quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Salvemos a vida a Muhammad al-Qiq!


Por :Carlos Aznárez (Director de Resumen Latinoamericano.
Por favor, lembre seu nome. Chama-se Muhammad al-Qiq, tem 33 anos e está morrendo no cárcere cumprindo uma greve de fome. É jornalista e exerce a profissão na Palestina, um território ocupado e assolado pela violência do invasor israelense desde 1948. Uma nação que sofreu todo tipo de abuso, década após década, e que hoje assiste a um novo nível de repressão sionista contra os que se rebelam em seu domínio. Em Gaza e na Cisjordânia, milhares de jovens protestam de diferentes formas, e muitos deles são assassinatos vilmente. Outros são detidos. Tudo isso frente ao silêncio da denominada “comunidade internacional” ou à manipulação dos meios corporativos, que não é o mesmo, porém é igual.
No entanto, nem todos se calam. Muhammad Al-Qiq, como faria qualquer repórter que respeite a si próprio, vinha informando cotidianamente pelo canal “Al Majd”, sobre o que viam seus olhos e sentia seu corpo, apenas percorrendo as ruas de Ramallah ou de Jerusalém: crianças golpeadas e detidas por atirar pedras contra tanques, mulheres jovens assassinadas às quais são “plantadas” facas para justificar o crime, campos com cultivo de oliveiras arrasados, casa demolidas por pura vingança, cidades como Hebron ou campos de refugiados como Jenín, bloqueadas militarmente e sua população sofrendo todo tipo de humilhações.
Precisamente, por informar com objectividade sobre a barbárie israelense é o “delito” pelo qual foi detido e torturado Al-Qiq há três meses em sua casa, em Ramallah. Inúmeras denúncias de organismos de direitos humanos palestinos e internacionais advertiram que o jornalista foi colocado em uma posição conhecida como a banana – com as costas sobre uma cadeira e preso pelos pés e mãos por debaixo da mesma –, permanecendo na posição forçada durante 15 horas, durante as quais sofreu violência sexual por parte dos interrogadores. Depois de sofrer essas sevícias, o enviaram a uma das tantas prisões-tumbas que Israel possui para martirizar ainda mais um povo que não está disposto a baixar a cabeça ante sua prepotência.
Porém, há algo mais. Al-Qiq, como tantos outros palestinos e palestinas, sofre um tipo de detenção que se denomina “administrativa”, uma figura que permite às autoridades israelenses manter sob custódia indefinidamente milhares de “suspeitos” sem apresentar acusações nem iniciar um processo judicial, como fazem habitualmente as ditaduras militares. Frente a esta injustiça e convencido de que não se lutasse por sua liberdade, sua sorte estaria praticamente dada, este jovem jornalista decidiu começar uma greve de fome no dia 25 de Novembro passado, para denunciar a mundo sua situação. 
A partir desse momento, se intensificaram as medidas repressivas e de pressão contra o detido. Em duas oportunidades, em 30 de Dezembro e 17 de Janeiro, juízes sionistas prorrogaram seu encarceramento e repudiaram a apelação apresentada pelos advogados de Al-Qiq. Sua situação de saúde começou a piorar e, em um determinado momento, as autoridades israelenses decidiram transferi-lo para o centro médico israelense de Afula, onde o colega detido ratificou sua vontade de continuar a greve de fome “até conseguir minha liberdade”. Se isto não acontecer, “estou disposto a morrer”, expressou.
Muhammad Al-Qiq está a 64 dias lutando por sua dignidade, negando-se a receber vitaminas e tratamento médico. Talvez evocando o martírio pelo qual passou há décadas outro lutador como ele, porém irlandês, chamado Bobby Sands, planejou claramente que não quer que seja alimentado contra sua vontade. Mas, estar preso em Israel significar contornar a beira do inferno na terra, e é por isso que foi imposto a Al-Qiq outra forma de tortura. Permaneceu quatro dias com pés e mãos atados a uma cama, consciente, enquanto enfermeiros militares injectaram líquidos à força. Agora, directamente foi ameaçado com o início de alimentação forçada, algo que ele e seus defensores repudiam enfaticamente.
Da Argentina, a terra que viu nascer e cair em combate outro jornalista exemplar, Rodolfo Walsh (exemplo, entre outras coisas, de solidariedade com a Palestina), vai esta mensagem de urgência para que a América Latina e o mundo, onde existam pessoas que creiam que os direitos humanos são uma proposta de autodefesa frente à barbárie, se mobilize pela vida e pela liberdade de Muhammad Al-Qiq. Ele, com sua atitude corajosa, coloca em destaque um cenário no qual milhares de presos e presas palestinas, muitos deles meninos e meninas, se encontram como reféns das tropas de ocupação de seu povo.
Não, não é mais uma nota que estou escrevendo, mas a expressão epistolar e um grito de impotência frente ao que não deveria ser irreversível: SALVEMOS A VIDA DE MUHAMMAD AL-QIQ e a de tantos homens e mulheres palestinas que vivem em estado de excepção.
Comité Argentino de Solidaridad Pueblo Palestino, Argentina
http://pcb.org.br/portal2/10448#more-10448 


www.Os Bárbaros.org

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