quinta-feira, 1 de agosto de 2013

De "salvação nacional" ou de salvação da burguesia e do sistema de exploração capitalista?

A recente remodelação governamental ao contrário do que dizem os serventuários  da burguesia e do capitalismo não se deveu às tricas ocorridas no seio do governo entre P.Coelho e Portas sobre este ou aquele ministro a empossar devido à súbita e inesperada demissão de V.Gaspar, dado que todos eles concordam com o objectivo das medidas que em conjunto com C.Silva e a tróika imperialista estão a impôr à classe trabalhadora e aos mais pobres.

A razão da dita crise, resulta do crescente protesto social que vem isolando e limitando de certa maneira o espaço de manobra do governo; por outro o aprofundamento  da crise geral do capitalismo e em particular na U.E., com a entrada em estagnação ou mesmo recessão da maior parte dos países do qual três quartos das exportações portuguesas dependem e que não só impede o crescimento económico, como ao  mesmo tempo obriga a novos resgates e ao agravamento constante da divida soberana  que ao longo dos tempos foi contraída para proveito da burguesia parasitária, que se agravou com a entrada na UE onde esta a troco dos subsídios, encerrou grande parte da grande  e média industria, a agricultura já de si fraca (pagava-se para não semear) o mesmo aconteceu às pescas (abatendo-se os navios) acabando por restar o  velho e retrógado sistema produtivo nacional assente em 80 e tal % em pequenas e médias empresas sem qualquer capacidade para recuperar o seu atraso, quanto mais para poder competir com os países mais desenvolvidos.

Daí que perante tal situação o governoPSD/CDS remodelado, C.Silva e a tróika imperialista  entendam que tal quadro só poderá ser ultrapassado se se aprofundar continuamente a ofensiva capitalista em curso, até que os custos de produção se tornem competitivos, ou seja continuar a reduzir salários e os direitos laborais e sociais, até que os custos de produção se tornem competitivos e possa haver recuperação económica, claro está que não vai haver qualquer retorno social, a competitividade económica só se poderá manter, mantendo os salarios baixos e sem qualquer direito social.

Só assim se torna claro o apelo de C.Silva aos partidos do chamado arco da governação capitalista, que assinaram o "memorando", diz C.Silva: "É necessário um compromisso com uma ampla base social de apoio, que se comprometa com o programa de ajustamento até que a recuperação e o crescimento seja um facto, não podemos correr o risco de perder tudo quanto foi conseguido nestes dois anos, devemos de continuar a pedalar até atingir o topo da montanha" C.Silva em 1-8-2013 - Ou seja custe o que custar.

(Tais ganhos de que C.Silva e o governo  se referem são aqueles que  resulta da politica de expropriação do povo, tais como: Dois anos de terror e aprofundamento da miséria social, onde perto de três milhões de pessoas vivem abaixo dos limites que eles consideram de pobreza, das quais 800 mil famílias vivem em pobreza absoluta, passando fome diáriamente, ( segundo dados do INE) é o milhão e meio de desempregados, 43% da juventude, onde grande parte está formada e custou ao erário público milhões de euros, não tem trabalho e é aconselhada a emigrar; aumentos brutais dos impostos, roubando quase metade dos salários à camada intermédia e baixa do assalariato; redução brutal dos salários e dos direitos laborais e sociais, cortes drásticos na saúde, na educação na segurança social; a Lei do Arrendamento, "elaborada por A.Cristas do CDS" que já colocou na rua e vai a continuar a despejar centenas, senão milhares de famílias idosas, caso não seja revogada. etc.etc.)

Aliança esta proposta ao PS, que só não produziu os seus efeitos desejáveis nas negociações em termos de uma coligação governamental como exigia o grande capital financeiro e económico e a tróika imperialista, porque A.J.Seguro foi colocado perante uma enorme pressão no seio do seu partido, como pelas posições de confrontamento que  foi obrigado a tomar em virtude da politica altamente reacionária do governo, no entanto não deixou de aceitar alguns compromissos que salvaguardam as medidas impostas e a impôr. Na parte final da intervenção de J.A.Seguro no debate da Moção de confiança do governo, ficou claro o seu apoio a uma primeira medida dsete governo e que faz parte de tal compromisso, que tem a ver com a descida do IRC, medida esta que visa particularmente defender os interesses  dos grandes  grupos financeiros e económicos e acrescenta na parte final da sua intervenção, que não é da oposição nem do governo, é por Portugal, o que para bom entendedor meia palavra basta para entender.

 
Por seu lado a oposição mais à esquerda do quadro parlamentar capitalista não consegue ultrapassar o seu velho compromisso conciliatório para justificar a sua acção politica, verbaliza  contra a politica de austeridade e alega que a actual crise governamental é a prova de que este governo está "moribundo", quando na verdade o governo sai reforçado nas suas próprias hostes e nos compromissos realizados com o PS e a UGT e a prova disso mesmo está nas medidas que recentemente fizeram aprovar no parlamento de aumento do horário de trabalho de 35 para 40horas semanais e a requalificação  dos funcionários públicos e em sede de concertação social a redução dos contratos a prazo para um ano, medida esta que tem como intenção fazer baixar ainda mais os salários, bem como a passagem das indemnizações por despedimento para doze dias e o que por aí vem como resultado dos cortes no valor de 4.700 milhões de euros no próximo OGE.

Em vez de se opôrem à ofensiva capitalista do ponto de vista anti-capitalista, opõem-se num ponto de vista da esquerda do sistema capitalista, querendo provar que podem ser melhores gestores do capitalismo do que os próprios gestores capitalistas, ou seja as suas criticas aos partidos da direita e às politicas de direita, não colocam o sistema capitalista em causa, as suas propostas politicas, tais como: " A "renegociação da divida", o "relançamento do mercado interno", no qual defendem medidas de apoio aos "pequenos e médios capitalistas", o "aumento da produção" enquadram-se numa politica de salvação da economia capitalista, tal politica não só não serve os interesses dos trabalhadores, como aumenta a exploração e não coloca fim às medidas de austeridade, anti-laborais e anti-sociais, procuram apenas suavizá-las, criando assim a falsa hipote-se de que é possível sair da crise, como evitar futuras crises.

Ao contrário destas forças, nós afirmamos que a derrota desta politica reacionária,  não está na exigência de eleições antecipadas, nem estas garantem ao povo o que quer que seja (o que não quer dizer que nos oponhamos a elas) mas sim na luta de resistência do movimento laboral e popular, nos locais de trabalho e de habitação, promovendo manifestações e greves  contra esta ofensiva capitalista, que eleve a consciência dos trabalhadores e do povo contra a exploração pela defesa dos seus interesses e que aos poucos faça alterar a correlação de forças no sentido de fazer recuar e derrotar este governo e reduzir o campo de manobra a qualquer outro que o substitua e que abra uma saída de bem estar para o povo.

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