sábado, 29 de dezembro de 2012

O que faz falta é, fazer o Povo sair à Rua e parar o País o tempo que seja necessário!

É por demais evidente que o recente discurso e as posteriores afirmações do 1º Ministro são altamente demagógicas e com muito gozo à mistura, o que torna a coisa mais humilhante para quem é vitima da sua politica capitalista.

Mas não é uma... intervenção "patética" como a procura qualificar os representantes da pequena burguesia com assento parlamentar, na medida em que são reveladoras de uma determinada consciência reaccionária, com propósitos de classe bem definidos em mantêr a ofensiva capitalista em curso "custe o que custar".


 Tais afirmações são ainda reveladoras e resultado, de que só são produzidas pelo facto de o governo de certa nmaneira ainda não ter sido confrontado com uma oposição séria e à altura das medidas que tem tomado, dado que continua a EXIGIR a "renegociação da divida"(como aliás,já hoje muitos sectores da burguesia já o faz, inclusive alguns bastante reaccionários) e agora eleições antecipadas, como se no quadro do capitalismo qualquer renegociação da divida ou governo saído dessas eleições por si só impedissem a continuidade das medidas de austeridade.

 O que faz falta não é propôr soluções para ajudar a burguesia e o capitalismo a ultrapassar a crise à conta de quem trabalha e é explorado, mas sim tratar de mobilizar e fazer o Povo sair à Rua e parar o País o tempo que seja necessário para que se possa impedir e derrotar tal politica fascista de terror social e anti-laboral deste ou de qualquer outro governo capitalista que o venha a substituir, mesmo que se chame "de esquerda" ou "patriótico"

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Discurso do P.C. da Grécia proferido em Moscovo em 15 de Dezembro 2012.

Discurso do Partido Comunista da Grécia no seminário do Partido Comunista da Federação Russa:

"O movimento comunista internacional hoje e amanhã" Moscovo, 15-16 de dezembro de 2012.

Estimados camaradas.

 Agradeço ao Partido Comunista da Federação Russa por convite para este encontro informal dos partidos sobre os problemas e a perspectiva do movimento comunista internacional.
O encontro de hoje leva a cabo em condições de aprofundamento da crise capitalista mundial que evidencia as calexas sem saída e os limites do modo de produção capitalista. No entanto, este não será derrubado por si só, não vai cair como uma "fruta madura", se o fator subjetivo e, sobretudo, o partido comunista, o movimento comunista, não conseguem elaborar uma estratégia revolucionária.

 Infelizmente, o movimento comunista hoje está passando por uma profunda crise ideológica, política e organizativa. O KKE a partir de 1998 levou a cabo uma série de iniciativas para que os comunistas possam se reunir, trocar opiniões, experiências da sua actividade, coordenar com relação a assuntos nos quais se põem de acordo.

Neste sentido em 1998 começaram os Encontros Internacionais em Atenas, abraçados por dezenas de partidos comunistas e hoje em dia se estabeleceram como um evento anual importante para o movimento comunista internacional. O nosso partido faz questão de que estes encontros devem continuar a ser os encontros de partidos comunistas porque vão perder a sua essência e serão levados à dissolução se debilitam com a participação de outras forças de "esquerda" ou forças que afirmam ser anti-imperialistas. Ao mesmo tempo, como partido, realizamos uma série de encontros comunistas regionais e temáticos a nível da Europa, nos Bálcãs, no Mediterrâneo Oriental. Participamos activamente nas iniciativas e os convites de outros partidos.

No entanto, estimados camaradas, sabemos, estamos convencidos de que o movimento comunista não será capaz de superar a crise em que se encontra apenas através destas atividades. A questão crucial é a aquisição de uma estratégia revolucionária e de uma tática que serve, para que se reforcem as posições revolucionárias no movimento comunista e se retirem, se enfraquece as posições reformistas e oportunistas no conflito duro que está travando.

A linha da "resistência e ruptura" com o sistema capitalista deve ganhar terreno em frente à linha de "adaptação e assimilação" nisso. É óbvio que não podemos mencionar aqui em detalhe, por limitações de tempo, todos os assuntos que têm a ver com a situação no movimento comunista e as perspectivas. No entanto, queria concentrar brevemente algumas posições básicas do KKE.

O KKE considera como questão importante a postura em relação ao socialismo que conhecemos e as avaliações sobre as causas de sua derrocada. O nosso partido defendeu o socialismo, até nas condições mais difíceis, diante do ataque frenético anticomunista. Defendeu a contribuição da URSS para a luta dos povos. Mas não fica nisso. Desde o início da década de 90 deu-se prioridade à investigação científica das causas da vitória da contra-revolução na URSS e nos outros países socialistas.

Depois de 18 anos de estudo chegamos à resolução do 18 º Congresso, sobre as causas do derrube do socialismo, os erros que foram cometidos no plano econômico e político, a estratégia do movimento comunista internacional e levaram à vitória da contra-revolução.

Nosso enfoque centra-se no abandono dos princípios da construção do socialismo que, por assim dizer de modo sucinto, no âmbito da economia com as reformas da década de 1950 e 1960 reforçaram-se as relações mercantis e depois criaram as forças sociais que estavam interessadas em derrubar o socialismo.

 No âmbito da política tínhamos percepções erradas sobre o "Estado de todo o povo" e no plano das relações internacionais a percepção errada sobre a "rivalidade pacífica" entre os dois sistemas sócio-políticos. O socialismo foi derrubado de dentro e de cima, devido à erosão oportunista gradual dos partidos comunistas.

O KKE nesta e outras elaborações ainda com base na cosmovisão do marxismo-leninismo, que considera que ainda é vigente, colocando como prioridade o conflito com as teorias burguesas e oportunistas, e suas organizações, como foi por exemplo no passado a corrente do chamado "eurocomunismo "e hoje o chamado" Partido da Esquerda Europeia ".

O nosso partido defende o caráter do Partido Comunista, como partido da classe operária que não luta meramente para que a força de trabalho se venda melhor preço, mas também pela derrubada do sistema capitalista de exploração, luta diariamente pelo socialismo que atualmente é a única solução alternativa para os trabalhadores. Consideramos que a necessidade e a vigência do socialismo não se debilitou pelas mudanças contra na URSS e na Europa como um todo, porque a necessidade não surge da correlação de forças, que é adversa, mas da existência de condições objectivas para a construção do socialismo, as calexas sem saída do capitalismo como a atual crise capitalista mundial. Uma crise que não se deve apenas a uma forma de gestão, como por exemplo ao neoliberalismo, como sustentam vários apologistas do sistema capitalista, mas a contradição básica entre capital e trabalho. 

Com base no nosso objetivo estratégico, que é o socialismo-comunismo, traçamos também a nossa política de alianças. Rejeitamos como perigosa e prejudicial a formação de coalizões de "esquerda", de "frentes antifascistas", a cooperação com a social-democracia, que consideramos que é um erro separar em "esquerda" e "direita".

 Ao contrário, nós pretendemos reunir e concentrar as forças sociais, a classe operária e as camadas populares pequeno burguesas urbanas e rurais em direção antimonopolista, anticapitalista, lutando por todos os problemas populares, em conflito e ruptura com as uniões imperialistas. Tal aliança popular no período da situação revolucionária se transformará em uma frente operária revolucionária, dará à luz dos novos órgãos populares de poder.

Continuamos acreditando que é válida a frase do Manifesto do Partido Comunista que " é lógico que o proletariado de cada país defina antes de mais nada as contas com a sua própria burguesia " 1 , ou seja, consideramos que a luta a nível nacional continua a ser a face principal. No entanto, esta luta deve ser coordenada a nível regional e internacional, porque é uma luta internacional em que é válida a palavra de ordem "Proletários de todos os países uni-vos!". O nosso partido ainda é fiel ao internacionalismo proletário.

Entendemos o imperialismo com base nas características destacadas por Lenin. Não identificamos o imperialismo com EUA, porque há também outras potências e uniões imperialistas fortes, como é a União Europeia. Consideramos que cada país em que predominam as relações capitalistas de produção, os monopólios, ocupa uma posição no sistema imperialista de acordo com a sua força económica, política e militar.

 As posições que tratam erroneamente o imperialismo como uma política da classe dominante, como política externa e não como uma fase de desenvolvimento do capitalismo ligado ao domínio do monopólio na produção capitalista, a fusão do capital industrial e bancário, a exportação de capitais e o caráter econômico das guerras imperialistas (distribuição e redistribuição dos mercados) provocam muito dano.

 Seria um erro grave se o movimento popular baseia suas esperanças às chamadas potências emergentes ou mesmo se as elegesse como "campo". Por isso, V.Lenin advertia que isso nos levaria erroneamente a avaliação "é que os monopólios na economia são compatíveis com o modo de agir não monopólico, não violento, não anexionistas em política» 2 . O chamado "mundo multipolar", da chamada "nova arquitetura das relações internacionais" não é o mundo da paz e da segurança para as pessoas, mas o mundo das contradições interimperialistas intensificadas. Como partido excluímos a possibilidade de participar em governos burgueses mesmo que se chamam "de esquerda" ou "patrióticos" porque depois de estudar a história do nosso partido e do movimento comunista internacional chegamos à conclusão de que não há etapas intermediárias entre o capitalismo e o socialismo. Não há poder de transição. O poder está nas mãos da classe operária ou nas mãos do capital.

A participação de um partido comunista em um governo de "esquerda" no âmbito do capitalismo é prejudicial para o movimento popular. Em essência, através de palavras de ordem de esquerda "campeia a exploração da classe operária, apoia a rentabilidade do capital.

 Centrámo-nos na organização da luta da classe operária nos sindicatos, no movimento operário e sindical, que reconhece a luta de classes, entra em conflito com a chamada "paz social" e "diálogo social" que visa o poder burguês e apoiam os oportunistas. Não buscamos novos sujeitos revolucionários porque consideramos que não alterou o papel histórico da classe operária que é o sepultureiro do capitalismo.
Defendemos as leis da revolução e a construção do socialismo e rejeitamos a lógica dos "modelos nacionais" que em essência refutar estas leis.

Estimados companheiros:

Como partido não limitamos apenas a assinalar que existem avaliações diametralmente opostas entre nossos partidos, inclusive entre os que estamos aqui, hoje, sobre os assuntos principais acima mencionados.

 Buscamos o debate, a troca de opiniões entre os partidos. Pretendemos elaborar conjuntamente assuntos teóricos contemporâneos, principalmente para os partidos comunistas com os quais há uma convergência significativa de opiniões. Mas estamos prontos para desenvolver acção comum com outros partidos sobre assuntos da actividade anti-imperialista, em que podemos decidir a nível bilateral, regional e multilateral.

 Consideramos necessário a frente ideológica contra as teorias burguesas e oportunistas, contra o anticomunismo e antisovietismo. Além disso, consideramos importante o desenvolvimento de ações contra as potências imperialistas, como a que decidiu recentemente o 14 º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários em Beirute.

E acima de tudo hoje contra a intervenção imperialista na Síria e a guerra imperialista contra o Irã. Nós, como partido, estamos prontos a contribuir nesta direção.

domingo, 18 de novembro de 2012

Há muitos mais pobres, do que os anunciados pelas estatisticas oficiais e ao serviço da burguesia.

Mas hoje os números como resultado do acréscimo do desemprego, cujo número oficial é de 871 mil, onde mais de meio milhão não tem qualquer protecção social,cerca de 67% do total, mas considerando que este não corresponde ao real que já atinge 1.370 mil, a bolsa de pobreza ascende a 3milhões de pessoas, com tendência a agravar-se caso as novas medidas previstas no OGE, sejam aprovadas e implementadas.

A "renegociação" da dita divida capitalista, que os partidos social-democratas e alguns sectores reacionários da burguesia propõem, com o intuito de ajudarem a burguesia a superar a sua profunda crise económica, mas também assustados com o crescente aumento da consciência e da luta social, não serve os nossos interesses, porque não impede as medidas de austeridade e anti-laborais, como mesmo o aumento da pobreza.

As medidas já impostas e o actual OGE são um autêntico ESMAGAMENTO SOCIAL, que nem o o governo, nem os sectores mais reacionários da burguesia já põem em causa,daí que seja necessário mobilizar todos os trabalhadores, desde os que trabalham nas pequenas e médias empresas do sector privado,altamente explorados e mal remunerados, bem como trabalhadores precários e a recibo verde e particularmente a juventude.

Nesta linha de reaciocinio conclui-se que é também necessário ter em conta que qualquer sacrificio pessoal e económico, não tem comparação possivel com o ESMAGAMENTO SOCIAL que nos querem impôr para sempre. Daí a necessidade de ampliar-mos e radicalizar o movimento laboral e popular de oposição á ofensiva capitalista/imperialista em curso,aumentando constantemente o número de manifestações, como o tempo das greves sectoriais, como de greves Gerais, caso contrário sujeitar-nos-emos a uma ENORME DERROTA de consequências politicas e sociais profundas e neste caso alguém terá que ser chamado à responsabilidade.

Que no dia 27 a luta seja também de paralização geral do País!

Viva a justa luta dos povos da Europa, contra a exploração e o capitalismo!

 O capital que pague a crise!

domingo, 4 de novembro de 2012

A importância da greve dos estivadores.


"É já uma prática comum. As greves dos portuários normalmente têm uma adesão de 100%. Normalmente a adesão é total e esta não foge à regra", afirmou o dirigente sindical à Agência Lusa, no primeiro dia de uma greve que se prolonga até quarta-feira, 31 de outubro (da imprensa). Os trabalhadores portuários e, entre estes, os estivadores em particular, encontram-se na primeira linha da luta travada pelo proletariado contra as medidas de austeridade e contra os planos da burguesia em fazer andar a história para trás. Os estivadores lutam contra o plano, já acordado entre o governo e alguns sindicatos da UGT, que visa reduzir os custos do trabalho em 30%, proceder a despedimentos e, mais do que isso, fazer retroceder os estivadores a situação em que se encontravam na década dos anos 50 ou 60 do século passado, uma situação de trabalho escravo, sem quaisquer direitos: quando os estivadores se acumulavam à entrada dos portos na chegada dos barcos e vinha depois o capataz escolhê-los um a um, pela cara, pela amizade, pela submissão e negociava o preço da estiva, paga na hora e no final de cada jorna; jornas de 12 ou mais horas, a qualquer hora do dia, da noite, da madrugado, assegurando “o bom funcionamento da economia”.


Esclarecimento dos estivadores para desmontar as falsidades em relação à sua luta:


«Estivadores de Portugal: A importância da nossa greve (Esclarecimento)

Todos os dias os Portugueses são bombardeados com notícias sobre a greve nos portos cuja verdade fica perdida nos critérios editoriais da comunicação social.

Desde há largas semanas, os Estivadores estão em greve e durante este percurso têm desenvolvido variadas formas de luta. Actualmente, a “greve” dos Estivadores cinge-se aos sábados, domingos e feriados e dias úteis entre as 17 e as 08 do dia seguinte. Ou seja, cada estivador trabalha, afinal, o que trabalha cada português que ainda não está no desemprego: 8 horas por dia, 40 horas por semana.

Sabia que o ritmo de trabalho de um estivador chega a 16 e até 24 horas por dia?

Sabia que nos portos se trabalha 24 horas por dia, 362 dias por ano?

Sabia que Portugal é dos poucos países da Europa onde os profissionais da estiva não têm direito a reforma antecipada por profissão de desgaste rápido?

Sabia que o trabalho na estiva é hoje extremamente especializado requerendo uma formação profissional exigente e sofisticada?

Sabia que devido aos equipamentos pesados envolvidos nas operações a nossa atividade, atualmente, não suporta amadorismos que conduzem, frequentemente, a acidentes mortais ou incapacitantes?

As empresas em vez de exigirem uma requisição civil dos Estivadores deveriam exigir o cumprimento da Lei aprovada em 1993 por um governo Cavaco Silva.

Porque, se os Estivadores “merecem” uma requisição civil, então porque não exigir que essa requisição se estenda a todos os Portugueses que ainda conseguem trabalhar um turno normal de trabalho e transformamos este País num campo de trabalhos forçados?

Com os Estivadores a trabalhar um turno normal de trabalho interessa responder a outra pergunta. Como é que havendo, neste momento, portos mais ou menos amigos a trabalhar, esta nossa “greve” provoca o bloqueio económico do País e entope as exportações redentoras?

Pura e simplesmente porque as empresas do sector não querem admitir para os seus quadros as largas dezenas de jovens profissionais de que o mundo da estiva necessita. E o País jovem desempregado anseia.

Mas então é “só” por isto que os Estivadores estão em “greve” tão prolongada? Não. Ao longo dos anos as greves nos nossos portos têm-se sucedido por esta mesma razão. As empresas do sector apenas têm admitido novos Estivadores profissionais na sequência de greves de Estivadores.

Mas os Estivadores não se esquecem que já foram todos precários até 1979 e recusam voltar mais a esses tempos de escravatura, de indignidade e de miséria.

Acontece que as empresas monopolistas do sector portuário, estão a tentar aproveitar a passagem, esperamos que fugaz, de um governo com cartilha ultraliberal assumida, para lhes encomendar uma lei conveniente que acabe com a segurança no emprego, as nossas condições dignas e a organização sindical.

Para isso, este governo fez um acordo perverso com pseudo-organizações sindicais que representam, quando muito, 15% dos Estivadores nacionais — simulando um acordo nacional — e incendiando os portos onde trabalham os restantes 85% dos Estivadores. Com total menosprezo pelos prejuízos para a economia nacional que sabia ir provocar.

Em resumo, este governo assinou um acordo com os “amigos” de Leixões onde nas últimas duas décadas o sindicato aceitou, para os respetivos associados, uma diminuição salarial de cerca de um terço e o retalhamento do seu âmbito de atividade em clara violação da lei em vigor.

Assim, desde 1993, as empresas portuárias no porto de Lisboa admitiram cerca de 200 novos Estivadores efetivos enquanto, em Leixões, e no mesmo período, as empresas locais que pertencem aos mesmos grupos económicos das de Lisboa, admitiram o total de ZERO novos Estivadores efetivos.

Como se não bastasse a estes “sindicalistas” terem alienado o futuro dos seus sócios e respetivos filhos, bem como da restante juventude local, pretendiam agora, através deste acordo indigno, alienar as hipóteses de muitos jovens portugueses encontrarem no sector portuário uma alternativa para o desemprego, a precariedade, a miséria, a dependência e a emigração forçada.

Se aceitássemos o que nos querem impor, dois terços dos atuais Estivadores profissionais iriam engrossar as filas do desemprego. A que propósito, quando nos querem hoje a trabalhar 16 e mais horas por dia? É pela dignidade da nossa profissão que estamos em luta.



Os Estivadores de Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz, Aveiro, Sines, Viana do Castelo, Caniçal — Estivadores do Portugal todo, porque não? — lutam por um futuro digno para os Portugueses. Por isso gritamos bem alto. E não nos calam!»


Por www.estivadeportugal.blogspot.com


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A propósito do "agora são eles a pagar"?

Nas grandes manifestações realizadas em 15 e 29 de Setembro, uma indicação politica se tornou clara, quando as massas em muitas ocasiões gritaram, "As Tróikas Fora Daqui ! Queremos as nossas vidas de volta!.

Quer isto dizer que as várias camadas de  assalariados e o povo pobre presente se manifestou e protestou contra as medidas de austeridade e anti-laborais e o desemprego impostas pelas politicas fascistas de terrorismo social do governo, resultantes da crise económica capitalista e do "memorando" assinado pelo PS/PSD/CDS/UE/BCE/FMI. 

Se o pulsar das massas foi este e exigiu que a Tróika saia daqui, porque razão e depois de se denunciar as malfeitorias sociais da politica fascista de terrorismo social do governo, como o foi o discurso principal da manifestação de 29 de Set., se  continue constantemente a fingir que se está CEGO e SURDO e a  exigir a "renegociação da divida" quando se sabe que qualquer governo no actual quadro capitalista e permanência na UE e de profunda crise económica , que qualquer  renegociação a fazer mesmo que reduza os juros e aumente o tempo do seu pagamento,  nunca deixará de tomar medidas de austeridade e anti-laborais, medidas essas que contribuirão permanentemente para agravar o desemprego e a miséria social. 

Por outro é nos dito que "AGORA, SÃO ELES A PAGAR?, o que é que se pretende com esta afirmação, que nós já pagamos a nossa parte, que desistimos da luta pelo RETORNO dos nossos direitos sociais e laborais que nos foram roubados, que estamos dispostos a CAPITULAR e a CONCEDER nas medidas de austeridade a impôr no novo OGE, a partir do momento que o capital também seja penalizado em nome de uma determinada "equidade" quando a crise é capitalista e resultado da concorrência que os capitalistas fazem entre si. Afinal o que se pretende, fazer o proletariado e o povo pagar a crise e mantêr a sobrevivência do capitalismo?

SOBRE A UNIDADE.

Concordamos que deve existir o máximo de UNIDADE na ACÇÂO entre todas as organizações sindicais ou outras (como por exemplo a estrutura que organizou o 15 de Set.) que estejam contra a politica de terrorismo social e anti-laboral do governo. Mas esse não é o caso da UGT , porque concorda e  está vinculada ao "memorando" das Tróikas e ao PACTO anti-Laboral, não discordando com a maioria das medidas do próximo OGE, só se demarcou no caso da TSU? Porque razão então insinuar que se está aberto ao dialogo e à unidade com esses homens de mão do capital, que mais uma vez o provaram quando alegaram os motivos para não participar em 29 de Set.?

Ora as lutas a convocar no próximo dia 3, particularmente a Greve Geral são essencialmente contra os "memorandos"  e contra as medidas de austeridade do novo OGE, como a UGT não vai RASGAR estes acordos, nem vai mudar de opinião em relação ao próximo  OGE,  não faz sentido qualquer  convite à UGT, antes pelo contrário deve-se promover o seu desmascaramento politico e sindical junto da sua base de apoio e conquistá-la para a defesa dos seus direitos, incorporando-a numa luta consequente contra a ofensiva capitalista, a não ser que em nome da conciliação e da dita unidade se deixe cair os objectivos politicos essenciais que estão na origem das próximas lutas e particularmente da próxima Greve Geral.


As fissuras e quebras no apoio à politica do governo só foi possivel graças às grandes mobilizações dos dias 15 e 29 de Set. é nesse caminho que nos devemos manter mobilizando e organizando cada vêz mais massas do povo para a luta. Assim é de todo importante que se convoquem novas e imediatas formas de luta contra as medidas do novo OGE, que impeçam o seu aprovamento e ao mesmo tempo reforçem o nosso campo de manobra no sentido de acumularmos e alterarmos cada vêz mais  a correlação de forças a nosso favor, condição indespensável para fazermos RECUAR e DERROTAR o Governo fascista do PSD/CDS.

Abaixo a politica fascista de terrorismo social e anti-laboral que o governo PSD/CDS/UE/BCE/FMI, nos quer continuar a impôr!

Viva as próximas lutas e a Greve Geral!




quarta-feira, 26 de setembro de 2012

UE,BCE e FMI, Fora Daqui! Queremos as nossas vidas!

A retirada da medida que previa o aumento de 7% da TSU para os assalariados e de 1,75% para os trabalhadores a recibo verde, não constitui um RECUO do governo como afirma a comunicação social burguesa, o PS e A.José Seguro que aproveitou a boleia, para se desvincular da prometida Moção de Censura ao governo, mas sim e apenas se quer substituir a medida pelos mesmos valores atravês do agravamento dos impostos. Se alguma mudança ou transformação houve ela foi apenas de caracter politico e social,graças às variadas formas de luta, pequenas e grandes, particularmente as de 15 e 21 de Set, que elevou a consciência dos assalariados e do povo sobre o carácter da crise e das medidas de austeridade que são pedidas em nome da COMPETITIVIDADE e da SALVAÇÃO da burguesia financeira e capitalista, lutas estas,que apesar da sua grandiosidade histórica apenas e só ainda provocou fissuras e perdas crescentes de apoio na coligação que sustenta o gove...rno fascista do PSD/CDS/UE/BCE/FMI.

Por outro o protesto popular contra a politica fascista de terrorismo social do governo, não é apenas contra a subida da TSU,como se pretende fazer crer no sentido de desmobilizar a população,ele foi bem claro quando exigiu a Tróika fora daqui, queremos as nossas vidas! o que quer dizer fim à ingerência imperialista,como estamos contra todas as medidas previstas de austeridade e anti-sociais no próximo OGE, sobre a Saúde,a Educação,a Segurança Social,bem como queremos o retorno dos direitos roubados.

Assim sendo e para que o governo e as forças fascistas que espreitam percam a sua base de apoio, é necessário que se cumpram dois objectivos politicos importantes: 1ª Que a manifestação de dia 29 seja grandiosa e histórica, que ultrapasse largamente o número de participantes da de dia 15 de Set..2ªQue os responsáveis sindicais saibam lêr a vontade manifestada por parte dos manifestantes em querer DERROTAR a ofensiva capitalista e a arrogância fascista do Governo, marcando novas formas de luta,que passa necessáriamente pela convocação de Greves Gerais.

Não à politica fascista de terrorismo social e anti-laboral do governo!

Todos ao Terreiro do Paço dia 29 Set!

domingo, 23 de setembro de 2012

O povo saiu à rua num dia assim.



1. NO PRAZO DE UM ANO E MEIO (12 de Março de 2011 – 15 de Setembro de 2012), duas enormes vagas de manifestações expressaram nas ruas de todo o país a revolta contra as medidas de austeridade. Pelo meio, inúmeras greves e lutas de resistência deram continuidade, praticamente diária, ao protesto de grande parte dos trabalhadores.

O que ficou dito é simples de entender: quem trabalha abomina a política de Sócrates, de Coelho e da troika.

2. OS PROTESTOS JÁ NÃO PODEM ser ignorados nem desvalorizados; as pequenas lutas e as greves sectoriais não podem ser consideradas inúteis. Está a dar-se uma lenta mas segura mudança do comportamento das massas jovens, das classes médias assalariadas e das classes trabalhadoras. A resignação e o conformismo estão a acabar. Em seu lugar, a revolta e a indignação são abertamente gritadas. A busca de um outro caminho está em curso. A chantagem de que “não há alternativa” perde terreno.

Neste ano e meio, a indignação maciça, mas ainda difusa, do 12 de Março evoluiu para a revolta do 15 de Setembro e apontou a um alvo político comum: a troika, a política de austeridade, o governo.

3. NÃO FOI O GOVERNO que não conseguiu “passar a sua mensagem”. Foi a prometida recuperação económica que afinal se revelou uma miragem para quem trabalha e para quem quer trabalho e não o tem. Os sacrifícios impostos não só se tornaram insuportáveis como se mostraram inúteis.

A verdadeira mensagem – empobrecer o povo a todo o custo – foi plenamente entendida… e foi rejeitada. Os trabalhadores cansaram-se de ser roubados e recusam esse caminho.

A “maioria silenciosa” a que o primeiro-ministro cinicamente fez apelo, em socorro da sua política, aguentou durante muito tempo. Parecia mesmo aguentar tudo. Agora, mostra que já não suporta tanta injustiça.


4. O PODER (governo, patrões, forças do regime) encontra-se neste momento entalado entre a necessidade de continuar a castigar o Trabalho, por imperativo da crise, e o risco de grandes conflitos sociais, evidenciado nos protestos de massas.

É este o dilema que leva o patronato e as suas brigadas de ideólogos e de comunicadores a distanciarem-se de algumas das medidas anunciadas pelo governo, a tentar moderá-las, a inventar melhores explicações, a criticar a “insensibilidade social” da sua equipa governativa. É este o dilema que alimenta a crise na coligação. É este o dilema que leva a Conferência Episcopal a erguer as mãos ao céu contra o risco de “ingovernabilidade” do país. É ainda este dilema que leva o PS a atacar algumas das medidas anunciadas, mas a manter-se caninamente fiel ao programa da troika.


5. AS MEDIDAS ANUNCIADAS por Coelho e Gaspar, depois do aval da troika, constituem mais um pacote diversificado de ataque às condições de vida dos assalariados. Contra o que tinham dito, vem aí mais austeridade: reduções salariais, subida do IRS, despedimentos na função pública, cortes de subsídios da Segurança Social, aumento brutal da contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social e redução da dos patrões (TSU), e o mais que se verá.


A decisão sobre a TSU espelha de modo mais gritante a transferência directa de rendimentos do Trabalho para o Capital: reduz os custos dos patrões, embaratecendo a mão de obra; sugere a ideia de fazer depender o sistema de segurança social apenas dos trabalhadores; e, como revelou o secretário de Estado Moedas numa reunião com empresários, pretende “dar liquidez” às empresas – do bolso dos trabalhadores, obviamente.

O risco político que os patrões e os seus corifeus vêem nisto é o de transportar o conflito Capital-Trabalho para o interior das empresas, coisa que até agora se tem mantido em limites controláveis pelo patronato. Daí o clamor em torno da TSU.


6. MAS O CLAMOR em torno da TSU está a ter o efeito de colocar na sombra tudo o mais. Não é inocente este foco sobre apenas uma das medidas. É aí que o patronato, o governo e o PS estão a apostar para obter uma saída airosa que não ponha em causa nem a permanência do governo nem a continuidade da política da troika. Um “recuo”, como diz o PS, ou uma “readequação”, como dizem os patrões, do governo na questão da TSU é a chave que uns e outros procuram para a situação.


O PS insiste nisso na mira de obter uma vitória fácil e de curto alcance para evitar uma crise governativa que o poria nos cornos do touro. Por isso, Seguro insiste no estafado argumento da “legitimidade democrática” da equipa PSD-CDS para governar até 2015, reduzindo a zero a legitimidade democrática dos protestos de centenas de milhares de portugueses. Por isso, também, Proença afirmou, após reunião no palácio de Belém, que acabar com a medida relativa à TSU é fundamental “para travar” (sic) a onda de descontentamento que percorre o país.


Importa denunciar esta busca de uma vitória de Pirro, que teria o condão de deixar passar todas as demais medidas e eventualmente outras “de compensação” da TSU. Só uma luta dirigida contra a política de austeridade, toda ela, poderá travar esta burla que está a ser activamente preparada pelos “críticos” do governo.


7. PARA ALÉM DA DESCIDA dos salários, da precarização do emprego e da privatização das empresas públicas, os grandes alvos da política capitalista são o desmantelamento da Segurança Social, do Serviço Nacional de Saúde e do Ensino público. Tudo sectores que o capital privado ambiciona, a coberto de cortar na “despesa” do Estado.

Em contrapartida, as despesas com as forças armadas e as polícias mantêm-se ou aumentam. Será preciso explicar porquê?


Desmantelar é o propósito que se esconde debaixo da reclamada “reforma do Estado”. Não são as despesas dos gabinetes ministeriais nem das frotas automóveis que estão na mira dos patrões, do governo e da troika: são os serviços estatais de carácter social que representam salário indirecto e condições de vida de quem trabalha – e que, uma vez privatizados, significam lucro.


Também a este respeito só será eficaz uma acção de massas que reforce a luta contra a política de austeridade no seu conjunto, incluindo a defesa dos direitos sociais assegurados pelo Estado.


8. ASSISTIMOS A UM NOVO episódio da crise em que está mergulhado o sistema económico e o sistema social em que vivemos. Como se tem visto, o capitalismo não tem outro caminho que não seja descarregar os custos sobre os trabalhadores. Com a agravante de o caminho produzir resultados contrários aos pretendidos.


É dessa incapacidade de fundo e do crescer da revolta que derivam as súbitas acusações (“incompetência”, “impreparação”, “insensibilidade”) a uma equipa governativa até há pouco tão acarinhada e dada como impecável pelo patronato.

A desautorização do governo pelos próprios patrões mostra que a equipa já esgotou o seu papel. Resta ao patronato remendá-la, já que não tem à vista alternativa viável.

Desta vez, é o governo que está com contrato a termo.


9. TODAVIA, AS FORÇAS DO REGIME receiam, e querem evitar, uma situação à grega em que as sucessivas medidas de austeridade e a crescente resistência de massas desgastaram a base política de apoio não só do capital nacional como do capital europeu. As manifestações de 15 de Setembro produziram um efeito semelhante entre nós: nem a coligação PSD-CDS tem já crédito, nem o PS é visto como solução.


É a percepção deste desgaste que leva o tão democrata Mário Soares a apostar num governo “de salvação nacional”, sem eleições: para poupar os partidos do poder a uma possível humilhação nas urnas e para assegurar à troika um interlocutor interno não sujeito a sufrágio.


10. MAS ENQUANTO O SISTEMA de poder permanecer como está, seja qual for a fórmula governativa, novas medidas ditadas imperiosamente pela crise vão aparecer – encarregando-se de fazer crescer a revolta de massas. É essa revolta que a esquerda tem de estimular.


O que há de novo na situação actual não é o fracasso das metas do governo nem as medidas recém-anunciadas – é a resposta maciça que lhes foi dada nas ruas. Foi isso que abriu a crise governativa. É isso que pode bloquear a política de austeridade.


11. AS MANIFESTAÇÕES DEMONSTRARAM que a miragem de aceitar sacrifícios em nome do futuro está a desfazer-se. Um número crescente de jovens e de trabalhadores aponta o dedo ao governo e à troika, rejeita a austeridade e reclama um novo rumo político. O importante é que esta ideia de mudança ganhe cada vez mais adeptos.


A continuidade deste movimento de protesto, o seu alargamento a novos sectores da população, a sua rejeição plena das medidas de austeridade, é portanto essencial para derrotar as forças que aprovaram e que aplicam o programa da troika.

A manifestação convocada pela CGTP para dia 29 deste mês será o próximo passo deste caminho, e nesse sentido deverá ter o apoio de todos os trabalhadores e de todos os que saíram à rua no passado dia 15.



20 de Setembro de 2012

Colectivo Mudar de Vida







quarta-feira, 18 de julho de 2012

KKE apresenta projecto de lei para a abolição do memorando da troika, do acordo de empréstimo, das leis que o aplicam e do programa de médio prazo

por KKE
 O KKE nesta legislatura pôs na mesa do Parlamento um projecto de lei para abolir o memorando, o acordo de empréstimo, o programa de médio prazo e as respectivas leis de aplicação, tal como foi anunciado após as eleições de 6 de Maio. Esta iniciativa do KKE é de especial importância para o povo e o movimento uma vez que é o único partido que luta firmemente pela abolição do memorando e de todas as leis anti-trabalhador que o acompanham.

Outros partidos, como o SYRIZA, enquanto antes das eleições falava demagogicamente acerca do memorando, exigindo o seu cancelamento, depois das primeiras eleições abandonou esta exigência específica mesmo ao nível das palavras-de-ordem e submissamente adoptou a lógica da renegociação, juntamente com a ND, o PASOK e a Esquerda Democrática. Analogamente, os "Gregos Independentes", que exigiam o cancelamento legal do memorando, e que o nosso país permanecesse na UE, algo que leva à "renegociação" através de outro caminho. Qualquer que seja a renegociação que ocorra, ela em caso algum impedirá o empobrecimento rápido de uma secção significativa da população. A renegociação da Itália e da Espanha na recente cimeira da UE, que levou o SYRIZA a falar triunfantemente acerca de um "modelo de postura negocial", foi imediatamente acompanhada pelo anúncio de uma série de bárbaras medidas anti-trabalhador após o retorno de Monti e Rajoy aos seus respectivos países.

Ao apresentar este projecto de lei, o KKE procura informa o povo acerca dos textos reais do acordo de empréstimo e do memorando, os quais chegaram ao Parlamento na íntegra. Em qualquer caso, a abolição do memorando, em combinação com o cancelamento unilateral da dívida e o desligamento da UE, podem ser exigências políticas – ligadas em cadeia para o desenvolvimento de um movimento agressivo e robusto que lutará para defender os interesses dos trabalhadores, dos auto-empregados e dos agricultores pobres.

Para o KKE, essa luta deve ser ligada à perspectiva de um derrube político mais geral. A questão do poder do povo deve ser promovida como o único caminho real de saída da crise em favor do povo.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Para que não se percam os frutos da civilização!


Um artigo bem importante e que no entender da "A Chispa!"pode abrir as portas à unidade das forças revolucionárias comunistas e à  criação de uma alternativa revolucionária proletária, ao sistema social capitalista, caso se proceda à sua discussão e aprofundamento.


Por Manuel Raposo
I
Escolhi como título desta intervenção a frase "Para que não se percam os frutos da civilização" que é parte de um parágrafo de uma conhecida carta de Karl Marx a Pavel Annenkov (de 1846) em que Marx dá a sua opinião acerca de Proudhon, antes ainda de ter escrito a Miséria da Filosofia. O parágrafo inteiro diz o seguinte:


"Os homens nunca renunciam ao que ganharam, mas isso não quer dizer que não renunciem à forma social em que adquiriram certas forças produtivas. Muito pelo contrário. Para não serem privados do resultado obtido, para não perderem os frutos da civilização, os homens são forçados a mudar todas as suas formas sociais tradicionais, a partir do momento em que o modo do seu comércio já não corresponde às forças produtivas adquiridas." [1]

("Comércio" no sentido lato de relação, transacção)

Esta afirmação da necessidade histórica das revoluções sociais é acompanhada de uma crítica impiedosa ao desejo de Proudhon de conciliar as contradições do sistema capitalista em vez de pensar "no derrube da própria base dessas contradições". E Marx comparava essa tentativa de conciliação ao que sucedera nas vésperas da revolução francesa de 1789, afirmando os seguinte:


"No século XVIII uma multidão de cabeças medíocres estava ocupada em encontrar a verdadeira fórmula para equilibrar as ordens sociais, a nobreza, o rei, os parlamentos, etc., e no dia seguinte já não havia rei, nem parlamento, nem nobreza. O justo equilíbrio entre esse antagonismo (conclui Marx) era o derrube de todas as relações sociais, que serviam de base a essas existência feudais e ao antagonismo dessas existências feudais." [2]


Marx mostra aqui como são inúteis as tentativas de conciliar os termos irredutíveis das contradições sociais quando elas chegam ao seu ponto culminante – isto é, quando as sociedades se abeiram do seu termo histórico.


A ideia que trago a este debate é a de que a actual crise capitalista é uma radiografia do estado terminal a que chegou a civilização burguesa. De que não estamos a passar apenas por mais um ponto baixo de mais um ciclo do processo produtivo, mas estamos a viver a falência do sistema produtivo capitalista que chegou a um limite, que entrou na sua fase senil.


Com isso está em causa todo o edifício social que assenta nesse sistema produtivo. As contradições em que o capitalismo está enredado não podem ser resolvidas dentro dele próprio; só uma revolução social o pode fazer da única maneira viável: pondo fim às relações sociais capitalistas.


Consequentemente, a acção do comunismo marxista, tem de ser guiada por este propósito se quiser ter um papel na transformação social que está em gestação.


Passo aos argumentos.

II

O discurso dominante sobre a crise procura encerrar o problema numa espécie de círculo de giz "económico". É a tentativa de absolver o sistema social capitalista. Na verdade, o que está em causa não é a "economia" (que é uma coisa que em si não existe), mas a economia capitalista; e a crise não é dos negócios, mas de uma civilização inteira.

Mas esta restrição da crise ao "económico" domina. E domina de tal modo que penetrou, ainda que sob formas modificadas, o senso comum e mesmo a esquerda.

O círculo de giz funciona.

Funciona, por exemplo, quando se trata o neoliberalismo como uma deriva mental duma fracção da burguesia responsável pela deriva material do sistema, aceitando a ingenuidade de pensar que uma qualquer ideologia possa alterar as leis de funcionamento do capitalismo;

Ou quando se atribui à globalização e à financeirização do capital a origem da presente crise mundial, em vez de ver nelas recursos a que o sistema deitou mão para atenuar e adiar a crise;

Ou ainda quando se cai na ilusão de que existem medidas políticas (nomeadamente medidas de política económica) que podem solucionar os problemas sem tocar no quadro do próprio sistema capitalista, esquecendo que os problemas existem e avolumam-se precisamente porque esse quadro se vai mantendo.

Creio estar aqui boa parte da razão pela qual o movimento revolucionário pelo socialismo não dá sinais de crescer, apesar da decadência do capitalismo. É este a meu ver o nó da situação: um movimento revolucionário bloqueado no meio de uma crise geral do sistema capitalista.

III

Se não é uma crise de negócios, nem uma simples deriva ideológica – então o que é a presente crise?

As correntes marxistas que me parece terem uma posição mais clara sobre o assunto chamam a atenção para o facto de as raízes do colapso financeiro de 2007-2008 remontarem aos anos de 1970. De facto, depois do crescimento impetuoso subsequente à segunda grande guerra, o ritmo de acumulação do capitalismo dos grandes centros mundiais foi sofrendo uma desaceleração. Com altos e baixos, mantém-se há perto de 40 anos com reduzidas taxas de acumulação. O estoiro de 2007-2008 (iniciado no coração do capitalismo mundial, é de notar) terá sido o desembocar deste longo processo. E este último trambolhão arrasta agora mesmo os novos centros de acumulação que entretanto se afirmavam – a China, a Índia, o Brasil – cujas taxas de crescimento sofreram quebras importantes.


Todo o sistema capitalista mundial está portanto em quebra, contrariamente à ideia de que se assiste apenas a uma transferência de poderes.


Quarenta anos de crise é coisa que parece contrariar a própria ideia de crise que, na acepção de Marx, é um momento, mais ou menos curto, de acerto de contas entre o excesso de produção e a escassez do mercado. Engels todavia fornece uma pista importante em dois momentos. Numa nota de 1885 à Miséria da Filosofia aponta a possibilidade de "a estagnação crónica [passar a ser] o estado normal da indústria moderna, apenas com ligeiras oscilações" [3] . Também numa nota (talvez de 1886, segundo Maximilien Rubel) ao Livro III de O Capital , Engels insiste na possibilidade de os ciclos regulares (até então mais ou menos decenais) terem dado lugar a uma situação caracterizada por "uma alternância mais crónica, mais alongada, a uma melhoria relativamente breve e fraca dos negócios e a uma depressão relativamente longa e indecisa atingindo vários países industriais em momentos diferentes." [4]

Parece ser este o caso de hoje, com a agravante de o marasmo atingir o grosso dos países capitalistas ao mesmo tempo. Onde está a origem deste declínio arrastado?

Ao que tudo indica, num factor que acompanha e condiciona o processo de crescimento capitalista: a queda da taxa de lucro.

Socorro-me de três estudos, que me parecem dignos de nota, que chamam a atenção para a queda efectiva da taxa de lucro do capital, fruto precisamente, como Marx bem vincou, do progresso capitalista.

O francês Claude Bitot, em 1995, mostra que a taxa de lucro nos 25 países da OCDE foi decaindo à medida do desenvolvimento posterior à segunda grande guerra [5] .

Outro francês, Tom Thomas, vinca o carácter crónico da actual crise, pegando na hipótese colocada por Marx de uma sobreprodução absoluta de capital [6] .

Recentemente, em 2011, o norte-americano Andrew Kliman constata também a queda da taxa de lucro nos EUA ("um longo declínio iniciado na segunda metade dos anos 50"). Segundo ele, terá sido essa a causa que foi puxando para baixo os ritmos de crescimento e que tornou débeis as recuperações subsequentes à grande crise dos anos de 1970 e às várias crises dos anos 80 e 90 – acabando por fazer a cama ao colapso de 2007-2008 [7] .

A importância que vejo neste ponto de vista é que ele coloca a tónica não em supostas derivas ideológicas (neoliberal ou outra), nem na hipertrofia financeira do capital – mas no bloqueio da própria produção capitalista.

Numa situação em que o capitalismo vê declinar a sua força motriz, que é o lucro, todo o sistema social esgota o seu papel histórico, tornando-se então "um obstáculo ao desenvolvimento da produtividade". "Com isso", diz Engels, [o capitalismo] "prova, simplesmente, uma vez mais, que entra no seu período senil e que, cada vez mais, se limita a sobreviver". [8]

IV

Portanto – bloqueio da acumulação, fase senil.

Sabemos que o capital ao reproduzir-se reproduz também as relações sociais que lhe são próprias. Ora, a crescente dificuldade de reprodução do capital traduz-se numa dificuldade crescente de reprodução das relações sociais – daí a decomposição das instituições (nomeadamente do Estado), o esvaziamento da democracia, o abandono do estandarte do progresso, o apagamento das grandes crenças burguesas (nação, pátria, família, deus).

A civilização burguesa terá então entrado numa etapa final. É isso que transparece na própria maneira como a burguesia fala do seu regime. A ideologia do progresso contínuo, da prosperidade, que foi desde sempre a marca do positivismo burguês, da superioridade sobre as formações sociais atrasadas, transfigurou-se num discurso de justificação do retrocesso: não mais emprego garantido, não mais melhoria de vida de pais para filhos, não mais consumo livre, não mais lazer, não mais saúde e instrução para todos, não mais nada disso.

Visto no seu sentido de fundo este é um discurso que denuncia a incapacidade das classes dominantes para convencerem as classes dominadas da superioridade do seu sistema; denuncia a incapacidade de uma civilização para mobilizar o todo social em torno dos seus objectivos de classe.

Uma sociedade que já só assegura (não apenas nos factos mas também pela voz dos seus mentores) um amanhã pior que o dia de hoje – e que afirma só poder subsistir nessa condição! – é uma sociedade que caminha para o fim.

Podia dizer-se – uma sociedade já sem apresentação...

Em termos históricos não há portanto remendos possíveis – e isso está de resto patente na ineficácia das tentativas, tanto do capitalismo puro e duro como do reformismo, de colmatar as brechas do edifício.

V

Dito isto, então a verdadeira causa da nossa época é pôr termo ao capitalismo.

Certo. Mas a revolução social não está de modo nenhum ao virar da esquina. Como disse antes, o movimento comunista está bloqueado no meio da crise do sistema capitalista.

É difícil encontrar uma explicação completa para este facto, mas não erro se disser que concorrem para isso:

as enormes mutações sociais no proletariado mundial pelo menos desde 1970-80;

a dissolução ideológica que o marxismo revolucionário sofreu no século XX, acompanhando o longo estertor da revolução soviética;

e, no presente, a ausência de um claro ataque político às bases do sistema capitalista (porque, como disse Marx, é a própria base das contradições que deve ser derrubada).

Este estado de coisas, no entanto, não está congelado. Há sinais de mudança, embora a prazo que não se pode medir.

Centro-me nas mudanças de natureza social dos últimos 30-40.

Até 1970 a classe operária produtora de mais valia cresceu nos principais países capitalistas [9] .

Nas décadas seguintes foi decaindo nesses países. Mas à escala global o seu número aumentou em termos absolutos devido aos crescimentos enormes verificados no Terceiro Mundo. Deu-se portanto uma proletarização maciça nos países periféricos e um aumento em valor absoluto do proletariado mundial. Isto quanto ao número.

Também a partir de meados dos anos de 1970, o desemprego cresceu muito nos países mais desenvolvidos, colocando fora da produção milhões de trabalhadores [10] .

Ao mesmo tempo, sobretudo nos anos mais recentes, uma grande parte, e uma parte crescente, dos desempregados passaram a ser desempregados permanentes – ou como precários ou mesmo como excluídos do sistema do salariato.

Em qualquer caso, é de notar que esta desagregação do proletariado se faz por rebaixamento de uma parte dos trabalhadores à condição de um sub-proletariado ou mesmo de um lumpen-proletariado – não por aburguesamento ou ascensão social.

Esta evolução traduz, de forma gritante, o processo de substituição do trabalho vivo por trabalho morto que acompanha a acumulação capitalista [11] .

E o que fica demonstrado não é a impossibilidade da revolução social, mas a inutilidade histórica do capitalismo da nossa época que se tornou incapaz de transformar o progresso material em benefício social.

Apesar, portanto, da complexidade desta evolução social e dos solavancos por que passa, uma coisa é certa: o processo vai na direcção de ampliar enormemente as classes proletárias, na acepção de classes despojadas de qualquer meio de produção. Mais ainda, como grande parte dessa massa não tem ocupação no quadro da produção capitalista – e é mesmo, em boa parte, impedida pelo sistema de ter uma ocupação útil – os factores de explosão social crescem também em proporção. Os motins de Londres ou Paris, ou as revoltas árabes são disso exemplos.

Em resumo: não será por falta de actores que a revolução social deixará de se fazer.

VI

Mas há ainda um outro argumento, que tem a ver com uma camada social particular: as chamadas classes médias.

As sociedades capitalistas mais desenvolvidas caracterizam-se, pelo menos desde os começos do século XX, por gerarem uma vasta camada social, na maioria assalariada, situada, pela sua condição de vida, entre o operariado e a burguesia.

A sua função, em termos gerais, é enquadrar a produção, intervir na circulação do capital e proporcionar a realização da mais valia.

Essa camada social é um sinal distintivo das sociedades imperialistas, como Lenine, por exemplo, bem vincou.

Olhando para os últimos 50 ou mesmo 100 anos, um dos seus principais papéis tem sido o de assegurar a estabilidade social e política dos regimes capitalistas desenvolvidos. Aliadas naturais da burguesia, essas camadas garantiram o balancé que tem sido a sucessão de republicanos e democratas nos EUA, de trabalhistas e conservadores no Reino Unido, de social-democratas e democratas-cristãos na Alemanha, dos equivalentes no Japão, em França e na Itália – e até de PS e PSD em Portugal nos últimos 38 anos.

Todo o mundo mais desenvolvido tem tido nessas camadas o fiel de balança no que respeita a manter o poder do capital sem agitações, servindo de barreira a qualquer movimento com cariz de classe da parte do proletariado.

Mas como os tempos mudam, interessa notar o seguinte:

Mais ou menos até final do século XX o crescimento do sector terciário absorveu em parte os despedimentos da indústria. Esse facto, além de diminuir o impacto do desemprego, manteve entre os trabalhadores a crença de que o capitalismo sempre assegurava as hipóteses de ascensão social [12] .

As classes médias, porém, entraram em retrocesso. Por um lado, porque também nos serviços a rentabilidade do trabalho aumentou e permite dispensar mão-de-obra; por outro lado, porque o pântano da produção capitalista obriga agora a burguesia a penalizar mesmo os seus parentes próximos.

Depois de ter levado a massa proletária produtiva à pobreza ou à beira disso e de a castigar por todas as formas – a maré da crise não parou de subir e molha já os pés das classes intermédias. O significado deste facto parece-me importante: o ascensor social empanou; a burguesia capitalista aliena o apoio social e político do seu principal aliado; o confronto de classes clarifica-se, aproximando as sociedades capitalistas do modelo (digamos assim) canónico de duas classes antagónicas: burguesia, proletariado.

A choradeira oficial sobre o empobrecimento da classe média é apenas uma forma de comiseração do poder, um gesto para tentar ainda segurar esse parceiro histórico. Mas a tendência de proletarização dessas classes parece irreversível, dando mais um sinal do fim de uma época.


Do ponto de vista do comunismo só há que saudar essa clarificação.

(Faço um parêntese para dizer que esta evolução não se traduz, nem de imediato nem necessariamente, num posicionamento anticapitalista dessas camadas – pelo contrário, o primeiro reflexo de boa parte delas será o de defenderem os privilégios anteriores, de aderirem a ideologias nacionalistas e mesmo fascistas, de se demarcarem da massa proletária, reagindo como uma espécie de aristocracia falida. Mas isso não anula o facto de, a prazo, a burguesia capitalista ir ficando mais só no terreiro – dependendo o comportamento político das classes médias do papel que a massa proletária propriamente dita desempenhar no confronto de classes.)

VII

Último argumento.

Arrisco afirmar que a ideia axial que percorre a obra de Karl Marx é a de que o capitalismo é perecível, não é eterno – que é uma formação social com um papel histórico limitado e portanto também com um tempo de vida determinado. O papel histórico é socializar o trabalho, libertar os produtores da propriedade – enfim, "fazer crescer sem freio e em progressão geométrica a produtividade do trabalho humano".

É fácil ver na evolução do último século a larguíssima socialização do trabalho, a extensíssima abolição da propriedade individual em todo o globo e o aumento colossal da produtividade do trabalho. Isso, sem dúvida, aproximou a humanidade do socialismo, colocando-nos hoje muito adiante daquilo que era o mundo, por exemplo, em 1917.

O que já não é tão fácil é prever o tempo de vida do capitalismo, porque isso não depende apenas do descalabro do sistema; depende decisivamente, das forças sociais que se decidam a pôr-lhe termo.

Mas o desenrolar da crise tem o condão de ajudar a rasgar os véus com que a sociedade burguesa se recobre e de pôr à vista a natureza da sua dominação classista.

O que é que a crise põe à vista?

Põe à vista o Estado, não como árbitro dos conflitos sociais, ou como expressão de um suposto interesse colectivo, nacional – mas como instrumento de uma classe;

Mostra a democracia, na realidade, como uma plutocracia de que as massas populares estão inteiramente arredadas; como uma ditadura da burguesia que assume feições cada vez mais totalitárias;

Mostra a classe capitalista, toda ela, com um único plano para aliviar a crise – que consiste em explorar mais eficazmente as classes trabalhadoras;

Mostra que a condição de uma eventual recuperação económica é a destruição de meios de produção, seja pela gradual desvalorização do capital, seja pela violência da guerra;

Mostra em plena acção a lei geral da acumulação capitalista, visível na criação de uma massa crescente de desempregados e de marginalizados e no aumento da pobreza;

Mostra que o tempo ganho pela sociedade graças ao aumento da produtividade não se traduz em menos tempo de trabalho obrigatório, mas sim na irracionalidade de mais desemprego e maior grau de extorsão dos trabalhadores em actividade;

Mostra ainda a acção concertada das burguesias por cima dos limites nacionais, mostra a semelhança dos problemas sofridos pelas massas trabalhadoras dos diferentes países – e mostra portanto a falta que faz, da banda dos proletários, um internacionalismo que vá para lá da mera solidariedade moral e se traduza numa efectiva coordenação prática das acções de resistência.

O esclarecimento e a mobilização das massas proletárias não podem passar ao lado destes factos. Eles são os elementos educativos por excelência que a realidade prática nos fornece para mostrar o limite a que chegou este sistema social e o absurdo que é prolongar o seu tempo de vida.

De resto, se bem percebo o sentimento que os trabalhadores têm a respeito do mundo em que vivem, não é a confiança no capitalismo que os leva a aceitá-lo – é antes a noção resignada de que não há alternativa viável que o substitua, e sobretudo de que não há força que o possa deitar abaixo.

Ora, na linha do marxismo revolucionário, a tarefa não é reabilitar ou remendar o capitalismo, mas desacreditá-lo aos olhos do proletariado.

Atacar as bases do mundo capitalista não é, sobretudo nas circunstâncias actuais, uma ideia desgarrada da realidade quotidiana. Ao contrário, é a condição de estimular e reunir as forças de classe dos trabalhadores e de os levar a encarar a necessidade de construir um mundo conduzido por regras opostas às do mundo capitalista.

Que o burguês não veja a crise para além do défice, da dívida, da quebra do lucro, da falta de crédito e dos remédios correspondentes para esse tipo de males – está certo. Mas que os proletários vejam as coisas pelo mesmo prisma – está errado.

O proletariado já teve de fazer muitos sacrifícios por causas alheias. Chegou a altura de afirmar a sua própria causa.

Propor ao proletariado a saída do círculo de giz do capitalismo – é esse, a meu ver, o papel do comunismo marxista.





segunda-feira, 28 de maio de 2012

Entre duas árduas batalhas- por PCdaGrécia-KKE

A Grécia continua a atrair a atenção de trabalhadores de muitos países de todo o mundo, considerando as novas e crucialmente importantes eleições parlamentares, as quais serão efectuadas a 17 de Junho, pois nenhum dos três partidos que receberam maior número de votos pôde forma uma coligação de governo. De particular interesse, a julgar pelos artigos relevantes em jornais, revistas e sítios web comunistas e progressistas, estão os resultados das eleições recentes bem como a linha política traçada pelo Partido Comunista da Grécia (KKE), o qual ficou na linha de fogo de vários analistas neste período. Mas vamos começar pelo começo.

Sobre o resultado das eleições de 6 de Maio

As eleições de 6 de Maio criaram um novo cenário político, pois os três partidos, os quais haviam governado juntos apoiando a linha política anti-povo do capital e da União Europeia (UE), tombaram nas eleições. Especificamente:

O PASOK social-democrata congregou apenas 833.529 votos ou 13,2%, uma queda sem precedentes de -2.170.013 votos e -30,8%.

O ND conservador recebeu 1.192.054 votos ou 18,9%, uma queda de -1.103.665 votos ou -14,6%

O LAOS nacionalista não pôde alcançar o limiar dos 3% para entrar no Parlamento, recebendo 183.466 votos ou 2,9%, uma queda de -202.739 votos ou -1,6%.

Ao mesmo tempo, contudo, a mudança do cenário político não significa uma viragem pois as forças que apoiam a linha política da "UE como caminho único" foram as principais beneficiárias da cólera dos trabalhadores. E assim, a grande maioria dos eleitores dos partidos burgueses foi dispersa em formações políticas relacionadas ideologicamente. Especificamente.

O SYRIZA, que é uma aliança de forças oportunistas, o qual abandonou o KKE a partir de posições de "direita" (nas divisões do Partido em 1968 e 1991) e ao qual em anos recentes aderiram forças do PASOK social-democrata, reuniu 1.061.265 votos ou 16,8%, um aumento de +745.600 ou +12,2%.

A Esquerda Democrática, uma dissidência do SYRIZA, que também absorveu antigos deputados e responsáveis do PASOK, reuniu 386.116 votos ou 6,1%.

Um grande número de votos também foi dirigido a partidos reaccionários e nacionalistas como os "Gregos independentes", os quais emergiram da ND e receberam 670.596 votos ou 10,6% e o nazi-fascista "Aurora Dourada", o qual recebeu 440.894 votos ou 7%.

Além disso, cerca de 20% do eleitorado votou por dúzias de partidos que participaram nas eleições mas não puderam romper a barreira dos 3%.

O KKE teve um pequeno aumento nesta última eleição. Especificamente, recebeu 536.072 votos ou 8,5%, ou seja, +18.823 votos ou +1%. O KKE elegeu 26 deputados (dos 300 no Parlamento), 5 mais do que tinha anteriormente. Nos bairros da classe trabalhadora o KKE recebeu quase o dobro da sua percentagem média. Na verdade, em uma das 56 regiões eleitorais (Samos-Ikaria) o KKE alcançou o primeiro lugar com 24,7%.

O CC do KKE chegou a certas conclusões iniciais sobre o resultado eleitoral. Ele menciona na sua declaração, entre outras coisas: "o CC saúda os milhares de trabalhadores e trabalhadores e desempregados que apreciaram a militância, firmeza e a clareza verídica das palavras do KKE, a militância e a generosidade dos comunistas e o apoiaram na urna eleitoral, independentemente do seu nível de acordo com a sua proposta política geral. Uma grande secção dos trabalhadores bem como uma secção dos eleitores do partido, sob a pressão do exacerbamento dos problemas populares, dos slogans enganosos referentes à renegociação do memorando [1] e o alívio imediato para os trabalhadores, não puderam entender e compenetrar-se da diferença entre um governo e o poder real". Mas, como é observado pelo CC do KKE: "a proposta política do KKE em relação à luta pelo poder da classe trabalhadora encontrar-se-á no âmago do povo no próximo período, pois a diferença entre um governo e o poder real do poder tornar-se-á ainda mais clara, bem como a proposta geral referente a questões imediatas da sobrevivência do povo e o poder popular da classe trabalhadora. Deste ponto de vista a actividade político eleitoral do KKE em harmonia com a sua estratégia, como é adequado, constitui um legado importante para os próximos anos".

Sobre o SYRIZA

Certos media internacionais burgueses, que apresentam o SYRIZA como o "vencedor" das eleições de 6 de Maio, não exploraram para além do seu título: "Coligação da Esquerda Radical" e chegaram à conclusão de que é uma esquerda radical ou mesmo um partido comunista. Naturalmente, isto não tem base na realidade. A força central dentro do SYRIZA é o partido "Coligação da Esquerda" (SYN), o qual tem um programa social-democrata. Em 1992 ele votou pelo Tratado de Maastricht no Parlamento grego e é um apoiante da União Europeia imperialista, que acredita poder ser melhorada. Ele aderiu à campanha anti-comunista contra a URSS e os outros países socialistas que conhecemos no século XX. O SYN é membro da presidência do chamado "Partido de Esquerda Europeu" (PEE), o qual é um instrumento da UE para erradicar as características comunistas dos PCs nos países da UE.

Junto ao SYN há forças que entraram no SYRIZA vindas do PASOK social-democrata, bem como vários grupos mais pequenos da ultra-esquerda de matiz trotsquista e antigos grupos "maoistas" mutados, os quais acrescentam "tempero" político a esta "comida" basicamente social-democrata e anti-comunista. Um objectivo básico desta formação particular é a redução da influência eleitoral, sindical e política do KKE. Há numerosos exemplos ao longo da última década do carácter anti-KKE desta formação política. Em dúzias de sindicatos, federações sectoriais e centros de trabalho (conselhos sindicais locais), as forças do SYRIZA cooperaram e formaram alianças eleitorais com forças do PASOK a fim de impedir a eleição de delegados comunistas aos organismos sindicais superiores. O SYRIZA é o inimigo jurado da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), a qual é uma junção de sindicatos com orientação de classe. As forças do SYRIZA colaboraram abertamente com forças do governo e patronais nos corpos dirigentes das confederações sindicais comprometidas no sector privado (GSEE) e no sector público (ADEDY). Em muitos casos eles têm uma posição semelhante em eleições locais. Um exemplo particularmente característico foi a posição nas eleições municipais de 2010 em Ikaria. O KKE tem influência eleitoral significativa nesta ilha, a qual antigamente foi um lugar de exílio para comunistas. Nas eleições de 2010 o SYRIZA colaborou com o PASOK social-democrata, a ND liberal e o LAOS nacionalista a fim de que a ilha não elegesse um presidente comunista para a municipalidade. Assim, o candidato do KKE recebeu 49,5% dos votos e a municipalidade foi ganha pela aliança anti-KKE por umas poucas centenas de votos.

Hoje o SYRIZA tenta atacar o KKE com propostas de conveniência política relativas à chamada "unidade da esquerda", numa tentativa de que o KKE apague secções inteiras do seu programa, que apague os seus princípios e aceite a política de administrar o sistema capitalista, a qual é a proposta do SYRIZA.

Com base nisto, o mínimo que podíamos dizer é que a posição de certos PCs não foi responsável, os quais apressaram-se a saudar a ascensão eleitoral desta formação oportunista e anti-comunista em nome do aumento eleitoral da "esquerda", sem conhecer a situação real na Grécia. Eles saudaram um inimigo jurado do KKE, um inimigo cuja participação na coligação governamental dos apoiantes da UE foi proposta pelo presidente dos industriais gregos.

A ilusão da "unidade de esquerda" e a mentira do "governo de esquerda"

Muitos trabalhadores politizados, de vários países da Europa e do mundo, colocam esta pergunta: Por que o KKE não faz alguns compromissos? Por que insiste ele na sua linha política de congregar forças sociais, que queiram lutar contra os monopólios, contra o capitalismo, contra as uniões imperialistas, pelo poder da classe trabalhadora e não apoia a linha política da "unidade da esquerda", a luta para corrigir a realidade capitalista e a UE, com colaboração política e/ou governamental com outras forças "de esquerda" e sociais-democratas, como têm feito outros PCs na Europa?

Para começar, o KKE desde há algum tempo tem esclarecido que os significados de "esquerda" e "direita" não reflectem a situação política de hoje. O termo "esquerda" hoje podia ser utilizado para descrever o secretário-geral da NATO ou primeiro-ministro de um país que está a conduzir uma guerra imperialista e a executar medidas anti-trabalhadores e anti-povo a expensas dos trabalhadores do seu país. O Partido Comunista não é simplesmente um "partido de esquerda", mas o partido que luta pelo derrube do capitalismo, a construção da nova sociedade socialista-comunista. É este caminho, esta linha de luta que pode provocar ganhos e não o reverso!

Como a história tem demonstrado, reformas, a luta para "corrigir" o sistema capitalista, para embotar as medidas anti-povo mais extremas, o que é aquilo em que se centram as forças oportunistas-sociais-democratas, nunca levou ao derrube do capitalismo em lado nenhum. Ao contrário! Em muitas ocasiões esta abordagem levou à consolidação do capitalismo, por meio da criação de ilusões entre milhões de trabalhadores de que o capitalismo alegadamente pode ser humanizado; que hoje o Banco Central Europeu pode ser transformado de uma ferramenta do capitalismo numa... organização caritativa que concederá empréstimos livres de juros ou que a União Europeia pode ser transformada de uma união que serve o capital numa "união dos povos", como afirmam o SYN/SYRIZA e o ELP.

Esta é a razão porque o KKE promove sua proposta política num estilo abrangente, o qual especializou para as eleições de 6 de Maio no slogan: "Fora da UE, com o poder popular e cancelamento unilateral da dívida".

Neste sentido, o KKE permanece firmemente orientado para o marxismo-leninismo. Como escreveu Lenine: "O proletariado está a combater, e continuará a combater, para destruir o antigo regime. A este fim dirigirá toda a sua propaganda e agitação e todos os seus esforços para organizar e mobilizar as massas. Se falhar em destruir o antigo regime completamente, este aproveitar-se-á mesmo da sua destruição parcial. Mas nunca advogará a destruição parcial, pintando isto em cores róseas, ou apelará ao povo para apoiá-lo. O apoio real numa luta genuína é dado que se esforçam pelo máximo (alcançado algo menos no caso de fracasso) e não àqueles que oportunisticamente restringem os objectivos da luta antes do combate" [2]

O KKE rejeitou a ideia de formar um "governo de esquerda", o qual manterá a Grécia na UE e na NATO deixando intactas as relações capitalistas de produção, e que alegadamente será capaz de implementar uma administração deste sistema em favor do povo. No partido está a lutar pelo desenvolvimento da luta de classe, da consciência política dos trabalhadores, pela sua libertação da influência dos partidos burgueses e suas construções ideológicas e pela formação de uma aliança social, a qual defenderá os interesses dos trabalhadores e procurará também desembaraçar o país de intervenções imperialistas e também colocará a questão do poder.

Objectivo: A redução da influência do KKE e sua assimilação dentro do sistema!

A recusa do KKE em submeter-se a formações "de esquerda" ou mesmo a um governo "de esquerda" está a ser atacada pelos seus inimigos e "amigos", os quais directa ou indirectamente apelam ao KKE para que se "una" a outras forças "de esquerda". Os PCs que estão na presidência do PEE seguem esta linha. Houve também alguns ataques um tanto brutos de vários grupos trotsquistas que são mais bem conhecidos no exterior do que no nosso próprio país, os quais caracterizaram o KKE como sectário e dogmático.

Como é possível para o KKE mobilizar centenas de milhares de pessoas na Grécia, com a linha da luta de classe, se o partido é sectário? Como é possível, por exemplo, para a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME) mobilizar dúzias de sindicatos de primeiro nível, federações sindicais e centros de trabalho os quais representam centenas de milhares de trabalhadores?

Deveríamos notar aqui que o PAME, como pólo com orientação de classe no trabalho e movimento sindical, reúne 8 federações sectoriais, 13 centros de trabalho, centenas de primeiro nível e uniões sectoriais, com 850 mil membros. Além disso, o PAME também opera em sindicatos onde as forças com orientação de classe não estão em maioria. Por exemplo, o PAME é a segunda força numa série de federações sectoriais (tais como a federação no sector turístico e de catering e na Federação dos Metalúrgicos) bem como nos dois maiores centros de trabalho do país (Atenas e Salónica).

Como é possível para o Agrupamento pan-helénico anti-monopólio dos auto-empregados (PASEVE) organizar milhares de pessoas auto-empregadas, que entendem a necessidade de entrarem em conflito com os monopólios? Como é possível para milhares de agricultores pobres, através das suas associações e seus comités, serem inspirados pela luta do Agrupamento Militante de Todos os Agricultores (PASY) contra a Política Agrícola Comum da UE? Como é possível para mulheres e milhares de estudantes, que pertencem à classe trabalhadora e estratos populares, entrarem na luta no quadro das reivindicações e iniciativas da Federação das Mulheres Gregas (OGE) e da Frente de Luta dos Estudantes (MAS)? Os membros e quadros do KKE desempenham um papel de liderança em todas estas organizações sócio-políticas sem esconderem a sua identidade.

Eles acusam o KKE de estar "isolado", ou mesmo de ser "dogmático" e "sectário" devido à sua rejeição de um "governo de esquerda" ou devido ao facto de que a sua percentagem nas eleições não aumenta tão rapidamente quanto aquela da formação social-democrata SYRIZA. Estas acusações contra o KKE não se sustentam. Deveríamos recordar que 2,5 anos atrás o PASOK, o outro partido social-democrata, recebeu 44% enquanto desta vez recebeu apenas 13%. Este declínio, o qual verificou em condições de fluidez política promoveu o SYRIZA, a sua mais estreita conexão ideológica. Ainda assim, um partido revolucionário, como o KKE, não é julgado exclusivamente pela sua percentagem em eleições.

Nosso partido acumulou imensa experiência histórica em relação à política de cooperação! Ele conduziu a luta anti-fascista de uma ampla frente armada que deu uma enorme contribuição para a luta popular. No entanto, naquele período o partido não conseguiu constituir uma estratégia para a transformação da luta anti-fascista numa luta para o derrube do poder burguês. Durante as décadas de 1950 e 1980 o KKE constituiu alianças "de esquerda". O KKE extraiu conclusões valiosa da sua experiência em relação à política de alianças e não pretende repetir erros semelhantes.

Mas por que estão eles a atacar o KKE? Naturalmente estão irritados pela significativa actividade internacional do KKE para a reconstrução do movimento comunista internacional na base do marxismo-leninismo e do internacionalismo proletário. Além disso, a Reuniões Internacionais de Partidos Comunistas e Operários bem como as outras iniciativas comunistas internacionais começaram em Atenas. Mas o mais importante é que o KKE é um partido com raízes fortes na classe trabalhadora, com experiência significativa em lutas de trabalhadores e populares, um partido que se recusa a abandonar seus princípios, um partido que se recusa a tornar-se a "cauda" da social-democracia, um partido que não se submete à UE e à NATO. Neste ponto citamos um comentário de um artigo publicado no bem conhecido jornal francês Le Monde Diplomatique: "o objectivo secreto e a vontade de toda a gente de esquerda na Grécia é dissolver o Partido Comunista e remodelá-lo numa nova base e dar à esquerda grega a sua posição adequada na sociedade". Por outras palavras, desacreditar o KKE e transformá-lo, como certos outros partidos comunistas mutados da Europa, num "álibi comunista" da social-democracia para a gestão da barbárie capitalista.

O nosso próprio objectivo é frustrar os seus planos! Preservar e fortalecer o KKE. Apesar da pressão exercida sobre o nosso partido há vários sinais encorajadores a mostrar que o KKE demonstrar-se-á um osso duro de roer. Dez dias após as eleições de 6 de Maio verificaram-se as eleições estudantis na Grécia. As listas apoiadas pela Juventude Comunista da Grécia tiveram 16% [dos votos] em Institutos Educacionais Tecnológicos (IET) e 14% nas universidades, um aumento em comparação com o ano passado. As listas do SYRIZA, ao contrário, alcançaram uma baixa votação com 2,3% em IET e 6,9% em universidades.

Face-lift do sistema burguês

O KKE tem advertido o povo grego de que a classe burguesa está a preparar uma cirurgia plástica da cara (face-lift) do cenário político a fim de preservar o seu poder. A razão é que ela não pode administrar o sistema político na base da rotação de um partido conservador (ND) e um social-democrata (PASOK) no poder como tem feito desde 1974, após a queda da ditadura militar. O sistema burguês procura livrar-se de partidos e pessoas que se desmascararam aos olhos do povo de uma vez por todas. Sob estas condições o SYRIZA, o qual tem um programa social-democrata, colheu benefícios nas eleições ao propalar mentiras flagrantes, tanto antes como durante o período eleitoral, promovendo ilusões as quais na essência afirmam que poder haver um futuro melhor para os trabalhadores sem um conflito com os monopólios e as uniões imperialistas. Eis porque ele arca com enormes responsabilidades em relação ao povo!

O KKE urge o povo trabalhador a perceber que esta cirurgia plástica nada tem a ver com a satisfação das necessidades actuais do povo. Mesmo o assim chamado "governo de esquerda" é um bote salva-vidas furado para o povo trabalhador que tem sido sufocado pelos impasses do sistema capitalista.

O povo não deve ser aprisionado em falsos dilemas

Na batalha eleitoral de 17 de Junho os partidos burgueses e o oportunismo promovem novos dilemas enganosos, os quais serão utilizados no período seguinte a fim de aprisionar o povo, reduzir a resistência das massas radicais às pressões exercidas sobre elas, bem como a influência do KKE nas eleições. O KKE não esconde o facto de que esta batalha será particularmente difícil para os comunistas!

A fim de tornar claro de que espécie de falsos dilemas estamos a falar permita-nos examinar alguns deles:

1. Euro ou dracma?

Um dos falsos dilemas é a acusação do ND contra o SYRIZA argumentando que a sua política leva o país para fora do euro e que isto seria catastrófico para o povo trabalhador. O SYRIZA responde que o custo da saída da Grécia do euro seria imenso para os outros países da Eurozona e por essa razão nunca se verificará.

É claro que na realidade, considerando que a crise capitalista grega está em progresso, não podemos excluir, dados os cenários que já estão a ser discutidos, a contracção da Eurozona através da expulsão da Grécia e de outros países ou através de uma desvalorização interno do euro no nosso país. Consequentemente as chantagens da UE e do FMI são reais e a resposta não pode ser a complacência que o SYRIZA promove.

Contudo, deveríamos notar que todos os partidos excepto o KKE, isto é, ND, SYRIZA, PASOK e Esquerda Democrática estão a disputar sobre quem é o mais competente para manter o país no euro. Cada partido está a acusar o outro de levar a Grécia à dracma com a sua política. Todos eles têm como objectivo impor à consciência do povo o falso dilema "euro ou dracma" a fim de esconder o facto de que têm a mesma estratégia porque são partidos comprometidos com a UE. Ele conclamam o povo a votar e lutar sob falsas bandeiras, contrários aos seus interesses na linha falsa "dentro ou fora do euro" quando todos os partidos – excepto o KKE – estão a dizer dentro da UE e do euro. Tanto com o euro como com a dracma o povo será empobrecido.

O KKE conclama o povo a ultrapassar este dilema. Ele não deveria aceitar a escolha de com qual divisa eles medirão a sua pobreza, bem como as reduções no seu rendimento e pensões, os impostos, as despesas médicas e as mensalidades escolares. O dilema "euro ou dracma" é o outro lado da moeda da intimidação referente a bancarrota descontrolada que já é um facto para a esmagadora maioria do povo. Eles querem que povo seja aprisionado nos dilemas falsos de modo a poderem chantageá-lo quando quiserem aprovar leis anti-povo, dizendo-lhe para optar entre as medidas bárbaras e o retorno ao dracma o qual identificam com caos e miséria. Ao mesmo tempo, há secções da plutocracia, tanto na Grécia como fora dela, que procuram um retorno ao dracma. Isto lhes permitiria fazerem mais lucros para si próprios e a burguesia como um todo do que fazem agora nas condições da assimilação do país dentro do euro. O povo em bancarrota não fará qualquer progresso com o euro ou com o dracma enquanto monopólios dirigirem a produção, enquanto o país permanecer na UE e enquanto a burguesia permanecer no poder. A única resposta para o dilema "euro ou dracma" do ponto de vista dos interesses do povo é: desligamento da UE com poder popular e cancelamento unilateral da dívida. Não é preciso dizer que neste caso o país terá a sua própria divisa.

2. Solução grega ou europeia?

Todos eles estão a falar acerca de uma solução europeia da crise na Grécia e referem-se a negociações com os organismos da UE para uma solução abrangente para o problema da dívida que também afectará a Grécia. Todos os partidos gregos, excepto o KKE, saúdam a eleição de Hollande na presidência francesa, a qual, afirmam eles, porá um fim ao duo anti-povo "Mercozy". Eles também falam acerca de consultas com a UE sobre medidas de desenvolvimento, subsidiando os grandes negócios de modo a que possam fazer investimentos.

As suas tácticas procuram esconder que aqueles que são os principais responsáveis pelo sofrimento do povo não estão em Bruxelas mas dentro do país. É a burguesa, o patronato que possui os meios de produção, isto é, os navios, os escritórios, os serviços no nosso país. A participação da Grécia na Eurozona, baseada em decisões dos partidos da plutocracia, serve os seus interesses. É provocativo apresentar a UE como um terreno onde possa ser encontra uma saída da crise favorável ao povo. Foi a UE quem elaborou o memorando juntamente com os governos nacionais e o FMI. É a UE que tem como estratégia a "UE 2020" e o Tratado de Maastricht, isto é, a fonte de todas as medidas anti-trabalho e anti-povo com ou sem memorando. Eles dizem que mesmo o mais ligeiro alívio das medidas é uma matéria de negociações dentro da UE que se esforça por assegurar para os seus monopólios uma saída da crise a expensas dos povos. Eles urgem a vítima e esperar uma solução do opressor, numa Eurozona que está a afundar-se ainda mais profundamente na crise e a tornar-se ainda mais reaccionária, dadas as rivalidades dentro da UE mas também entre a UE os outros centros imperialistas.

O SYRIZA também arca com uma enorme responsabilidade pois procura uma renegociação da estratégia do memorando colocando o movimento sobre gelo e promovendo uma posição de "esperar e ver" até que as negociações do "governo de esquerda" que ele sonha com os parceiros da UE apresente resultados. Ao mesmo tempo, fala acerca de "coesão social", acerca de "paz social" que será imposta por um "governo de esquerda", isto é, calando as lutas dos trabalhadores e do povo num período em que elas têm de ser escaladas e radicalizadas contra a plutocracia nacional e os partidos que o servem ou apoiam através da intimidação e de ilusões.

O KKE revela ao povo que é necessário ter um movimento popular e dos trabalhadores que lutará pela ruptura e o derrube das opções do capital e da UE e promova a coordenação a nível europeu não através de negociações mas através do fortalecimento do movimento do povo e dos trabalhadores na sua luta contra a UE, na linha da ruptura.

3. Austeridade ou desenvolvimento?

Numa Europa capitalista soçobrando na crise os governos procuram "desenvolvimento", nomeadamente a saída do capital da UE da crise. Na Grécia os partidos pró UE querelam sobre a proporção de austeridade e desenvolvimento incluídos na sua política. Eles procuram esconder que o caminho capitalista de desenvolvimento implica austeridade nas condições da drástica competição capitalista e de agudas contradições inter-imperialistas. As medidas de "consolidação fiscal" tomadas numa série de países, com ou sem memorando, em nome da necessidade de criar um excedente nos orçamento do estado a fim de proporcionar subsídios ao capital também estão servido esse desenvolvimento. Além disso, as "mudanças estruturais" são promovidas na Grécia e por toda a Europa também em nome do desenvolvimento e incluem principalmente a abolição da segurança social e dos direitos do trabalho a fim de tornar a força de trabalho mais barata para o capital. A privatização e a liberalização de mercados que proporcionem novos campos lucrativos para a plutocracia também objectivam o desenvolvimento, esmagando pequenos negócios e os auto-empregados. Consequentemente, tudo é feito para o desenvolvimento o qual devido à sua natureza capitalista está ao serviço unicamente de medidas anti-povo que surgem ou como medidas de austeridade ou como "mudanças estruturais" ou como salvamentos para os grandes negócios. No período anterior os governos burgueses na Eurozona afrouxaram ou intensificaram as medidas numa ou noutra direcção a fim de regular as contradições entre si bem como o aprofundamento da crise.

O KKE nota que a saída em favor do povo não está na administração da crise com ferramentas expansivas ou restritivas pelo pessoal político do capital nos organismos da UE. Ela está na organização da luta a um nível nacional, por um diferente caminho de desenvolvimento o qual desenvolverá todo o potencial de produção do país em favor do povo baseado no poder do povo, o desligamento da UE e a socialização dos meios de produção.

4. "Direita" ou "esquerda", "pró memorando" ou "anti-memorando"

Estes são dilemas que tomarão uma nova forma de dois pólos, centro-direita e centro-esquerda. Os dilemas acima mencionados, primariamente com a responsabilidade do SYRIZA, marginalizam e obscurecem as contradições reais dentro da Grécia e da UE. O dilema artificial "memorando – anti-memorando" é utilizado pela burguesia e os oportunistas a fim de esconder que o seu denominador comum é a "UE como caminho único", nomeadamente o alinhamento com a estratégia do capital. Independentemente das suas diferentes tácticas estas forças "ala direita", "ala esquerda", "pró memorando", "anti-memorando" estão a zombar dos trabalhadores, dos extractos populares, quando lhes dizem que pode haver uma solução em favor do povo dentro da UE. A ND, o PASOK, os Gregos Independente, o SYRIZA, a Esquerda Democrática e as outras forças não têm um programa que entre em conflito ou pelo menos desafie o poder dos monopólios. Os termos que eles utiliza, nomeadamente "desenvolvimento", "redistribuição da riqueza", "auditoria da dívida", "solução europeia" escondem os interesses de classe contraditórios que existem na Grécia e na UE, isto é, o facto de que enquanto houver propriedade capitalista sobre os meios de produção não pode haver qualquer prosperidade para os extractos populares. O memorando é o topo do iceberg da estratégia da UE a qual distribui medidas anti-povo em todos os estados membros. Grécia, Irlanda, Portugal, Hungria, Roménia contrataram acordos de empréstimos ao contrário da Alemanha, França, Itália, Espanha, Dinamarca e a Grã-Bretanha que não participa na Eurozona. Mas o assalto do capital é comum a todos os países e inclui cortes em salários, relações de trabalho flexíveis, aumento das idades de reforma, privatizações de serviços públicos, comercialização da saúde, educação, cultura, desporto e a pauperização relativa e absoluta dos trabalhadores. Mesmo que possamos livrar-nos do memorando na Grécia as medidas anti-povo continuarão, de facto intensificar-se-ão na medida em que o capital e o seu poder não sejam derrubados porque isto foi estabelecido pelas linhas directivas estratégicas da UE as quais foram ou assinadas ou apoiadas pelos partidos burgueses e SYN7SYRIZA.

A questão real que o povo terá de responder e que emergirá mais intensamente no próximo período é a seguinte: a Grécia e o povo trabalhador independente e desligados dos compromissos europeus ou uma Grécia assimilada dentro da UE? Poderá o povo ser o mestre da riqueza que produz ou terá de ser escravo nas fábricas e negócios dos capitalistas? Será que o povo estará organizado e desempenhará um papel condutor nos desenvolvimentos ou estará o movimento pronto para a contagem e à espera de que aqueles que fazem vítimas resolvam os seus problemas como seus representantes? O KKE tem uma posição claríssima. O facto de que todas as suas previsões e avaliações tenham sido confirmadas é mais uma razão para o povo nele confiar e lutar ao seu lado.

Na batalha eleitoral que vem aí há uma necessidade de solidariedade internacional constante com o nosso partido a ser expressa de um modo maciço! Os comunistas gregos precisam sentir o apoio, a solidariedade proletária e o espírito de camaradagem dos partidos comunistas e de trabalhadores, das outras forças anti-imperialistas em vista desta dura batalha uma vez que a classe burguesa pretende a redução dos resultados eleitorais do KKE. E a razão é que está preocupado acerca da sua política revolucionária, acerca das suas posições claras em relação às organizações imperialistas, acerca da base sólida do KKE no movimento dos trabalhadores e do povo, nas fábricas, nas empresas, nos bairros populares das grandes cidades. Porque eles não podem subjugar o KKE. Os comunistas, os amigos do KKE, os membros e amigos da KNE combatem nesta batalha, organizados e determinados, declarando ao povo grego e à classe trabalhadora internacional que após as eleições estaremos nos lugares de trabalho, nas cidades e nas zonas rurais ao lado das famílias do povo e dos trabalhadores, na linha de frente da luta respeitante aos problemas do povo, fieis ao compromisso histórico do partido revolucionário, firmes na luta pelo derrube da barbárie capitalista, pelo socialismo-comunismo.