Um grupo de trabalhadores que
exigia melhores condições de trabalho destruiu a linha de produção de uma
fábrica chinesa fornecedora da retalhista de moda sueca Hennes&Mauritz
(H&M numa das mais violentas disputas laborais em Myanmar.
A disputa que já se prolongava há um mês e resultou também num
ataque direto aos gerentes da fábrica que veio sublinhar a necessidade do
governo de Aung San Suu Kyi decretar reformas sociais e laborais.
A produção da empresa Hangzhou Hundred-Tex Garment (Myanmar),
uma das 40 fornecedoras da H&M em Myanmar, estava suspensa desde o dia 9 de
fevereiro, revelaram os trabalhadores e gerentes da empresa chinesa à agência
noticiosa Reuters.
A disputa começou com uma greve
no final de janeiro, depois do despedimento de um líder sindical local, de
acordo com os trabalhadores e gerentes.
As divergências escalaram em
violência a 9 de fevereiro, provocando o encerramento da fábrica e
dezenas de trabalhadoras a cercar e a agredir um gerente chinês que
estava a tentar escapar.
No final de fevereiro, centenas
de trabalhadores invadiram a fábrica e danificaram as instalações, incluindo
máquinas têxteis, computadores e câmaras de vigilância.
«A tensão entre os trabalhadores
e a gerência estava a intensificar-se dia após dia», admitiu o ex-líder
sindical That Paing Oo, demitido em janeiro por tirar licença sem aprovação.
Paing Oo havia liderado um
protesto sindical no final do ano passado, que pressionou, com sucesso, a
Hangzhou Hundred-Tex Garment a compensar os operários que não receberam horas
extraordinárias, indicaram vários trabalhadores. A empresa confirmou que pagou
horas extraordinárias atrasadas a quase todos os seus 570 trabalhadores, com
base numa solução encontrada em conversações com os funcionários no passado mês
de dezembro.
A embaixada chinesa em Myanmar
descreveu o incidente como um «ataque» e incitou o governo de Myanmar a
responsabilizar os envolvidos.
A empresa chinesa confeciona
vestuário como saias e camisas exclusivamente para a H&M, revelou o gerente
assistente, San Htwe, à Reuters. Os estragos foram avaliados em 75 mil dólares
(aproximadamente 71 mil euros).
A indústria têxtil em rápido
crescimento de Myanmar, que emprega mais de 300 mil trabalhadores, pelos
miseráveis custos salariais tornou-se atraente para marcas globais de vestuário
como a H&M e a Gap
Com um salário mensal mínimo de
cerca de 63 dólares, baseado numa semana de trabalho de seis dias, o Myanmar
tem uma vantagem competitiva sobre os vizinhos Vietname e Camboja, onde o
salário mínimo mensal varia entre 90 e 145 dólares, segundo a Organização
Internacional do Trabalho (OIT).
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