sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Dois Choques (A propósito do 9 de janeiro) J. V. Stálin 7 de Janeiro de 1906


Certamente vos lembrais do 9 de janeiro do ano passado... Foi o dia em que o proletariado de Petersburgo se encontrou face a face com o governo do tzar e, a contragosto, chocou-se com ele. Sim, a contragosto, porque os trabalhadores se dirigiam pacificamente ao tzar, pedindo "pão e justiça" e foram recebidos hostilmente e alvejados por uma saraivada de balas. O proletariado depositara suas esperanças nos retratos do tzar e nos estandartes religiosos, mas uns e outros foram despedaçados e atirados ao rosto dos manifestantes: e assim ficou demonstrado de modo claro que às armas só se podem contrapor armas. E o proletariado empunhou armas — onde quer que as encontrasse — empunhou-as para enfrentar o inimigo como inimigo e vingar-se. Mas depois de deixar sobre o campo de batalha milhares de vítimas, depois de sofrer grandes perdas, retirou-se, guardando no coração o rancor...

Eis o que nos recorda o 9 de janeiro do ano passado.

Hoje, quando o proletariado da Rússia evoca o 9 de janeiro, na data do seu aniversário não será supérfluo perguntar-se: por que no ano passado o proletariado de Petersburgo bateu em retirada naquele choque e em que se diferencia aquele choque do conflito geral de dezembro?

Antes de tudo, bateu em retirada porque não tinha nem mesmo aquele mínimo de consciência revolucionária que é absolutamente necessário para a vitória da insurreição. O proletariado que se dirigia entre súplicas e esperanças ao tzar sanguinário, o qual baseava toda sua existência na opressão do povo; o proletariado, que procurava cheio de confiança seu inimigo jurado para pedir-lhe uma "migalha de graça" poderia, porventura, esse proletariado ter superioridade numa luta de rua?...

É verdade que em seguida, depois de pouco tempo, as salvas de fuzil haviam aberto os olhos do proletariado enganado, revelando-lhe com toda a clareza a face repugnante da autocracia; é verdade que já então o proletariado gritava, com ódio: "O tzar nos tratou assim; pois bem, nós lhe pagaremos na mesma moeda"; mas, o que significa isto, se não temos as armas nas mãos? Que se pode fazer com as mãos limpas na luta de rua, ainda que se seja consciente? Acaso as balas do inimigo não atingem indiferentemente cabeças conscientes ou inconscientes?

Sim, a falta de armas constituiu a segunda causa do recuo do proletariado de Petersburgo.

Mas, o que poderia fazer Petersburgo sozinha, mesmo que tivesse armas? Enquanto em Petersburgo corria o sangue e se erguiam barricadas, nas outras cidades ninguém movia um dedo e eis por que o governo conseguiu transferir tropas das outras cidades e inundar as ruas de sangue. E tão somente depois, quando o proletariado de Petersburgo, depositadas na terra as cinzas dos companheiros mortos, voltava às suas ocupações diárias, só então, ressoou em diversas cidades o grito dos operários em greve: Vivam os heróis de Petersburgo! Mas a quem e a que poderia servir essa tardia saudação? Eis por que o governo não levou a sério essas ações desorganizadas e esparsas e sem grande trabalho dispersou o proletariado dividido em grupos isolados.

Portanto, a falta de uma insurreição geral organizada, a não organização das ações do proletariado, constituíram a terceira causa do recuo do proletariado de Petersburgo.

A quem competia organizar a insurreição geral? O povo em seu conjunto não podia encarregar-se da tarefa e o próprio destacamento avançado do proletariado — o Partido do proletariado — não estava organizado, pois que o dilaceravam divergências partidárias: a guerra interna, a cisão do Partido, dia a dia o debilitavam. Não admira que um Partido jovem, dividido em dois, não pudesse encarregar-se de organizar a insurreição geral.

Portanto, a falta de um partido unido e coeso, eis qual foi a quarta causa do recuo do proletariado.

E finalmente, se os camponeses e o exército não se uniram à insurreição e não lhe levaram novas forças, também isto aconteceu porque não podiam sentir uma força particular numa insurreição débil e de breve duração; e, como se sabe, ninguém se une aos fracos.

Eis por que o heróico proletariado de Petersburgo bateu em retirada em janeiro do ano passado.

Passou-se o tempo. O proletariado estimulado pelo fermento da crise e da falta de direitos, preparou-se para um novo choque. Engavanam-se aqueles que julgavam que as vítimas do 9 de janeiro haviam extinguido no proletariado toda vontade de luta. Ao contrário, mais febrilmente e com abnegação ainda maior, o proletariado se preparou para o choque "final", lutou ainda mais heróica e obstinadamente contra o exército e os cossacos. A insurreição dos marinheiros no Mar Negro e no Báltico, a insurreição dos operários em Odessa, em Lodz e noutras cidades, os conflitos que se sucediam, sem tréguas, entre camponeses e a polícia, demonstraram claramente que inextinguível chama revolucionária arde no coração do povo.

A consciência revolucionária que lhe faltava a 9 de janeiro, o proletariado a conquistou nos últimos tempos, com surpreendente rapidez. Diz-se que dez anos de propaganda não poderiam render, para o desenvolvimento da consciência do proletariado, tanto quanto renderam os dias da insurreição. E deve ser exatamente assim, pois o desenvolvimento dos conflitos de classes é a grande escola na qual, não dia a dia, mas hora a hora, amadurece a consciência revolucionária do povo.

A insurreição armada geral, propagada nos primeiros tempos apenas por um pequeno grupo de proletários, a insurreição armada, sobre a qual até mesmo alguns companheiros tinham dúvidas, gradativamente ganhou a simpatia do proletariado, que febrilmente organizou os destacamentos vermelhos, conseguiu armas, etc. A greve geral de outubro demonstrou claramente a possibilidade de um ataque simultâneo do proletariado. Graças a isso ficou demonstrada a possibilidade de uma insurreição organizada e o proletariado enveredou decididamente por esse caminho.

Era necessário somente um partido sólido, um partido social-democrático unido e indivisível, que dirigisse a organização da insurreição geral, que unificasse a preparação revolucionária, conduzida separadamente nas diversas cidades e tomasse a iniciativa do ataque. Tanto mais que a própria vida preparava um novo ascenso: a crise na cidade, a fome no campo e outros fatores semelhantes tornavam cada vez mais inevitável uma nova eclosão revolucionária. Infelizmente esse partido apenas se estava formando: enfraquecido pela cisão, o Partido se tinha refeito e iniciava a obra de unificação.

Justamente nesse instante o proletariado da Rússia foi surpreendido por uma segunda batalha, a gloriosa batalha de dezembro.

Falaremos agora deste embate.

Se, a propósito da luta de janeiro, dissemos que lhe faltava a consciência revolucionária, sobre a batalha de dezembro devemos dizer que então essa consciência efetivamente existia. Onze meses de tempestade revolucionária abriram suficientemente os olhos do proletariado da Rússia em luta e as palavras de ordem de "Abaixo a autocracia!" e "Viva a república democrática!" tornaram-se palavras de ordem do momento, palavras de ordem das massas. Agora, não mais se vêem estandartes religiosos, íconos e retratos do tzar; em seu lugar desfraldam-se bandeiras vermelhas e aparecem retratos de Marx e Engels. Agora, não mais se ouvem os salmos e o Deus salve o tzar; em seu lugar ressoavam os acentos, da Marselhesa e da Varchavianka, que atordoavam os opressores.

Por conseguinte, quanto à consciência revolucionária, a batalha de dezembro distingue-se radicalmente da de janeiro.

Na luta de janeiro faltava armamento, o povo ia então combater desarmado. A batalha de dezembro assinala um passo adiante. Todos os combatentes lançavam-se então sobre as armas, com pistolas, fuzis e granadas e em alguns lugares até com metralhadoras. Conseguir armas de armas em punho: eis qual era a palavra de ordem do momento. Todos procuravam armas, todos sentiam a necessidade de armar-se. Só era de lamentar que as próprias armas fossem muito escassas e que apenas um número insignificante de proletários pudesse agir armado.

A insurreição de janeiro era em tudo desordenada e fracionada; cada um agia por conta própria. A insurreição de dezembro, também deste ponto de vista, assinalou um passo adiante. Os Soviets dos deputados e operários de Petersburgo e de Moscou e os centros da "maioria" e da "minoria", tanto quanto possível, "tomaram medidas" para que a ação revolucionária fosse simultânea, convocaram o proletariado da Rússia para uma ofensiva simultânea. Durante a insurreição de janeiro nada houve de semelhante. Contudo, como não tinha sido precedido de um trabalho partidário longo e tenaz, visando a preparar a revolução, esse apelo não passou de um apelo e a ação foi dispersa e desorganizada. Na realidade, houve apenas o desejo de fazer uma insurreição simultânea e organizada.

A insurreição de janeiro foi "dirigida" sobretudo pelos Gapon. A insurreição de dezembro teve, sob este aspecto, uma superioridade, pois à sua frente se encontravam os social-democratas. Era pena, entretanto, que estes se apresentassem fracionados, em grupos diversos, não constituíssem um partido único e coeso e não pudessem por isso agir em conjunto. Ainda uma vez a insurreição encontrou o Partido Operário Social-Democrata da Rússia despreparado e dividido...

O choque de janeiro não seguia nenhum plano, não obedecia a nenhuma, política precisa, não levantava o problema: ofensiva ou defensiva? O choque de dezembro só teve a vantagem de haver colocado de modo claro essa questão, mas isso somente no desenrolar da luta e não desde o seu início. No que se refere à solução deste problema a insurreição de dezembro manifestou a mesma deficiência da de janeiro. Se os revolucionários de Moscou adotassem desde o início uma política de ofensiva, se, suponhamos, houvessem desde o princípio atacado a estação de Nikolaiev e a tivessem ocupado, então, compreende-se, a insurreição teria durado mais e teria, tomado orientação mais desejável. Ou então se, por exemplo, os revolucionários letões houvessem conduzido com decisão uma política ofensiva e não tivessem começado a hesitar, teriam certamente ocupado antes de mais nada as baterias de canhões, privando assim de qualquer defesa as autoridades, que nos primeiros momentos haviam permitido aos revolucionários ocupar as cidades, porém que, em seguida, passando novamente ao ataque com o apoio da artilharia, tinham conquistado as localidades ocupadas[N62]. O mesmo deve ser dito com relação às outras cidades. Não é por acaso que Marx dizia: na insurreição vence a audácia e somente quem se atém a uma política ofensiva pode ser audaz até o fim.

Eis a que se deveu a retirada do proletariado em meados de dezembro.

Se os camponeses e o exército, com sua massa esmagadora, não aderiram à batalha de dezembro, se esta última suscitou até descontentamento em alguns meios "democráticos", isso aconteceu porque lhe faltaram aquela força e aquela persistência que são tão necessárias à ampliação da revolução e à sua vitória.

De tudo quanto se disse, ressalta claramente o que elevemos fazer hoje, nós, os social-democratas da Rússia.

Em primeiro lugar, constitui nossa tarefa concluir a obra que já iniciamos: a criação de um partido unido e indivisível. As conferências da "maioria" e da "minoria' já elaboraram as bases orgânicas da unificação. Aceitaram elas o conceito leninista de membro do Partido e do centralismo democrático. Os órgãos centrais responsáveis pelos trabalhos ideológicos e de organização já se fundiram e a fusão dos organismos locais já está quase completada. É necessário somente o congresso de unificação, que sancionará formalmente a unificação de fato e dar-nos-á assim o Partido Operário Sociaí-Democrata da Rússia, unido e indivisível. Constitui nossa tarefa contribuir para essa obra que está em nosso coração e preparar cuidadosamente o congresso de unificação que, como é sabido, deve instalar-se o quanto antes.

Em segundo lugar, é nossa tarefa ajudar o Partido a organizar a insurreição armada, a tomar parte ativa nessa obra sacrossanta, a trabalhar incansavelmente por ela. É nossa tarefa multiplicar os destacamentos vermelhos, instruí-los e ligá-los intimamente uns aos outros, é nossa tarefa conseguir armas com armas, estudar a localização dos organismos centrais, calcular as forças do inimigo, estudar os seus lados débeis e os fortes, elaborar de acordo com isso o plano da insurreição. É nossa tarefa realizar uma agitação sistemática no sentido da insurreição no exército e no campo, particularmente nas aldeias situadas nas imediações das cidades, armar os elementos seguros dessas aldeias, etc, etc....

Em terceiro lugar, constitui nossa tarefa deixar de lado toda hesitação, condenar toda incerteza e conduzir com decisão uma política de ofensiva...

Em uma palavra um Partido sólido, a insurreição organizada pelo Partido e uma política de ofensiva, eis o que nos é necessário hoje para a vitória da insurreição.

E essa tarefa torna-se tanto mais necessária e urgente, quanto mais se agrava e cresce a penúria no campo e a crise industrial nas cidades.

Em certos elementos, ao que parece, insinuou-se uma dúvida sobre essa verdade elementar e estes dizem desesperadamente: Que pode fazer o Partido, embora unido, se não conseguir reunir em torno de si o proletariado? E o proletariado está desbaratado, perdeu a esperança e lhe veio a faltar a iniciativa; a salvação, doravante, devemos esperá-la do campo, e do campo deve partir a iniciativa, etc. Não se pode deixar de observar que os companheiros que raciocinam dessa maneira, enganam-se profundamente. O proletariado não está de maneira alguma desbaratado, pois isso significaria a sua morte; pelo contrário, ele está vivo como dantes e reforça-se cada dia mais. Retirou-se só para reunir as forças e tomar impulso para a última batalha contra o governo tzarista.

A 15 de dezembro, o Soviet dos deputados operários de Moscou — daquela mesma Moscou que de fato havia dirigido a insurreição de dezembro — declarou publicamente: suspendemos provisoriamente a luta com o fim de preparar-nos seriamente e desfraldar de novo a bandeira da insurreição. O Soviet exprimia a convicção intima de todo o proletariado da Rússia.

E se contudo alguns companheiros negam os fatos, se eles não mais nutrem esperanças no proletariado e se agarram agora à burguesia rural, perguntamo-nos se estamos tratando com social-revolucionários[N63] ou com social-democratas, uma vez que nem um social-democrata sequer duvida da verdade de que o dirigente de fato (e não só ideológico) do campo é o proletariado urbano.

Haviam-nos assegurado a seu tempo que a autocracia fora derrotada após o 17 de outubro; porém não acreditamos nisso, uma vez que a derrota da autocracia significa sua morte, e ela não só está morta, como reuniu novas forças para um novo ataque. Dissemos que a autocracia havia simplesmente efetuado uma retirada. Verificou-se que tínhamos razão...

Não, companheiros! O proletariado da Rússia não foi derrotado, tão somente retirou-se e prepara-se agora para novas batalhas gloriosas. O proletariado da Rússia não arriará a bandeira tinta de sangue, não cederá a ninguém a direção da insurreição, será o único chefe digno da revolução russa.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Salvemos a vida a Muhammad al-Qiq!


Por :Carlos Aznárez (Director de Resumen Latinoamericano.
Por favor, lembre seu nome. Chama-se Muhammad al-Qiq, tem 33 anos e está morrendo no cárcere cumprindo uma greve de fome. É jornalista e exerce a profissão na Palestina, um território ocupado e assolado pela violência do invasor israelense desde 1948. Uma nação que sofreu todo tipo de abuso, década após década, e que hoje assiste a um novo nível de repressão sionista contra os que se rebelam em seu domínio. Em Gaza e na Cisjordânia, milhares de jovens protestam de diferentes formas, e muitos deles são assassinatos vilmente. Outros são detidos. Tudo isso frente ao silêncio da denominada “comunidade internacional” ou à manipulação dos meios corporativos, que não é o mesmo, porém é igual.
No entanto, nem todos se calam. Muhammad Al-Qiq, como faria qualquer repórter que respeite a si próprio, vinha informando cotidianamente pelo canal “Al Majd”, sobre o que viam seus olhos e sentia seu corpo, apenas percorrendo as ruas de Ramallah ou de Jerusalém: crianças golpeadas e detidas por atirar pedras contra tanques, mulheres jovens assassinadas às quais são “plantadas” facas para justificar o crime, campos com cultivo de oliveiras arrasados, casa demolidas por pura vingança, cidades como Hebron ou campos de refugiados como Jenín, bloqueadas militarmente e sua população sofrendo todo tipo de humilhações.
Precisamente, por informar com objectividade sobre a barbárie israelense é o “delito” pelo qual foi detido e torturado Al-Qiq há três meses em sua casa, em Ramallah. Inúmeras denúncias de organismos de direitos humanos palestinos e internacionais advertiram que o jornalista foi colocado em uma posição conhecida como a banana – com as costas sobre uma cadeira e preso pelos pés e mãos por debaixo da mesma –, permanecendo na posição forçada durante 15 horas, durante as quais sofreu violência sexual por parte dos interrogadores. Depois de sofrer essas sevícias, o enviaram a uma das tantas prisões-tumbas que Israel possui para martirizar ainda mais um povo que não está disposto a baixar a cabeça ante sua prepotência.
Porém, há algo mais. Al-Qiq, como tantos outros palestinos e palestinas, sofre um tipo de detenção que se denomina “administrativa”, uma figura que permite às autoridades israelenses manter sob custódia indefinidamente milhares de “suspeitos” sem apresentar acusações nem iniciar um processo judicial, como fazem habitualmente as ditaduras militares. Frente a esta injustiça e convencido de que não se lutasse por sua liberdade, sua sorte estaria praticamente dada, este jovem jornalista decidiu começar uma greve de fome no dia 25 de Novembro passado, para denunciar a mundo sua situação. 
A partir desse momento, se intensificaram as medidas repressivas e de pressão contra o detido. Em duas oportunidades, em 30 de Dezembro e 17 de Janeiro, juízes sionistas prorrogaram seu encarceramento e repudiaram a apelação apresentada pelos advogados de Al-Qiq. Sua situação de saúde começou a piorar e, em um determinado momento, as autoridades israelenses decidiram transferi-lo para o centro médico israelense de Afula, onde o colega detido ratificou sua vontade de continuar a greve de fome “até conseguir minha liberdade”. Se isto não acontecer, “estou disposto a morrer”, expressou.
Muhammad Al-Qiq está a 64 dias lutando por sua dignidade, negando-se a receber vitaminas e tratamento médico. Talvez evocando o martírio pelo qual passou há décadas outro lutador como ele, porém irlandês, chamado Bobby Sands, planejou claramente que não quer que seja alimentado contra sua vontade. Mas, estar preso em Israel significar contornar a beira do inferno na terra, e é por isso que foi imposto a Al-Qiq outra forma de tortura. Permaneceu quatro dias com pés e mãos atados a uma cama, consciente, enquanto enfermeiros militares injectaram líquidos à força. Agora, directamente foi ameaçado com o início de alimentação forçada, algo que ele e seus defensores repudiam enfaticamente.
Da Argentina, a terra que viu nascer e cair em combate outro jornalista exemplar, Rodolfo Walsh (exemplo, entre outras coisas, de solidariedade com a Palestina), vai esta mensagem de urgência para que a América Latina e o mundo, onde existam pessoas que creiam que os direitos humanos são uma proposta de autodefesa frente à barbárie, se mobilize pela vida e pela liberdade de Muhammad Al-Qiq. Ele, com sua atitude corajosa, coloca em destaque um cenário no qual milhares de presos e presas palestinas, muitos deles meninos e meninas, se encontram como reféns das tropas de ocupação de seu povo.
Não, não é mais uma nota que estou escrevendo, mas a expressão epistolar e um grito de impotência frente ao que não deveria ser irreversível: SALVEMOS A VIDA DE MUHAMMAD AL-QIQ e a de tantos homens e mulheres palestinas que vivem em estado de excepção.
Comité Argentino de Solidaridad Pueblo Palestino, Argentina
http://pcb.org.br/portal2/10448#more-10448 


www.Os Bárbaros.org

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A dita "janela aberta para uma nova esperança" não passa de uma ilusão, que é necessário combater !


Em nome do combate à austeridade e à pobreza o novo governo e o OGE (Orçamento Geral de Estado) foi anunciado como uma "janela aberta a uma nova esperança" em que se comprometia a repôr os salários e pensões e acabar com a sobretaxa sobre o IRS, aumentar o salário e as pensões minimas bem como ainda outros apoios sociais que foram roubados pela ofensiva capitalista/imperialista do governo PSD/CDS/UE/FMI durante estes últimos quatro anos.

O novo OGE apresentado pelo governo capitalista do PS, com a conivência do BE e do PCP  procura esconder por detrás da sua dita politica social de combate à austeridade e à pobreza, a sua verdadeira intenção  politica, que é assegurar a manutenção e recapitalização da classe capitalista na ordem dos milhares de milhões de euros, prosseguir a ofensiva do governo anterior de recuperação capitalista por outros meios mais subtis e sujeitar o povo às  regras do plano imperialista chamado Tratado Orçamental Europeu que tem como objectivo principal destruir as conquistas sociais conquistadas pelo movimento operário após a 2ª guerra mundial e em Portugal após o 25 de abril de 1974 e subordinar o país a uma perda constante e cada vez maior da sua Soberania e Independência Nacional.

 Como disse o 1º Ministro A.Costa e o ministro das finanças  M.Centeno no sentido de apaziguar a reação interna e externa,  "que a diferença em relação às politicas do governo anterior não está nos objectivos macro económicos a conseguir, mas na forma como atingir tais objectivos, ou seja, em vez de uma politica de austeridade e aumento da pobreza "custe o que custar" decide optar por uma politica de austeridade mais moderada e segura do ponto de vista da coesão social, que não só seja aceite, como constitua um tampão a qualquer contestação social.

A prova de que o governo tenderá a não respeitar os compromissos sociais presentes e futuros, não está apenas na forma submissa como acatou as alterações impostas ao OE pela UE/FMI, mas a disposição subserviente de acatar novas imposições anti-populares, caso os objectivos de crescimento económico não se venham a verificar e ponha em causa o cumprimento do pagamento da divida pública contraída para salvaguardar os interesses da classe capitalista. O que quer dizer que a tal "janela aberta para uma nova esperança" como gostam de chamar o BE e o PCP às politicas capitalistas do actual governo, está sériamente ameaçada quando o OGE já retira grande parte do rendimento reposto pela via dos impostos directos e indirectos, como agrava ainda mais a situação social de mais de um milhão de trabalhadores a ganhar o salário minimo ou menos, bem como os dois milhões e tal de reformados e pensionistas que práticamente foram esquecidos e que vão continuar a viver muito abaixo dos limites de  pobreza considerados pela lei burguesa. Daí que seja altamente demagógico e oportunista argumentar como o fazem o BE e o PCP de que votarão favoravelmente o OGE, porque consideram que os compromissos que envolve o "acordo" que sustenta o governo, é ainda assim respeitado.

Assim A Chispa! alerta os militantes revolucionários, todos trabalhadores,os reformados  pobres, as mulheres e os jovens para que não continuem a alimentar qualquer tipo de  ilusão quanto às politicas  de combate à austeridade e à pobreza por parte deste governo e que se mobilizem para resistir  e derrotar a continuação da ofensiva capitalista agora pela mão do governo PS  e seus suportes, a mando da imperialista UE e FMI, com o apoio do PSD e CDS




sábado, 20 de fevereiro de 2016

Intensificação da resistência popular ao governo SYRIZA-ANEL


As mobilizações dos trabalhadores e do povo tem-se intensificado na Grécia desde o início de 2016, centrando-se nas mudanças reaccionárias que o governo SYRIZA-ANEL procura fazer no sistema de segurança social e de pensões, liquidando ganhos significativos dos trabalhadores, aumentando contribuições dos trabalhadores para a segurança social e a idade de reforma, reduzindo pensões e cortando benefícios sociais, como para pessoas com necessidades especiais.

Centenas de sindicalistas de todo o país, reunidos na Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) têm executado mobilizações maciças nas primeiras semanas de 2016, incluindo piquetes, comícios, ocupações simbólicas de edifícios públicos, manifestações, greves. Assim, ontem, 26/Jan, o PAME efectuou novas manifestações em Atenas e outras cidades. As manifestações em Atenas alcançaram o Parlamento, no momento em que a discussão entre os líderes políticos estava em curso quanto às iminentes mudanças anti-populares no sistema de segurança social. Ao mesmo tempo, forças do PAME estão a desempenhar o papel principal na organização da greve geral que foi convocada para 4 de Fevereiro. A exigência básica do PAME é de o governo retirar seus planos, a lei "guilhotina", como foram baptizados pelos trabalhadores os planos anti-povo do governo "de esquerda" do SYRIZA.
Além disso, por todo o país há impressionantes mobilizações de pequenos e médios agricultores, os quais efectuaram dúzias de bloqueios rodoviários nas auto-estradas do país, protestando contra os impostos pesados, contra a linha política da UE que está a destruí-los, bem como contra o plano do governo para impingir novos fardos sobre eles quanto à segurança social. Só num bloqueio rodoviário junto à cidade de Larisa (Nikaia), na auto-estrada central do país, reuniram-se mais de 2.500 tractores na maior manifestação de agricultores do país. Representantes de 37 bloqueios rodoviários reuniram-se em 26/Jan em Nikaia para discutir a estruturação das suas exigências. Eles enfatizaram na sua resolução que "Nós viemos às estradas para lutar pela nossa sobrevivência; para combater contra a linha política que nos quer destruir; conduzir-nos à expulsão da terra, à pobreza e privação, de modo a que a terra e a produção possam ser concentradas nas mãos dos grandes agricultores e grupos de negócios, implementando as directivas da Política Agrícola Comum (CAP) e da UE em geral. De modo que as medidas para liquidar os pequenos e médios agricultores não passam, isto é, as medidas do Terceiro memorando que o governo acordou com seus parceiros, a UE e o FMI, e aprovou com votos de outros partidos. Estas medidas atacam os trabalhadores e o povo como um todo". Os pequenos e médios agricultores recusam-se a retirar seus tractores das estradas e discutir com o governo até que ele retire o seus projecto de lei para o sistema de segurança social e resposta às suas exigências, tais como, por exemplo, aquelas relativas a reduções de impostos, reduções para o custo de produção e outras.
Os auto-empregados, a juventude, as mulheres, os quais também estão a ser atacados pelos planos do governo, estão ao lado do PAME e dos pequenos e médios agricultores. Um papel importante nestas mobilizações populares estã a ser desempenhado pelas forças do "Encontro Militante de Todos os Agricultores" (PASY), o "Encontro Anti-monopolista à Escala Nacional" (PASEVE), a Frente de Luta dos Estudantes (MAS) e a Federação das Mulheres Gregas (OGE). A dimensão e o dinamismo das mobilizações é tamanho que o silêncio dos media estrangeiros (estado-unidenses, europeus, russos, etc) é digno de nota. Estes media ou ocultaram completamente estas mobilizações ou mencionaram-nas de um modo muito breve. Por esta razão, o KKE está a inserir diariamente novas fotos e vídeos:

Koutsoumpas: O governo SYRIZA é uma ferramenta de usos múltiplos da decadência do sistema capitalista

Dimitris Koutsoumpas, secretário-geral do KKE, em discurso no Parlamento dia 16/Jan, observou dentre outras coisas: "A segurança social é um dos ganhos mais importantes [dos trabalhadores]. Ela está no cerne da vida das famílias da classe trabalhadora e dos estratos populares. Ela salvaguarda a protecção dos francos, incluindo o seguro social e a cobertura de pensões, o acesso à saúde e serviços de bem-estar, a protecção institucional para aqueles que têm ocupações inseguros e pouco saudáveis, a protecção de acidentes de trabalhos, a licença para gravidez e recuperação. Estes ganhos não foram dados facilmente, mas alcançados através de duras e sangrentas lutas dos trabalhadores".
O secretário-geral do KKE enfatizou que os objectivos do governo são a implementação dos planos dos capitalistas para acabar com o carácter social da segurança, transformá-lo numa assunto privado de cada trabalhador individual. Assim, aquelas secções do capital ligadas a companhias de seguros e grandes negócios de saúde seriam beneficiadas com o colapso do sistema de segurança social. Além disso, milhares agricultores pobres e pessoas auto-empregadas, que não podem suportar a competição, estão a ser violentamente afastadas da produção. Sua posição na produção será tomada por grandes negócios capitalistas.
Koutsoumpas sublinhou que "este governo está a acabar o trabalho sujo, por conta do capital, que a ND e o PASOK não tiveram tempo ou não foram capazes de acabar". Ele enfatizou que o governo SYRIZA é "uma ferramenta de usos múltiplos deste sistema decadente".
O secretário-geral apresentou no Parlamento o projecto de lei elaborado pelo KKE e que atende às necessidades do povo em relação à segurança social e também exprimiu os apoio do partido às mobilizações dos trabalhadores, agricultores e outros estratos populares, enfatizando que "as mesmas medidas e semelhantes estão a ser tomadas em todos os países da UE. Trata-se de direcções que têm estado em vigor desde o princípio da década de 1990".
Ele acrescentou que "A única força que pode impedir o planos do governo de empobrecer o povo, que por um travão à ascensão do grupos monopolistas e seus governos é uma forte aliança social do povo. O KKE conclama os trabalhadores a aderirem à frente de luta em massa para salvar e fortalecer a instituição da segurança social pública (...) Nós dizemos que podemos levar uma vida com dignidade, com direitos contemporâneos. Em qualquer caso, isto é o que a história nos ensina e também os ganhos de outros povos nos países socialistas, os quais foram alcançados no século anterior. Seguros, pensões, cobertura médica eram da responsabilidade exclusiva do estado (...) Assim podemos viver, nosso povo pode viver como merece, desde que o potencial produtivo do nosso país, os recursos naturais, os meios concentrados de produção, se tornem de propriedade social, sob a égide do poder popular. De modo a que sejam utilizados através da planificação central, a qual será cientificamente orientada, com a participação activa dos trabalhadores na organização e administração da produção social e dos serviços sociais, com desligamento dos grilhões da UE e o cancelamento unilateral da dívida. Só deste modo pode haver um fim para os tormentos crescentes do novos povo provocados pelos sistema capitalista, sua crise, a UE e os governos que gerem este caminho".
27.01.2016
http://inter.kke.gr/pt/articles/Intensificacao-da-resistencia-popular-ao-governo-SYRIZA-ANEL/

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Segurança Social deixa sem subsídio 385 mil desempregados


 O Estado português atribuiu perto de 261 mil prestações de desemprego em janeiro, deixando sem estes apoios cerca de 385 mil desempregados 

O Estado português atribuiu perto de 261 mil prestações de desemprego em janeiro, deixando sem estes apoios cerca de 385 mil desempregados, segundo dados divulgados esta quarta-feira pela Segurança Social. 

De acordo com os últimos dados disponibilizados na página da Segurança Social na Internet, em janeiro existiam 260.987 beneficiários de prestações de desemprego, mais 1.647 pessoas do que em dezembro e o equivalente a cerca de 40% do último número total de desempregados contabilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (quarto trimestre).

Das prestações contabilizadas pela Segurança Social, 128.082 referem-se a mulheres e as restantes 132.904 dizem respeito a homens. Os últimos dados divulgados pelo INE, relativos ao último trimestre do ano contabilizavam, em dezembro de 2015, um total de 646,5 mil desempregados, com a taxa de desemprego a situar-se nos 12,2%.  Mas este valor é muito mais alto na medida em que centenas de milhar de trabalhadores deixaram caducar a sua inscrição por não encontrarem nela qualquer viabilidade de resolução da sua situação social e outros milhares continuam a recorrer à imigração.

Esperemos que os números reais do desemprego sejam achados e divulgados para que termine a demagogia e a falsa avaliação do desemprego, bem como a atribuição do apoio social a todos os trabalhadores desempregados.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

PAME: "CSI (Confederação de Sindicatos Internacional) – Agentes do FMI, da Comissão Europeia e do Governo Grego"

Comunicado da PAME de11 de Fevareiro
Os trabalhadores da Grécia,os camponeses pobres, os auto-empregados e os jovens cientistas lutamoscontra o Decreto-Carniceiro, legislado pelo governo Grego, pela União Europeia, pelo FMI e pela Federação de Industriais Grgos.
A primeira reivindicação para todos nós é que o governo grego retire o Decreto. A segurança social tem de ser paga pelo Estado e pelos empregadores.
O Governo convida os sindicatos à discussão e para haver diálogo neste Decreto-Carniceiro em particular. TODOS os Sindicatos até hoje recusaram tomar parte neste falso diálogo, que só discutirá sobre o Decreto da Troika. TODOS nós exigimos ao Governo a RETIRADA do Decreto-Carniceiro. Nós exigimos que a Segurança Social seja um sistema baseado nas necessidades actuais dos trabalhadores e dos camponeses.
Nós não tomamos parte do dialogo que é baseado nas propostas do governo, da UE, do FMI e dos industriais.
Neste momento, quando o governo grego está isolado e as nossas lutas crescem, com grande destaque até hoje para a magnifica Greve Geral de 4 de Fevereiro, vem esta liderança da CSI apelar aos trabalhadores da Grécia para que vão dialogar com o governo grego.
Assim diz a CSI: “Diálogo social aberto efectivo com os representantes dos trabalhadores (é) a única maneira de dinamizar a paz social”.
A CSI apoia o falso diálogo social baseado nas propostas do FMI, da UE e do Governo Grego. Esta posição da direcção da CSI é a mesma posição que a da Federação dos Industriais Gregos, que também pedem diálogo!
Nós denunciamos a liderança da CSI que, mais uma vez, se alinha com a estratégia dos monopólios
A classe trabalhadora da Grécia NÃO tomará parte de nenhum falso diálogo!
Nós exigimos que o Governo RETIRE o Decreto-Carniceiro. Nós exigimos que a Segurança Social seja um sistema baseado nas necessidades actuais dos trabalhadores e dos camponeses.