A União Europeia aprovou em
15 de Maio, numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, uma declaração
sobre a situação na Venezuela em que, com falas mansas, procura uma espécie de
“internacionalização” da luta política que se trava no país. O argumento, bem
explicitado pelo seráfico ministro português Santos Silva, é este: como vivem
na Venezuela muitos cidadãos oriundos de países europeus, a crise “também diz
directamente respeito à União Europeia”.
Mesmo apelando a “ambas as partes” para
evitarem a violência, a UE não deixa de apoiar a principal exigência política
da oposição de antecipação de eleições — quando no próximo ano terão lugar
eleições presidenciais, como estabelece a constituição do país.
A oposição, politicamente liderada pela
direita e fortemente apoiada pelo imperialismo norte-americano, depois de ter
perdido as eleições presidenciais de Abril de 2013 (após a morte de Hugo
Chávez), lançou uma campanha de protestos contra o governo de Maduro,
aproveitando-se da tremenda crise económica que assola país. Independentemente
do julgamento que, do lado da esquerda, se faça do chavismo e do actual poder
na Venezuela, o certo é que está em marcha uma tentativa de golpe de estado
para destruir as (ainda assim magras) vantagens que o regime deu à população
mais pobre desde 1999.
É atrás deste processo golpista que a UE
está alinhada, fazendo corpo com os EUA. Ambos apostam em que a situação
interna venezuelana se degrade mais a ponto de justificar interferências mais
directas.
Não podendo ainda clamar que Maduro
“mata o seu próprio povo”, como fizeram com a Líbia e a Síria, vão entretanto
veiculando a ideia falsa de que os mortos resultantes dos confrontos são todos
opositores do regime e vítimas da repressão governamental. E mascaram que, do
outro lado, uma massa considerável de população pobre defende o regime, não só
por aquilo que ele fez nos anos de sucesso do chavismo, mas também por perceber
o retrocesso que representaria uma vitória da direita.
A Venezuela passa por uma aguda luta de
classes de saída ainda incerta. Por isso mesmo, os EUA, primeiros interessados
em pôr termo à experiência “bolivariana”, usam todos os meios (financeiros,
propagandísticos) para fortalecer a burguesia venezuelana e promover a líderes
“populares” os seus representantes de direita.
A UE, segue atrás — para já, sob capa
“humanitária”. Ou como disse Santos Silva, “preocupada” com a “segurança e
bem-estar” dos seus concidadãos de além-Atlântico.
Original encontra-se em www.jornalmudardevida.net
Artigo de: Manuel Raposo
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