quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A actualidade de José Afonso


A Chispa! solidariza-se e apela á participação dos trabalhadores nas várias iniciativas que vão ser feitas pela Associação José Afonso que assinala 30 anos da morte do cantor e poeta revolucionário

A actualidade de José Afonso

AJA assinala 30 anos da morte do poeta com várias iniciativas

Por: Pedro Goulart

José Afonso — poeta, compositor, intérprete, resistente antifascista, militante da esquerda revolucionária, homem corajoso e homem solidário — continua hoje, 30 anos após a sua morte, a 23 de Fevereiro, como um forte exemplo, pelo difícil combate político que travou durante décadas da sua vida. Esta figura-chave da música popular portuguesa contribuiu decisivamente, com Os Vampiros, para a fundação do canto político no nosso país. E a sua Grândola Vila Morena permanece como um símbolo do derrube do fascismo em Portugal.


Por ocasião do seu 30.º aniversário, a Associação José Afonso tem estado a realizar um conjunto de iniciativas que visam, no dizer de Francisco Fanhais, presidente da associação, “não fazer perder a memória do Zeca no coração das pessoas”. “A ideia é celebrar os 30 anos da associação e evocarmos o legado que o Zeca nos deixou, que não está morto, mas que devemos perpetuar para as gerações que nos seguirem, porque se não o fizermos não cumpriremos a nossa função”, salientou.


Lisboa, Setúbal, Braga, Faro, Santiago do Cacém, Santo André, Aveiro, Seixal, Almada, Évora, Santarém, Agualva-Cacém, Abrantes e Bruxelas foram os locais indicados para as iniciativas.


Pela sua gritante actualidade, não queremos deixar de lembrar aqui, 50 anos depois de ter sido composta, a letra d’ Os Vampiros:


No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada


Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada


A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas


São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei


Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada


No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada


Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada

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