quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Restruturação significa pagar cêntimo por cêntimo a dívida em condições danosas e penosas para os povos,



Por: João Freire

A reestruturação da dívida não coloca em causa a natureza da UE, os seus objectivos reais e as suas verdadeiras finalidades. Aliás a reestruturação da dívida contribui para a manutenção do poder financeiro da UE permitindo ao mesmo tempo a esta aumentar a sua rentabilidade à custa do pagamento de juros usurários e ilegítimos e manter elevados e permanentes os níveis de exploração dos estados membros mais fracos e mais pobres e que por sinal são, aos olhos desta, os bem comportados.

O pagamento integral da dívida e a reestruturação da dívida são duas faces de uma mesma moeda que se chama pilhagem de recursos aos estados que são juridicamente soberanos mas na prática são colónias do mesmo império. Quando se fala em reestruturar a dívida devemos de colocar as seguintes questões, Reestruturar o quê? Reestruturar como? Que dívida se pretende reestruturar? Que parte da dívida já foi paga? Qual a parte da dívida legítima e qual a parte de dívida que é ilegítima? Não estará a dívida já paga? Se esta porque se continua a pagar? Se Portugal paga por ano cerca de 16000 milhões de euros de juros, significa que a dívida já se encontra paga. Tudo o resto é espólio, pilhagem, saque, rapina e roubo.

A restruturação levanta outros problemas. A reestruturação permitirá o reembolso completo da dívida aos credores, ainda que paga por um período de tempo mais extenso, e aumentará o custo da mesma no final da sua liquidação. O custo da dívida no final da seu pagamento total, apesar de reestruturada ou renegociada, será mais elevado do que se fosse paga durante o período fixado pelos tecnocratas de Bruxelas. Chegará certamente o tempo e a altura em que a UE imperial até esfregará as mãos quando essa questão for efectivamente colocada pelos liberais, sociais democratas de todos os matizes, socialistas moderados e reformistas nos respectivos parlamentos nacionais.

Restruturação significa pagar cêntimo por cêntimo a dívida em condições danosas e penosas para os povos, até porque essa reestruturação e a sua efectivação partirá sempre de Bruxelas ou seja ocorrerá de acordo com as regras vigentes, profundamente anti democráticas e violadoras dos direitos da classe trabalhadora e das camadas populares pobres. Será por isso uma reestruturação segundo a lógica de funcionamento do capital financeiro e sempre com o objectivo deste realizar a sua acumulação para garantir os elevados índices de rentabilidade. Estando a dívida paga, deve-se interromper o pagamento do serviço que lhe está associado, sair do euro e da UE

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