terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A classe operária e as camadas populares precisam de um Partido Comunista forte ! Por: Dimitris Koutsoumpas


Uma delegação do KKE dirigida por Dimitris Koutsoumpas, Secretário-geral do CC, visitou Roma para participar no 2º Congresso do Partido Comunista de Itália. A delegação do KKE reuniu-se com o Secretário do Partido Marco Rizzo, com a Secção de Relações Internacionais do CC do Partido Comunista de Itália e com outros quadros do partido.
Falando num evento aberto no final do Congresso, Dimitris Koutsoumpas destacou na saudação o seguinte:

Queridos Camaradas:
É um enorme prazer estar aqui convosco, no 2º Congresso do vosso partido.

Queremos saudar os comunistas de Itália que não renunciaram á luta pelos direitos da classe operária e das restantes camadas populares, à luta pelo derrube da barbárie capitalista, pela construção de uma sociedade sem aexploração do homem pelo homem, pelo socialismo-comunismo.

Queridos Camaradas, os nossos partidos estão a travar esta luta em comum, tanto através do desenvolvimento das relações bilaterais,como através da nova forma de cooperação regional dos partidos comunistas da Europa, a «Iniciativa Comunista». O nosso objectivo é fortalecer a luta contra a União  Europeia e, ao mesmo tempo, através das lutas dos trabalhadores, promover a única solução alternativa favorável ao povo, a Europa da paz, do progresso, do socialismo.

Camaradas:
A Itália, a classe operária de Itália, os sectores populares, os jovens necessitam de um Partido Comunista forte. Um partido com uma estratégia revolucionária, com laços fortes com a classe operária. Necessitam de um partido baseado nos princípios do marxismo-leninismo, que terá um papel principal na  organização da luta dos trabalhadores e inspirará a ideia da nova sociedade socialista. O socialismo não é um capricho dos comunistas, é a única maneira de sair  da crise e dos outros impasses sociais da sociedade capitalista. É a única garantia de desenvolvimento das forças
produtivas favorável e de acordo com os interesses  operários e populares. Só o socialismo pode garantir a soberania popular, o crescimento auto-suficiente e, ao mesmo tempo, a cooperação em benefício mútuo e a solidariedade entre os povos.

Sabemos que tanto a contra-revolução na União Soviética como nos demais países socialistas, como o euro-comunismo nas décadas anteriores prejudicaram o movimento comunista, não só em Itália e no resto da Europa, mas também a nível internacional. Semearam entre os trabalhadores a decepção, a desmobilização, ilusões sem saída de que supostamente se pode encontrar uma solução «no quadro» do capitalismo, através de governos de «esquerda»,  «patrióticos», supostamente através de uma melhor gestão, mais «justa» do capitalismo. É necessário promover a visão socialista

No entanto, hoje em dia, mais de vinte anos após a  restauração do capitalismo nos antigos países socialistas, durante os quais os povos experimentaram soluções de gestão do sistema tanto da «direita» como da «esquerda», coloca-se a necessidade da promoção da visão socialista. O KKE estuda a experiência histórica, não só a sua, mas também a do movimento comunista internacional, a daconstrução que conhecemos do socialismo no século passado. Chegámos a conclusões básicas sobre as causas do retrocesso do movimento comunista, da restauração do capitalismo nos países
socialistas da Europa Oriental e Central. Aprendemoscom a experiência negativa e com a positiva, para inspirar de novo a classe operária com a visão da sua libertação social, para impulsionar a luta de classes, a luta  ideológica e a política de classe por uma nova sociedade socialista. Além disso, este rumoé a base para importantes conclusões sobre os erros e as deficiências que actualizam e enriquecem a nossa percepção sobre o socialismo, a sua actualidade e necessidade.

Hoje em dia, as forças do oportunismo pretendem envolver os trabalhadores na linha da «humanização» do capitalismo, por isso é de grande importância histórica defender com firmeza e tenacidade tanto as conquistas da Revolução de Outubro, como a contribuição dos países socialistas, apesar  da crítica a deficiências e desvios. Devemos defender a contribuição dos partidos comunistas, do movimento comunista internacional, a necessidade de derrubar o apodrecido e corrupto sistema capitalista. Esta é uma tarefa que deve atravessar de forma unificada as lutas diárias pelos interesses operários e populares, pelos problemas quotidianos dos nossos povos.

Esta tarefa, de organizar a luta dos trabalhadores,de avivar os ideais socialistas-comunistas no nosso continente e mais além, não pode avançar sem o confronto ideológico e político e o desmascaramento do papel  do chamado «Partido da Esquerda Europeia» (PEE), que assumiu o papel do «salmista de esquerda» na União Europeia, e inclusive na campanha anti-comunista. O  papel dos oportunistas e da formação que criaram ao nível da Europa é duplamente perigoso, porque semeia ilusões entre os trabalhadores que, supostamente, pode haver uma União Europeia
favorável ao povo, bem como uma gestão correspondente do sistema capitalista em cada país, deixando intactos o poder dos monopóliose da propriedade capitalista nos meios concentrados de produção. No nosso país estespontos de vista são promovidos pelo partido SYRIZA.

Permitam-me que lhes diga que as forças do PEE que em Itália apresentam o SYRIZA como um «exemplo» e como uma força que serve os interesses populares estão a esconder a verdade. O SYRIZA é uma força para a integração no capitalismo e não para o seu derrube. Aspira a converter-se na nova organização social-democrata do sistema bipolar burguês na Grécia, absorvendo a parte mais apodrecida do velho PAOK, que governou a Grécia durante muitas décadas e é responsável por muitos dos imensos problemas acumulados, bem como pela situação e a degeneração do movimento operário. Na realidade, apesar do foguetório e da fraseologia de esquerda, o SYRIZA está na direcção oposta à linha de ruptura  com as organizações imperialistas, os monopólios e o capitalismo.

Camaradas:
O KKE celebrou recentemente os seus 95 anos de história, durante os quais travou duras lutas e fomentou laços de sangue com a classeoperária e as restantes camadas populares do nosso país. Hoje em dia continua na vanguarda da luta operária em cada problema que afecta os trabalhadores, os camponeses pobres, os empregados, os trabalhadores autónomos, a juventude e as mulheres  das camadas populares. O KKE desempenha um papel principal na luta contra a criminosa organização nazi Aurora Dourada, para que seja isolado nos locais de trabalho, nas escolas e nas universidades, para que não envenene a juventude com os seus sermões fascistas.

No recente 19º Congresso do nosso partido aprovámos por unanimidade a Resolução Política, o novo Programa e os novos Estatutos, reafirmando a unidade ideológica-política do Partido.
Nos documentos do 19º Congresso, o KKE clarifica que, hoje em dia, na Grécia, nas condições de capitalismo monopolista, existem condições materiais objectivas para a construção da sociedade socialista-comunista. A revolução iminente na Grécia será socialista. O nosso Partido avalia, tal como fazia  no programa anterior, que não existem etapas intermédias entre o capitalismo e o  socialismo, que não existem poderes intermédios. A luta de classes, a linha da luta revolucionária levará ao poder operário popular ou, de outra maneira, com outra linha e etapas intermédias, será
derrotada e assimilada, dará ânimo ao sistema para  a longevidade do capitalismo.

Propomos à classe operária, aos sectores populares  pobres, aos trabalhadores autónomos e aos camponeses, à juventude, às mulheres das famílias populares a construção da Aliança Popular das forças sociais que têm interesse em lutar na direcção antimonopolista, anti-capitalista, tendo como consignas básicas a socialização dos monopólios e a cooperativa da produção básica, o cancelamento unilateral da dívida, a não participação em intervenções político-militares, em guerras, a retirada da União Europeia e da NATO, como poder operário e popular.

O KKE actua na direcção da preparação do factor subjectivo na perspectiva da revolução socialista, ainda que o período da sua manifestação seja determinado por condições objectivas, pela situação revolucionária.Trabalhamos para que o KKE tenha bases sólidas na classe operária, para que o  KKE seja capaz de cumprir com as suas tarefas em cada guinada repentina da luta de classes, para que seja um partido que actue sob todas as circunstâncias. Isto não significa que nos distraiamos da
realidade, da luta e da reivindicação nos graves problemas dos trabalhadores, dos desempregados, dos jovens, dos reformados pobres, dos locais de habitação populares que sofrem, que não têm com que pagar os  medicamentos, que não têm que comer, que estão em perigo de execuções hipotecárias. Estamos na vanguarda das lutas, nas mobilizações com intervenções no Parlamento para a satisfação de necessidades básicas do nosso povo, para aliviar os oprimidos.

Ao mesmo tempo, pretendemos reconstruir numa base de classe o movimento operário e apoiamos a Frente Militante de Todos os  Trabalhadores (PAME) e a aliança com os restantes agrupamentos anti-monopolistas dos pequenos comerciantes (PASEVE), do campesinato pobre (PASY), dos estudantes(MAS), das mulheres (OGE). Consideramos que a construção da Aliança Popular, que terá bases sociais (e não será uma fusão política a partir de cima), é hoje necessária. É uma aliança social que lutará por todos os problemas populares, pelos  salários, as pensões, a saúde, a educação, a segurança social pública, por atenuar asituação dos desempregados, etc., e terá um claro carácter antimonopolista e anticapitalista. Esta aliança social, em condições de situação revolucionária, pode converter-se numa frente operário-popular revolucionária; criar-se-ão órgãos de poderoperário-popular, colocar-se-á a questão do poder para o povo, a classe operária, para que se convertam em protagonistas dos acontecimentos. Para o reagrupamento revolucionário do movimento comunista internacional.

Queridos camaradas:
Nas actuais condições destaca-se a necessidade principal de reagrupamento revolucionário do movimento comunista internacional, actualmente numa crise ideológica, política e organizativa.
A partir desta avaliação, o KKE apoia não só os encontros internacionais e regionais dos partidos comunistas, mas também a ideia do surgimento de um «polo comunista» no movimento comunista internacional, formado pelos partidos comunistas que permanecem fiéis ao Marxismo-leninismo, ao internacionalismo proletário, defendem a experiência positiva do socialismo que conhecemos, estudam os acontecimentos contemporâneos e pretendem desenvolver uma estratégia revolucionária que reconheça a actualidade e a necessidade do socialismo.

Com estas reflexões desejamos êxito ao vosso Congresso!

Viva o Marxismo-leninismo e o internacionalismo proletário!

Viva a amizade entre o KKE e o Partido Comunista de Itália!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Na luta política de uma classe contra outra, a organização é a arma mais importante!

[Artigo Publicado no Labour Standard]

Friedrich Engels

4 de Junho de 1881


Até agora, só tratamos da função dos sindicatos operários sob dois aspectos principais: a regulação do nível dos salários e a garantia dos meios de ação dos trabalhadores na luta contra o capitalismo. Mas isso não esgota nosso assunto.

A luta dos trabalhadores contra o capitalismo, dizíamos, existe de facto, apesar do que dizem os apologistas do capitalismo, e existirá enquanto a redução dos salários for a forma mais simples e segura de aumentar os lucros; mais ainda, enquanto houver trabalho assalariado. A própria existência dos sindicatos constitui uma prova suficiente desse fato; se eles não são feitos para combater as usurpações do capitalismo, por que razão existem? E inútil simular, nenhuma frase vazia pode esconder o facto de que a sociedade actual é dividida em duas grandes classes antagônicas: de um lado, os capitalistas, detentores dos meios de produção e, portanto, controlando a utilização e o emprego dos trabalhadores; e, do outro, os trabalhadores, que possuem apenas sua força de trabalho. O produto do trabalho dessa última deve ser dividido entre as duas classes, e é em torno dessa divisão que a luta acontece. Cada classe tenta reter para si a maior parte possível da produção, e o aspecto mais curioso dessa luta é provavelmente que a classe operária, embora lutando apenas para obter uma parte de sua própria produção, é frequentemente acusada de querer roubar os capitalistas!

Uma luta, porém, entre duas grandes classes sociais torna-se necessariamente uma luta política. Assim foi a luta entre a classe média ou capitalista e a aristocracia fundiária; assim acontece na luta entre a classe operária e estes mesmos capitalistas. No decorrer da luta de uma classe contra outra o objetivo é sempre o poder político; a classe dominante defende sua supremacia política, ou seja, sua maioria na Assembléia Legislativa; a classe oprimida, por sua vez, luta inicialmente por uma parte e depois pela totalidade desse poder, a fim de estar em condições de alterar as leis existentes de forma que ela satisfaça a seus próprios interesses e necessidades. Assim, a classe operária da Grã-Bretanha travou durante anos uma luta encarniçada pela Carta Popular que lhe daria ou teria dado o poder político. Ainda que derrotada, a luta causou tal impressão sobre a classe média vitoriosa que, a partir dessa época, ficou muito satisfeita, concedendo uma série de vantagens aos trabalhadores.

Portanto, na luta política de uma classe contra outra, a organização é a arma mais importante. Enquanto a organização puramente política ou Cartista caía aos pedaços, a organização sindical tornou-se cada vez mais forte, atingindo, no momento, um grau de poder inigualável no mundo. Alguns grandes sindicatos, compreendendo entre um e dois milhões de trabalhadores, apoiados pelos sindicatos menores, representam uma força que cada governo, seja Whig ou Thory, deve levar em conta.

Seguindo as tradições de suas origens e de seu desenvolvimento nesse país, até agora eles se limitaram à função de participar na regulação das horas de trabalho e dos salários, e de forçar a anulação das leis abertamente hostis aos trabalhadores. Mas eles obtiveram mais que isso: a classe dominante, que conhecia sua força mais que eles próprios, fez-lhes concessões de conseqüências mais importantes. O sufrágio doméstico de Disraeli concedeu o direito de voto à maior parte da classe operária organizada. Teria feito a proposta sem que supusesse que esses novos eleitores demonstrariam sua própria vontade e cessariam de ser dirigidos pelos políticos liberais da classe média? Teria sido capaz de fazer aceitar o sufrágio, se os trabalhadores, na direção de seus gigantescos sindicatos, já não tivessem provado suas capacidades administrativas e políticas?

Essa medida ofereceu uma nova perspectiva à classe operária. Ela deu-lhe a maioria em Londres e em todos os centros industriais, e assim lhe permitiu prosseguir a luta contra o capitalismo com novas armas, enviando os membros da classe operária ao Parlamento. Mas aqui, lamentamos lembrá-lo, os sindicatos esqueceram-se do seu dever de vanguarda da classe operária. Faz dez anos que a nova arma está em suas mãos, mas eles utilizaram-na muito pouco. Não deveriam esquecer que não podem conservar a posição que ocupam atualmente se não estiverem realmente à frente da classe operária. É pouco lógico que a classe operária da Inglaterra, que tem o poder de enviar quarenta ou cinqüenta trabalhadores ao Parlamento, se contente em ser representada por capitalistas ou seus lacaios, como advogados, redatores, jornalistas etc.

Além disso, existem numerosos sintomas que indicam que a classe operária desse país tomou consciência de que, desde algum tempo, ela está no caminho errado; que os atuais movimentos que reivindicam exclusivamente melhores salários e menos horas de trabalho a envolvem num círculo vicioso sem saída; que não são os baixos salários, mas o salário em si mesmo que constitui o mal fundamental do sistema. Essa consciência, uma vez difundida no interior da classe operária, deve mudar consideravelmente a posição dos sindicatos. Eles não se aproveitarão mais do privilégio de serem as únicas organizações da classe operária. Ao lado ou acima dos sindicatos é necessário que surja um sindicato geral, uma organização política da classe operária.

Existem, portanto, dois pontos que os sindicatos fariam bem em considerar: primeiro, que não está distante a hora em que a classe operária desse país reivindicará, num tom que não deixará dúvidas, sua plena representação no Parlamento: segundo, que se aproxima a hora em que a classe operária, tendo compreendido que a luta por melhores salários e encurtamento da jornada de trabalho, assim como o conjunto das acções actuais dos sindicatos, não é um fim em si, mas um meio, um meio necessário e eficaz, mas somente um entre muitos outros para atingir um objetivo mais elevado: a abolição do próprio trabalho assalariado.

Para alcançar a plena representação dos trabalhadores no Parlamento, assim como para preparar a abolição do trabalho assalariado, organizações serão necessárias; não aquelas isoladas por ofícios, mas do conjunto da classe operária. Quanto mais cedo isto seja alcançado, melhor; não existe nenhuma força no mundo que poderá resistir à classe operária britânica organizada numa única organização.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O Homem, o Capital Mais Precioso

J. V. Stálin

4 de Maio de 1935



Camaradas!

Não se pode negar que nos últimos tempos tivemos grandes êxitos, quer no domínio da construção, quer no da gestão. A este propósito, tem-se falado demasiado dos méritos dos dirigentes, dos méritos dos líderes. Atribuem-se-lhes todas, quase todas as nossas realizações. Isto é evidentemente inexacto e incorrecto. Não se trata apenas dos líderes. Mas não é disso que eu queria falar hoje. Queria dizer algumas palavras sobre os quadros, os nossos quadros em geral e, em particular, dos quadros do nosso Exército Vermelho. Sabeis que herdámos dos velhos tempos um país tecnologicamente atrasado, um país empobrecido e devastado. Um país destruído por quatro anos de guerra imperialista, novamente destruído por três anos de guerra civil, com uma população semianalfabeta, uma técnica de baixo nível, com alguns pequenos oásis de indústria, rodeados por um oceano de pequenas explorações camponesas: eis o país que herdámos do passado. A nossa tarefa consistia em fazer passar este país da via medieval obscurantista para a via da indústria moderna e da agricultura mecanizada. Como vedes é uma tarefa séria e difícil.A questão colocava-se assim: ou cumprimos esta tarefa no mais curto prazo e consolidamos o socialismo no nosso país, ou não a cumprimos e, então, o nosso país, tecnicamente frágil e culturalmente atrasado, perderá a sua independência e tornar-se-á um joguete das potências imperialistas.

O nosso país atravessava então um período de severa penúria da técnica. Faltavam-nos máquinas para a indústria. Não havia máquinas para a agricultura. Não havia máquinas para os transportes. Não havia aquela base técnica elementar sem a qual era inconcebível a transformação industrial do país. Existiam apenas algumas condições prévias para a criação dessa base. Era preciso criar uma indústria de primeira classe. Era preciso orientar esta indústria para que pudesse reorganizar tecnicamente não apenas a indústria, mas também a agricultura, bem como o nosso transporte ferroviário. Para isso era necessário fazer sacrifícios e realizar poupanças em tudo, era preciso poupar na alimentação, nas escolas, no vestuário, para aforrar os fundos necessários para a criação da indústria. Não havia outro caminho para superar a penúria no domínio da técnica. Foi isto que Lenine nos ensinou, e nós seguimos as orientações de Lenine nesta matéria.

É claro que num tão grande e difícil empreendimento não se poderia esperar êxitos absolutos e rápidos. Num trabalho destes, os êxitos só podem aparecer ao fim de vários anos. Por isso, era preciso munirmo-nos de nervos fortes, de firmeza bolchevique e de uma persistência tenaz para superar os primeiros percalços e prosseguirmos em frente sem desvios em direção ao grande objetivo, não admitindo hesitações e vacilações nas nossas fileiras.

Sabeis que conduzimos esta tarefa precisamente deste modo. Mas nem todos os camaradas tiveram os nervos, a persistência e firmeza suficientes.
Entre os nossos camaradas, alguns houve que logo às primeiras dificuldades começaram a apelar à retirada. Costuma dizer-se que: «aquele que recorda o passado, perde um olho». Isto está certo, claro. Mas as pessoas são dotadas de memória e, involuntariamente, recordam o passado ao fazerem o balanço do nosso trabalho. Pois bem, houve camaradas que se assustaram com as dificuldades e apelaram ao Partido a bater em retirada. Diziam eles:

«De que nos serve a vossa industrialização e a vossa coletivização, as máquinas, a siderurgia, os tratores, as ceifeiras-debulhadoras, os automóveis? Fariam melhor se abrissem mais fábricas de têxteis, comprassem mais matérias-primas para fabricar artigos de grande consumo e dessem em maior quantidade à população todas essas pequenas coisas que embelezam o quotidiano das pessoas. No nosso estado de atraso, criar uma indústria, e ainda por cima de primeira classe é um sonho perigoso.»

Naturalmente que os três mil milhões de rublos em divisas estrangeiras obtidos através de poupanças severas e gastos na criação da nossa indústria, poderíamos destiná-los à importação de matérias-primas e ao aumento da produção de artigos de grande consumo. Isto também seria uma espécie de “plano”. Mas, com um tal “plano”, não teríamos nem metalurgia, nem construção de máquinas, nem tratores e automóveis, nem aviões e tanques. Ficaríamos desarmados face ao inimigo externo. Teríamos minado os fundamentos do socialismo no nosso país. Ficaríamos prisioneiros da burguesia interna e externa.

Evidentemente, era preciso escolher entre os dois planos: entre o plano da retirada que não poderia deixar de levar à derrota do socialismo, e o plano da ofensiva que levava e como sabem já levou, à vitória do socialismo no nosso país. Escolhemos o plano da ofensiva e fomos avante na via leninista vitoriosa, afastando esses camaradas que não viam mais longe do que o seu nariz e que fechavam os olhos ao futuro próximo do nosso país, ao futuro do socialismo no nosso país.

Escolhemos o plano da ofensiva e seguimos em frente na via leninista, arredando esses camaradas que não viam mais longe do que o seu nariz e que fechavam os olhos ao futuro próximo do nosso país, ao futuro do socialismo na nossa pátria.

Mas estes camaradas nem sempre se limitavam à crítica e à resistência passiva. Ameaçaram-nos com uma sublevação no seio do Partido contra o Comité Central. Mais ainda: ameaçaram abater a tiro alguns de nós.

 Aparentemente, pensavam que nos intimidavam e nos obrigavam a abandonar a via leninista. Decerto que esta gente se esqueceu que nós, bolcheviques, temos uma têmpera especial. Esqueceram-se de que os bolcheviques não se deixam intimidar nem pelas dificuldades, nem pelas ameaças. Esqueceram-se de que fomos forjados pelo grande Lenine, nosso chefe, nosso mestre, nosso pai, que não conhecia nem admitia o medo na luta.

Esqueceram-se de que quanto mais o inimigo se encarniça e mais os adversários no interior do Partido caem na histeria, os bolcheviques se entusiasmam para nova luta e mais impetuosa é a sua marcha em frente.

É claro que nunca pensámos desviar-nos da via leninista. Pelo contrário, reforçando-nos nesta via, avançámos ainda com maior ímpeto, varrendo do caminho os obstáculos de toda a espécie. É verdade que neste caminho foi preciso virar as costas a alguns destes camaradas. Mas quanto a isto já não há nada. Devo reconhecer que também tomei parte nesta questão.

Sim, camaradas, caminhámos convicta e impetuosamente na via da industrialização e da coletivização do nosso país. E agora pode-se considerar que esse caminho já foi percorrido. Hoje, toda a gente reconhece que tivemos enormes sucessos neste caminho. Toda a gente reconhece hoje que já temos uma indústria de primeira qualidade, uma agricultura poderosa e mecanizada, transportes que se desenvolvem numa linha ascendente, um Exército vermelho organizado e perfeitamente equipado.

Isto quer dizer que ultrapassámos, nas suas grandes linhas, o período de penúria no domínio da técnica.

Mas, tendo ultrapassado o período de penúria no domínio da técnica, entrámos num novo período, diria, o período de penúria no domínio das pessoas, no domínio dos quadros, no domínio dos trabalhadores capazes de dominar a técnica e fazê-la progredir. A questão é que temos fábricas, empresas, kolkozessovkozes, um exército, temos uma técnica para tudo isto, mas faltam-nos pessoas com a experiência necessária para tirar da técnica o máximo partido. Antes, dizíamos que «a técnica decide tudo». Esta palavra de ordem ajudou-nos na medida em que eliminámos a penúria no domínio da técnica e criámos em todos os ramos de actividade uma vastíssima base técnica para munir a nossa gente com uma técnica de primeira classe. Isto é muito bom. Mas está longe, muito longe de ser suficiente. Para pôr a técnica em funcionamento e aproveitá-la a fundo, é da técnica, é preciso pessoas que a dominem, é preciso quadros capazes de assimilar e utilizar esta técnica em conformidade com as regras da arte. A técnica sem pessoas que a dominem é coisa morta. A técnica com pessoas que a dominem pode e deve fazer milagres. Se nas nossas empresas de primeira classe, nos nossos sovkozes e kolkozes, nos nossos transportes, no nosso Exército Vermelho houvesse, em número suficiente, quadros capazes de dominar a técnica, o nosso país obteria um rendimento três ou quatros vezes maior do que obtém hoje em dia. Eis por que o acento tónico se deve colocar agora nas pessoas, nos responsáveis que dominam a técnica. Eis por que a velha palavra de ordem: «a técnica decide tudo», que era o reflexo de um período já ultrapassado, quando havia penúria de técnica, deve agora ser substituída por uma nova palavra de ordem: «os quadros decidem tudo». Isto agora é o principal.

Poderá dizer-se que os nossos concidadãos compreenderam e que tomaram inteiramente consciência do grande alcance desta nova palavra de ordem? Eu diria que não. Caso contrário, não haveria esta atitude infame para com as pessoas, os quadros, os trabalhadores, que observamos com frequência na nossa prática. A palavra de ordem «os quadros decidem tudo» exige que os nossos dirigentes mostrem a maior solicitude para com os nossos funcionários, «pequenos» e «grandes», qualquer que seja o domínio em que trabalhem, que os eduquem cuidadosamente, que os ajudem quando precisam de apoio, que os estimulem quando alcançam os seus primeiros sucessos; que os promovam, etc. Ora, entretanto, na realidade, temos uma série de exemplos de indiferença e burocratismo e mesmo uma atitude vil para com os funcionários. É isto precisamente que explica que, em vez de primeiro se examinar as pessoas e só depois de as examinar lhes serem atribuídos postos, vemos com frequência pessoas serem lançadas como se fossem simples peões. Já aprendemos a valorizar as máquinas e a fazer relatórios sobre a técnica disponível nas nossas empresas industriais. Mas não conheço um único exemplo de que se tenha feito com tanto gosto qualquer relatório sobre o número de pessoas que formámos num dado período e como os ajudámos a desenvolverem-se, a fortalecerem-se no trabalho. Qual a explicação disto? A explicação está no facto de que ainda não aprendemos a valorizar as pessoas, os funcionários, os quadros.

Recordo-me de um caso de que fui testemunha na Sibéria, onde estive em tempos deportado. Estávamos na primavera, em plena época de inundações. Cerca de trinta homens tinham ido para o rio apanhar a madeira trazida pelo imenso rio enfurecido. À noite, regressaram à aldeia, mas faltava um dos camaradas. À minha pergunta «onde está o trigésimo?» responderam, com indiferença, que «ficou lá em baixo». À minha pergunta «mas como assim, ficou lá em baixo?» responderam com a mesma indiferença: «Que mais há a perguntar? Afogou-se, pois então!» E imediatamente um deles se mostrou com pressa de partir, dizendo que «tenho de ir dar de beber à égua». Ao meu reparo de que tinham mais pena dos animais do que das pessoas, um deles respondeu com o assentimento de todos os outros: «De que nos serve ter pena das pessoas. Pessoas, podemos fazê-las a qualquer momento. Mas uma égua... experimente lá fazer uma». Aqui está um episódio, talvez insignificante, mas muito elucidativo. Parece-me que a indiferença de alguns dos nossos dirigentes a respeito das pessoas, dos quadros, e a sua incapacidade de os valorizar são uma sobrevivência desta estranha atitude para com as pessoas que ressalta deste episódio que acabo de vos contar da longínqua Sibéria.

Pois bem, camaradas, se queremos superar com êxito a penúria no domínio das pessoas e conseguir que o nosso país disponha de uma quantidade suficiente de quadros, capazes de fazer progredir a técnica e pô-la em ação, devemos saber, antes de mais, dar valor aos quadros, a cada trabalhador capaz de ser útil à nossa causa comum. É preciso, por fim, compreender que, de todos os capitais preciosos que existem no mundo, o mais precioso e o mais decisivo, são as pessoas, os quadros. É preciso compreender que, nas nossas condições atuais, «os quadros decidem tudo». Se tivermos bons e numerosos quadros na indústria, na agricultura, nos transportes, no exército, o nosso país será invencível. Se não tivermos tais quadros, «coxearemos de ambos os pés».

Para terminar o discurso, permitam-me fazer um brinde à saúde e aos progressos dos novos finalistas da Academia do Exército Vermelho. Desejo-vos sucessos na organização e na direção da defesa do nosso país.

Camaradas, acabastes a escola superior e recebestes aí a primeira têmpera. Mas a escola não é mais do que um grau preparatório. A verdadeira têmpera recebemo-la no trabalho vivo, fora da escola, na luta contra as dificuldades, na sua superação. Lembrem-se, camaradas, que os bons quadros são aqueles que não temem as dificuldades, que não se esquivam a elas, mas que, pelo contrário, vão ao seu encontro para as ultrapassar e vencer. Só na luta contra as dificuldades é que se forjam os verdadeiros quadros. E o nosso Exército será invencível se possuir uma quantidade suficiente de quadros verdadeiramente temperados.
À vossa saúde, camaradas!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O CAMINHO PARA A LIBERTAÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA É A LUTA PELO PODER DOS TRABALHADORES E A REVOLUÇÃO SOCIALISTA.

RESOLUÇÃO DO COMITÉ EXECUTIVO DO PCPE – PARTIDO COMUNISTA DE LOS PUEBLOS DE ESPAÑA

As organizações oportunistas – com as suas propostas de conciliação de classes- colaboram com a oligarquia, numa guerra geral contra a classe operária.


1.- O PCPE exorta a classe operária a romper, as “correntes” da opressão.
O Comité Executivo do Partido Comunista de los Pueblos de España exorta os trabalhadores, as trabalhadoras, a juventude trabalhadora e os/as pensionistas a erguer a sua luta, contra o actual sistema político de dominação, que só conduz à exploração e à miséria. O PCPE exorta ao fortalecimento das fileiras do partido da classe operária, para avançar rumo à construção da sociedade socialista-comunista.

O caminho a seguir pelo povo trabalhador é o de romper com a opressão e - através da sua luta -, conquistar a emancipação de toda a sociedade, acabando com o capitalismo. As suas leis são as “correntes” que nos oprimem, e à classe operária não resta outra opção de futuro senão quebrar essas “correntes”, para avançar para a sua libertação.

2.- O capitalismo espanhol transforma-se em ditadura férrea, como forma de superar esta crise.

Com o intuito de salvar o capitalismo, a oligarquia espanhola rouba à classe operária deste país, todo o rendimento criado pelo seu trabalho. O opaco resgate bancário (de mais de 200 mil milhões de euros), a redução de pensões (de 50 mil milhões de euros), a redução salarial da função pública, o corte em bolsas, a baixa de salários, etc. são só uma amostra - parcial - do saque conduzido contra toda a economia do país, por parte das classes parasitárias. O governo do PSOE antes, como agora o governo do PP, junto com os governos autonómicos da CiU, PNV, CC, IU, etc., aplicam esta mesma política com firmeza ditatorial. Nenhum destes governos renunciou à estratégia de privatização de todo o sector público, transferindo a propriedade estatal para propriedade privada capitalista. É demonstrada na prática, uma vez mais, a afirmação de Karl Marx: “O governo é o conselho de administração que rege os interesses colectivos da classe burguesa.”

A classe operária e os sectores populares estão sendo submetidos a um brutal aumento da exploração, por parte da oligarquia espanhola, que encontra na redução do preço da força de trabalho, o único elemento flexível do seu sistema económico. Esta oligarquia apoia-se nas estruturas imperialistas da UE para reforçar a sua posição de classe dominante. Endesa, Panrico, La Caixa, Mercadona, Pescanova, BBVA, Repsol, Banco Santander, Acciona, Telefónica, FCC, etc., são alguns dos grandes grupos monopolistas que exercem uma brutal ditadura, utilizando como subterfúgio, uma cada vez mais reduzida democracia burguesa. O aumento da sobre exploração da força de trabalho, conduz a classe operária a um empobrecimento crescente e a umas miseráveis condições de vida, até a extremos de desnutrição infantil, que afecta uma parte significativa dos filhos e filhas, da classe operária. Hoje, no nosso país, a maioria social, entrega toda a sua vida -desde o nascimento até à morte - aos interesses parasitários do capital monopolista.

A última fase expansiva do capitalismo espanhol facultou ao actual bloco de poder, a estabilidade de consensos necessários para a manutenção e a legitimidade do sistema de dominação, mas hoje, a quebra económica do capitalismo, acarreta, em paralelo, uma profunda crise institucional, que afecta todo el sistema de dominação: crise do sistema partidário, crise da monarquia, crise da unidade do Estado, crise do sistema judicial, etc. Nestas condições, uma parte da burguesia catalã considera que chegou a sua oportunidade para procurar saídas particulares, à crise geral do capitalismo, desenvolvendo uma estratégia para tratar de conservar a iniciativa política na Catalunha e procurando configurar novas relações políticas para manter-se enquanto classe hegemónica, o qual -entre outras- provoca enormes contradições no bloco oligárquico-burguês que exerce hoje, o seu domínio no Estado; contradições que, sendo alheias à classe operária, devem ser aproveitadas por esta, para fazer valer os seus próprios interesses. Distrair a classe operária da luta de classes, e colocá-la por detrás da sua estratégia, é um objectivo não dissimulado da burguesia catalã; que, caso prospere, seria um autêntico balão de oxigénio para consolidar o seu sistema de dominação, e por sua vez, para o capitalismo espanhol em todo o seu conjunto. O fortalecimento de todas as estruturas de organização de unidade revolucionária na classe operária, assumem-se como um objectivo prioritário para os trabalhadores e as trabalhadoras, tanto da Catalunha, como do resto do Estado.

O recente 30º aniversário da Constituição, também pôs em evidência a extensão, da crise institucional. O disciplinado “cerrar de fileiras” que permitiu, durante todos estes anos, manter o tabu sobre a possibilidade de reformar a constituição quebrou-se. Hoje, expressam-se de forma distinta, os interesses do bloco dominante, que são reveladas a partir de exemplos, como o caso do inevitável questionamento dos consensos acordados no final de ditadura anterior e na chamada “transição política”. Agora pôr-se-á em marcha uma nova estratégia “para que mudando algo, tudo permaneça igual”, onde com o pragmatismo, a burguesia procurará acordos com os sectores oportunistas para reeditar uma nova versão dos pactos que há trinta anos, lhe permitiram consolidar a sua dominação, após a morte de Franco. Perante esta situação, a classe operária tem que responder com o seu próprio programa de classe, fazendo da proposta da República Socialista de carácter confederal, a consigna de identidade dos seus interesses, sustentada numa política de alianças expressa por uma Frente Operária e Popular, pela conquista do poder operário e da sociedade socialista.

O enganador modelo que permitiu à burguesia espanhola manter um acelerado processo de acumulação de capital durante treze anos (1994-2007) foi quebrado, e não é um modelo recuperável, nem facilmente reconvertível. Essa estratégia planificada pelas classes dominantes – e de percurso reduzido -, foi uma fuga para a frente desde a crise com início nos anos noventa (que por sua vez advêm da crise nos anos setenta), que no fim de contas, não fez mais que deixar de novo a burguesia á beira do precipício e, agora, numa situação de risco de morte, ainda maior.

Hoje as classes exploradoras, necessitam organizar outra forma de capitalismo para tratar de manter a sua actual posição hegemónica. Um capitalismo mais ditatorial, e que imporá uma maior desigualdade social. E nesta nova fase desesperada - se a oligarquia conseguir consolidá-la - será mais um passo, no caminho sem retorno para a sua destruição total. A burguesia sabe que isto é assim, e por isso, de forma apressada, trata de conformar um novo marco jurídico repressivo; tramita-se um novo endurecimento do Código Penal, coloca-se em causa o direito à greve, elimina-se a negociação colectiva, aprova-se uma nova Lei de Segurança Cidadã e confere-se um papel policial à segurança privada; o próximo passo - quando a burguesia sinta nas suas costas, a respiração da classe operária combatente - será a militarização em todas as corporações policiais, como desenvolvimento de uma imparável espiral repressiva a que está obrigada, de modo a tratar de manter o seu sistema anti-social.

O sistema capitalista internacional, move-se nas mesmas coordenadas de parasitismo e decomposição. As potências imperialistas, a NATO e outras alianças imperialistas inter-estatais, desejam uma guerra geral contra a Humanidade e que se estenda planetariamente. A pilhagem e o saque, a delapidação dos recursos e meio natural de modo a incrementar lucros, as guerras imperialistas, o terrorismo de estado que ganha maior capacidade criminosa, utilizando tecnologias de última geração, a militarização da economia com um constante incremento de gastos armamentistas, a vigilância e a espionagem universais, etc., são a autentica faceta da formação capitalista mundial na sua fase de esgotamento histórico, ou seja o imperialismo. A burguesia está disposta a cometer os crimes mais terríveis de modo a conservar a sua hegemonia, como antes o fez, recorrendo ao fascismo e agora avançando para um estado policial-militar que lhe permita o exercício mundial da violência extrema para a consecução dos seus fins, submetendo violentamente a classe operária internacional. Todas as fracções da burguesia alinham-se com este posicionamento de forma disciplinada. Hoje é mais válida que nunca, a máxima: “socialismo ou barbárie”.

3.- A crise é uma crise de sobreprodução, como expressão concreta da crise geral e estrutural do sistema capitalista de dominação.

Trabalhadores, trabalhadoras, a burguesia dita todos os dias novas leis para submeter-nos à escravidão, para arrebatar-nos todos os nossos direitos e para aumentar a exploração como nunca até hoje, na história. Não estamos regredindo ao século XIX -como se ouve dizer com frequência-, mas este é o capitalismo que existirá no séc. XXI, até que a classe operária o derrote, destruindo-o até às suas fundações.

Para o capitalismo, é uma crise sem saída. Não é possível recuperar a taxa de lucro, com o modelo capitalista imposto até à data, e em virtude disto o futuro no capitalismo será, o de um aumento desmesurado do seu carácter ditatorial e da exploração da classe operária, empobrecida a extremo.
Estamos assistindo de forma concreta à crise geral do sistema capitalista que se iniciou nos princípios do séc. XX. É uma crise de sobreprodução, que o capitalismo procura resolver - como sempre - com um violento processo de destruição das forças produtivas: com o desemprego, com a desvalorização de capital, com o encerramento de milhares de pequenas e médias empresas, através do roubo bancário, etc.

O governo da oligarquia -quer seja do PP ou PSOE, ou uma aliança com a participação do oportunismo representado pela Izquierda Unida(IU) e outras forças “de esquerda”- não tem solução para os número do desemprego que se manterão durante um largo período, no razão de cinco a seis milhões. Uma de muitas consequências de esta situação será a perda de 2,6 milhões de habitantes nos próximos dez anos, em todo o Estado espanhol. Confirma-se deste modo, um panorama de retrocessos progressivos das condições de vida da maioria operária e popular, caracterizado pelo empobrecimento, pela expulsão de altíssimos percentuais de mulheres do mercado laboral, para destiná-las ao cuidado e à reprodução familiar, à sobreexploração, à perda de futuro para grande parte da juventude e às constantes agressões ao colectivo de pensionistas, que conduzem a uma deterioração generalizada das suas condições gerais de vida (sem saúde nem medicamentos, sem assistência social, abandonados e empobrecidos).

4.- A luta dos trabalhadores é o caminho.

O altíssimo desenvolvimento das forças produtivas -que o sistema capitalista não pode colocar a produzir, porque agravaria ainda mais a sua crise-, entra na inconciliável contradição das relações de produção (capitalistas) e lança as bases para a imparável mudança social. Hoje, a classe operária - pondo ao seu serviço, o altíssimo desenvolvimento científico e tecnológico existente - tem a possibilidade de produzir aquilo que a Humanidade necessita para satisfazer as suas necessidades vitais; são as leis do capitalismo e da propriedade privada dos meios de produção, que impedem o desenvolvimento destas capacidades sociais.

É chegado o momento, de colocar na agenda da classe operária, a luta pelo socialismo-comunismo como um objectivo do presente. E a classe operária não se encontra sozinha nesta tarefa e com outros sectores populares (autónomos, pequenos produtores, campesinato pobre), objectivamente ir-se-ão decantando por esta orientação revolucionária. Está assim conformando o bloco social que, liderado pela classe operária, conduzirá à derrota das classes parasitárias, hoje dominantes.

O capitalismo espanhol trata de manter nos locais de trabalho, o seu poder absoluto através de um autêntico estado de terror contra a classe operária, que tem que ser contestado com a luta operária combatente; porque hoje, renunciar à defesa dos nossos direitos e abaixar cabeça, significa – mais do que nunca -, facilitar o caminho ao patronato para aumentar a exploração e retirar todo e qualquer direito aos trabalhadores e trabalhadoras. Como tal, os colectivos operários mais combativos, que protagonizaram numerosas greves nestes anos, são um exemplo a seguir pelo resto dos trabalhadores e trabalhadoras, porque demonstram que a luta é possível e necessária.

A Greve Geral é, nas condições actuais, a ferramenta mais poderosa pela defesa dos nossos direitos. Junto com ela, as lutas parciais, de empresas e de sectores, aportam uma acumulação de experiência e capacidade de combate, que devemos multiplicar unindo todas as lutas numa luta geral do proletariado contra a burguesia, pelo poder operário e pelo socialismo-comunismo. Uma classe operária temperada, na luta consequente pela defesa dos seus direitos, fará avançar as suas posições, e retirará o resto da classe de modo a situá-la à altura das necessidades históricas do momento. Sem medo da repressão, sem temor a despedimentos e a todo o tipo de represálias empresariais, a classe operária tem que ir ao combate com determinação de vitória. 

Os Comités para a Unidade Operária (CUO) são a melhor resposta organizativa da classe operária às necessidades do momento, para avançar na unidade da classe e terminar com o fraccionamento sindical que debilita as lutas.

5.- O Partido Comunista é o partido da classe operária. A oligarquia não poderá parar a firme vontade das trabalhadoras e trabalhadores, de caminhar para a sua emancipação.

O bloco dominante encontra-se numa difícil situação para manter a sua posição hegemónica na sociedade, mas este bloco não cairá se a classe operária não se organizar para aproveitar este momento e lançar todas as suas forças numa luta de contra-ataque a ser travado, até à vitória.

A vitória que não se alcançará sem a organização coordenada de todas as lutas operárias, vitória que necessita de um projecto político próprio para derrotar o inimigo de classe de uma maneira definitiva, vitória que necessita direcção política e luta pelo poder dos trabalhadores. Não existirá vitória se não se lute com o horizonte estratégico do socialismo-comunismo.

O PCPE nasceu há trinta anos, como síntese superadora de toda a experiência revolucionária do Partido Comunista do nosso país e tem a firme determinação de conduzir a classe operária à vitória, ao poder dos trabalhadores e à derrota absoluta da oligarquia parasitária que nos domina.

O PCPE assume o desafio de preparar a classe operária para a luta e para o combate, com moral de vitória, e este objectivo será possível, apesar da repressão patronal e do estado policial quando a classe tenha plena confiança nas suas próprias forças, no seu Partido e num futuro socialista-comunista. Não existe inimigo à altura, para a classe operária quando luta organizadamente e na ofensiva.

Não aceitaremos a miséria e a escravidão com que o capitalismo nos contempla, não aceitaremos a resignação, nem as humilhações. A nossa confiança na classe operária faz-nos fortes, não sabemos o que é o medo na luta, levantar-nos-emos uma e outra vez até conseguir a unidade de toda a classe operária, no combate pela sua emancipação. Demostraremos que somos vanguarda pelas nossas convicções, pelo nosso projecto e pela nossa prática política, militante.

O nosso objectivo é terminar, o quanto antes com o tempo da burguesia espanhola como classe dominante, a sua derrota chegará mais cedo que tarde, o Partido Comunista trabalha por estar à cabeça de todas as lutas e não descansará até à vitória, até arrasar com os últimos vestígios de exploração.

PELA SAÍDA DO €URO; DA UE E DA NATO!

PELA UNIDADE DA CLASSE OPERÁRIA!

PELO PODER DOS TRABALHADORES E PELO SOCIALISMO-COMUNISMO!