terça-feira, 27 de dezembro de 2016

‘Rebeldes’ torturaram e executaram crianças e 100 soldados sírios antes de fugirem de Aleppo


‘Rebeldes’ torturaram e executaram crianças e 100 soldados sírios antes de fugirem de Aleppo


Freedom House (CC BY 2.0)

Antes de deixarem Aleppo na última semana devido à retomada por parte do Exército sírio, os “rebeldes” que permaneciam no leste da cidade executaram mais de 100 soldados e torturaram, antes de os assassinar, civis que estavam sendo feitos como reféns.
Segundo o site de notícias Al-Masdar News, essas atrocidades foram descobertas quando o Exército sírio retomou o controle completo da cidade e encontrou os cadáveres em uma escola no distrito de al-Sukkari, no leste de Aleppo, última região da cidade que ainda estava nas mãos de grupos terroristas opositores do governo de Bashar al-Assad.
As vítimas civis incluem crianças e foram torturadas barbaramente. Seus corpos foram encontrados amontoados uns sobre os outros e alguns tinham as mãos e os pés cortados e as cabeças decepadas, segundo informou um promotor da polícia militar síria à agência Sputnik.
O grupo responsável pelo massacre é o jihadista Nur al-Din al-Zenki, que, segundo a Hispan TV, foi uma das facções que receberam armas dos EUA, e que não é considerado um grupo terrorista por esse país.
Esse é o mesmo grupo responsável pela decapitação de um menino palestino de 12 anos em julho.
O massacre teria ocorrido pouco antes da retomada do distrito pelo Exército sírio, quando os “rebeldes” perceberam que não poderiam mais continuar na posse dos reféns.

http://www.hispantv.com/noticias/siria/328297/rebeldes-ejecutan-soldados-presos-batalla-alepo

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O Caráter Libertador da Revolução de Outubro no Plano Econômico


Desde a segunda metade do século XIX criava-se para a Rússia um perigo verdadeiramente real de escravidão e perda de sua independência como Estado. A Rússia tzarista, cada vez mais atrasada, ficava atrás no desenvolvimento econômico dos países mais avançados e, por conseguinte, caía cada vez mais sob a dependência escravizadora de outros Estados. Cada vez mais aumentava "o papel dependente, tanto do tzarismo como do capitalismo russo em relação ao capitalismo europeu."

Com uma cifra comparavelmente alta de produção na indústria de carvão, a Rússia não tinha indústria de maquinarias pesadas. A indústria têxtil — a única inteiramente nas mãos dos capitalistas russos — também dependia das firmas estrangeiras, pelo fato de que não possuía fabricação própria de máquinas necessárias.

Nas empresas organizadas pelo capital estrangeiro na Rússia, a produção estava disposta de tal maneira que aumentava a dependência técnico-econômica do país. Por exemplo, nas empresas de produção eletrotécnicas, onde prevalecia o capital alemão, faltavam séries completas de produção: importava-se da Alemanha uma quantidade de detalhes. Os capitalistas estrangeiros, com pleno conhecimento de causa freiavam e impediam a construção de maquinaria. Na Rússia tzarista importava-se 60% de maquinaria para a indústria e 58% para a agricultura. Para evitar as barreiras dos direitos alfandegários, o capital estrangeiro emigrou para a Rússia. Na Rússia encontrava força de trabalho barata, a proteção da burocracia tzarista e uma burguesia desorganizada, incapaz de fazer frente ao competidor estrangeiro.

Em suma, o capital estrangeiro abrangeu os principais ramos da indústria russa: metalurgia, 72%; carvão da bacia do Don, 70%; petróleo, 60%; eletrotécnica, 90%. Nas minas da Bacia do Don, nos campos petrolíferos de Bakú, na produção metalúrgica da Ucrânia mandavam os capitais estrangeiros. Os altos funcionários tzaristas ajudavam os acionistas estrangeiros a conquistar posições de mando na economia russa. Até os mais inteligentes dos mandatários tzaristas não viam outra solução para a atrasada situação econômica do país, senão, a da entrada de capitais estrangeiros. É bastante característica a declaração do famoso ministro tzarista Witte: "Se continuamos esperando a criação de empresas produtoras pela via de capitais nacionais, teremos que aguardar largo tempo para certos resultados positivos e neste Ínterim a Europa continuará avançando, deixando-nos mais atrasados." Witte supunha que o capital estrangeiro serviria de certo modo como escola para os capitalistas russos. Compreende-se que este caminho levava somente a transformação da Rússia de país semi-colonial em uma colônia do imperialismo ocidental europeu.

No período da primeira revolução russa, os imperialistas do Ocidente fizeram o bastante para consolidar a escravidão financeira da Rússia e assegurar o regime anti-popular tzarista.

"Todavia em 1906, quando a revolução estava desenvolvendo-se na Rússia, o Ocidente — como indicava o camarada Stalin — ajudou à reação tzarista a levantar-se, fazendo-lhe um empréstimo de dois mil milhões de rublos. E efetivamente o tzarismo se manteve com o preço da escravidão financeira da Rússia ao Ocidente."

O camarada Stalin indicou, não por casualidade, o caráter escravizador destas operações financeiras. Tais empréstimos eram extraordinários. Em si mesmo, um empréstimo não quer dizer que o país se entregue à escravidão. A Inglaterra recebia empréstimos da América, da França, da Alemanha, mas estas eram operações financeiras entre países num mesmo pé de igualdade. A Rússia tzarista ao receber empréstimos de países estrangeiros, lhes dava um direito ilimitado para a exploração de suas riquezas, o uso das fontes de energia, direção dos bancos e das empresas produtoras. Desta maneira, a influência do capital estrangeiro, na forma de empréstimos escravizava a Rússia no sentido econômico, tomando em conta que esta dependência econômica se convertia também em dependência política.

Assim, o tzarismo se convertia em inimigo do povo, não somente como cabeça dirigente do sistema de servidão agrícola e com seu conseqüente atraso geral, mas também como o instrumento da escravidão estrangeira, agente de capitais estrangeiros, a fim de tirar do povo exausto os milhões necessários para a amortização dos juros dos empréstimos. A autocracia, como indicava o camarada Stalin, deixava caminho livre para o capital estrangeiro, ele que tinha em suas mãos indústrias básicas da economia russa, tais como as de combustível e metalurgia. E é por isso que um verdadeiro patriota devia odiar a autocracia tzarista.


domingo, 11 de dezembro de 2016

Declaração do Secretariado da Iniciativa sobre a Situação dos Jovens Trabalhadores e os Estágios e Formação Profissional no Estado


O desemprego da juventude nos países capitalistas do continente Europeu continua a manter-se em níveis muito elevados. No último quarto de 2014 a taxa de desemprego da juventude nos países da UE a 28 chegaram a um extraordinário 21,4% e 23,2% na zona Euro. É de destacar particularmente na Grécia e em Espanha que o desemprego da juventude é superior a 50%. Em geral esta situação mantém-se semelhante na maioria das principais economias mesmo na vizinhança da União Europeia também – exemplos: a Turquia declara uma taxa de desemprego da juventude de 20,4%, a Rússia de 14,5% e a Ucrânia de 17,8% (2013).

É evidente que a muito louvada “eficiência” do mercado e do sistema capitalista ele próprio é incapaz de utilizar a sua força de trabalho. O sistema tem o lucro capitalista como critério e é por isso que ele age contra as necessidades populares. Ele oferece um estado de desemprego massivo não apenas à juventude mas também à população como um todo.
(…)
Os jovens trabalhadores são forçados ou ficar presos, às vezes a vida toda, com empréstimos inflacionados da habitação ou viver com os seus pais bem para lá dos 30 anos à medida que o peço da independência financeira e de começar uma família nova sobe.

A parte da juventude que está desempregada é agora tão grande que os governos por toda a Europa, mais e mais, inventam vários programas “educacionais” e de “estágios/formações” (Nota do tradutor: do inglês “training”) que são promovidos particularmente pela União Europeia (exemplo: programas de “voucher” e “garantia para a juventude”) que em essência não são nada mais que maneiras de reciclar os desempregados. Capitalistas de toda a Europa têm sido capazes de fazer grandes lucros com tais programas obtendo jovens trabalhadores a trabalhar quase de graça ou inteiramente de graça em nome da “oferta” de “ganhar experiência”.

Nós não temos ilusões, o desemprego é inseparável do sistema capitalista que causa todos estes fenómenos, o sistema que explora a classe operária de forma a aumentar a lucratividade dos monopólios e perpetuar a sua actividade. Este sistema está demonstrado que é podre e obsoleto e a única verdadeira solução para o povo é derrubá-lo.

Os partidos da Iniciativa Comunista Europeia vão empenhar-se com todas as suas forças a reforçar a luta dos trabalhadores e dos jovens desempregados com o poder de organização e dos sindicatos como recurso, por educação completa para todos, especialização e trabalho para todos com salários que correspondam às necessidades contemporâneas e por medidas imediatas de protecção dos desempregados.

7/12/2015

Fonte: Iniciativa de Partidos Comunistas e Operários da Europa

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O OE2017 não reduz o empobrecimento nem a austeridade. Há que lutar contra ele e exigir as nossas reivindicações, que pretendem manter congeladas!

A Chispa! Concorda e subscreve a análise da Plataforma Laboral e Popular e apela a todos os seus leitores que a estudem e divulguem por entre os seus amigos e camaradas, bem como pelos vossos locais de trabalho e estabelecimentos de ensino.


COMUNICADO NACIONAL
O OE2017 não reduz o empobrecimento nem a austeridade. Há que lutar contra ele e exigir as nossas reivindicações, que pretendem manter congeladas!

Se o retorno dos salários e o abrandamento de outras medidas de austeridade, impostas pelo governo PSD/CDS/UE/BCE/FMI, foram levadas à prática, isso não se deve à benevolência social do actual governo, na medida em que a sua estratégia de recuperação capitalista não difere da do governo anterior. Tal situação, segundo a nossa análise, radica, antes de mais, em duas circunstâncias, a saber: 

1º - A luta laboral e popular, apesar dos seus condicionalismos reformistas, ainda assim conseguiu ir resistindo à ofensiva capitalista do governo PSD/CDS e seus aliados imperialistas, que culminou na sua derrota eleitoral.
2º - A necessidade de ultrapassar a debilidade e instabilidade políticas, que sustentam o governo (sustentado pela aliança parlamentar) PS, e assim criar as condições necessárias à sua manutenção no poder, em futuras eleições.

Se, por um lado, o retorno dos salários se efectivou e o aumento do salário mínimo nacional, ainda que miserável, se materializou, por outro lado, o agravamento dos impostos ao consumo teve como consequência prática a eliminação, em grande medida, das promessas eleitorais do PS, como comprova a influência inexistente do aumento do consumo e crescimento económico internos, nos números do PIB, que seria uma das promessas e metas programáticas do governo capitalista PS.

O OE para 2017, ainda que incluindo algumas medidas de carácter social, terá um impacto despiciendo no combate à austeridade, à pobreza extrema, ao desemprego, à precariedade laboral e no abandono a que estão votados 300 mil trabalhadores desempregados e inscritos na SS, sem qualquer apoio social. Os reformados, que sobrevivem com pensões muito abaixo do limiar da pobreza e a quem foi prometido um aumento de dez euros, com grande alarido e demagogia, acabou reduzido a menos de metade, já que se pretende aplicar a medida apenas em Agosto de 2017. Às pensões mínimas destina-se um aumento ainda mais diminuto. O salário mínimo nacional, indicam-no as cedências reinvindicativas, não ultrapassará miseráveis 557 euros. O OE não apresenta quaisquer soluções de combate à precariedade e desemprego entre os jovens, desemprego esse que atinge 30% desta faixa etária dos trabalhadores, não lhes perspectivando, assim, qualquer esperança num futuro digno. Todas as outras reivindicações apresentadas, tais como:
O aumento dos salários acima dos 830 euros, o descongelamento das carreiras profissionais, as alterações aos escalões de IRS, as taxas moderadoras na saúde, não serão comtempladas, nem está prevista qualquer redução ou eliminação das propinas, particularmente para os filhos da classe trabalhadora, sem capacidade económica para as pagar. A lei laboral imposta pela tríade PSD/CDS/UGT e aprovada com o apoio parlamentar do PS, manter-se-à inalterada enquanto instrumento ao serviço da classe patronal.

Sendo o OE imposto pela UE e servilmente executado pelo governo PS, este é também o orçamento do PSD e do CDS, que só votaram contra, sabendo à partida e desde há muito, que o OE reunia o apoio de todos os partidos que suportam o governo - se assim não fosse teriam que garantir o voto favorável à proposta orçamental, na medida em que as sondagens lhes são desfavoráveis e que não têm, portanto, condições para liderar nem para formar governo.

Enquanto profundos conhecedores desta situação, o BE e o PCP, tinham e têm todas as condições políticas/parlamentares para exigir o máximo possível do governo PS, ao invés de votar favoravelmente o OE. Não o fizeram e acabaram por capitular e acatar as ordens e as regras imperialistas impostas pela UE/BCE/FMI, sujeitando a classe trabalhadora a miseras, demagógicas e tremendamente insuficientes, medidas sociais, quando se teria, de facto, condições para ir muito mais longe.

Esta situação tem ainda outras implicações e agravantes,  na medida em que tal voto favorável ao OE capitalista, obriga as direções sindicais a manter congelada a luta dos trabalhadores pela satisfação das suas reivindicações imediatas e melhoria das suas condições laborais e sociais.
                     
Assim, a PLATAFORMA LABORAL E POPULAR apela a que todos os trabalhadores e militantes sindicais, bem como militantes revolucionários existentes no BE e no PCP, repudiem esta capitulação e traição à classe trabalhadora e camadas populares pobres e se levantem no sentido de organizar a luta, a partir dos seus locais de trabalho, pelo cumprimento integral das suas reivindicações.




05/12/2016


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Restruturação significa pagar cêntimo por cêntimo a dívida em condições danosas e penosas para os povos,



Por: João Freire

A reestruturação da dívida não coloca em causa a natureza da UE, os seus objectivos reais e as suas verdadeiras finalidades. Aliás a reestruturação da dívida contribui para a manutenção do poder financeiro da UE permitindo ao mesmo tempo a esta aumentar a sua rentabilidade à custa do pagamento de juros usurários e ilegítimos e manter elevados e permanentes os níveis de exploração dos estados membros mais fracos e mais pobres e que por sinal são, aos olhos desta, os bem comportados.

O pagamento integral da dívida e a reestruturação da dívida são duas faces de uma mesma moeda que se chama pilhagem de recursos aos estados que são juridicamente soberanos mas na prática são colónias do mesmo império. Quando se fala em reestruturar a dívida devemos de colocar as seguintes questões, Reestruturar o quê? Reestruturar como? Que dívida se pretende reestruturar? Que parte da dívida já foi paga? Qual a parte da dívida legítima e qual a parte de dívida que é ilegítima? Não estará a dívida já paga? Se esta porque se continua a pagar? Se Portugal paga por ano cerca de 16000 milhões de euros de juros, significa que a dívida já se encontra paga. Tudo o resto é espólio, pilhagem, saque, rapina e roubo.

A restruturação levanta outros problemas. A reestruturação permitirá o reembolso completo da dívida aos credores, ainda que paga por um período de tempo mais extenso, e aumentará o custo da mesma no final da sua liquidação. O custo da dívida no final da seu pagamento total, apesar de reestruturada ou renegociada, será mais elevado do que se fosse paga durante o período fixado pelos tecnocratas de Bruxelas. Chegará certamente o tempo e a altura em que a UE imperial até esfregará as mãos quando essa questão for efectivamente colocada pelos liberais, sociais democratas de todos os matizes, socialistas moderados e reformistas nos respectivos parlamentos nacionais.

Restruturação significa pagar cêntimo por cêntimo a dívida em condições danosas e penosas para os povos, até porque essa reestruturação e a sua efectivação partirá sempre de Bruxelas ou seja ocorrerá de acordo com as regras vigentes, profundamente anti democráticas e violadoras dos direitos da classe trabalhadora e das camadas populares pobres. Será por isso uma reestruturação segundo a lógica de funcionamento do capital financeiro e sempre com o objectivo deste realizar a sua acumulação para garantir os elevados índices de rentabilidade. Estando a dívida paga, deve-se interromper o pagamento do serviço que lhe está associado, sair do euro e da UE