L. Segal
O Capitalismo
O capitalismo desenvolveu-se
economicamente, ao surgir a produção mercantil, em substituição à economia
natural do sistema feudal. Sob os regimes da escravidão e do feudalismo, de
fato, existiu a troca de produtos, o dinheiro e o comércio, em geral. Mas a maior
parte dos produtos não era destinada ao mercado. Sob o capitalismo é que a
produção mercantil se converteu num modo de produção generalizado e dominante.
O capitalismo fez desenvolver-se amplamente a divisão social do trabalho. Da
manufatura capitalista, na qual o trabalho manual constituía a base da
produção, surgiu a fábrica capitalista, pro- vida de maquinismos potentes.
A produtividade do trabalho aumentou
consideravelmente. Surgiram novas mercadorias e cresceu o número de indústrias.
O capitalismo destruiu parte dos antigos modos de produção e o restante foi
incorporado ao seu próprio mecanismo. Promoveu o desenvolvimento dos meios de
comunicação, penetrou em todos os rincões do globo e criou um mercado e uma
economia capitalista de caráter mundial.
No regime capitalista, a produção não
tem como objetivo satisfazer necessidades sociais. Seu móvel é o enriquecimento
dos capitalistas. A caça aos lucros é sua força motriz. Para alcançar a maior
vantagem possível, cada capitalista, submetido às leis do mercado, trata de
aumentar sua produção, de intensificar a exploração de seus operários e de
introduzir novas e mais perfeitas máquinas, afim de diminuir o custo da
produção e aumentar seu lucro.
Já citamos as palavras de Engels quando
diz que, numa sociedade dividida em classes,"cada passo para a frente, na
produção, é ao mesmo tempo, um passo para trás na situação da classe oprimida,
ou seja, da grande maioria".
O capitalismo agrava intensamente essa
contradição, própria, aliás, de qualquer sociedade dividida em classes.
"Como produtor, à custa do esforço
alheio, espoliador da "mais-valia" e explorador da "força de
trabalho", o capitalismo ultrapassa em energia, exagero e eficiência a
todos os sistemas de produção que o precederam — o escravagista e o feudal —
baseados diretamente no trabalho forçado".
As desenvolver as forças produtivas da
sociedade, o capitalismo revela-se, cada vez mais, incapaz de dominá-las. As
crises, que enfraquecem periodicamente o sistema capitalista e destroem parte
de suas forças produtivas, são bastante eloquentes na demonstração desse
fenômeno de descontrole e anarquia.
O capitalismo torna-se agora um
obstáculo ao desenvolvimento das forças produtivas geradas por ele próprio.
Torna-se uma necessidade histórica a supressão do capitalismo pelo processo
revolucionário e sua substituição pelo comunismo, isto é, pela sociedade sem
classes, na qual os meios de produção sejam de propriedade coletiva.
O desenvolvimento do capitalismo cria as
condições materiais e técnicas necessárias à edificação da sociedade comunista.
Ao mesmo tempo, gera a força que é destinada a derrubá-lo : a classe operária
revolucionária. A situação social desta classe agrava-se com o desenvolvimento
do capitalismo e não tem outra saída senão a de destruí-lo e construir, a
seguir, a sociedade comunista.
A contradição entre as forças produtivas
e as relações da produção
A visão rápida, que acabamos de dar
sobre o desenvolvimento da sociedade, mostra que a passagem de um modo de
produção para outro não é resultado do acaso, mas consequência do
desenvolvimento da contradição que se gera entre as forças produtivas e as
relações de produção. Vejamos como Marx expõe essa lei da evolução histórica:
"...na produção social para sua
existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias e
independentes de silas vontades. Essas relações de produção correspondem a uma
etapa determinada de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais...
Durante o curso de seu desenvolvimento, as forças produtivas da sociedade
entram em contradição com as relações de produção que, nessa época, existem,
ou, o que não é mais que sua expressão jurídica, entram em contradição com as
relações de propriedade dentro das quais se tinham movimentado até então. As relações,
que eram, antes, formas evolutivas das forças de produção, se convertem em
empecilhos... Então, uma era de revolução social se inaugura".
Cada sistema de relações de produção ou
cada. agrupamento social (comunismo primitivo, escravidão, feudalismo,
capitalismo, comunismo), cada um tem suas particularidades. Mas, se
considerarmos os três modos, de produção que se seguiram ao comunismo primitivo,
descobrimos um traço comum a todos: as relações de produção são relações de
classes, todos esses sistemas se caracterizam pelo antagonismo entre as
classes. A luta de classes é o traço fundamental que caracteriza toda a vida
social. O capitalismo é a última sociedade antagônica, a última sociedade
dividida em classes. O seu lugar será ocupado pela sociedade socialista, sem
classes. Esta é a primeira fase do comunismo e sua edificação inicia-se com a
vitória da classe operária, ou, seja, com a instauração da ditadura do
proletariado.
Todas as revoluções anteriores se
limitavam à mudança de um regime de exploração por outro, enquanto que a
revolução proletária suprime toda forma de exploração.
"Só a Revolução Soviética, a
Revolução de Outubro, conseguiu solucionar o problema de não substituir um
grupo de exploradores por outro, de não substituir uma forma de exploração por
outra, mas o de acabar com toda exploração, suprimir todos os exploradores,
ricos e opressores, antigos ou novos".
Nas sociedades divididas em classes, o
domínio do homem sobre a natureza realiza-se através da dominação da imensa
maioria da sociedade por um ínfimo punhado de exploradores. Assim, cada passo
para a frente, na produção, constitui um retrocesso na situação dos trabalhadores,
como já o demonstramos. A revolução proletária, pelo contrário, inaugura uma
nova era, na qual um passo ascendente da produção significa ,ao mesmo tempo, um
passo progressista na situação social dos trabalhadores. Pela primeira vez, a
sociedade é dona da natureza. Pela primeira vez, as forças produtivas podem
desenvolver-se com um ritmo tal, que não seria alcançado por nenhuma sociedade
baseada na exploração de uma classe por outra. O rápido crescimento das forças
produtivas e a vitória do socialismo, na URSS, são a prova mais evidente desse
fato
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