segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O despertar revolucionário do Magreb !



O povo egípcio não quer deixar passar o momento para dar cabo da ditadura de Mubarak e incrementa a pressão nas ruas.

O objetivo é levar um milhão de pessoas às ruas da capital, Cairo, nesta terça-feira, numa jornada de greve geral ao cumprir-se o sétimo dia de mobilizações crescentes, que ainda não conseguiram a queda de Hosni Mubarak.

Para dar mais força à jornada, manifestantes de Alexandria vão juntar-se aos do Cairo, numa convocatória dos sindicatos que quer paralisar a atividade no país. De fato, os bancos e parte do comércio levam dias paralisados no meio do movimento insurreccional que percorre as principais cidades do Egito.

Nas últimas horas, ficaram livres vários jornalistas da al Jazeera que tinham sido detidos pela polícia egípcia, diante da cada vez maior pressão popular nas ruas e a parálise do exército.

Os governos imperialistas estão já ocupando posições para a eventual queda de Mubarak, retirando-lhe o apoio e apelando a uma "transição ordenada". Estados Unidos e Israel são os mais interessados em evitar uma deriva anti-imperialista da situação institucional no Egito, consoante as aspirações do povo que ocupa as ruas do país. Também a União Europeia mostra preocupação pelo perigoso exemplo que a revolução egípcia pode supor para toda a região árabe e, portanto, da correlação de forças no palco internacional de um capitalismo mundial em grave crise.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Presidênciais 2011 : Porquê votar contra Cavaco


Por concordarmos inteiramente com a posição politica do jornal MudardeVida, sobre as presidenciais, decidimos reproduzir o seu comunicado. "A Chispa!"

Falta uma candidatura que ataque os problemas a partir de fora e não de dentro do sistema instalado; Que apresente os interesses das classes trabalhadoras sem o complexo derrotista de ter de "defender o regime" e "salvar a economia nacional"
PRESIDÊNCIAIS 2011
PORQUÊ VOTAR CONTRA CAVACO SILVA !
1. O regime está plenamente representado nas diferentes candidaturas presidenciais. Naquilo que importa para os adeptos ou defensores da actual ordem política e social, não sobra nenhum espaço por preencher, da direita à esquerda.Mas, por isso mesmo – como nenhuma das candidaturas coloca em causa os fundamentos do poder e do sistema social –, resta uma larga faixa de gente descontente, indignada, revoltada, desesperada, que não se identifica com nenhum candidato, que não acredita nas suas propostas de campanha e que, por isso, não vê como sair da situação que hoje se vive no país. Será essa a base e a razão maior da abstenção.

2. Cavaco Silva reúne o consenso da direita, o que inclui boa parte da direcção do PS e do seu eleitorado. É sobretudo pelo apoio, velado ou aberto, com que conta dentro do PS que Cavaco tem probabilidades de ganhar as eleições sem recurso a uma segunda volta. Se tal vier a verificar-se, será mais uma confirmação da natureza de direita do PS e mais um feito para o palmarés pessoal de José Sócrates.Cavaco apresenta-se como promotor de equilíbrios em torno do chamado “bloco central” porque a situação crítica do capitalismo português e a instabilidade política entre as forças do poder a isso o obriga. Mas é, sem dúvida, o candidato natural dos sectores mais à direita do regime (empresários, a generalidade dos capitalistas e proprietários, quadros, Igreja, partidos e forças sociais reaccionárias).

3. Os promotores da candidatura de Fernando Nobre pretenderam criar uma alternativa a Cavaco Silva – mas só ligeiramente mais “à esquerda”. Procuraram roubar apoios a Cavaco e anular Manuel Alegre. O resultado, porém, na ânsia de abarcar o maior espectro possível de eleitores e entrar pelo campo da direita, é uma miscelânea de nacionalismo reaccionário e de assistencialismo católico.Prestigiado pelas suas campanhas humanitárias, mas tendo revelado sempre grande inconsistência política, Nobre surge como uma figura instrumentalizada, sem convicções políticas próprias, que procura acertar o discurso pelos ventos dominantes – o que o torna vulnerável sobretudo a ideias de direita.

4. Manuel Alegre, que ganhou a aura de “esquerda do PS” (o que não é difícil), mostra-se incapaz sequer de dar voz a uma linha de contestação à política de José Sócrates – quanto mais de lhe criar uma alternativa. O apoio, formal, de Sócrates compromete-o com a política de direita seguida pelo PS, como se comprova pela sua incapacidade de crítica às medidas de verdadeiro terrorismo social exigidas pelo patronato e aplicadas pelo governo, antes e depois da candidatura estar lançada.O Bloco de Esquerda, que se iludiu com a ideia de fazer vergar Sócrates diante de uma esquerda mobilizada por Manuel Alegre (e de retirar, com isso, campo de manobra ao PCP ) vê-se agora na contingência de não fazer grandes exigências políticas ao candidato para ver se a direcção do PS não deserta por completo da campanha – correndo entretanto o risco de ver desanimar boa parte do próprio eleitorado bloquista.

5. A candidatura do PCP, antes mesmo de se saber que o candidato seria Francisco Lopes, foi anunciada como a única que teria a liberdade de contestar a política do PS e de defender os interesses populares. Tem sido esse o sentido da campanha. Mas o discurso de Francisco Lopes padece de uma falha grave: não ousa ultrapassar os limites do que se poderia chamar a “decência democrática” e a “decência nacional”. Fica-se pela indignação comum – nada contra o regime, nada contra o capitalismo.

Numa palavra, não ousa atacar a política do patronato, do governo e dos partidos da direita nos seus fundamentos capitalistas e burgueses. Ora, mais do que nunca, a presente crise capitalista mostra os limites do sistema social dominante e o futuro negro que está reservado para as próximas gerações. Sem mostrar isso mesmo à população, sem apontar a incapacidade presente e futura do capitalismo para satisfazer as necessidades sociais – não se dá a entender aos trabalhadores quais são os caminhos de resposta. E não se libertam as energias sociais capazes de fazer frente à ofensiva direitista do patronato europeu e português.

A candidatura do PCP apresenta-se, assim, como porta-voz daquilo que mais à esquerda se pode dizer sem sair dos limites do regime político e social dominante – mas não do que de mais à esquerda se pode dizer contra o regime político e social dominante.

6. Falta uma candidatura que ataque os problemas políticos e sociais a partir de fora e não de dentro do regime. Que apresente os interesses exclusivos das classes trabalhadoras sem compromissos nem meias tintas, sem o complexo derrotista de ter de “defender o regime” e “salvar a economia nacional”. Nas actuais condições, isso significaria, do nosso ponto de vista, conduzir uma campanha em torno de uma ideia central: mobilizar forças para obrigar o capital a pagar a crise. Só a partir de uma tal posição, descomprometida com o regime, se poderia chamar à acção massas capazes de fazer frente à política actual.

A ausência na campanha destas posições políticas não pode, obviamente, ser assacada a nenhuma das forças partidárias existentes, que cumprem os seus respectivos papéis, cada uma no seu lugar. A falta de uma candidatura deste tipo tem de ser encarada como um sinal da fraqueza, política e organizativa, da esquerda revolucionária.

7. Somos, por isso, indiferentes ao resultado da eleição presidencial? Não. Estamos certos de que nada de fundamental mudará sem uma participação directa das massas trabalhadoras na acção política, em defesa dos seus próprios interesses. E que, portanto, nada de fundamental mudará com as próximas eleições.

Mas reconhecemos, apesar de tudo, uma diferença entre uma vitória de Cavaco Silva e uma derrota de Cavaco Silva. Não por acreditarmos que qualquer dos outros candidatos possa operar uma mudança do quadro político no sentido que sugerimos – mas porque a derrota do principal candidato da burguesia alteraria, mesmo que momentaneamente, os equilíbrios políticos do poder; provocaria um período de confusão nas hostes da direita; seria um sinal público de condenação da política seguida pelo governo e, portanto, um aviso ao patronato que a promove, até aqui impunemente.

Mas, acima de tudo, daria conta de que uma alteração da relação de forças sociais é possível. E isso poderia ser um incentivo para a resistência de massas. A abstenção do eleitorado situado à esquerda favorece, para mais nas condições em que decorre o acto eleitoral, a possibilidade de Cavaco Silva arrecadar mais de metade dos votos e, assim, ganhar à primeira volta. Mesmo sendo difícil inverter esta tendência, a aposta política tem, de qualquer modo, de ser feita no sentido de derrotar Cavaco Silva – votando contra Cavaco Silva.

Colectivo Mudar de Vida
18 de Janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Chamamento do Partido Comunista dos Operários da Túnisia ao povo tunisino e a todas as forças democráticas !

O P.C.O da Túnisia, considera que o discurso de Ben Ali desta tarde, não é mais que uma repetição dos procedentes. Criminaliza os protestos populares e os qualifica, como sempre de agitação e de complotes orquestados pelos "extremistas", por "vendidos" e pretensos "grupos terroristas".
Com este método trata de deformar a realidade e evitar qualquer responsabilidade, sinalando as responsabilidades a outros. É uma maneira de justificar a repressão e os assassinatos cometidos pela policia que vem sofrendo o povo tunesino. Numerosos mártires já cairam em distintas regiões do país, particularmente em Tahla, Kasserine, Regueb, Sidi Bouzid e Menzel Bouzayane.
No seu discurso, uma vez mais Ben Ali à ameaçado em vão. Não tomou nenhuma medida para impedir os disparos sobre os manifestantes, para retirar a polícia, nem para libertar os detidos, nem para retirar o exército, nem tampouco para respeitar o direito do povo tunisino à liberdade de expressão, de manifestação e de livre organização.
A obsessão de Ben Ali de ameaçar, provocará sem dúvida alguma mais vitimas entre a população e seguramente um novo banho de sangue, de todo o qual são responsáveis as autoridades.
Ben Alí uma vez mais promete criação de empregos, mas ninguém sabe como serão financiados esses empregos, nem como poderá levá-lo a cabo, uma administração corrupta. Se é possível contratar 300.000 pessoas em tão pouco tempo, porquê as autoridades deixarão chegar a situação a tal ponto? Porque não tomarão medidas urgentes a favor dos desempregados otorgando-lhes uma subvenção que lhes permita viver com dignidade?
Os problemas concretos que originaram os protestos populares são profundos, muito sérios e não se concentram únicamente no desemprego, são também a exploração, a carestia de vida, a disparidade flagrante entre as regiões, a corrupção, as injustiças sociais e as arbitrariedades. O regime de Ben Ali, uma vez mais desmonstrou sua incapacidade para dar soluções adequadas às reivindicações.
O regime de Ben Ali fracassou em todos os seus planos económicos, sociais e politicos. Isso é o que manifesta a população, quando manifesta seus anseios de mudança. A população exige a saída de Ben Ali, no poder desde há 23 anos, para acabar com as arbitrariedades e garantir a sua liberdade individual e pública e a instauração de instituições democráticas em todos os terrenos: justiça independente e equidade, persecução das pessoas implicadas na corrupção e restituição dos seus bens ao povo.
Consideramos que esse anseio de mudança, exige a saída de Ben Ali, a dissolução das instituições fantoches do actual regime e a instauração de um governo provisório que concretise a organização de eleições livres e transparentes. Essas eleições permitirão instaurar uma constituinte encarregada de elaborar uma nova constituição que concretizará o esboço de uma Républica realmente democrática, que estabeleça a soberania ao povo, e que garanta o respeito pelos direitos humanos, a igualdade e a dignidade. Abordará uma nova politica económica e social, nacional e popular. Que garanta ao nosso povo o trabalho e os meios necessários para ter uma vida digna e por fim à corrupção, à arbitrariedade e à desigualdade regional.
Esta é a saída que o P.C.O. da Tunisia propõe e considera a mais acertada. Chama todos os partidos e forças politicas, sindicais os defensores dos direitos humanos, os jovens, intelectuais, para unir suas forças em torno de uma alternativa comúm contra o regime despóstico, que corresponde à vontade do povo para que seus sacrifícios e o sangue dos mártires não seja derramado em vão.
Partido Comunista Operário da Tunisia.
10 de Janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A juventude Tunisina e Argelina saiem à Rua, contra o desemprego, a desigualdade social e a repressão policial, pela defesa dos seus direitos !


Na Argélia, os protestos também deixaram mortos. Altos índices de desemprego e falta de perspectivas, além da desigualdade social e repressão política, levam a juventude às ruas.

Os protestos,já atingiram várias cidades do país.
Imagens semelhantes chegam, ao mesmo tempo, da Argélia,o saldo é de dezenas de mortos e centenas de feridos, num balanço provisório dos protestos mais violentos que os dois países do Magreb já vivenciaram.

Os fatores que desencadearam a violência são diversos, embora as razões sejam idênticas nos dois países vizinhos: o desemprego e a falta de perspectiva dos jovens abaixo de 35 anos são comuns tanto na Tunísia quanto na Argélia. A situação atinge não apenas famílias de baixa renda, mas também pessoas com qualificação profissional, seja em nível técnico ou universitário.

"Quem reclama, vai preso"

Rafik, de 27 anos, natural de Tala, na Tunísia, é um exemplo. Há três anos ele tenta, em vão, encontrar um emprego. "Para achar trabalho é preciso pagar propinas ou ter boas relações", reclama. "Se você não tem dinheiro nem conhecidos, não ganha nada. E, se reclamar, ainda acaba na prisão", completa.

Sem emprego, muita coisa torna-se impossível para os jovens. Eles não encontram moradia, não podem se casar, ficam sem perspectivas. Há muito que nos dois países vale a máxima, também conhecida no vizinho Marrocos: quem pode, emigra para a vizinha Europa – legal ou ilegalmente.

Mas não apenas o desemprego leva os jovens às ruas no momento, também a repressão política e a chamada hogra – a sensação vergonhosa de ser desprezado pelos poderosos. Na Tunísia, isso começou há poucas semanas.

A sensação de hogra levou um jovem a se imolar em público. Ele havia conseguido sobreviver, por vários anos, vendendo legumes, em uma situação sem qualquer direito legal e constantemente maltratado por autoridades e departamentos públicos. O caso ganhou força simbólica e levou a uma disseminação rápida dos protestos.

Sensação de desprezo

Na Argélia, muita gente também fala de hogra. No país, os protestos se deram em forma de saques de estabelecimentos comerciais e incêndios de símbolos do bem-estar. O país não é, de forma alguma, pobre, pois pertence ao rol dos mais importantes exportadores de petróleo e gás natural do mundo.

Dos estimados 57 bilhões de dólares que o país contabilizou no último ano com exportações, muito pouco chega à população, avaliam vários especialistas. "A Argélia é um país completamente corrupto", afirma Werner Ruf, cientista político e especialista em questões ligadas à Argélia. "As elites embolsam elas próprias receitas gigantescas. Ou são compradas coisas não produtivas, como armamentos enormes", diz ele. As discrepâncias sociais e o abismo entre ricos e pobres nos três países do Magreb - Marrocos, Argélia e Tunisia é cada vez maior e bem possivel que os protestos se alarguem a outros países da zona, como por exemplo Marrocos que até aqui se manteve ileso à ira popular

A situação na Argélia acalmou-se um pouco depois que o presidente Abdelaziz Bouteflika anunciou uma queda nos preços de alimentos como óleo de cozinha e açúcar.

Por outro lado, as promessas do presidente tunisiano Zine el Abidine Ben Ali de criar 300 mil novos empregos não levou à esperada redução dos tumultos. Tanto na capital, Túnis, quanto no resto do país, cada vez mais gente vai às ruas protestar contra o desemprego, a repressão, a desigualdade e o cerceamento da liberdade de expressão e de imprensa.

"Temos direito a trabalho, bando de ladrões!" é o slogan dos manifestantes na Tunísia.

Autores: Chamselassil Ayari, Loay Mudhoon (sv)