práticas padecem precisamente do referido defeito. Pois nelas afirma-se
que devem fazer parte do Conselho Central dos Sindicatos da Rússia e do
Presidium do Conselho Superior de Economia Nacional de um terço à metade dos
membros que integram ambas as instituições e nas juntas assessoras da metade a
dois terços, etc. Por quê? Simplesmente, “de oitiva”. É natural que,
frequentemente, se façam precisamente em nossos decretos semelhantes correções
“de oitiva”. Mas porque é inevitável que se faça isto nos decretos? Não sou
defensor de todos os decretos e não pretendo torná-los melhores do que são na
realidade. Há neles, a cada passo, grandezas convencionais tais como metade, um
terço dos membros que integram uma e outra instituição, etc, grandezas
calculadas a olho. Quando num decreto se diz uma tal coisa, isso significa:
experimentai fazê-lo assim, pois balancearemos imediatamente os resultados de
vossa “experiência”. Logo esclareceremos o resultado obtido. Quando tenhamos o
resultado esclarecido, poderemos progredir. Estamos aplicando o entrelaçamento
e o aplicaremos cada vez melhor, pois somos cada vez mais práticos e
experientes.
Mas, pelo visto, comecei a enrascar-me
na “propaganda dentro da esfera da produção”. É inevitável. Falando do papel
dos sindicatos na produção, é preciso tocar necessariamente neste problema.
Passo ao ponto da propaganda, no terreno
da produção. É também uma questão prática, que colocamos com um critério
prático. Existem instituições estatais para a propaganda no terreno da
produção, que já foram criadas(5). Se são boas ou más, não sei, é preciso comprová-las;
e de modo algum é necessário escrever “teses” sobre esta questão.
Falando conjuntamente do papel dos
sindicatos na produção, no que se refere à democracia nada mais é necessário
além do democratismo comum. Artifícios como o da “democracia na produção” são
falsos, e nada de útil surgirá deles. Isto em primeiro lugar. Em segundo, a
propaganda no terreno da produção. As instituições já estão criadas. As teses
de Trotski falam da propaganda na esfera da produção. Falam em vão, porque as
“teses” sobre isto já são uma coisa antiquada. Se a instituição é boa ou má,
ainda não o sabemos. Experimentaremos na prática e então falaremos. Vamos
estudá-la e pedir pareceres. Suponhamos que se formam no Congresso dez seções
compostas de dez membros cada uma: “Tu te ocupaste da propaganda na esfera da
produção? Como? Quais os resultados?” Depois de estudar isto, recompensaremos
aqueles que alcançaram êxitos e desprezaremos a experiência negativa. Já
contamos com uma experiência prática, escassa, pequena, mas temo-la, e, apesar
dela, querem fazer-nos voltar atrás, às “teses de princípio”. Mais que
“trade-unionismo”, isto é um movimento “reacionário”.
Em terceiro lugar, o sistema de prêmios.
Esses são o papel e a tarefa dos sindicatos na produção: a concessão de prêmios
em espécie. A coisa começou. A coisa está em marcha. Para isto foram destinados
quinhentos mil puds de trigo e já foram distribuídos cento e setenta mil. Não
sei se foram bem distribuídos, com justeza. No Conselho de Comissários do Povo
informou-se: não se faz bem a distribuição, e em lugar de prêmios verifica-se
um aumento do salário; isto foi assinalado tanto pelos dirigentes sindicais,
como pelos dirigentes do Comissariado do Povo do Trabalho. Designamos uma
comissão para estudar o assunto, mas ela ainda não o fez. Foram distribuídos
cento e setenta mil puds de trigo, mas é preciso fazê-lo de maneira que se
recompense quem revelou heroísmo, eficiência, talento e grande preocupação como
dirigente na esfera da economia, numa palavra, quem haja revelado as qualidades
que Trotski louva. Mas trata-se agora não de entoar loas nas teses, mas de dar
pão e carne. Não será melhor que, por exemplo, não se entregue a carne a uma
determinada categoria de operários e se a distribua em forma de prêmios a
outros, aos operários “de choque”? Não desprezamos este sistema de trabalho de
choque. Precisamos dele. Estudaremos seriamente a experiência prática de nossa
aplicação desse sistema.
Em quarto lugar, os tribunais
disciplinadores. O papel dos sindicatos na produção, a “democracia na produção”
— diremos ao camarada Bukhárin sem espírito de censurá-lo —, são puras
bagatelas se não existem tribunais disciplinadores. Mas em vossas teses isto
não é visto. Assim, pois, no terreno dos princípios, no terreno teórico e no terreno
prático, surge uma só conclusão a propósito das teses de Trotski e da posição
de Bukhárin: é uma pena!
Chego ainda mais a esta conclusão quando
considero que não colocais a questão de modo marxista. Não é somente o fato de
que nas teses haja uma série de erros teóricos. A análise do “papel e das
tarefas dos sindicatos” não é marxista porque não se pode abordar um tema tão
vasto sem meditar nas particularidades do momento atual em seu aspecto
político. Pois não foi em vão que escrevemos, juntamente com o camarada
Bukhárin, na resolução do IX Congresso do PC da Rússia sobre os sindicatos, que
a política é a expressão mais concentrada da economia.
Analisando o atual momento político,
poderíamos dizer que atravessamos um período de transição dentro do período de
transição. Toda a ditadura do proletariado é um período de transição, mas
agora, temos, como se diz, toda uma série de novos períodos transitórios.
Desmobilização do exército, término da guerra, possibilidade de uma trégua
pacífica muito mais prolongada do que antes, possibilidade de passar mais
firmemente da frente da guerra para a frente do trabalho. Só por isto, somente
por isto, muda a atitude da classe proletária em face da classe camponesa. Como
muda? Isto é preciso ser examinado com a maior atenção, coisa que não fazeis em
vossas teses. E enquanto não o examinarmos assim, é preciso saber esperar. O
povo está mais que cansado, toda uma série de reservas que deveriam ser
consumidas por algumas indústrias de choque já estão esgotadas, modifica-se a
atitude do proletariado em relação aos camponeses. O cansaço da guerra é
imenso, as necessidades aumentaram, mas a produção não foi incrementada, ou foi
incrementada de maneira insuficiente. Por outro lado, eu indicava, em meu
informe ao VIII Congresso dos Sovietes, que aplicamos com acerto e resultado a
coerção, quando soubemos baseá-la, antes de tudo, em um trabalho de persuasão.
Devo dizer que Trotski e Bukhárin não levaram absolutamente em conta esta
importantíssima consideração.
Soubemos colocar todas as novas tarefas
da produção sobre uma base devidamente ampla e sólida de trabalho de persuasão?
Não, apenas começamos a fazê-lo. Ainda não soubemos atrair as massas. Mas podem
as massas passar imediatamente a cumprir estas novas tarefas? Não podem, porque
a questão, suponhamos, de que se é preciso acabar com o latifundiário Wrangel e
de que para isto é necessário sacrifícios, uma tal questão não requer uma
propaganda especial; mas quanto à questão do papel dos sindicatos na produção —
se se considera não o problema “de princípio”, não as divagações sobre o
“trade-unionismo soviético” e outras ninharias, mas o aspecto prático do
problema —, não fomos além de começar a elaborá-la, nada mais fizemos do que
criar a instituição para realizar a propaganda na esfera da produção; ainda não
temos experiência. Estabelecemos os prêmios em espécie, mas ainda necessitamos
de experiência. Criamos os tribunais disciplinadores, mas ainda desconhecemos
os seus resultados. E do ponto de vista político, o mais importante é,
certamente, a preparação das massas. A questão, sob este ponto de vista, já foi
estudada, meditada, balanceada? Absolutamente. E nisto está o erro político
radical, profundíssimo e perigoso, porque nesta questão, mais que em qualquer
outra, é preciso atuar segundo a regra que diz: “medir sete vezes antes de
cortar”; mas puseram-se a cortar sem haver medido uma só vez. Dizem que “o
Partido deve escolher entre duas tendências”, mas não mediram ainda uma só vez
e passaram a inventar a falsa palavra de ordem da “democracia na produção”.
É preciso compreender o significado
desta palavra de ordem sobretudo num momento político em que o burocratismo
aparece diante das massas com toda a clareza e quando colocamos na ordem-do-dia
a questão relacionada com isto. O camarada Trotski diz nas teses que, quanto à
questão da democracia operária, ao Congresso “não lhe resta mais do que
registrar o seu parecer unânime”. Isto é falso. Não basta registrar; registrar
significa sancionar o que foi bem balanceado e medido, enquanto que a questão
da democracia na produção ainda está muito longe de haver sido balanceada a
fundo, não está experimentada, não está comprovada. Pensai na interpretação que
as massas podem dar, quando se proclama a palavra de ordem da “democracia na
produção”.
“Nós, homens médios, homens da massa,
dizemos que é preciso renovar, que é preciso corrigir, que é preciso derrubar
os burocratas, e tu tratas de desorientar-nos dizendo que nos dediquemos à
produção, que destaquemos a democracia nos êxitos da produção; mas eu não quero
trabalhar com este pessoal burocrático das administrações, das direções gerais,
etc, mas com outro pessoal.” Não deixastes que as massas falassem, assimilassem
e pensassem, não deixastes que o Partido adquirisse nova experiência, e já
sentis pressa, exagerais o tom e criais fórmulas que são falsas do ponto de
vista teórico. E como não serão acentuados estes erros pelos executores
excessivamente zelosos! Um dirigente político não responde apenas pelo modo
como dirige, mas também por aquilo que fazem os dirigidos por ele. Isto, às
vezes, ele não o sabe, e frequentemente não o quer saber, mas a
responsabilidade recai sobre ele.
Passo agora a tratar dos plenos do
Comitê Central, de novembro (dia 9) e dezembro (dia 7), que expressaram todos
estes erros não como postulados lógicos, como premissas, como raciocínios
teóricos, mas na ação. No Comitê Central fez-se uma mistura e uma confusão; era
a primeira vez que tal coisa ocorria na história de nosso Partido, durante a
revolução, e isto era preciso. A questão reside em que se deu uma divisão,
surgiu o grupo “tampão” de Bukhárin, Preobrajenski e Serebriakov, o grupo que
mais prejuízo causou e que mais embrulhou as coisas.
Recordai a história da Seção Política
Geral do Comissariado do Povo das Vias de Comunicação(6) e a do Comitê Central
do Sindicato do Transporte(7). Na resolução do I Congresso do PC de Toda a
Rússia, em abril de 1920, dizia-se que a Seção Política Geral do Comissariado
do Povo de Vias de Comunicação era criada na qualidade de instituição
“temporária”, e que “no prazo mais curto possível era necessário passar à
normalização da situação. Em setembro, lia-se: “Passemos a uma situação
normal”(8). Em novembro (dia 9) o pleno se reuniu e Trotski apresentou suas
teses, suas divagações sobre o trade-unionismo. Por mais excelentes que fossem
algumas de suas frases com respeito à propaganda na esfera da produção, era
preciso dizer que tudo aquilo não vinha ao acaso, não tinha sentido prático,
constituía um passo atrás e não era possível nos ocuparmos disso no Comitê
Central do Partido. Bukhárin disse: “Isto está muito bem”. Pode ser que
estivesse muito bem, mas isso não era uma resposta. Depois de acalorados
debates foi aprovada uma resolução por dez votos contra quatro, em que se
dizia, em forma correta e cordial, que o próprio Comitê Central do Sindicato do
Transporte “já havia colocado na ordem-do-dia” a necessidade de “reforçar e
desenvolver os métodos da democracia proletária dentro do sindicato”. Dizia-se
que o Comitê Central do Sindicato de Transporte devia “tomar parte ativa no
trabalho geral do Conselho Central dos Sindicatos da Rússia, fazendo parte dele
com os mesmos direitos que os demais sindicatos”.
Qual era a ideia fundamental desta
resolução do CC? É clara:
“Camaradas do Comitê Central do
Sindicato do Transporte: cumpri os acordos do Congresso e do CC do Partido não
de um modo formal, mas concretamente, para ajudar com vosso trabalho todos os
sindicatos, para que não fique nem o rastro do burocratismo, de preferência, de
vaidades, como a manifestada pelos que dizem: Somos melhores que vós, temos
mais que vós, recebemos mais ajuda”.
Depois disto passamos ao trabalho
prático. Quando já estava constituída a comissão e se publicara a lista de seus
componentes, Trotski retirou-se dela, impediu o seu funcionamento, não quis
colaborar com ela. Por quê? Só havia uma razão: Lutovinov só costuma jogar na
oposição. É certo. E Osinski também. Isto é um jogo desagradável, digo
conscientemente. Mas isto, por acaso, era um motivo? Osinski organizou
perfeitamente a campanha de sementes. Era preciso trabalhar com ele, apesar de
sua “campanha oposicionista”, e um comportamento como esse, de fazer fracassar
a comissão, é burocrático, não soviético, não socialista, desatinado e
politicamente funesto. No momento em que é necessário estabelecer um limite
claro entre os elementos sãos e os elementos nocivos da “oposição”, esse
comportamento é três vezes desatinado e politicamente funesto. Quando Osinski
desencadeia a “campanha oposicionista”, digo-lhe: “é uma campanha funesta”; mas
quando desenvolve a campanha de sementes, é preciso felicitá-lo. Nunca negarei
que Lutovinov comete um erro com sua “campanha oposicionista”, da mesma maneira
que Ischenko e Shliapnikov, mas isto não é motivo para fazer a comissão
fracassar.
Qual o significado exato desta comissão?
Significava a passagem das divagações com pretensões intelectuais sobre
divergências sem substância para um trabalho prático. Propaganda na esfera da
produção, prêmios, tribunais disciplinadores: disso é que se devia falar, nisso
tinha que trabalhar a comissão. Mas foi então que o camarada Bukhárin, chefe do
“grupo tampão, com Preobrajenski e Serebriakov, vendo a perigosa divisão
surgida no CC do Partido, pôs-se a criar um tampão, um tal tampão que não
encontro um termo parlamentar para qualificá-lo. Se eu soubesse fazer
caricaturas como o camarada Bukhárin, mostraria o camarada Bukhárin com um
balde de petróleo, jogando o líquido no fogo, e poria esta legenda: “O petróleo
do tampão”. O camarada Bukhárin quis criar alguma coisa; não há dúvida de que o
seu desejo era o mais sincero e “tamponador” possível. Mas não redundou em um
tampão, redundou em que não levou em conta o momento político, e, por
conseguinte, incorreu em erros teóricos.
Havia necessidade de levar todos esses
debates a uma ampla discussão, de ocupar-se de semelhante ninharia e
desperdiçar semanas tão preciosas para nós nas vésperas do Congresso do
Partido? Durante esse tempo poderíamos ter elaborado e estudado a questão dos
prêmios, dos tribunais disciplinadores e do entrelaçamento. Teríamos resolvido
estas questões com um sentido prático na comissão do CC do Partido. Se o
camarada Bukhárin queria criar um tampão e não desejava encontrar-se na
situação da pessoa que se enganou de porta, teria que haver dito e insistido
que o camarada Trotski não abandonasse a comissão. Se houvesse dito e feito
isto, teríamos empreendido um caminho positivo e haveríamos esclarecido, nesta
comissão, como deve ser na realidade a direção unipessoal, como deve ser a
democracia, quais são os que devem ser designados para os cargos, etc.
Prossigamos. Em dezembro (Pleno do dia
7) deu-se o choque com os dirigentes do transporte fluvial e marítimo, que veio
agravar o conflito, e como resultado disso no Comitê Central do Partido
reuniram-se oito votos contra os nossos sete. O camarada Bukhárin escreveu
apressadamente a parte “teórica” da resolução do pleno de dezembro, tratando de
“apaziguar” e de fazer funcionar o “tampão”, mas é claro que depois do fracasso
da comissão não podia resultar disso nada de proveitoso.
É preciso recordar que um dirigente
político não responde apenas por sua política, mas também pelo que fazem os que
são dirigidos por ele.
Muito bem, em que consistiu o erro da
Seção Política Geral do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação e do Comitê
Central do Sindicato dos Transportes? Não consistiu absolutamente em haver
aplicado a coerção; ao contrário, nisto reside o seu mérito. Seu erro foi não
saber passar, em tempo e sem conflitos, segundo exigia o IX Congresso do PCR,
para um trabalho sindical normal, foi não saber adaptar-se, como devia, aos
sindicatos, foi não saber ajudá-los, estabelecendo com eles relações em pé de
igualdade. Há uma valiosa experiência dos tempos da guerra civil: heroísmo,
grande zelo no cumprimento das tarefas, etc. É um aspecto negativo na
experiência dos piores elementos dessa mesma época de guerra: o burocratismo, a
vaidade. As teses de Trotski, apesar de sua consciência e de sua vontade, não
defendem o melhor aspecto da experiência dos tempos de guerra, mas seu aspecto
mais negativo. É preciso relembrar que um dirigente político não responde
apenas por sua política, como também por aquilo que os seus dirigidos façam.
A última coisa que queria dizer-lhe, e
de que ontem tive que me criticar, é que passei por alto nas teses do camarada
Rudzutak. Rudzutak tem o defeito de não saber falar alto, de maneira persuasiva
e com beleza. É fácil não prestar atenção, não se inteirar do que ele diz.
Ontem, ao não poder assistir à reunião, repassei meus papéis e encontrei entre
eles uma folha editada a propósito da V Conferência de Sindicatos de Toda a
Rússia, reunida de 2 a 6 de novembro de 1920. Esta folha tem como título: As
Tarefas dos Sindicatos na Produção. Vou lê-las, o texto não é muito grande:
À V Conferência de Sindicatos de Toda a
Rússia
As tarefas dos sindicatos na produção
Teses do informe do camarada Rudzutak
Imediatamente após a Revolução de
Outubro, os sindicatos tornaram-se quase os únicos organismos que, ao lado da
aplicação do controle operário, podiam e deviam assumir a tarefa de organizar e
dirigir a produção. No primeiro período do poder soviético, o aparelho estatal
de direção da economia nacional ainda não estava organizado, e a sabotagem dos
donos das empresas e do pessoal técnico superior colocou com premência, ante a
classe operária, as tarefas de manter a indústria e de restabelecer o
funcionamento normal de todo o aparelho econômico do país.
No período seguinte de trabalho do
Conselho Superior de Economia Nacional, quando uma parte considerável deste
trabalho se reduzia à liquidação das empresas privadas e à organização da
direção destas pelo Estado, os sindicatos realizaram este trabalho junto e
conjuntamente com os organismos estatais de direção econômica.
A debilidade dos organismos estatais não
só explicava, mas, além disso, justificava semelhante paralelismo;
historicamente, esse paralelismo estava justificado por haver-se estabelecido
um completo contacto entre os sindicatos e os organismos de direção econômica.
A direção dos organismos econômicos do
Estado e a dominação gradual por estes do aparelho da produção, direção e
coordenação das diferentes partes deste aparelho, tudo isso fez com que
passasse para os referidos organismos o centro de gravidade do trabalho de
direção da indústria e de elaboração do programa de produção. Em virtude disso,
o trabalho dos sindicatos na esfera da organização da produção se reduziu à
participação na formação de juntas assessoras das direções gerais,
departamentos centrais e administrações das fábricas.
Atualmente, voltamos novamente a abordar
de cheio a questão relativa ao estabelecimento da mais estreita ligação entre
os organismos econômicos da República soviética e os sindicatos, quando é
necessário a todo custo utilizar racionalmente cada unidade de trabalho e
incorporar todos os trabalhadores a uma participação consciente no processo de
produção; quando o aparelho estatal da direção econômica, ao crescer e
complicar-se paulatinamente, converteu-se em uma máquina burocrática
desproporcional, enorme em comparação com a própria produção, e quando
impulsiona inevitavelmente os sindicatos a tomarem parte direta na organização
da produção, não só através da representação pessoal nos organismos econômicos,
senão como tal organização em seu conjunto.
Se o Conselho Superior de Economia
Nacional focaliza a fixação do programa geral de produção partindo dos
elementos materiais de produção existentes (matéria-prima, combustível, estado
da maquinaria, etc), os sindicatos devem encarar este problema do ponto de
vista da organização do trabalho com vistas às tarefas de produção e à utilização
racional deste. Por isso, o programa geral de produção, por partes e em seu
conjunto, deve ser traçado com a participação clara dos sindicatos a fim de
combinar do modo mais conveniente o aproveitamento dos recursos materiais da
produção e do trabalho.
A implantação de uma efetiva disciplina
de trabalho e a luta eficaz contra os casos de deserção do trabalho, etc, só
são concebíveis com a participação consciente de todos os produtores no
cumprimento das tarefas. Os métodos burocráticos e as ordens de cima não
conseguem isto, ou melhor, é necessário que cada trabalhador compreenda a
necessidade e a conveniência das tarefas a serem cumpridas na produção; é
necessário que cada produtor não somente participe no cumprimento das tarefas
indicadas de cima, mas que tome parte, conscientemente, na correção de todas as
deficiências técnicas e de organização, na esfera da produção.
As tarefas dos sindicatos nesse terreno
são enormes. Eles devem ensinar os seus membros, em cada oficina e em cada
fábrica, a descobrir e levar em conta todos os defeitos no aproveitamento da
mão-de-obra, derivados de uma utilização desacertada dos meios técnicos ou de
um trabalho administrativo deficiente. A soma da experiência das diferentes
empresas e da produção deve ser utilizada para uma luta decidida contra a
papelada, a negligência e o burocratismo.
Para assinalar, especialmente, a
importância destas tarefas de produção, do ponto de vista da organização, devem
os sindicatos ocupar um posto determinado no trabalho corrente. As seções
econômicas, que em virtude de um acordo do III Congresso de Toda a Rússia estão
sendo organizadas anexas aos sindicatos, ao desenvolver o seu trabalho devem
deixar claro e determinar paulatinamente o caráter de todo o trabalho sindical.
Assim, por exemplo, nas atuais condições sociais, quando toda a produção
encaminha-se para satisfazer as necessidades dos próprios trabalhadores, as
quotas de salários e os prêmios devem manter a mais estreita conexão e
dependência com o grau do cumprimento do plano de produção. O sistema de
prêmios em espécie e o pagamento de uma parte do salário em espécie devem
converter-se gradualmente em um sistema de abastecimento dos operários em
função do nível alcançado pela produtividade do trabalho.
Esta forma de encarar o trabalho dos
sindicatos, deve, de um lado, pôr fim à existência de organismos paralelos
(seções políticas, etc) e, de outro, restabelecer a estreita conexão das massas
com os organismos de direção econômica.
Depois do II Congresso, os sindicatos
não conseguiram aplicar em grau considerável o seu programa no que se refere à
sua participação na edificação da economia nacional, devido, de um lado, às
condições próprias do tempo de guerra, e, de outro, em consequência de sua
debilidade orgânica e por estarem desligados do trabalho dirigente e prático
dos organismos econômicos.
Por isso, os sindicatos devem propor as
seguintes tarefas práticas imediatas: a) participação mais ativa na solução dos
problemas da produção e da direção; b) participação direta, conjuntamente com
os correspondentes organismos econômicos, na constituição de organismos
competentes de direção; c) estudo minucioso e influência dos diferentes tipos
de direção na produção; d) participação obrigatória na elaboração e no
estabelecimento dos planos econômicos e dos programas de produção; e)
organização do trabalho em relação com o grau de urgência das tarefas
econômicas; f) desenvolvimento de uma ampla organização da agitação e
propaganda na esfera da produção.
É necessário que as seções econômicas anexas
aos sindicatos e às organizações sindicais se convertam efetivamente em
poderosos meios que atuem com rapidez para assegurar a participação sistemática
dos sindicatos na organização da produção.
Com o objetivo de regulamentar o
abastecimento material dos operários, é necessário que os sindicatos transfiram
sua influência para os organismos de distribuição do Comissariado do Povo de
Abastecimento, tanto locais como central, tornando efetivos a participação
prática e eficiente e o controle em todos os organismos de distribuição, dando
especial atenção à atividade das comissões de abastecimento operário centrais e
provinciais.
Uma vez que o chamado "sistema de
trabalho de choque”, devido à compreensão estreita por parte das diferentes
direções gerais, departamentos centrais, etc, já adquiriram o mais desordenado
caráter, é preciso que os sindicatos se mobilizem em toda parte em defesa da
aplicação efetiva do referido sistema de trabalho na economia e da revisão do
sistema vigente de determinação do trabalho de choque em relação com a
importância da respectiva produção, tendo em conta os recursos materiais
existentes no país.´
É necessário concentrar, especialmente,
a atenção no chamado grupo-modelo de empresas, fazendo com que sejam
verdadeiramente modelo mediante a criação de uma direção competente, a
observação da disciplina de trabalho e o trabalho de organização sindical.
Em virtude da organização do trabalho,
além de estabelecer um sistema regular de tarifas de salários e de revisar em
todos os aspectos as normas de rendimento, é preciso que os sindicatos tomem
firmemente em suas mãos a luta contra os diferentes casos de deserção do
trabalho (ausência injustificada ao trabalho, falta de pontualidade, etc). Os
tribunais disciplinadores, aos quais até agora não se dedicou a devida atenção,
devem ser transformados em um meio eficaz de luta contra a infração da
disciplina proletária no trabalho.
O cumprimento das tarefas enumeradas,
bem como a elaboração de um plano prático de propaganda na esfera da produção e
de diversas medidas para melhorar a situação econômica dos operários, devem
recair sobre as seções econômicas. Por isso, é necessário recomendar à seção
econômica do Conselho Central dos Sindicatos da Rússia que convoque com
brevidade uma conferência de seções econômicas de toda a Rússia para examinar
as questões práticas da edificação econômica em conexão com o trabalho dos
organismos econômicos do Estado.
Espero que agora compreendereis por que
tive de censurar-me. Isto, sim, é uma plataforma, cem vezes melhor do que o que
escreveu o camarada Trotski, depois de haver pensado muito, e do que o que
escreveu o camarada Bukhárin (resolução do pleno de 7 de dezembro), sem haver
pensado nada. Todos nós, membros do Comitê Central, que não trabalhamos durante
muitos anos no movimento sindical, teríamos que aprender com o camarada
Rudzutak, e o camarada Trotski e o camarada Bukhárin também teriam que aprender
com ele. Os sindicatos adotaram esta plataforma.
Todos nós esquecemos os tribunais
disciplinadores, mas “a democracia na produção” sem prêmios em espécie e sem
tribunais disciplinadores é puro palavrório.
Comparo as teses de Rudzutak com as
teses que Trotski apresentou no Comitê Central. No final da quinta tese, leio:
“...é necessário levar a cabo agora
mesmo a reorganização dos sindicatos, isto é, sobretudo a seleção do pessoal
dirigente, partindo precisamente deste ponto de vista...”
Isso é verdadeiramente burocracia!
Trotski e Krestinski selecionando o “pessoal dirigente” dos sindicatos!
Aí tendes, mais uma vez, a explicação do
erro do Comitê Central do Sindicato do Transporte. Mas seu erro não consiste em
haver aplicado a coerção; nisto consiste o seu mérito. O erro consiste em não
haver sabido abordar as tarefas gerais de todos os sindicatos, em não haver o
próprio Comitê Central do Sindicato do Transporte sabido passar, e ajudar todos
os sindicatos a passarem a uma aplicação mais acertada, rápida e eficaz dos
tribunais disciplinadores de honra. Quando li o que se diz dos tribunais
disciplinadores nas teses do camarada Rudzutak, pensei: certamente há um
decreto sobre isto. E, efetivamente, há um decreto. A “Disposição sobre os
tribunais disciplinadores operários de honra” foi ditada a 14 de novembro de
1919 (Código de leis, n.° 537).
Nestes tribunais corresponde aos
sindicatos um papel da maior importância. Eu não sei se estes tribunais são
bons, nem se o seu funcionamento é eficaz, nem se atuam em todos os casos. Se
estudássemos nossa própria experiência prática, seria um milhão de vezes mais
útil do que tudo aquilo que os camaradas Trotski e Bukhárin escreveram.
Termino. Resumindo, devo dizer que levar
estas divergências a uma ampla discussão no Partido e ao congresso do Partido é
um erro tremendo. É um erro do ponto de vista político. Na comissão, e somente
na comissão, haveríamos procedido a um exame prático e dado passos adiante, mas
agora marchamos para trás, e durante várias semanas marcharemos para trás, para
teses teóricas abstratas, em lugar de abordar a tarefa com um critério
realista. No que toca a mim, isto me repugna ao máximo e de boa vontade
afastar-me-ia independentemente de meu estado de saúde; estou disposto a
retirar-me para qualquer parte.
Conclusões: nas teses de Trotski e
Bukhárin há toda uma série de erros teóricos. Uma série de inexatidões de
princípio. Politicamente, toda a análise da questão equivale a uma absoluta
falta de tato. As “teses” do camarada Trotski são uma coisa nefasta no sentido
político. Sua política, em suma, é uma política de limitação burocrática dos
sindicatos. Estou seguro de que o congresso de nosso Partido condenará e
rechaçará esta política (calorosos e prolongados aplausos).
Notas:
(1)O discurso Sobre os Sindicatos, no
Momento Atual e os Erros de Trotski foi a primeira intervenção de Lênin diante
do ativo do Partido na discussão relativa ao papel e às tarefas dos sindicatos.
Trotski foi o promotor da discussão e da luta contra Lênin e contra o Partido.
Depois de Trotski, intervieram também outros grupos anti-Partido. Na discussão
sobre os sindicatos, os trotskistas e todos os demais oposicionistas foram
derrotados. As organizações do Partido cerraram fileiras em torno de Lênin e se
solidarizaram com a plataforma leninista. (retornar ao texto)
(2) Smolni: edifício do antigo Instituto
do mesmo nome em Petrogrado, residência do governo soviético antes de sua
transferência para Moscou, em março de 1918. (retornar ao texto)
(3) Refere-se aos plenos do CC de
novembro e dezembro de 1920. Vejam-se os textos de suas resoluções nos números
255 e 281 de Pravda, de 13 de novembro e 14 de dezembro, e a informação do n.°
26 de Izvestia do CC do PCR, de 20 de dezembro do mesmo ano. (retornar ao
texto)
(4) O Conselho de Defesa foi criado pelo
Comitê Executivo Central de Toda a Rússia a 30 de novembro de 1918, para
dirigir todo o trabalho de defesa na frente e na retaguarda. Lênin foi
designado presidente. Liquidadas as frentes principais, o Conselho de Defesa
foi transformado em abril de 1920 em Conselho de Trabalho e da Defesa. Depois
de terminada a guerra civil, por aprovação do VIII Congresso dos Sovietes de
Toda a Rússia (1920), o Conselho de Trabalho e de Defesa passou a funcionar
como uma comissão do Conselho de Comissários do Povo e perdurou até fins de 1936.
(retornar ao texto)
(5) Refere-se ao birô de toda a Rússia
para a propaganda na esfera da produção, anexo ao Conselho Central dos
Sindicatos da Rússia. (retornar ao texto)
(6) A Seção Política Geral do
Comissariado do Povo das Vias de Comunicação foi instituída em fevereiro de
1919, por decisão do Comitê Executivo Central de Toda a Rússia, e reorganizada
em janeiro de 1920, como Direção Política Central do referido Comissariado, na
qualidade de organismo temporário para a direção do trabalho do Partido e político
entre os operários e empregados em transporte. Em dezembro de 1920, foi
dissolvida por decisão do CC do PC(b) da Rússia. (retornar ao texto)
(7) O Comitê Central do Sindicato
Unificado de Trabalhadores do Transporte Ferroviário, Fluvial e Marítimo foi
criado em setembro de 1920. Os trotskistas, que nos fins de 1920 e começos de
1921 figuravam na direção deste Comitê, atuaram nos sindicatos com métodos
coercitivos e autoritários, lançando os operários sem partido contra o Partido,
e desencadearam um trabalho divisionista entre a classe operária. A atuação dos
trotskistas foi desmascarada e condenada pelo Comitê Central do Partido. O I
Congresso de Operários do Transporte de Toda a Rússia, reunido em março de
1921, expulsou os trotskistas da direção do Comitê Central do referido
sindicato unificado. (retornar ao texto)
(8) Veja-se Izvestia do CC do PCR, n.°
26, pág. 2, resolução do pleno de setembro do CC, ponto 3: “O CC é de opinião
que atualmente melhorou consideravelmente a grave situação dos sindicatos do
transporte que motivou a criação da Seção Política Geral do Comissariado do
Povo de Vias de Comunicação e da Direção Política Geral do Transporte Pluvial e
Marítimo(9), recursos temporários para garantir a boa marcha do trabalho. Por
isso, agora se pode e se deve iniciar o trabalho tendente a incluir estas
organizações no sindicato como organismos ajustados ao aparelho sindical e
fundidos com ele”. (retornar ao texto)
(9) A Direção Política Geral do
Transporte Fluvial e Marítimo, anexa ao Comissariado do Povo de Vias de
Comunicação, foi constituída em abril de 1920 como organismo dependente da
Seção Política Geral deste Comissariado e dissolvida em dezembro de 1920.
(retornar ao texto)
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