terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A globalização segundo Karl Marx

Enquanto os revisionistas, social-democratas e outros oportunistas que se auto -intitulam de marxistas, se opõem à globalização do capital e defendem uma maior regulamentação e proteccionismo no sistema económico capitalista, vejamos o que Marx defende.

(Extrato da intervenção proferida em Bruxelas em 9 de Janeiro de 1848, sobre o Livre Câmbio)


O que significa a liberdade de comércio, nas condições actuais da sociedade? Significa liberdade do capital. Quando se derrubarem as poucas barreiras nacionais que ainda dificultam o progresso do capital, este passará a dispor de completa liberdade de acção.


Pouco importa que as condições de troca das mercadorias sejam mais favoráveis; Enquanto continuar a existir a relação entre o trabalho assalariado e o capital haverá sempre uma classe que explora e uma classe que é explorada.


É de facto difícil compreender a reivindicação dos defensores da liberdade de comércio que imaginam que condições mais vantagosas de aplicação do capital poderão abolir o antagonismo entre os capitalistas da industria e os assalariados. O único resultado será, pelo contrário, a manifestação ainda mais nitida do antagonismo entre estas duas classes.


Suponhamos por um momento que desaparecem as leis protecccionistas e os direitos de alfândega; O resultado será que, quando desaparecerem todas as circunstâncias acidentais a que o operário atribui hoje a causa da sua situação miserável, ele verá na sua frente o seu verdadeiro inimigo. Compreenderá que o capital inteiramente livre de peias continua a escravizá-lo.


Não nos deixemos iludir pela liberdade em abstracto. Liberdade para quem?Não se trata da liberdade dos individuos mas da liberdade do capital para esmagar o operário. Porquê atribuir à livre concorrência a ideia de liberdade?


Já vimos que espécie de fraternidade gera o comércio livre entre as classes de cada nação. Entre as diferentes nações do mundo, ele produzirá uma "fraternidade" semelhante. Chamar "fraternidade universal" à exploração cosmopolita é uma ideia que só podia surgir na cabeça da burguesia.Todos os fenómenos destrutivos que a concorrência sem peias provoca no interior de um país reproduzem-se em proporções gigantescas no mercado mundial.


Dizem-nos, por exemplo, que o comércio livre dará origem a uma divisão internacional do trabalho, permitindo portanto a cada país produzir aquilo que esteja mais de acordo com as suas condições naturais.


Mas será que a produção de cafè e açucar é o destino natural das Indias Ocidentais? Há dois séculos, a natureza, que nada tem a ver com o comércio, não tinha ali feito crescer os cafezais e a cana do açucar. E talvês daqui a menos de meio século já lá não se encontre novamente nem café nem açucar, se as Indias Orientais, por meio de uma produção mais barata, destronarem as Indias Ocidentais.


Não se deve esquecer um outro facto; tal como tudo se torna monopólio, também a partir de agora alguns ramos da industria que dominam todos os outros dão às nações que mais amplamente os exercem o comando do mercado mundial.


Não é de espantar que os defensores da liberdade de comércio não consigam compreender como uma nação pode enriquecer á custa de outra; Estes cavalheiros também se recusam a compreender como dentro de um país uma classe pode enriquecer à custa de outra classe.


Mas não se pense que, ao criticar a liberdade de comércio, eu tenha a menor intenção de defender o sistema da protecção aduaneira. Não é pelo facto de nos declararmos inimigos do regime constitucional que passamos a ser adeptos do antigo regime.


Além do mais, o sistema proteccionista é apenas um meio para estabelecer a indústria em larga escala num dado país, ou seja, de o tornar dependente do mercado mundial, e a partir do momento em que se estabelece a dependência do mercado mundial passa-se a depender em maior ou menor escala da liberdade de comércio.E mais: O sistema proteccionista contribui para desenvolver a liberdade de comércio dentro do país que o adopta.


É assim que vemos nos países onde a burguesia procura afirmar-se como classe, na Alemanha por exemplo, os seus esforços para se proteger com direitos aduaneiros. Servem-lhe de armas contra o feudalismo e o governo absoluto, para concentrar o seu próprio poder e para estabelecer a liberdade de comércio dentro do seu país.


Em geral, todavia, o sistema proteccionista é na actualidade conservador, enquanto o sistema do comércio livre é destrutivo. Desmorona as velhas nacionalidades e eleva ao extremo o antagonismo entre o proletariado e a burguesia. Numa palavra, acelera a revolução social. E é apenas neste sentido revolucionário que eu voto a favor da liberdade de comércio.

3 comentários:

  1. olá, acabei de ler o texto, e gostei muito de poder ver seu ponto de vista sobre esse assunto.
    mesmo assim queria mencionar que mais pro fim do texto voce foi meio contraditório (ou eu é que estou enganado) quando voce diz que "O sistema proteccionista contribui para desenvolver a liberdade de comércio dentro do país que o adopta"
    e logo alguns parágrafos depois contradiz essa frase dizendo que "o sistema proteccionista é na actualidade conservador, enquanto o sistema do comércio livre é destrutivo" como se fossem dois termos antagônicos. mas segundo sua conclusão, da primeira frase e do texto como um todo, ambos os sistemas protecionista e do comercio livre estimulam a liberdade do comércio.
    posso estar errado em minha observação, mas nao podia deixar de te avisar sobre essa possivel incoerência.
    muito bom o texto, no geral

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  2. li o texto mas acho que vc não percebeu mas fala do ponto de vista Karlimaxiano

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  3. também achei uma bosta não fala nada de mais

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