segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O Caráter Libertador da Revolução de Outubro no Plano Econômico


Desde a segunda metade do século XIX criava-se para a Rússia um perigo verdadeiramente real de escravidão e perda de sua independência como Estado. A Rússia tzarista, cada vez mais atrasada, ficava atrás no desenvolvimento econômico dos países mais avançados e, por conseguinte, caía cada vez mais sob a dependência escravizadora de outros Estados. Cada vez mais aumentava "o papel dependente, tanto do tzarismo como do capitalismo russo em relação ao capitalismo europeu."

Com uma cifra comparavelmente alta de produção na indústria de carvão, a Rússia não tinha indústria de maquinarias pesadas. A indústria têxtil — a única inteiramente nas mãos dos capitalistas russos — também dependia das firmas estrangeiras, pelo fato de que não possuía fabricação própria de máquinas necessárias.

Nas empresas organizadas pelo capital estrangeiro na Rússia, a produção estava disposta de tal maneira que aumentava a dependência técnico-econômica do país. Por exemplo, nas empresas de produção eletrotécnicas, onde prevalecia o capital alemão, faltavam séries completas de produção: importava-se da Alemanha uma quantidade de detalhes. Os capitalistas estrangeiros, com pleno conhecimento de causa freiavam e impediam a construção de maquinaria. Na Rússia tzarista importava-se 60% de maquinaria para a indústria e 58% para a agricultura. Para evitar as barreiras dos direitos alfandegários, o capital estrangeiro emigrou para a Rússia. Na Rússia encontrava força de trabalho barata, a proteção da burocracia tzarista e uma burguesia desorganizada, incapaz de fazer frente ao competidor estrangeiro.

Em suma, o capital estrangeiro abrangeu os principais ramos da indústria russa: metalurgia, 72%; carvão da bacia do Don, 70%; petróleo, 60%; eletrotécnica, 90%. Nas minas da Bacia do Don, nos campos petrolíferos de Bakú, na produção metalúrgica da Ucrânia mandavam os capitais estrangeiros. Os altos funcionários tzaristas ajudavam os acionistas estrangeiros a conquistar posições de mando na economia russa. Até os mais inteligentes dos mandatários tzaristas não viam outra solução para a atrasada situação econômica do país, senão, a da entrada de capitais estrangeiros. É bastante característica a declaração do famoso ministro tzarista Witte: "Se continuamos esperando a criação de empresas produtoras pela via de capitais nacionais, teremos que aguardar largo tempo para certos resultados positivos e neste Ínterim a Europa continuará avançando, deixando-nos mais atrasados." Witte supunha que o capital estrangeiro serviria de certo modo como escola para os capitalistas russos. Compreende-se que este caminho levava somente a transformação da Rússia de país semi-colonial em uma colônia do imperialismo ocidental europeu.

No período da primeira revolução russa, os imperialistas do Ocidente fizeram o bastante para consolidar a escravidão financeira da Rússia e assegurar o regime anti-popular tzarista.

"Todavia em 1906, quando a revolução estava desenvolvendo-se na Rússia, o Ocidente — como indicava o camarada Stalin — ajudou à reação tzarista a levantar-se, fazendo-lhe um empréstimo de dois mil milhões de rublos. E efetivamente o tzarismo se manteve com o preço da escravidão financeira da Rússia ao Ocidente."

O camarada Stalin indicou, não por casualidade, o caráter escravizador destas operações financeiras. Tais empréstimos eram extraordinários. Em si mesmo, um empréstimo não quer dizer que o país se entregue à escravidão. A Inglaterra recebia empréstimos da América, da França, da Alemanha, mas estas eram operações financeiras entre países num mesmo pé de igualdade. A Rússia tzarista ao receber empréstimos de países estrangeiros, lhes dava um direito ilimitado para a exploração de suas riquezas, o uso das fontes de energia, direção dos bancos e das empresas produtoras. Desta maneira, a influência do capital estrangeiro, na forma de empréstimos escravizava a Rússia no sentido econômico, tomando em conta que esta dependência econômica se convertia também em dependência política.

Assim, o tzarismo se convertia em inimigo do povo, não somente como cabeça dirigente do sistema de servidão agrícola e com seu conseqüente atraso geral, mas também como o instrumento da escravidão estrangeira, agente de capitais estrangeiros, a fim de tirar do povo exausto os milhões necessários para a amortização dos juros dos empréstimos. A autocracia, como indicava o camarada Stalin, deixava caminho livre para o capital estrangeiro, ele que tinha em suas mãos indústrias básicas da economia russa, tais como as de combustível e metalurgia. E é por isso que um verdadeiro patriota devia odiar a autocracia tzarista.


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