quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Viva a justa luta dos enfermeiros!



"A esmagadora maioria dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou uma adesão dos enfermeiros à greve acima dos 80%, segundo dados revelados hoje pelas fontes sindicais." Acrescente-se ainda que no hospital de S.José a greve ronda os 95%. O que prova afinal que os enfermeiros não estão assim tão desmotivados para a luta, como argumentam algumas vozes... e muitos cidadãos, entrevistados pelos ditos “órgãos de informação”, não hesitaram em compreender as razões e apoiar a greve. 

A greve de dois dias encontra-se no primeiro dia (24 e 25 de Setembro) e está já a mostrar que os enfermeiros estão mobilizados e desejosos de ver solucionados os seus problemas, todos eles senão criados pelo menos agravados por este governo ilegítimo, porque há muito que não possui a confiança da maioria do eleitorado, pelas medidas austeritárias levadas à prática, pelas mentiras que quotidianamente profere e pelos ataques à Constituição e às leis vigentes. 

Será uma semana particularmente desagradável para o governo. Amanhã, dia 25, são os trabalhadores do Metro de Lisboa, que se opõem à concessão a privados, que entram em greve; greve contra os despedimentos e a precarização, que serão mais que certas. No dia 26, sexta-feira, serão os trabalhadores judiciais que irão entrar em greve, contra as difíceis condições de trabalho, agravadas pela reconfiguração do mapa judiciário, que tornará ainda mais difícil o acesso dos cidadãos à justiça. 

Esperemos que a luta se amplie a todos os outros sectores que trabalham na saúde visto existir o mesmo tipo de situações e reivindicações a fazer. São as 35 horas semanais, é o descongelamento das carreiras, é o fim dos contratos a prazo e precários, é a contratação de trabalhadores em sectores mais carenciados. É a salvação e dignificação do SNS. 

Por fim, caso o governo não ceda – este governo já mostrou que não vai lá com paninhos quentes – haverá que marcar novas formas de luta imediata, e se possíveis mais radicais, pois só desta forma o governo fascista e ilegítimo será obrigado a recuar. O ataque enviesado do ministro, que se estava a “banalizar a greve”, é um ataque reles de quem não tem argumentos e não deseja, porque nunca teve essa intenção, de cumprir com as poucas promessas que faz: a contratação de novos 700 enfermeiros, feita há dois anos, ainda está por se realizar. As reivindicações contidas no caderno apresentado pelos sindicatos não deixam de estar correctas, são as essenciais e mais sentidas pela classe dos enfermeiros, haja contudo coragem para levar a luta até ao fim, sem tergiversações e sem agendas impostas pela já iniciada campanha eleitoral. 

Não há que conceder tréguas a este governo fora-da-lei que só irá governar bem quando estiver demitido. Greve geral por tempo e por vezes que forem necessárias se impõe até à sua demissão.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O fim de uma ilusão



Pável Blanco Cabrera*
«Com que actualidade a socialização da economia e o poder operário e popular emergirão nos próximos dias ou, para o dizer mais francamente, com que actualidade se coloca na agenda nacional a tarefa de uma nova Revolução de que o povo será protagonista!
O poder operário e popular é hoje a única alternativa ao governo da fome e da miséria, e vamos pôr o acento tónico na frente ideológica para impedir que entre os trabalhadores se voltem a semear ilusões».
Dois acontecimentos paralelos tiveram um fortíssimo impacto em todos os países do mundo no final do século XX: o processo de reestruturação capitalista, e o triunfo temporário da contra-revolução que levou ao derrube da construção socialista na URSS e noutros países da Europa, Ásia e África.
A ilusão de que era possível um terceiro caminho veio assim por dois atalhos. Esta ilusão assentava na correlação aberta pelo confronto entre o campo socialista e o campo do imperialismo. Alguns pensadores e as suas organizações, tal como a retórica do nacionalismo revolucionário, argumentavam sobre a originalidade do caminho mexicano e o seu sistema de economia mista (intervenção do Estado na economia e propriedade privada); alguns reformistas defendiam, deformando o marxismo, que isso abria caminho para a passagem gradual e pacífica ao socialismo. Hoje, essa ilusão chega ao fim com a aprovação a todo o vapor, pelo Congresso da União e o órgão Constituinte Permanente, do fim do monopólio do Estado mexicano sobre o petróleo e a electricidade, abrindo assim o caminho para a promulgação presidencial por Peña Nieto da reforma energética. Este facto marca, definitivamente, a morte do que alguns chamam o nacional-desenvolvimentismo. A sua agonia começou em meados dos anos 80, com um acelerado processo de privatizações que desmantelou o sector estatal da economia (que representava, então, quase 70% da economia), transferindo-o através de processos irregulares e impregnados de corrupção para os que hoje são os poderosos monopólios dos diversos ramos da economia: no sector mineiro e metalúrgico, nas telecomunicações, no sector financeiro, na agro-indústria alimentar, etc., assim como em sectores parasitários da economia como a especulação imobiliária, a compra-e-venda de dólares, a especulação bolsista dos fundos sociais – como as pensões e reformas –, e também o branqueamento de dinheiro do narcotráfico, etc..
A primeira geração de reformas deixou já muito maltratada e no leito de morte aquela ilusão. A reforma do artigo 27º da Constituição tirou a terra ao campesinato e pôs fim ao baldio, a unidade territorial colectiva que alimentava essa ilusão de um capitalismo que podia dar bem-estar a camponeses e indígenas. O TLCAN [N. do T.: Tratado de Livre Comércio da América do Norte entre os EUA, o Canadá e o México] foi a via para que os capitais do norte do continente se entrelaçassem e a interdependência das economias se maximizasse. Neste contexto, o petróleo e a electricidade mantinham acesa a chama de que o México podia seguir um terceiro caminho, e que um sector da burguesia podia ter um papel na conquista da independência nacional e, inclusive, em formas de democracia superior que nos colocavam na antecâmara do socialismo. O terceiro caminho é uma ilusão, como também o é a ideologia da revolução mexicana porque, por fim, se continuava no quadro do capitalismo, isto é, no sistema de propriedade privada dos meios de produção e das relações de mercado.
Hoje, não podemos suspirar por um passado que também foi capitalista [1]. Todos os governos posteriores à década de 1920 representaram o desenvolvimento do capitalismo, inclusive o de Lázaro Cárdenas, personagem que com muito exagero é exaltada pelas decisões tomadas no seu mandato; isto não pode ser esquecido nem defendido. Se formos coerentes com a cosmovisão marxista-leninista, as definições adoptadas no decurso do capitalismo contemporâneo são consequência dos anos passados, das decisões tomadas nas décadas anteriores, e neste caso, a rota de estatizações e nacionalizações não tinha uma orientação socialista, mas uma lógica de centralização e concentração de capitais.
Este processo de desenvolvimento capitalista foi elogiado como progressista e algumas forças políticas trataram de o justificar a partir do marxismo – deformando-o abertamente –, sobretudo no que se refere ao carácter do Estado; como sabemos, esta foi uma operação tentada pelo oportunismo da decadente II Internacional. Então, chegou-se a colocar o Estado acima da luta de classes – como um árbitro entre estas –, infeliz formulação que subordinou durante décadas a luta proletária, permitindo que o capital actuasse impunemente.
Felizmente para a classe operária essas ilusões não existirão mais, ainda que, devemos sublinhar, as forças políticas reformistas continuarão agarradas a essas posições. Actualmente, essas forças estão cada vez mais minguadas e no seu papel de testemunhas dedicam-se, apenas, a lamentar, rabiar e, quais carpideiras, a pregoar que o futuro está no regresso ao passado. O seu argumento é primário, e têm uma leitura diferente da que têm os comunistas sobre a realidade do país. Enquanto os reformistas veem o México como um país dependente, nós, comunistas, consideramos que o México é um país de pleno desenvolvimento capitalista, inserido no sistema imperialista, onde ocupa um lugar intermédio, com monopólios consolidados e poderosos.
E nada resta na Constituição que sirva de argumento para ocultar que o conflito social é do capital contra o trabalho, que será no campo de batalha que se dará o confronto entre a burguesia e o poder dos monopólios, contra o proletariado, a classe operária, o conjunto dos trabalhadores, dos desempregados, de todos os explorados e oprimidos, entre os cima e os de baixo.
Como efeito, das reformas aprovadas durante este ano e da série de manobras políticas feitas por todos e cada um dos partidos políticos que governam, podemos também falar da morte da democracia burguesa, cujos sintomas agónicos estão nas fraudes e na crescente abstenção. Mais claro que nunca, o poder dos monopólios mostrou-se através do Pacto pelo México, suplantando as suas próprias instituições parlamentares que se limitaram a ser simples câmaras de eco, não só pela encenação no Senado e na Câmara de Deputados, mas também pela celeridade com que o órgão Constituinte Permanente concluiu a empreitada.
O nosso partido opôs-se a esta reforma, mas não o fizemos defendendo a PEMEX como o modelo que considerávamos exemplar. Uma nacionalização não é positiva em si; o que, finalmente, determina o sentido da nacionalização de uma empresa é a natureza de classe do Estado. Num Estado burguês, as nacionalizações são funcionais ao desenvolvimento do capitalismo. Não podemos embandeirar em arco com o desenvolvimento capitalista, nem chorar pela via de desenvolvimento burguês que entrou na sua fase monopolista. O que sempre faremos é trabalhar na organização das massas com vista ao derrube do capitalismo e na concentração de forças contra o poder dos monopólios, desligando-nos do populismo neokeynesiano e trabalhando para a independência de classe.
Durante anos, as organizações e de classe do México estiveram enroladas na defesa de uma via de desenvolvimento capitalista ou, para ser exactos, um grau prévio de desenvolvimento capitalista, que é hoje colocado num novo patamar. Por isso, a acção era sempre defensiva, de resistência.
É indubitável que iremos assistir à pauperização do nível de vida do nosso povo, pois recursos que antes eram destinados, embora numa percentagem mínima, para a saúde, a educação, as infraestruturas, vão hoje exclusivamente para a rentabilidade dos monopólios; haverá maiores dificuldades na vida quotidiana, já de si afectada pela crise capitalista de sobreprodução e de sobre-acumulação e pelas medidas adoptadas no nosso país para estabilizar a dita crise, como a reforma laboral. Sobretudo neste último ano, o nível de vida caiu abruptamente, e nos bolsos dos trabalhadores e das famílias populares isso sente-se com brutalidade. Todos estes factores maximizarão inexoravelmente as contradições do conflito de classe.
Estamos perante o fim de uma etapa e o começo de uma nova, e tudo pode passar-se, pois o desenvolvimento capitalista varreu as suas próprias bases de sustentação e legitimidade.
A luta não será fácil, há muitas complicações. O Estado é o instrumento de que se valem as classes dominantes para a opressão. Na sua ingenuidade, alguns falam da extinção do Estado ou do seu empequenecimento, mas de facto verifica-se um fortalecimento do Estado com o reforço do exército e da polícia, dos corpos jurídicos e a ampliação dos paramilitares (uma extensão do braço repressivo), enquanto constitucionalmente se verifica uma redução das garantias individuais e das liberdades democráticas. Tal erro obedece à já afirmada premissa de uma visão que considerava o Estado mexicano autónomo da classe dominante ou da luta de classes.
Há uns meses, o Partido Comunista do México sublinhou que o governo do Pacto pelo México é o governo da fome e da miséria, mas também conduz o México a um estado de excepção.
Peña Nieto é inculto mas não é tonto, e com o apoio dos monopólios num breve lapso de tempo completou o que não conseguiram Zedillo, Fox e Calderón, apesar de bem o terem tentado fazer. Ele, para lá das habilidades do priismo obedece sobretudo aos monopólios, que cerraram fileiras à volta do objectivo de conter as explosões do proletariado ou das camadas médias em processo de proletarização, neste período de crise e de turbulência económica.
Além da organização da classe operária á volta dos objectivos do socialismo-comunismo, nós, comunistas, estamos a cumprir o dever de agrupar todas as camadas da sociedade que são oprimidas, exploradas e empobrecidas numa direcção anticapitalista e antimonopolista.
O Pacto pelo México já cumpriu a sua missão, mas ainda não desaparecerá, e veremos o PRD juntar-se na aliança governamental com o PRI e o PAN, no seu destacado papel de apaga-fogos, tal como MORENA tem agora o papel de barreira de contenção e instrumento de desmobilização [N. do T.: PRI – Partido Revolucionário Institucional, hoje muito institucional e nada revolucionário; PRD – Partido da Renovação Democrática, fusão no final do século passado de pequenos partidos social-democratas e reformistas; PAN - Partido da Acção Nacional, direita tradicional; MORENA – Movimento de Regeneração Nacional, partido formado em 2012, ligado a López Obrador]. As tarefas mais complexas do Pacto pelo México estão no futuro imediato e têm a ver com o assegurar a estabilidade dos interesses do capital frente às turbulências que desencadearam a reforma laboral e energética.
O MORENA e López Obrador demonstraram a inutilidade da sua táctica, e seguramente iremos assistir à sua rápida adaptação às novas medidas do capitalismo, pois também o seu programa já ficou enterrado. Ainda assim, os amplos sectores populares devem afrontar a luta e exigirem aos seus dirigentes que avancem, e chegado o momento devem tomar nas suas mãos o controlo das decisões, e desempenhar todas as tarefas desde as mais simples às mais firmes acções, lado a lado com os sectores populares combativos.
A tentativa da social-democracia de com o seu discurso capitalizar a seu favor o descontentamento popular, de se colorem à cabeça das mobilizações contra a Reforma, ou de recolherem assinaturas, ou pedir uma entrevista, etc., para a partir daí semearem ilusões de uma gestão «alternativa» do capitalismo está a colher os seus fracassos. Difícil é para quem quer que seja engolir o seu discurso de oposição à reforma energética, quando foram eles próprios que votaram a favor de todas as agressões, incluindo a reforma laboral, ou aprovam medidas como o aumento do preço do bilhete do metro, a criminalização e o assédio policial aos protestos, o assassínio de dirigentes populares, etc.. Ontem, o PAN demarcava-se da reforma fiscal aprovada pelo PRD e PRI, mas depois continuou a votar em bloco com o Pacto pelo México; hoje, cabe ao PRD representar o mesmo papel na comédia da vida parlamentar que o Pacto pelo México representa, ao «opor-se», sem abandonar o Pacto, à reforma energética aprovada pelo PRI e pelo PAN.
Entretanto, a verdadeira oposição encontra-se nas fábricas, nos campos e nas ruas. As paragens de trabalho, as greves e protestos contra as medidas contempladas na reforma laboral sucedem-se continuamente, ainda que não apareçam nas manchetes dos jornais. Um número cada vez maior de trabalhadores, donas-de-casa, estudantes, etc. procura formas de oposição ao ataque contra o seu nível de vida e contra os seus direitos políticos. Os guardas comunitários em Huasteca e em Guerrero enfrentam mesmo o despejo que as companhias mineiras e petrolíferas pretendem, e enfretam a barbárie militar e paramilitar.
Com que actualidade a socialização da economia e o poder operário e popular emergirão nos próximos dias ou, para o dizer mais francamente, com que actualidade se coloca na agenda nacional a tarefa de uma nova Revolução de que o povo será protagonista!
O poder operário e popular é hoje a única alternativa ao governo da fome e da miséria, e vamos pôr o acento tónico na frente ideológica para impedir que entre os trabalhadores se voltem a semear ilusões.
O objectivo será forjar a consciência de que o único caminho para a emancipação está no que os próprios trabalhadores forem capazes de fazer, guiando-se pelos seus interesses, que são os de todos os oprimidos, e desfazendo-se de ideias que são de outras classes que, em última instância, só desejam prolongar a vida do sistema.
A classe operária, os trabalhadores, os explorados hão-de tomar consciência de classe e organizar-se para derrubar o Estado capitalista que impede a construção de uma sociedade verdadeiramente livre e justa.
Notas:
[1] Desde que Venustiano Carranza e os capitalistas definiram o rumo da Revolução depois da liquidação da rebelião sulista dirigida por Emiliano Zapata, se bem que que militarmente o seu cursivisão Norte no baixio em 1915.
* Pável Blanco Cabrera é Primeiro Secretário do Partido Comunista do México.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A estratégia imperialista americana, não quer destruir o CAOS e o TERROR provocado pela sua politica agressora e fascista, mas sim a querer manter e a controlar as reservas energéticas que estavam em vias de se lhes escaparem!



 Antes foi o direito à "auto-determinação" que desintegrou e balcanizou de novo a Iugoslávia, e justificou o ataque militar, apoiando as burguesia nacionalistas/fascistas das várias regiões, como ainda criando grupos terroristas que mais tarde com o apoio militar da "coligação imperialista" separou o Kosovo da terra pátria, a Iugoslávia .


Depois foi o ataque às "torres gémeas" em N.Y. (em que há muito por esclarecer, dado que provas foram apresentadas por peritos honestos e independentes que  põem em causa a versão do governo americano) que justificou a ofensiva e ocupação militar do Afeganistão. 

Nesta linha de actuação com o apoio inclusive da ONU, montaram uma enorme provocação, com a justificação que o Iraque possuía  "armas de destruição massiva"  que nunca conseguiram provar, e desmentidas pelos observadores e peritos internacionais enviados ao Iraque pela própria ONU, invadem e destroem o Iraque, assassinando milhões de pessoas, entre as quais crianças, mulheres e idosos indefesos. O mesmo aconteceu na Líbia. 

"Reforça sanções contra o Irã; impõe sanções à Rússia; constrói bases de mísseis que podem atingir Moscou em cinco minutos; envia drones assassinos contra o Paquistão, Iémen e Afeganistão; fornece armas aos mercenários na Síria; treina e equipa curdos no Iraque e financia a selvajaria de Israel contra Gaza."James Petras

Segundo o secretário-geral aposentado da OTAN/NATO, General Wesley Clark, memorando do Gabinete do Secretário de Defesa dos EUA poucas semanas depois do 11/9 revelaram planos para e destruir os governos em sete países em cinco anos", a começar pelo Iraque, andando para a "Síria, Líbano, Somália, Sudão e Irão", Numa entrevista subsequente Clark argumenta que essa estratégia é fundamental sobre o controle dos vastos recursos de petróleo e gáz da região. ("Plano de intervenção na Síria movido a interesses do petróleo, não a preocupação com armas quimícas" The Guardian)

Agora a estratégia imperialista americana,com o apoio canino da burguesia imperialista europeia e outros, (a que chama de ampla coligação humanitária) para 'destruir' o dito Estado Islâmico, passa por atacar a Síria, e de novo o Iraque, com a continuada e esfarrapada justificação de desmantelamento dos grupos terroristas (mais radicais) que criou, sustentou e armou para provocar o CAOS e o TERROR em toda aquela região e ao mesmo tempo promover na opinião pública mundial a ideia de que agem como os salvadores humanitários desses povos e assim justificar a sua presença no terreno, quando se sabe pelas provas sobejamente demonstradas por vários sectores de opinião, que os seus verdadeiros objectivos são de facto querer apoderar-se e continuar a manter o controle das enormes reservas energéticas (Petróleo e Gaz) que lhes escapavam e estavam ameaçadas pelos governos desses países que entretanto foram abatidos ou estão em vias disso provocando de novo a MORTE, o CAOS e o TERROR para milhões de pessoas indefesas.

Só a luta do proletariado e dos povos pela defesa dos seus interesses de emancipação, contra e pela destruição do capitalismo que alimenta os instintos agressores e assassinos das burguesias imperialistas, apoiados nas burguesias suas subalternas como no caso português, pode contrariar, fazer recuar e até derrotar tais intenções belicistas e calar de vez os tambores de guerra.  


sábado, 6 de setembro de 2014

Um texto a não perder: Os Sindicatos e a Ditadura do Proletariado!

Georgi Mikhailovich Dimitrov

capa20 de Dezembro de 1920





Os sindicatos operários viram a luz do dia e desenvolveram-se durante os anos do desenvolvimento do capitalismo, como organizações para a defesa dos interesses operários, na própria produção e no quadro do sistema capitalista.

De início, englobando apenas os operários qualificados, os sindicatos exerceram, no decurso do seu desenvolvimento, uma tão forte influência sobre as massas operárias, nos países capitalistas avançados, que se tornaram nos seus respectivos países um factor poderoso da produção capitalista.

Renegados e perseguidos com animosidade desde o seu aparecimento, foram reconhecidos em seguida pela própria burguesia e pelos seus ideólogos como organizações indispensáveis para o bom desenvolvimento da produção, para a manutenção da paz e da estabilidade indispensáveis a esta produção e para as relações trabalho-capital, num sistema capitalista mantido e consolidado.

Por intermédio da influente burocracia sindical, limitada e muitas vezes venal, assim como por concessões e vantagens insignificantes, feitas aos operários, os capitalistas conseguiram colocar, sob a direcção imediata da sua política de exploração, os grandes e poderosos sindicatos operários, assinando com eles contratos colectivos a longo prazo; também lhes ofereceram garantias para longos anos de trabalho normal nas empresas, se se desviassem das frequentes e espontâneas greves, tão prejudiciais para eles, capitalistas.

Os factos tomaram tal dimensão que muito tempo depois da guerra imperialista a maior parte dos sindicatos operários, sobretudo em Inglaterra e na Alemanha, tinham perdido completamente o aspecto e o conteúdo de organizações proletárias de classe e tinham-se transformado num instrumento para a manutenção da quietude dos capitalistas na produção, assim como para garantir as fontes dos seus recursos fabulosos.

Durante a guerra, como resultado lógico deste estado de coisas, os países capitalistas mais desenvolvidos— tanto os que se encontram sob a influência dos social-reformadores burgueses (Alemanha e Áustria) como as organizações profissionais anarco-sindicalistas (França) —puseram-se completamente ao lado dos seus mestres imperialistas, trouxeram o seu mais activo auxílio à sua política imperialista de conquista, ofereceram ao mundo o espectáculo infame da exterminação recíproca, durante quatro anos, destas mesmas massas proletárias, cujos representantes proclamam insistentemente, nos congressos e conferências internacionais, «a solidariedade internacional do proletariado do globo terrestre».

É em vão que Marx, desde 1848, redigindo o Manifesto Comunista e, em seguida, no momento da fundação da I Internacional, em 1864, mostrava o caminho revolucionário aos sindicatos operários, sublinhava o seu trabalho como escolas de socialismo e comparava o seu papel para o proletariado ao papel das comunas urbanas do passado para a burguesia revolucionária.

É igualmente em vão que, antes e durante a guerra, os socialistas, permanecendo fiéis ao socialismo revolucionário de Marx, deram sem cessar o alerta contra a degenerescência e o emburguesamento dos sindicatos operários, etc. A maior parte destes sindicatos estava tão profundamente enredada no mar do oportunismo, tão afastada da concepção da sua missão histórica de classe, que permaneceu surda a tudo isso, não vendo mais do que os magros proveitos que teria podido obter pela vitória da política de conquista das classes burguesas nos seus próprios países, ainda que isso não tenha sido apenas obtido pelo preço da exterminação em massa das classes operárias e pela exploração e opressão do proletariado de outros países e sobretudo das colónias.

Mas a guerra imperialista provocou profundas mudanças na situação. Levou à catástrofe completa da produção capitalista. A circulação fiduciária desorganizou-se. O custo de vida atingiu uma subida fantástica. O valor real dos salários operários voltou a proporções irrisórias. As conquistas sociais e as reformas, conseguidas ao preço de esforços e lutas de muitos anos, foram absorvidas para sempre. As tentativas de voltar, pelo menos, à situação anterior à guerra, mostraram-se ilusórias. A fraqueza e a impotência dos antigos sindicatos — esses grandes factores da produção no passado — fez-se sentir num grau ainda mais elevado.

Por outro lado, a revolução vitoriosa dos operários e dos camponeses russos inaugurou a época da revolução proletária mundial. Um dilema fatal se põe ao proletariado de todos os países —ou perecer conjuntamente com o capitalismo agonizante, ou, pela revolução e pela ditadura do proletariado, organizar a vida sobre princípios comunistas, criar a nova produção sem capitalistas, sem lucro capitalista e sem exploração do trabalho de outrem.
A antiga doutrina e prática sindical, segundo a qual era necessário garantir a boa existência dos operários no quadro do regime capitalista, trazendo-lhe reformas, FALHOU COMPLETAMENTE. O seu tempo já passou. A vida impôs novos caminhos, ou seja, caminhos já traçados por Marxe tão obstinadamente sustentados, há muito tempo, sobretudo pelos bolchevistas russos e pelos socialistas de esquerda búlgaros.

E vãos são hoje os esforços dos defensores do capitalismo e dos seus agentes social-patriotas para manter os sindicatos operários no seu estado de mendicidade, no seu antigo papel, e de os desviar do caminho da revolução proletária, por intermédio da Federação Sindical Internacional de Amesterdão e do chamado Bureau Internacional do Trabalho, junto da Sociedade das Nações.
A Federação de Amesterdão, à semelhança da própria Sociedade das Nações imperialista, desagrega-se pelas contradições internas insuperáveis, dividindo os imperialistas dos diferentes países, e constitui em si uma repetição moderna da lenda da Torre da Babel e da confusão das línguas.

As massas operárias organizadas nos sindicatos ligam-se cada vez mais ao caminho mostrado pelo proletariado russo vitorioso na luta pela liquidação do capitalismo, pela instauração da ditadura do proletariado. Juntam-se rapidamente na Internacional Comunista e no Conselho Internacional dos Sindicatos Operários de Moscovo e mobilizam as suas forças para o assalto decisivo contra o capitalismo.

Sem renunciar à possível defesa dos operários contra a exploração capitalista desenfreada, os sindicatos operários ligados a Moscovo, ou em vias de ligação, trazem o peso dos seus esforços e da sua actividade no domínio da luta de classe revolucionária e nos preparativos desenvolvidos para a conclusão do seu importante papel histórico, a desempenhar nas revoluções proletárias dos seus próprios países.

Facilmente se compreende que, sob este aspecto, em consequência da natureza do trabalho que as suas massas efectuam, é às organizações dos transportes que incumbe um trabalho tão pesado como importante.
Não é em vão que ultimamente um comunista americano disse:

«No momento em que os sindicatos dos Transportes e dos Mineiros estiverem definitivamente colocados do lado da revolução, a ditadura do proletariado triunfará entre nós, nos Estados Unidos.»

Isto, embora em menor grau, é válido também para os países ainda não completamente desenvolvidos sob o ponto de vista industrial, como é o caso do nosso país.

Não temos razões para recear que o proletariado búlgaro dos transportes possa falhar no seu papel crucial para a revolução proletária no nosso país. Pelo contrário. A experiência amarga dos acontecimentos de Janeiro e de Fevereiro de 1920 e os preciosos ensinamentos que daí tirou, são mais uma garantia de que estará nas primeiras filas da luta de classe revolucionária, pela ditadura do proletariado entre nós.

A união do proletariado dos transportes, que se opera nas fileiras da União dos Operários dos Transportes e sob a bandeira do comunismo, mostra mais claramente que, entre outras coisas, está perfeitamente consciente das grandes obrigações e responsabilidades que lhe impõe o momento histórico actual.