Há dois anos, o país tem sofrido com os efeitos de uma devastadora guerra, fruto de um conflito por influência entre duas potências regionais, o Irã e a Arábia Saudita. Em 2015, rebeldes xiitas chamados houthis, apoiados pelo Irã, tomaram a capital do país, Sanaa, e expulsaram o fantoche saudita que estava no governo. Em resposta, a Arábia Saudita iniciou uma onda de bombardeios aéreos contra os houthis, e impuseram um bloqueio naval contra o país.
De acordo com as Nações Unidas, mais de 10 mil pessoas
morreram durante os mais de oito mil bombardeios da coalizão saudita. Quase
metade dos mortos é de civis, e pelo menos 19 milhões de pessoas precisam de
alguma assistência humanitária, o equivalente a 70% da população iemenita. A
situação é ainda mais grave devido ao bloqueio naval saudita, pois o Iêmen
precisa importar 90% da comida, gasolina e remédios de que necessita.
O Iêmen é base de um dos mais poderosos braços da
Al-Qaeda no mundo árabe, e o grupo terrorista Estado Islâmico também tem
interesses nessa guerra. Ambos os grupos se aproveitaram do conflito para tomar
o controle de várias cidades e combatem ao lado da Arábia Saudita contra os
houthis.
Essa guerra não ocupa as manchetes da grande mídia
burguesa pelo fato de estar sendo fortemente financiada pelo imperialismo
norte-americano, aliado da monarquia saudita. Todas as bombas, armas e
logística utilizadas pela Arábia Saudita são disponibilizadas pelos Estados
Unidos, que ainda colocam seus serviços de inteligência ao lado dos sauditas.
A hipocrisia estadunidense é tão grande que, ao mesmo
tempo em que falam de democracia e liberdade, apoiam o rei saudita Salman Ben
Abdel Aziz, um dos últimos monarcas absolutistas do mundo, que governa uma
teocracia religiosa sunita em que muçulmanos do ramo xiita, cristãos e judeus
não são tidos como cidadãos; mulheres são proibidas de dirigir, votar ou fazer
algo sem a permissão do marido; onde é comum a execução de pessoas por
decapitação por motivos que vão desde bruxaria até homossexualidade; e onde os
que criticam o governo são castigados com chibatadas em praça pública.
Por tudo isso, é preciso que os trabalhadores e as
forças progressistas estendam sua solidariedade ao povo do Iêmen e denunciem a
agressão praticada pelo imperialismo naquele país.
Davi Dias, estudante de História da
UFF e militante da UJR – Campos/RJ
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