sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Alfredo Barroso abandona o PS de que foi fundador

Declaração de António Costa é uma humilhação e uma vergonha para todos os socialistas, diz Alfredo Barroso. Foto do Facebook de AB

 Diz que não é possível continuar a militar no partido cujo secretário-geral declara que Portugal está hoje melhor do que há quatro anos e ainda presta vassalagem “à ditadura comunista e neoliberal da República Popular da China”. Afirma que não vai entrar em nenhum partido, mas irá apoiar e votar no Bloco de Esquerda.

Este desabafo da parte de Alfredo Raposo, não passa da "gota de água que fez transbordar o copo", é pena que não a tivesse tomado há mais tempo visto que o PS ao longo dos 40 anos que já levamos de "democracia" burguesa, sempre andou de braço dado com as politicas reaccionárias que contribuíram, para os baixos salários, desemprego e destruição dos direitos  sociais conquistados pelo  movimento operário e popular, antes e após o 25 de Abril. Mas como diz o povo "mais vale tarde, do que nunca", neste sentido apoiamos a denúncia e a atitude de A.Barroso em querer finalmente cortar com o PS.

Quanto há "ditadura comunista e neo-liberal da República Popular da China" a sua afirmação torna-se reaccionária e anti-comunista, na medida em que o PCdaChina há muito degenerou e traiu o comunismo e se transformou num partido burguês pró-imperialista.

 Quanto a optar pelo BE ou mesmo no PCP, aconselhamos caso esteja realmente interessado em combater o desemprego, a miséria e a defender a Soberania Nacional da ingerência imperialista, em particular da UE/FMI, a analisar a sua opção mais profundamente, tendo em conta as recentes cedências das promessas eleitorais pelo Syriza e o seu compromisso em manter o programa da Tróika assinado pelo governo anterior, por imposição da UE/FMI, a tal Europa em que a dita esquerda se revê e se quer manter.

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Quando dizem que, agora, a carne é peixe.

Por:Partido Comunista da Grécia (KKE)

Ainda nos lembramos da imagem dos monges, na Idade Média, que diziam que a carne era peixe, a fim de superar as dificuldades do interminável jejum. Esta imagem encaixa-se perfeitamente nos desenvolvimentos que têm vindo a ocorrer na Grécia, nos recentes dias, sob o governo SYRIZA-ANEL. Eis alguns dados que o justificam: 

O SYRIZA, como partido de oposição, prometeu rasgar os memorandos que os Governos anteriores haviam assinado com os credores estrangeiros (a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) e que continham as medidas antitrabalhadores e antipopulares. O SYRIZA, como partido do governo, revelou que concorda com 70% das “reformas” incluídas nos memorandos e discorda de 30%, que descreve como “tóxicas”. Na verdade, assume que não agirá unilateralmente, mas procura um novo acordo com os credores que, desta vez, não será chamado memorando, mas programa, acordo ou ponte. 

O SYRIZA, como partido de oposição, declarou guerra à troika dos credores estrangeiros e disse que iria colocar um fim a isso. O SYRIZA, como partido do governo, assume que falará com e responderá às “instituições”. Quais? A União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. Na verdade, exactamente as mesmas pessoas que constituem a tróika estão a tomar parte nas negociações em Bruxelas, em nome das “instituições”. 

 O SYRIZA, como partido de oposição, foi um crítico mordaz do governo ND-PASOK, que apoiou e participou nas sanções da UE contra a Rússia e acusou-os de serem servis, por causa desta postura. O SYRIZA, como partido do governo, apoiou as mesmas sanções da UE e, também, a sua escalada, caracterizando a posição do seu governo como um “significativo sucesso”. 

O SYRIZA, como partido de oposição, tomou uma posição contra as privatizações. Agora, como governo, de acordo com a declaração do ministro das Finanças, Y. Varoufakis, assume que “Queremos passar da lógica de vendas ao desbarato para a lógica do seu desenvolvimento, em parceria com o sector privado e os investidores estrangeiros”! Por isso, adopta as privatizações para reforçar o sector privado e tenta apresentar também outros métodos de privatização, como parcerias público-privadas e concessões aos grupos económicos, etc., como sendo benéficos. 

 O SYRIZA, como partido de oposição, caracterizava a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) como o “livro negro do neoliberalismo”. O SYRIZA, como partido do governo, recebeu em Atenas, nos primeiros dias do seu mandato, Angel Gurría, Presidente da OCDE, que teve uma reunião com o Primeiro ministro A. Tsipras. A OCDE, de acordo com o governo de coligação SYRIZA-ANEL, é a organização que ajudará a elaborar uma lista de medidas, a fim de salvaguardar o desenvolvimento (capitalista) na Grécia. Medidas que substituirão a parte “tóxica” do Memorando, os notórios 30%.

 O SYRIZA, como partido de oposição, denunciou a decisão do anterior governo de pagar “dezenas de milhões de euros a empresas que prestam serviços jurídicos e aconselhamento financeiro”. O governo do SYRIZA-ANEL contratou a empresa “Lazard” como consultora para as questões da dívida pública e da gestão fiscal, obviamente apreciando a experiência proporcionada pelos anteriores governos do PASOK, de G. Papandreou. Isto não é por acaso! Além disso, o novo Ministro das Finanças, Y. Varoufakis (costumava ser um consultor de G. Papandreou) recorreu aos serviços dos ex-assessores de G. Papandreou, J. Galbraith e Elena Panariti, ex-deputada do PASOK. O primeiro é um economista americano, professor na Universidade do Texas, funcionário do Instituto Levy, bem conhecido apologista do capitalismo e um apoiante de uma fórmula mais expansionista para a gestão da crise. A última trabalhou para o Banco Mundial. Por outras palavras, ambos servem o sistema e os seus mecanismos. 

Podemos acrescentar mais à lista das retratações do governo do SYRIZA e da sua “esquerda”, como o facto de uma série de promessas feitas antes das eleições – por exemplo, o aumento do salário mínimo – serem remetidas para um futuro distante. Da mesma forma, podemos apontar outros marcantes exemplos de funcionários e assessores do social-democrata PASOK que agora estão a servir o governo “de esquerda”. No entanto, a questão mais importante é a de clarificar que tipo de negociações o atual governo grego está a realizar com a UE e os outros credores. 

As negociações têm um conteúdo concreto, que não está relacionado com o “alegado fim da austeridade” na Grécia e na Europa, como o SYRIZA e os outros partidos que participam no Partido da Esquerda Europeia pretendem. Além disso, Y. Varoufakis afirmou claramente que nos anos vindouros, sob o governo do SYRIZA, os trabalhadores têm de continuar a viver “frugalmente”. As negociações estão relacionadas com as necessidades dos grupos económicos que advêm das consequências da profunda crise capitalista, assim como da evolução da incerta recuperação capitalista na Grécia e na zona do euro como um todo.

 Estas negociações estão a ocorrer num terreno hostil ao povo. Isto é provado pela identificação do governo grego com países como a França, a Itália e, sobretudo, os EUA, com todas as implicações negativas que esta postura acarreta. Estes países podem exercer pressão sobre a Alemanha em defesa dos seus próprios interesses, mas continuam a mesma dura linha política contra o povo. 

Apesar da sua barulhenta propaganda sobre as negociações com a UE e os credores, o SYRIZA assume, ao mesmo tempo, que compartilha muito com eles e que continuará os compromissos anti-populares do país perante a UE e a NATO. Assim, o povo grego e os outros povos não devem cair na armadilha de serem separados em “merkelistas” e “obamistas” e divididos numa luta sob uma bandeira “alheia”. Eles têm de organizar a sua luta e exigir a reposição das perdas respeitantes aos seus rendimentos e aos seus direitos. 

Devem exigir a solução de todos os problemas dos trabalhadores e do povo, de acordo com as suas actuais necessidades. Devem lutar por uma saída que lhes traga esperança: a socialização dos monopólios, a saída das uniões imperialistas da UE e da NATO, com o povo a segurar as rédeas do poder. Isto preparará o terreno para o único, oportuno e realista caminho, que leva à verdadeira emancipação do povo: a construção de uma nova sociedade, uma sociedade socialista. 

sábado, 14 de fevereiro de 2015

SYRIZA, o novo pólo da social-democracia na Grécia!


 Entrevista de Elisseos Vagenas, membro do CC do KKE e responsável pela Secção de Relações Internacionais do CC, para o “Jornal de Negócios”, de Portugal 1* . 


-Como interpreta os resultados das eleições de domingo? 

A mudança de governo, com a coligação entre o SYRIZA e os Gregos Independentes (ANEL), reflete o descontentamento e a raiva do povo contra a ND e o PASOK, partidos que mergulharam o povo na pobreza e no desemprego durante a crise capitalista, bem como na falsa esperança de que o novo governo do SYRIZA poderia seguir uma linha política a favor do povo. O KKE considera que a coligação entre o SYRIZA e o ANEL seguirá o mesmo caminho: a linha do recuo e da transigência, dos compromissos com o grande capital, os monopólios, a UE e a NATO, com todas as implicações negativas para o povo e o nosso país. . 

- O que espera de um governo liderado pelo SYRIZA? 

Agradaram-lhe as decisões tomadas nestes primeiros dias? Apesar da barulhenta propaganda sobre as negociações com os parceiros-credores europeus e diferenças parciais, o SYRIZA continuará os compromissos antipopulares do país com a UE. Já admitiu que haverá um novo programa acordado com os credores. Mesmo que não se chame memorando, conterá condições contra o povo, como cortes nos serviços sociais públicos universais e gratuitos. As orientações estratégicas do programa do SYRIZA inserem-se no âmbito de servir os interesses dos grupos económicos – a estratégia da UE. O programa SYRIZA, em relação à maioria dos trabalhadores e das famílias populares, vai espalhar a pobreza e o desemprego por ainda mais pessoas. 

2 No que respeita às questões de defesa e política externa, o SYRIZA está comprometido com a NATO e a aliança estratégica com os EUA. A posição do governo em relação à questão da Ucrânia, apesar da fanfarronice, durou apenas três dias. No quarto dia, o governo grego alinhou com a UE e votou as mesmas sanções contra a Rússia que o anterior governo da ND-PASOK tinha apoiado (embora as tenha criticado de forma veemente como um partido de oposição), deixando a porta aberta para outras, brevemente. Outro exemplo característico é as declarações do Ministro da Defesa, que anunciaram a continuação da cooperação com Israel... 

- O SYRIZA fez uma coligação com o partido Gregos Independentes. Não faria mais sentido uma coligação com o KKE? Por que não aconteceu? 

Não, não faria qualquer sentido. Por que o SYRIZA e o KKE estão a seguir caminhos totalmente diferentes. Antes das eleições, o nosso partido considerou que o SYRIZA, caso não tivesse a maioria no parlamento, formaria governo com um dos partidos que, tal como o SYRIZA, são a favor da permanência do país na UE e na NATO; partidos que entendem que o povo tem de pagar uma dívida insuportável, pela qual não tem qualquer responsabilidade, partidos que insistem no caminho de desenvolvimento capitalista. O KKE tem uma posição diferente sobre estas questões fundamentais e luta pelo cancelamento unilateral da dívida, a saída da Grécia da UE e da NATO e a socialização dos meios de produção básicos, com a classe operária e o poder do povo. 

- Qual vai ser a posição KKE no Parlamento grego? Está disponível para aprovar medidas apresentadas pelo governo?

O KKE tem como sua tarefa principal fortalecer a oposição militante dos trabalhadores e do povo, dentro e fora do Parlamento, contra os monopólios e o seu poder, contra as alianças imperialistas. Vamos utilizar a força que nos foi dada pelo povo para contribuir para o reagrupamento do mundo do trabalho e o desenvolvimento da aliança social. Temos de fazer pressão, temos de lutar por todas as conquistas possíveis para as camadas populares e por medidas imediatas para aliviar o povo. Entre outras coisas, vamos examinar cuidadosamente todas as propostas de lei, tendo como critério os interesses dos trabalhadores e do povo, e apoiaremos qualquer proposta lei que ofereça verdadeiro alívio aos trabalhadores, o que sempre temos feito. .

 O que diferencia o KKE do SYRIZA?

 As diferenças são enormes. O SYRIZA é o novo pólo da social-democracia na Grécia e está interessado em gerir o poder da burguesia, com uma “imagem de esquerda”. O KKE é um partido da classe operária, que procura o derrube da barbárie capitalista e a construção de outra sociedade, socialista-comunista. 

Deve a Grécia sair da zona euro? 

Na nossa avaliação, isso não é suficiente. Sem os outros fatores que descrevemos – como a completa retirada da UE e da NATO, a socialização dos meios de produção e a diferente organização da economia e da sociedade – o retorno à moeda nacional, por si só, pode até levar a piores desenvolvimentos para as camadas populares. . 

Por toda a Europa, partidos de esquerda elogiaram a vitória do SYRIZA. Sente que o KKE ainda é o verdadeiro porta-voz dos ideais da esquerda na Grécia?

 Há alguns anos, os mesmos partidos celebraram o alegado “novo vento” da eleição de Hollande, na França. Hoje sabemos como isso acabou. Entre outras coisas, o KKE expressa as genuínas tradições militantes do movimento operário e popular no nosso país. O SYRIZA cortou todos os laços com estas tradições. . 

O KKE é conhecido pelos seus protestos de rua. Continuarão? 

Vamos continuar, com ainda melhor preparação e planeamento, utilizando todas as possibilidades; e contribuiremos para que a linha do contra-ataque seja adotada de forma mais abrangente pelo povo e, também, para o reagrupamento do movimento operário e popular, que é o fator decisivo que irá determinar o resultado da luta. Elisseos Vagenas Membro do CC do KKE e responsável pela Secção de Relações Internacionais do CC

1 A entrevista foi publicada no “Jornal de Negócios” do dia 2015/02/09.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Agressões e prisões pela polícia no bairro da Cova da Moura

MAIS UM CASO DE VIOLÊNCIA POLICIAL

QUE NÃO PODE FICAR IMPUNE

Na passada 5 feira, dia 5 de Fevereiro, uma brigada policial fez uma pretensa rusga na Cova
da Moura, numa pura demonstração de força e intimidação da população, tal como muitas vezes tem acontecido em muitos bairros do país. A certa altura, abordaram de forma provocatória um grupo de jovens do bairro, revistando-os e abusando-os verbalmente à espera de alguma forma de resposta violenta. Como não a obtiveram, os polícias começaram a agredir brutalmente um dos jovens, apesar de este não estar a oferecer qualquer resistência. 

Seguiram-se disparos, incluindo sobre outros habitantes que entretanto tinham ido ver o que se passava e que puderam testemunhar todo o episódio. Uma voluntária da Associação Moinho da Juventude foi atingida na perna e na nádega. O jovem, a sangrar, foi algemado e levado para a esquadra de Alfragide. Aí, os polícias juntaram-se para o agredir com cassetetes e pontapés, ao mesmo tempo que o insultavam. Só seria libertado no dia seguinte, depois de o terem acusado de apedrejar a carrinha da polícia, uma acusacão impossível, já que ele na altura estava a ser revistado.

Um grupo de pessoas, entre os quais dois dirigentes do Moinho, decidiu dirigir-se à esquadra para exigir a libertação dele. Apesar da abordagem pacífica deles à entrada da esquadra, foram logo insultados e baleados e depois, dentro da esquadra, foram algemados, violentamente agredidos e ameaçados de morte. Cinco deles foram detidos e levados pela polícia para a esquadra da Damaia e depois para um hospital, devido aos ferimentos que tinham sofrido. A polícia e a comunicação social tentou apresentar o que se passou este episódio como sendo um gang a invadir a esquadra.

Este é mais um dos muitos casos de provocação e violência policial que alastram em particular nos bairros negros das periferias e que não podem ficar sem resposta. A cada dia que passa, a polícia provoca, invade, agride, insulta e prende ilegalmente sobretudo jovens de etnias que o sistema considera inferiores, através dos seus agentes nas forças de repressão, nas quais se expandem cada vez mais, com encorajamento oficial e com total impunidade, sentimentos de ódio racista.

Isto não acontece por acaso, acontece numa altura em que a crise do sistema impõe condições de vida cada vez mais horrendas e desumanizadoras aos sectores mais explorados e oprimidos da sociedade, com particular destaque para os descendentes de africanos, que são empurrados para o desemprego (esmagadoramente os jovens) e para uma vida em bairros onde lhes são negadas as mais elementares condições de sobrevivência. Este sistema não tem nada para lhes oferecer e pretende esmagar-lhes os horizontes.

Isto está a acontecer em todo o mundo dito avançado, em toda a Europa e nos EUA (onde chega a limites extremos, como os assassinatos endémicos de afro-americanos e latinos que geraram a recente grande onda de protestos e indignação). O objectivo é impor um brutal sistema de medo permanente que impeça os jovens de se revoltarem, sob qualquer forma, desde as mais erradas às mais avançadas, contra uma vida sem perspectivas e para mudar a sociedade. O objectivo é dividir, colocar brancos e negros uns contra os outros e entre eles mesmos, fazer com que cada um lute por “privilégios” neste sistema, numa luta do “nós”contra “eles”, do “eu” acima dos “outros”, numa guerra pela sua “fatia” da opressão. São objectivos em que estão empenhados todos os órgãos deste brutal sistema, desde a polícia à comunicação social, passando por todos os órgãos deste estado opressor.

É necessário lutar contra esta repressão e opressão e acabar com a lógica divisora deste sistema, com esta forma de pensar e de agir. É necessário enfrentar a realidade e pensar que não é apenas uma questão de mudar de mentalidade, mas sim de mudar as bases opressoras desta sociedade. Denunciar todos estes casos e lutar lado a lado para mudar tudo isto, lutar por uma sociedade em que não haja estas divisões e que crie as condições para as pessoas viverem a sua criatividade e em condições humanas.

Temos de lutar e resistir. Lutar pelos que foram agredidos, presos e desumanizados neste caso. Lutar e resistir para denunciar todos estes casos, lutar e resistir contra a criminalização de todo um grupo étnico, contra as detenções, os ataques e o terror policial. Lutar por ligar todas as lutas contra este sistema, que são parte da mesma luta. E lutar e resistir para construir uma sociedade melhor. Isto é possível e é cada vez mais necessário.

As provocações e a violência policial têm de acabar!

Punição exemplar de todos os polícias envolvidos!

Organiza-te contra a violência policial e o racismo!

Participa nas acções de protesto!

10 de Fevereiro de 2015
Basta!

Concentração contra a violência policial e contra o racismo 12 de Fevereiro de 2015, pelas 17 horas
Frente ao Parlamento.

Colectivo Mumia Abu-Jamal
10 de Fevereiro de 2015

facebook.com/pages/Colectivo-MUMIA-Abu-Jamal/361860907279943

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Assim vai o capitalismo nos E.U.A: 16 milhões de crianças usam cupões de alimentação



 Como consequência da crise económica e do aprofundamento da exploração capitalista, dezenas de milhões de trabalhadores norte-americanos e suas famílias são atirados para a extrema pobreza.

E.U.A: 16 milhões de crianças usam cupões de alimentação  

Dados oficiais indicam que se trata do índice mais alto desde o início da crise económica iniciado em 2008.

Os números revelados sobre a pobreza juvenil  pela entidade de Censos dos EUA estimam que uns 16 milhões de crianças receberam cupões para  adquirir  alimentos durante  2014.

De acordo com a população infantil registada nos EUA estima-se que haja um em cada cinco crianças nesta situação.

Segundo informações da agência de noticias AP uns nove milhões de crianças americanas  se encontram registados no Programa de Assistência de Nutrição Suplementar desde o ano de 2007 e desde então se mantêm num nível alto.

Em relação à população total, uns 26 milhões de pessoas receberam cupões de alimentação em 2007, segundo o Departamento de Agricultura, a quantidade de população nestas condições ascendeu  até aos 46,5 milhões durante o ano passado.

Números oficiais publicados no passado mês de Novembro informam que 49,5 por cento da população beneficiou de alguma classe de subsídio do programa de assistência social até 2012, alguns destes foram suspendidos por decisão do Congresso em 2013. 

 Estes números revelam ainda que 46 milhões de Norte-americanos vivem na pobreza e de entre estes 14,4 milhões são trabalhadores a trabalhar meio tempo de trabalho e 4,4 milhões a tempo completo.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Os direitistas "Gregos Independentes" (ANEL) são os parceiros do governo da "esquerda radical" (SYRIZA)


"Não há nenhuma possibilidade de formar um governo de coalizão com Panos Kamenos (líder do partido ANEL). Pertence ao espaço da direita. A trajectória e as posições de Panos Kamenos colocam-no à direita da Nova Democracia. Um governo de esquerda-anti memorando que dependa do voto de Panos Kamenos não pode durar." Dizia em 2012 D.Papadimulis, alto quadro do SYRIZA, eurodeputado e vice-presidente do Parlamento Europeu. 

Alguns de nós lembrámos estas declarações ao ouvir que o SYRIZA e os nacionalistas do ANEL chegaram a acordo para formar governo.

O líder do ANEL, Panos Kamenos era quadro da Nova Democracia e ministro dos Transportes Marítimos, nos governos da Nova Democracia, usando desta posição de alta responsabilidade para apoiar a grande rentabilidade dos armadores gregos. No novo governo Panos Kamenos foi nomeado Ministro da Defesa…

Muitos ficaram surpreendidos. Outros ficaram paralisados. Em particular, muitos trabalhadores no estrangeiro, influenciados pela “tormenta” da propaganda dos meios de comunicação internacionais sobre o “SYRIZA esquerdista”, “perigoso para a União Europeia”, ficaram justificadamente chocados. Especialmente os que, devido às “lentes” deformantes dos meios de comunicação, comemoraram a formação do governo da  “esquerda radical” em que afinal se encontrou espaço para os nacionalistas do ANEL. Ficou demonstrado uma vez mais que o termo “esquerda” não consegue definir correctamente as forças políticas, os seus objetivos e as suas alianças. Se os trabalhadores da Europa, que o “Partido da Esquerda Europeia” (PEE)  chamou a comemorar a vitória do SYRIZA, pusessem os seus “óculos” de classe, poderiam ver que o SYRIZA “esquerdista” é um partido a favor do capital, da UE e da NATO. Portanto, não há motivo para celebrar.

No entanto, é bom realçar que, na Grécia a formação do dito governo não foi surpresa. A cooperação do SYRIZA e do ANEL não é nova. Começou em Março de 2013, quando os presidentes dos dois partidos, usando como pretexto os acontecimentos no Chipre, se reuniram, fizeram declarações conjuntas e discutiram a formação de uma “frente” comum.

Recordamos que o KKE desde o primeiro momento salientou que havia base política para a formação de um governo do SYRIZA com o ANEL ou com outros partidos e isto reflectiu-se a nível governamental.

O KKE deixou claro que o SYRIZA é o novo partido social democrata, com uma política a favor dos monopólios, da UE e da NATO. Um partido social democrata contemporâneo em lugar do PASOK, um partido de gestão burguesa que carrega o pagamento da dívida sobre o povo e fala de orçamentos equilibrados, que apoia o capital com fundos, enquanto oferece migalhas ao povo. Por isso, com base no exposto, não duvida em cooperar mesmo com os nacionalistas para formar um governo burguês.

Esta é a cola que une o SYRIZA a um partido com posições nacionalistas como o ANEL, que anteriormente chegou a cooperar a nível parlamentar com o “Amanhecer Dourado” fascista. Um exemplo típico é que os seus deputados na votação para a suspensão da imunidade dos deputados do Amanhecer Dourado para serem levados a tribunal pelos assassinatos e agressões contra trabalhadores e imigrantes, votaram… “presente”. Obviamente os cargos governamentais são uma recompensa pela sua postura…

Além disso, o ANEL mantem uma posição reacçionária sobre o tema da imigração e, de “caça de imigrantes ilegais”, uma posição similar à do Amanhecer Dourado. Não se devem subestimar propostas ridículas apresentadas pelo ANEL como “o renascimento dos Jogos Olímpicos antigos num lugar perto de Olimpia com atletas de origem grega. Os jogos serão realizados como na antiguidade e os atletas competirão como os antigos”…

As posições e a estratégia do ANEL, tal como as do SYRIZA, têm como meta salvar os monopólios. O ANEL acrescenta a esta linha política palavras de ordem nacionalistas e proclamações em “defesa do helenismo” que “é ameaçado por Merkel”, e trata de ocultar e embelezar o papel da União Europeia.

Este nacionalismo subjacente é a outra face do cosmopolitismo do capital, que é utilizado regularmente pelo SYRIZA.
Obviamente o que está sendo atacado não é o “helenismo”. Quem está a ser  impiedosamente atacada é a classe operária e as camadas populares, e isso vai continuar independentemente da forma de gerir a crise capitalista, independentemente dos gestores do poder burguês, mesmo quando chegar a recuperação tão esperada pelos burgueses.

Outro exemplo característico no programa governamental do ANEL é a referencia ao estabelecimento de um “subsídio de desemprego” que permitirá ao empregador “pagar aos trabalhadores somente a parte do salário líquido mensal, não coberto pelo subsídio".  É portanto mais um partidário da subvenção aos empregadores. O  SYRIZA tem propostas similares quanto à implementação de programas de trabalho flexível na União Europeia que apoiam o capital e “reciclam” o desemprego.

Além disso, no seu programa económico, o ANEL defende “A despenalização do empreendedorismo”. Esta posição do ANEL encaixa na do SYRIZA sobre o apoio do  empreendedorismo saudável, e nos elogios da Federação Helénica de Empresas ao novo governo. Podemos ver como estão a tremer os industriais gregos no seu comunicado recente: “AFederação, como representante de base das empresas gregas organizadas, estará ao lado do governo e proporcionará ao primeiro ministro as posições da política industrial e o plano para o crescimento da economia grega, assim como a rede de relações com a comunidade empresarial europeia e internacional”.

Em termos de Educação, o ANEL é partidário das universidades privadas e quer permitir a sua criação no nosso país. “A abolição legal plena e real de asilo em instituições de ensino e nas universidades, e as ocupações, serão rigorosamente  punidas pelo código  penal” e “as Escolas profissionais exemplares irão cooperar com as empresas”. Obviamente, que o facto de o SYRIZA ter deixado claro que tanto a Educação como a Saúde continuarão a ser espaços abertos à actividade empresarial, confirma a coerência deste governo.

Não acreditamos que seja necessário dar mais exemplos…

O comunicado do Comité Central do KKE sobre o resultado das eleições destaca que: “A alternância governamental e, em concreto, o novo governo do SYRIZA, não constitui uma mudança política favorável ao povo. O governo de coalizão SYRIZA-ANEL irá manter os compromissos antipopulares do país com a UE e os credores e isso, efectivamente, dará descanso ao sistema político burgués que procura assimilar o povo mais profundamente através da recomposição do sistema político burguês, num momento crítico para o povo e para o seu movimento. O SYRIZA admitiu já que após as eleições haverá um programa a acordar com os credores. Este programa, mesmo que não se chame memorando ou  não tenha a forma típica do memorando actual, incluirá condições antipopulares.

O KKE, consequente com o que dizia antes das eleições, não vai apoiar ou dar “voto de tolerância” ao novo governo. Usará a agrupação de forças, que existe nesta fase, para fazer o que prometeu aa povo, ou seja, ser uma forte oposição operária e popular no parlamento, com propostas a favor do povo, mas sobretudo no movimento para que se fortaleça a aliança popular para o presente e o futuro. Para que se fortaleçam as lutas contra a União Europeia, os memorandos permanentes, os monopólios, o capital e o seu poder que estão aqui, presentes. Para que se recuperem as grandes perdas que  os trabalhadores sofreram no período da crise. Para que os trabalhadores assalariados e os independentes não paguem  de novo, mas sim os grupos monopolistas e o capital, para que não distribuam as migalhas aos que vivem em pobreza extrema.”