terça-feira, 16 de abril de 2019

Sobre a história do movimento comunista no Brasil

Qual é o verdadeiro PCB fundado em 1922?
12/04/2019

De onze delegados, representando os Grupos Comunistas espalhados pelo Brasil, nove compareceram ao Congresso fundacional da Seção Brasileira da Internacional Comunista (SBIC) e cantaram, bem baixinho, para encerrar o encontro, em Niterói, A Internacional.

A fundação da Seção Brasileira da Internacional Comunista (SBIC), mais tarde Partido Comunista do Brasil (PCB), em 25 de março de 1922, foi uma necessidade histórica e a vontade coletiva de setores mais avançados politicamente na atrasada sociedade agrária brasileira. Apesar de a maioria dos fundadores do PCB terem origem no anarcossindicalismo e, segundo o historiador Michel Zaidan Filho [1], ligações íntimas com a maçonaria, o Partido Comunista do Brasil foi o primeiro partido a se organizar nacionalmente, numa época onde os partidos políticos eram regionalizados e tinham os seus caciques.

Sempre que se completa aniversário, o 97º neste ano de 2019, várias organizações autodenominadas comunistas reivindicam esta data como sendo suas, particulares, privadas. Outra dúvida na cabeça da maioria dos militantes, em várias destas organizações, é sobre o nome e a sigla do Partido, sobre qual é o verdadeiro PCB de 1922. É sempre bom destacar que, quando foram organizados os vários Grupos Comunistas no Brasil (Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre, Santos, Niterói, etc), a partir de 1921, o objetivo era fundar um Partido Comunista de fato e receber o reconhecimento da Internacional Comunista (fundada em 1919 e oficialmente organizada como Partido Comunista internacional) [2] . Sendo assim, cada partido comunista, organizado em cada país, era uma seção deste partido comunista internacional (Internacional Comunista ou Terceira Internacional), daí, nascendo a Seção Brasileira da Internacional Comunista ou Partido Comunista do Brasil, e não “Partido Comunista Brasileiro” (já que se entendia por “brasileiro” ser uma denominação nacional e não uma seção da IC, do Brasil). Deste modo, até a dissolução da Internacional Comunista em 1943, o Partido Comunista do Brasil era oficialmente uma Seção da organização mundial dos comunistas: a Internacional Comunista.

Outra questão polêmica é sobre a sigla PCB. Nos primeiros documentos oficiais existem registros apenas da sigla SBIC, mas, com o passar do tempo, logo adota-se a sigla PC-SBIC ou simplesmente PCB (adotada de vez a partir do fim da IC). Que fique claro: a sigla original e oficial do Partido Comunista do Brasil, nascido em 1922, é PCB.

Com o decorrer da História do Partido e suas várias cisões e reorganizações, muitas foram as tentativas de mudanças de nome do destacamento dos comunistas. As primeiras cisões, no início da década de 1930, deram origem a organizações trotskistas que se autodenominavam internacionalistas ou leninistas, mas sem reivindicar o nome e a sigla do PCB. Outra tentativa, durante a crise que abateu o Partido no final dos anos de 1930 e início dos anos de 1940, quando militantes influenciados pelo browderismo [3] tentaram liquidá-lo e fundar uma organização nacional, apêndice da burguesia. Mas, prevaleceu nesta luta interna a vitória dos Marxista-Leninistas que continuaram o Partido Comunista do Brasil (PCB) e o reorganizaram em sua Conferência Nacional de 1943, conhecida como Conferência da Mantiqueira.

No entanto, após o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética e as calúnias proferidas pelo traidor Kruschióv contra Stálin, em 1956, os liquidacionistas tentaram mais uma vez modificar o nome e o sentido objetivo de o PCB existir. Os ataques contra o Partido da Classe Operária partiram de elementos nocivos, na verdade nacionalistas burgueses que de Marxista-Leninistas não tinham nada e, mais uma vez, foram derrotados em seus intentos de destruírem a organização fundada em 1922. Infelizmente, desta luta, sequelas ficaram e em 1961, após uma Conferência restrita à maioria do Comitê Central que defendia o revisionismo soviético, a direção decidiu fundar uma nova organização: o chamado “Partido Comunista Brasileiro”, utilizando a sigla original de 1922, PCB. O novo Programa e os novos Estatutos deste partido retiraram qualquer menção ao Marxismo-Leninismo e princípios como a ditadura do proletariado, o internacionalismo proletário e a luta de classes. Era criado neste momento, de fato, um partido social-democrata.

É a partir daí que os revisionistas, abrigados no PCBrasileiro, confundem grande parte dos militantes de nosso país com a falsa ideia que este PCBrasileiro, da sigla PCB, era o partido fundado em março de 1922. Ainda em 1961, os Marxista-Leninistas do original e tradicional Partido Comunista do Brasil nascido em 25 de março de 1922, resolvem se articular e buscar meios para reorganizar o Partido Marxista-Leninista no Brasil, após serem expulsos por se oporem à liquidação encabeçada por Prestes e seu grupo, apoiadores do revisionismo soviético. Após meses de esforços e, acusados de fracionismo pela direção do partido revisionista recém-criado, estes autênticos revolucionários realizam uma Conferência Nacional em fevereiro de 1962 e decidem pela reorganização do Partido Comunista do Brasil, o Partido do Proletariado. Como a sigla PCB estava indevidamente registrada e utilizada pelo PCBrasileiro, foi adotada, nos primeiros anos, a abreviação PC do Brasil. A sigla PCdoB surgiria apenas na década de 1970. Este grupo, o reorganizado em 1962, continuaria a trajetória do Partido nascido quarenta anos antes em sedes de sindicatos operários do Rio de Janeiro e num sobrado das tias de um dos seus fundadores, Astrojildo Pereira, em Niterói.

Mais tarde, as contradições do revisionismo levariam até mesmo este “Partido Comunista Brasileiro” a ser dissolvido, em 1992, após uma decisão ainda mais oportunista do grupo ligado ao então deputado federal Roberto Freire que criou um sabujo chamado “Partido Popular Socialista”, o PPS.

Acabaria ali o PCBrasileiro nascido das entranhas revisionistas em 1961. Neste mesmo ano de 1992, porém, um grupo minoritário de militantes do PCBrasileiro dissolvido por Freire e sua camarilha, cria outro partido, e só em 1995/96 conseguem no TSE o registro de um novo PCBrasileiro, com a sigla atual de PCB. Tratou-se, na prática, de uma tentativa de ressuscitar o arremedo revisionista de 1961 sob as consignas demagógicas de “reconstrução revolucionária”. Também em 1992, durante seu VII Congresso, o Partido Comunista do Brasil, PCdoB, que resistira ao liquidacionismo durante as décadas de 50, 60 e 70, aprofundou um processo de degeneração que já vinha se desenvolvendo desde fins da década de 1970 e adotou uma versão de revisionismo ainda muito mais escancarada que aquela praticada pelo velho PCBrasileiro de 1961 após o XX Congresso do PCUS, rompendo com o Marxismo-Leninismo.

Apesar de todas as confusões e alaridos, atualmente, nem o PCdoB, nem o PCBrasileiro (da sigla PCB) e nem o PPS são os verdadeiros continuadores da trajetória revolucionária iniciada em 1922. A despeito da existência de diversos agrupamentos que no Brasil que se reivindicam socialistas ou comunistas, a verdadeira vanguarda proletária, o Partido Comunista, está liquidada enquanto um todo organizado desde finais da década de 1970. É tarefa central resgatar a tradição e a História do legítimo Partido Comunista do Brasil (PCB), fundado naquele 25 de março de 1922, reconstruí-lo e reorganizá-lo enquanto o Partido Marxista-Leninista, revolucionário. Esta é a tarefa histórica de milhares de lutadores e lutadoras que reivindicam o marxismo-leninismo no Brasil.

Escrito por Clóvis Manfrini

Notas

[1] Zaidan Filho, Michel. O PCB e a Internacional Comunista. Ed. Vértice (São Paulo), 1988.

[2] Este reconhecimento da IC só se deu em 1924, dois anos após a fundação da SBIC.

[3] Earl Browder, antigo secretário do Partido Comunista dos Estados Unidos durante os anos de 1930 e inícios dos anos de 1940, que queria liquidar o Partido e fundar uma organização nacional, antimarxista e apêndice do Partido Democrata norte-americano.


quinta-feira, 11 de abril de 2019

Viva a justa luta do povo palestiniano pela retoma de todo o seu território!


Com milhares de palestinianos assassinados e prisões pelas frequentes agressões militares israelitas, e outros milhares de
presos, entre eles 6000 crianças detidas por Israel desde 2015.Com o novo governo fascista de Benjamin Natanyahu, que respaldado pelo apoio do imperialismo americano e seus vassalos, onde à semelhança da anexação de Jerusalém Oriental e os Montes Golã, quer agora avançar para a anexação dos colonatos em várias partes dos territórios palestinos na Cisjordânia, o que quer dizer que mais um vez o povo palestiniano vai ser agredido e expulso da sua terra, como novos milhares de pessoas serão assassinadas.



Caso não se levante em Portugal  e no mundo um grande movimento de solidariedade com o povo palestiniano contra a barbárie e a besta nazi/fascista do novo governo israelita. 

Viva a justa luta do povo palestiniano pela retoma de todo o seu território!

A Chispa!
11/4/2019







segunda-feira, 8 de abril de 2019

Como em Portugal - Espanha "esvaziada": todas as desigualdades apontam para o capitalismo


Espanha "esvaziada": todas as desigualdades apontam para o capitalismo

As mobilizações não param de protestar contra as grandes desigualdades que existem em todas as áreas do mundo hoje. Essas mobilizações exigem medidas para resolvê-las, mas, como não apontam para a raiz do problema, que é o regime econômico vigente, essas desigualdades se perpetuaram durante décadas ou mesmo séculos.

Atualmente, os habitantes de mais de 20 províncias foram mobilizados para exigir medidas contra o despovoamento, o abandono de milhares de pessoas que correm o risco de desaparecer. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, 80% das aldeias estão em risco de extinção em 14 províncias.

Por que as pessoas migram para cidades que já representam mais de 77% da população da Espanha ou 82% nos EUA ? Basicamente, para o trabalho. Portanto, o problema está relacionado ao regime econômico. Quem decide onde há trabalho e onde não? Os proprietários das empresas e fábricas, dos meios de produção. São eles que decidem concentrar a vida econômica em algumas áreas ou em outras, mesmo em alguns países ou outros, dependendo de seu interesse.


O Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman em seu artigo " Ficando real sobre a América rural " aponta para "forças poderosas " como responsáveis ​​pelo " declínio econômico da América rural " e considera que " ninguém sabe como reverter essas forças ".

Professor de Direito Constitucional Javier Pérez Royo está na mesma linha dizendo que " revitalizar regiões em declínio, ficando áreas repovoar está despovoado, não que isso é uma tarefa difícil, porque isso é difícil para conseguir a vontade política para resolver o problema, mas é que não sabemos como obtê-lo "

Os social-democratas têm a capacidade de atirar a pedra e esconder a mão. Ambos sabem, mas não dizem, que essas " forças poderosas " não são mais do que forças econômicas, neste caso, a economia de mercado, isto é, o capitalismo. Portanto, o que eles estão realmente dizendo é que DENTRO do capitalismo, esse problema, como o resto, não pode ser resolvido.

O problema da desigualdade entre o campo e a cidade é um clássico do capitalismo. E isso pode ser resolvido fora do capitalismo: com o socialismo. Nos países socialistas do século XX, com todas as suas dificuldades, colocando os meios de produção nas mãos de toda a sociedade, e com o planejamento coletivo que isso permitiu, eles resolveram a desigualdade como tantos outros.

Enquanto esses regimes socialistas existiam, era difícil negar a realidade, de modo que podemos encontrar estudos realizados na época em países capitalistas , que reconheciam a superioridade do sistema socialista no planejamento das cidades.

Urbanista e historiador australiano, Hugh Stretton, nada suspeito de ser um comunista, observou em 1978 que " a riqueza, renda e habitação têm nenhuma das desigualdades extremas que ocorrem nos países capitalistas ".

Carreras i Verdaguer na Geografia da Human Society (1981), conclui, " pode-se resumir que a cidade soviética é bastante igual, tanto que se refere à distribuição interna dos seus serviços, equipamentos e funções, como na semelhança da infraestrutura e organização entre cidades (...). São igualitários, sobretudo, porque a segregação social do espaço não existe, porque o transporte público atinge um alto nível de densidade ".

Em 1982, o arquiteto Rodriguez-Avial Llardent, em suas " áreas verdes e espaços abertos na cidade , " argumentou que " urbanisticamente a União Soviética tem um grande interesse em ser o primeiro país em que grande - o homem escala tenta para estruturar racionalmente geografia e recursos ".

Mas não é só isso. Precisamente os problemas de desigualdade, nesta e em outras áreas, apareceram nos países socialistas justamente quando formas privadas de administração foram introduzidas, incluindo cooperativas, que no final implicam uma restauração da economia de mercado:

" Os principais problemas são apresentados pelas brechas de privatização que podem ocorrer com a introdução do transporte privado, que está se expandindo; através do aparecimento de edifícios em que regime cooperativo, embora ajudar a resolver o problema da habitação, quebrar, de certa forma, homogeneidade social, e por finalmente introduzir as lojas elite "(Carreras i Verdaguer," Geografia da Sociedade Humana " .

Todos os caminhos levam ao socialismo. E hoje com mais razão até do que no século XX. Bem, hoje há um desenvolvimento científico-técnico impensável há apenas algumas décadas. Hoje a estrada seria muito mais simples, porque não teríamos que enfrentar as grandes dificuldades materiais que eram aquelas experiências do socialismo tão meritórias e que nos davam tantas lições.

Para resolver as desigualdades país-cidade ou norte-sul, a classe trabalhadora, como tem sido demonstrado tantas vezes na história, terá que tirar dessas "forças poderosas" o controle dos meios de produção, colocando-as a serviço de todos os meios de produção. pessoas que trabalham

Para acabar com todas as desigualdades

O socialismo é a única solução



Publicado em  3 de abril de 2019



Comité Provincial do Partido Comunista Operário da Espanha (PCOE) em Sevilha

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Grécia : Mobilização operária contra a mafia (e o oportunismo sindical


Dado que a situação em Portugal muito pouco difere, que seja um exemplo a seguir. Caso contrário muito dificilmente os trabalhadores  conseguirão reconquistar os direitos perdidos e outros a conquistar.


Depois de décadas de conciliação de classe das direções sindicais, com o patronato e os vários governos, em particular com os dois últimos, tendo como resultado a desvalorização salarial, a redução drástica  dos direitos laborais e sociais, e prevendo-se que tal situação tende a continuar na medida em que as formas de luta não se aprofundam e radicalizam, como inclusivamente têm a desfaçatez de recorrer a argumentos utilizados pelo governo, que colocam a luta, a seriédade e as iniciativas dos trabalhadores em causa, como tem acontecido com a luta dos enfermeiros, ou de outros sectores profissionais onde a luta se aprofunde e fuja  ao seu  controlo. A Chispa!

Grécia : Mobilização operária contra a mafia  sindical

Com uma grande manifestação que organizaram el 28/3/19, contra o oportunismo e a mafia sindical instalada na Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia (GSEE), as federações e os sindicatos afirmaram que continuarão a luta para libertar as organizações dos trabalhadores da intervenção dos patrões, e das práticas degenerativas dos líderes sindicais vendidos, que configuram correlações de força falsas para manterem os sindicatos atados ao carro dos patrões.

Os trabalhadores exigiram claramente que se realize o congresso da GSEE, um congresso verdadeiramente operário, sem delegados falsos e sem patrões, por sindicatos de trabalhadores, e não de patrões!

Contra as tácticas dos dirigentes sindicais da GSEE, os trabalhadores têm todo o direito de lutar com todas as formas possíveis para libertar as organizações dos trabalhadores da intervenção estatal e patronal, das práticas degenerativas dos líderes vendidos.

A informação de que as forças maioritárias da GSEE estão a preparar o congresso em um resorte turístico na ilha Rhodos ha gerado grande indignação.

A mensagem que mandaram os trabalhadores é: seja onde for este congresso, nos encontraram frente a eles.



31/03/2019
KKE