domingo, 25 de junho de 2017

Todo apoio à greve geral do dia 30 de junho! Fora Temer e suas contra-reformas!


por Frente de Esquerda Socialista [*]

 O Governo ilegítimo de Temer agoniza pela sua impopularidade e falta de legitimidade, o que abala seu apoio entre o empresariado para avançar com suas contrarreformas. As mobilizações de março e a Greve Geral de 28 de abril, garantidas pela ampla unidade dos sindicatos e entidades da classe trabalhadora, abriram o caminho para a derrubada de seu governo e seu projeto de desmonte do Estado Brasileiro. Após denúncias graves de corrupção e tráfico de influência feitas pelo empresário Joesley, um clamor popular pela renúncia do presidente ilegítimo foi calado pela decisão de aprovação das contas da chapa Dilma/Temer, mantendo o antigo vice-presidente por mais tempo no mais alto cargo da República.

Mesmo assim, a unidade da classe trabalhadora, em torno de nove centrais sindicais e três frentes de luta, apontou um caminho de luta para barrar as reformas, encaminhando nova Greve Geral para o dia 30 de junho. Há menos de 15 dias desta greve, algumas centrais encaminharam uma divulgação pública que fragiliza a construção da Greve Geral, diluindo a mobilização do mês para um calendário amplo, sem prever a concentração de um dia unificado de paralisações.

No contexto de burocratização dos movimentos sociais das últimas décadas, o movimento sindical brasileiro hegemonicamente tem-se subordinado a agendas institucionais e mesas de negociação, em que o menos pior é frequentemente agitado como vitória política e as derrotas nas lutas contra os ataques aos direitos se avolumam.

A convocação para um dia de greve geral para o dia 30 de junho deu um prazo mais do que necessário para as mobilizar para uma paralisação ainda maior que a de abril. Porém, o que estamos vendo é hesitação e uma movimentação para diluir a convocação da greve geral em um &#quot;Junho de lutas&#quot;, enquanto, o próprio calendário unificado aprovado pelas centrais tem sido esvaziado, por exemplo, no Rio de Janeiro, que não tem marcado, até agora, ato para o &#quot;Esquenta da Greve Geral&#quot; no dia 20.

Alguns coletivos sindicais e centrais, como a CSP-Conlutas, Combate Classista e Unidade Classista, acertadamente reafirmaram publicamente seu compromisso com a Greve Geral do dia 30 de junho. Nós da Frente de Esquerda Socialista declaramos todo o apoio à nova Greve Geral e nos dedicaremos a lutar pela sua aprovação em assembleias de todas as categorias e mobilização nas bases sindicais, em conjunto com os setores combativos que permanecem no enfrentamento nas ruas para barrar as contrarreformas de Temer.

É fundamental que, em cada Estado, cidade e locais de trabalho sejam convocadas, em caráter de urgência, plenárias amplas reunindo toda a militância e setores políticos dispostos a construção do calendário unificado de mobilização, com intuito de intensificar a convocação, mobilizar pela base as trabalhadoras e trabalhadores para garantir a Greve Geral e não dar margem a qualquer tentativa de desmonte.

Amanhã vai ser maior!

20/Junho/2017

O original encontra-se em pcb.org.br/portal2/quot22 


segunda-feira, 19 de junho de 2017

Discurso do Secretário Geral da Federação Sindical Mundial na 106ª Conferência da OIT


Organizar a resistência e a luta dos trabalhadores em todos os cantos do mundo

Prezados Colegas,

Em nome da Federação Sindical Mundial, queremos fazer uma forte saudação a todos os representantes das organizações sindicais de trabalhadores.

Vivemos um período em que a vida, a qualidade de vida, o trabalho e as condições de trabalho para a classe operária e os camponeses pobres seguem piorando dia a dia em todo o mundo capitalista. A situação é crucial para todos os trabalhadores; as gerações mais jovens, os jovens trabalhadores, os jovens cientistas e os jovens camponeses vivem na incerteza e insegurança para o futuro.

A FSM está organizando a resistência e as lutas dos sindicatos em todos os cantos do mundo, a fim de defender as conquistas dos trabalhadores de todos os países e setores. A partir desta tribuna, condenamos as perseguições sindicais no Cazaquistão; expressamos nossa solidariedade com os sindicalistas na Colômbia que sofrem a violência de grupos paramilitares; estamos ao lado, especialmente, de sindicalistas colombianos que lutam contra o desmantelamento dos seus sindicatos. Ao lado dos trabalhadores de Honduras lutando por acordos coletivos, ao lado dos professores no México, em suas lutas contra as reformas educacionais, expressamos nossa solidariedade com os ex “Braceros” e nossos irmãos em Angola. Expressamos nossa solidariedade com os professores e a classe trabalhadora na Turquia que sofrem as consequências das políticas anti-democráticas do Governo turco. Condenamos a política anti-trabalhista da multinacional SAMSUNG e apoiamos o Sindicato Geral de Trabalhadores da Samsung e seu Secretário Geral, Kim Sung Hwan, que foi preso por 3 anos por causa de sua atividade sindical.

A situação é complicada e incerta. A pobreza extrema e alto desemprego geram muitas dificuldades no desenvolvimento das lutas. Mas não temos escolha. É nosso dever unir todos os trabalhadores de acordo com sua classe social e organizar a nossa resistência, às vezes de maneira defensiva e às vezes para atacar. Com uma estratégia flexível e inteligente para ter resultados concretos positivos para os trabalhadores. Junto com a luta por nossos direitos econômicos, sociais, democráticos e sindicais que realizamos, também devemos consolidar nossas ações contra as estratégias do imperialismo, das multinacionais e transnacionais, que causam derramamento de sangue à muitos povos e obrigam milhões de pessoas a deixar seu país, sua região e seu lar.

Como FSM, temos a nossa solidariedade e internacionalismo com os povos e países que sofrem com intervenções imperialistas na vanguarda das nossas lutas dentro do movimento sindical internacional.
– A Venezuela está agora na mira das políticas dos Estados Unidos e seus aliados.
– Cuba continua sofrendo o criminoso bloqueio dos Estados Unidos que dura mais de 55 anos.
– O povo palestino ainda vive sem ter seu próprio país, enquanto milhares de crianças palestinas estão encarceradas em prisões israelenses.
– O povo sírio sofre com os ataques de milhares de mercenários que foram recrutados e apoiados pelos imperialistas.
– O povo do Iraque, Mali, Líbia, Afeganistão, sofre com as políticas antidemocráticas.
– A região do Golfo está em chamas por causa de disputas econômicas e antagonismos interimperialistas.
– O povo mexicano é vítima do racismo e das ameaças do presidente dos Estados Unidos, que ameaça construir um muro e perseguir todos os imigrantes econômicos.

Este é o quadro da realidade obscura do capitalismo atual. Nestas circunstâncias, a classe operária mundial, todos os trabalhadores, precisam de um movimento sindical militante, eficiente e ativo. Necessitamos de sindicatos valorosos, que resistam, que sejam democráticos. Que prestem atenção à base dos seus membros e para unir todos os trabalhadores, independentemente da sua religião, etnia, gênero ou idioma.

No contexto atual, o tema “Construir um futuro com trabalho decente” é mais preciso do que nunca e só pode ser alcançado através das lutas de classe que colocam como central a satisfação das necessidades atuais dos trabalhadores. O movimento sindical também precisa de uma OIT representativa, sem exclusões ou discriminações; com igualdade de tratamento dos seus sindicatos membros, com democracia e transparência. Neste sentido, a FSM criou e distribuiu um texto de princípios gerais. Continuaremos nossa luta até que se termine o quadro unilateral atual do Conselho de Administração. A representação proporcional, igualdade e transparência são as condições prévias para o trabalho decente e para relações decentes.

Obrigado.

George Mavrikos – Secretário Geral da FSM


 17/06/2017

sexta-feira, 9 de junho de 2017

A resistência contra o revisionismo na União Soviética -Monumento Stalin, Tbilisi


No dia 25 de fevereiro de 1956, Nikita Kruschov leu seu “informe secreto” numa sessão do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), no qual “denunciou os crimes de Stálin”. Esta clara propaganda contrarrevolucionária foi repetida incansavelmente pelo imperialismo, pelo oportunismo e por alguns quadros revolucionários honestos, que, desorganizados, foram confundidos pelo inimigo de classe. É sempre preciso ter em conta que a luta de classes não se extingue com a tomada do poder pelo proletariado.

Mas nem todos se calaram diante dessas calúnias contra Stálin. Entre as muitas respostas a Kruschov, ocorreram os protestos de Tbilisi, em março de 1956, quando os quadros revolucionários, junto à classe operária e às massas, rebelaram-se contra a traição da cúpula soviética. Estes fatos são relativamente pouco conhecidos porque os oportunistas censuraram sua divulgação.

Mais concretamente, no ano 1956, em Tbilisi, capital da Geórgia soviética, o povo esperava o dia 5 de março para celebrar a memória do camarada Stálin (georgiano, agitador revolucionário, teórico marxista, dirigente do núcleo central do Outubro Vermelho, consolidador do Partido Leninista, promotor da industrialização, chefe militar na Grande Guerra Pátria no combate ao nazismo). No entanto, seguindo as resoluções do XX Congresso, em que foi condenado o “culto à personalidade”, os quadros partidários não organizaram as atividades que o povo esperava. Diante disso, as massas de operários, estudantes e artistas da república soviética georgiana não ficaram passivas e saíram às ruas, formando muitos grupos por Stálin e contra os revisionistas. No dia posterior, 6 de março, os protestos cresceram. O secretário-geral do Partido Comunista da Geórgia, Vasil Mzhavanadze, viu-se forçado a comunicar aos jornalistas e aos quadros do partido as razões da ausência das comemorações.

No dia 7, os estudantes da Universidade Stálin e das 19 escolas politécnicas de Tbilisi comandaram a defesa do líder bolchevique. Os jovens ocuparam a Avenida Shota Rustaveli – principal da cidade – e se dirigiram à Praça Lênin, onde se encontrava o soviete local. Chegando ao destino, os estudantes, junto a milhares de operários soviéticos, cantaram e leram poemas em memória de Stálin.

Embora o dia da morte do grande herói soviético fosse naturalmente ficando progressivamente para trás no tempo, a defesa popular de Stálin se radicalizava nos aspectos quantitativos e qualitativos. No dia 8, a população não só tomou alguns pontos centrais de Tbilisi, mas foi além, cortando a circulação em toda a cidade. Com grande decisão, o povo exigiu a colocação novamente do retrato de Stálin e das bandeiras a meio mastro. O governo local teve que ceder às exigências do povo. O correspondente do jornal Trud (Trabalho), Statnikov, relatou – em informe confidencial ao Comitê Central do PCUS – a atmosfera dos protestos, citando as seguintes palavras de um jovem estudante: “Aqueles que decidiram desafiar Stálin e sua memória devem saber que o povo georgiano nunca os perdoará. Nós não vamos permitir nenhuma crítica ao nosso líder! Qualquer revisão de Stálin é uma revisão do marxismo. Aqueles que fizerem, pagarão com sua vida”.

No final do dia, os quadros comunistas conscientes conseguiram tomar os jornais Kommunist (O Comunista) e Zarya Vostoka (O Amanhecer do Leste) para que, no começo do dia seguinte (o dia 9), eles fossem publicados com, primeiro, uma linha editorial consequentemente revolucionária e, segundo, uma convocatória para não só rejeitar as resoluções do XX Congresso, senão também para lutar pela demissão da cúpula oportunista.

Desde as 13h, o proletariado soviético se manteve na Praça Lênin, na Avenida Rustaveli e no monumento a Stálin, situado num parque na beira do rio Kura. Às 23h, decidiu-se tomar a estação de rádio e o telégrafo. Alguns revolucionários entraram na rádio, onde foram detidos pela polícia, fato que acendeu uma briga de proporções nunca antes vistas na União Soviética. Os policiais atacados responderam com armas de fogo; as forças do Exército apoiaram com tanques, conseguindo dispersar os que ocupavam a Praça Lênin e a Rustaveli. Mas o enfrentamento continuou nas proximidades ao monumento a Stálin. Na madrugada, chegaram a Tbilisi operários de Gori – cidade natal de Stálin, distante menos de 10 km – em apoio aos camaradas da capital. O saldo dos enfrentamentos foi de mais de cem mortos, assim como centenas de pessoas feridas pelas forças do Estado proletário, então usurpado pela cúpula oportunista.

A defesa de Stálin após o XX Congresso não foi reduzida a Tbilisi. Também foram intensas as movimentações em outras cidades da Geórgia soviética, como Batumi, Kutaisi e, evidentemente Gori; assim como em grandes cidades do país – Moscou, Leningrado (São Petersburgo) e Stalingrado (Volgogrado). Destas últimas, é ainda mais difícil encontrar informações fidedignas, mas evidentemente tiveram lugar. A decisão dos comunistas de Tbilisi de enfrentar as forças que respondiam à ordem estava respaldada pelo convencimento do apoio ao Estado soviético.

No informe do jornalista Statnikov, nos discursos pronunciados na Praça Lênin tiveram espaço representantes vindos de Moscou. Ele citou também o seguinte pronunciamento: “[…] em representação dos estudantes moscovitas, estou trazendo nossos parabéns […], nós estamos com muita raiva frente ao informe do CC do PCUS contra nosso líder. Eles escreveram isso com o fim de quebrar a amizade entre nossos povos e dar marcha à ré na história. Ninguém vai caluniar as contribuições do nosso grande líder Stálin, o líder do proletariado mundial. Têm que ser inimigos do povo para se atreverem a revisar o marxismo”.

Estas manifestações são uma contundente demonstração da falsidade do “culto à personalidade”. Em geral, além da defesa comprometida após o XX Congresso, o que realmente se viu não foi um “culto à personalidade”, senão manifestações populares de enorme carinho e reconhecimento a Stálin. Estes fatos demonstram também uma homenagem à própria classe operária e ao povo em geral, porque o líder bolchevique é – tempo presente, porque ainda é e será – sua própria representação política.

Como não homenagear com fervor o principal dirigente de uma experiência que, nas condições mais difíceis, obteve conquistas econômicas, sociais, militares e culturais sem semelhantes na história da humanidade?! São fatos objetivos que demonstram a superioridade do socialismo sobre o capitalismo.

Agustín Casanova, de Moscou para A Verdade

13 de março de 2017

terça-feira, 6 de junho de 2017

A “preocupação” da União Europeia com a Venezuela

A União Europeia aprovou em 15 de Maio, numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, uma declaração sobre a situação na Venezuela em que, com falas mansas, procura uma espécie de “internacionalização” da luta política que se trava no país. O argumento, bem explicitado pelo seráfico ministro português Santos Silva, é este: como vivem na Venezuela muitos cidadãos oriundos de países europeus, a crise “também diz directamente respeito à União Europeia”.

Mesmo apelando a “ambas as partes” para evitarem a violência, a UE não deixa de apoiar a principal exigência política da oposição de antecipação de eleições — quando no próximo ano terão lugar eleições presidenciais, como estabelece a constituição do país.

A oposição, politicamente liderada pela direita e fortemente apoiada pelo imperialismo norte-americano, depois de ter perdido as eleições presidenciais de Abril de 2013 (após a morte de Hugo Chávez), lançou uma campanha de protestos contra o governo de Maduro, aproveitando-se da tremenda crise económica que assola país. Independentemente do julgamento que, do lado da esquerda, se faça do chavismo e do actual poder na Venezuela, o certo é que está em marcha uma tentativa de golpe de estado para destruir as (ainda assim magras) vantagens que o regime deu à população mais pobre desde 1999.

É atrás deste processo golpista que a UE está alinhada, fazendo corpo com os EUA. Ambos apostam em que a situação interna venezuelana se degrade mais a ponto de justificar interferências mais directas.

Não podendo ainda clamar que Maduro “mata o seu próprio povo”, como fizeram com a Líbia e a Síria, vão entretanto veiculando a ideia falsa de que os mortos resultantes dos confrontos são todos opositores do regime e vítimas da repressão governamental. E mascaram que, do outro lado, uma massa considerável de população pobre defende o regime, não só por aquilo que ele fez nos anos de sucesso do chavismo, mas também por perceber o retrocesso que representaria uma vitória da direita.

A Venezuela passa por uma aguda luta de classes de saída ainda incerta. Por isso mesmo, os EUA, primeiros interessados em pôr termo à experiência “bolivariana”, usam todos os meios (financeiros, propagandísticos) para fortalecer a burguesia venezuelana e promover a líderes “populares” os seus representantes de direita.

A UE, segue atrás — para já, sob capa “humanitária”. Ou como disse Santos Silva, “preocupada” com a “segurança e bem-estar” dos seus concidadãos de além-Atlântico.

Original encontra-se em www.jornalmudardevida.net

Artigo de: Manuel Raposo